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Filho Amado

Capítulo 14 – Filho Amado

Filho Amado.

 

Capítulo 14.

 


 

Noronha suspira: Eu era muito mal tratado quando criança, Suzane, minha mãe nunca se importava comigo, nem com o que eu fazia, ela só dava atenção pro meu irmão mais novo, cujo o nome não tem importância, enfim, ela me desprezava…- Seus olhos enchem-se de água- E eu suportava tudo quieto, Suzane, porque apesar de tudo ela era a minha mãe- Noronha faz uma pausa- E com o tempo tudo piorou, ela me maltratava mais, me desprezava, me humilhava…Ela me odiava.

 

Suzane também está com os olhos cheios de água: Traz uns lencinho aqui, produção, parece que caiu um cisco no meu olho…

 

Anna chega na cozinha: Aqui está a toalha, Éssio- Ela vê Noronha na tv novamente- Ei, eu não tinha deixado nesse canal, tira por favor, não aguento olhar pra cara lavada do Noronha.

 

Bento chega: Deixa aí! Eu quero assistir o meu filho- Ele se senta perto da televisão, junto com Éssio.

 

Suzane enxuga suas lágrimas: Bom, quer dizer que tu criou essa lei porque era maltratado em casa?

 

Noronha afirma: Sim. O único que me apoiava lá em casa era o meu pai, ele sim gostava de mim, e quando virei deputado resolvi criar a lei que proíbe as mães de maltratarem seus filhos mais velhos porque eu tinha experiência com o assunto, e sei como dói ser maltratado dentro da própria casa, é um ferimento que nunca acaba!

 

Suzane, comovida: Depois me chamam de má porque eu mandei prender minha irmã mais nova- Ela se levanta- Bom, obrigado pela participação, Noronha, eu gostaria de conversar mais com você mas o diretor tá mandando a gente ir pro intervalo, só me diz uma coisa: Quando que a lei começa a valer?

 

Noronha se levanta também: Suzane, a lei começa a valer a partir de 1 de Janeiro do ano que vem, espero que possa conscientizar todas as mães que maltratam os filhos mais velhos.

 

Suzane lembra: Você gostaria de mandar beijo pra alguém?

 

Noronha, feliz: Pra minha mulher, Jasmine, que foi capa da revista Rostos mês passado, e pro meu filho com ela, o Caio- Ele hesita- E…Também pro meu pai.

 

Suzane lhe dá dois beijos no rosto: Obrigada por participar do programa, explodimos na audiência! Chupem, desenhos animados infelizes…Vamos pro intervalo comercial, no próximo bloco vamos falar sobre a próxima novela das oito que agora é das nove: Filho Amado, voltamos já, nem pense em mudar de canal!

 

Anna desliga a tv: Esse Noronha é um hipócrita mesmo, indo pra tv se exibir e contar histórias falsas.

 

Bento discorda: Falsas? Tudo que ele falou ali era verdade, Anna, é por isso que depois de fugir ele nunca mais voltou, porque você humilhava ele- Bento sai.

 

Anna joga a toalha do filho no chão: Éssio, por favor vai tomar banho e tirar esse cheiro de tomate…Até na tv o Noronha consegue tirar a sintonia dessa casa, já me fez brigar com seu pai…

 

Éssio pega sua toalha e sai.

 

No estúdio de Suzane…

 

Noronha a cumprimenta: Obrigado por me deixar participar do programa, Suzane.

 

Suzane, modesta: Você é uma personalidade incrível, Noronha, tentei te convidar pro programa há meses mas você estava sempre ocupado…Gostei da sua história, quero que você volte aqui e conte mais sobre ela, certo?

 

Noronha nega: É uma pena, Suzane, mas agora vou viajar com minha família por tempo indeterminado, quando eu voltar quem sabe…

 

Suzane se atira pra cima dele: É uma pena mesmo, sua história deve ser cheia de bafos bafônicos.

 

O produtor chega: Rápido, Suzane, o programa começa em 1 minuto!

 

Suzane, aborrecida: Já vou Gago- Ela se dirige a Noronha- Até mais, Noronha.

 

Barra da Tijuca/ Mansão de Noronha.

 

Noronha abre a porta: CHEGUEI!

 

Jasmine aparece: Meu amor!- Ela o beija- Você estava incrível no programa da Suzane, eu só não chorei com sua história porque você já contou ela várias vezes pra mim.

 

Josélia, tia de Jasmine, chega: E eu não chorei porque  minhas lágrimas secaram todas, acredite…

 

Jasmine o abraça: Eu já estou arrumando as malas, você disse que depois dessa participação no programa iriamos viajar!

 

Noronha tira seu terno: Nós vamos viajar, para um lugar muito especial.

 

Jasmine, curiosa: Vai ser pra onde? Paris? Roma? Lisboa?Morro de vontade de conhecer Barcelona ou Viena…

 

Josélia bebe champanhe: Olha, a Costa Rica foi tão bem na Copa que deviamos ir pra lá.

 

Caio, filho de Noronha e Jasmine, desce as escadas: Papai, papai…

 

Noronha o leva até as alturas: Oi, filhão, pronto pra viajar?

 

Caio: Tô pronto, a mamãe até fez minha mala já!

 

Figaro, tio de Jasmine e marido de Josélia, arrasta as malas: Não sei o que vocês mulheres colocam tanto nessas malas- Ele vê que Noronha chegou- Olá, Noronha, adorei a sua participação no programa da Venenosa!

 

Noronha agradece: Obrigado a todos que me assistiram, isso merece um brinde, mas só no helicóptero vamos brindar, o piloto Domingues já deve estar nos esperando.

 

Jasmine faz cara de decepção: Vamos pra Paris de helicóptero?

 

Noronha dá uma gargalhada: E quem disse que nós vamos pra Paris, Jasmine?

 

Jasmine, chateada: Mas amor, você disse que seria uma viagem incrível e espetacular!Tanto que deixou o tio Figaro e a tia Josélia irem conosco!

 

Noronha pega sua pequena mala: E vai ser uma viagem espetacular, eu não minto!

 

Josélia, curiosa: Então fala logo pra onde a gente vai, Noronha!

 

Noronha sorri: Vamos pra Vila Varzeônica!

 

Jasmine cai sentada no sofá: Como é?!

 

Vila Varzeônica/ Prefeitura/ Sala do prefeito.

 

Bravejo e Benê conversam.

 

Benê bebe café, está sentado: Olha, eu vi o meu sobrinho Noronha na tv, e que homem ele se tornou, a ultima vez que tinha visto ele foi quando o danado tinha 2 meses de vida.

 

Bravejo, sério: É mesmo, depois você viajou pelo mundo com a sua amante até ela morrer ano passado!

 

Benê: Pois é, eu conheci a Raimunda e nós viajamos o mundo inteiro, quando retornei ano passado o meu sobrinho Bento me contou tudo o que tinha acontecido com o Noronha, parece que ele ia até ser preso por assassinato e no dia do casamento!

 

Bravejo, com remorso: Nunca vou esquecer esse dia, o Noronha ia casar mas no mesmo dia a policia descobriu que ele tinha matado o Chico Branco envenenado- Ele bebe café também- Bom, isso é o que dizem, eu não sei se o Noronha matou ele mesmo, do jeito que ele estava naquela época, acredita que um dia eu  o flagrei tentando enforcar a mãe!

 

Benê, chocado: Nossa, nunca iria imaginar que o filho de um sobrinho meu seria tudo isso, assassino, enforcador e deputado…Você acha que um dia ele vai voltar pra cá?

 

Bravejo: Não sei, ele jura que não é assassino, a policia o achou depois da fuga mas ele pagou alguma propina e ficou livre da punição…Se um dia o Noronha voltar um dia vai ser só pra provar que não é um assassino, porque ele não gosta da mãe e nem do irmão…

 

Rio de Janeiro…

 

O helicóptero pousa no heliporto da mansão de Noronha.

 

Jasmine, inconformada: Isso não é justo, Noronha, você vive dizendo que odeia aquele lugar e agora resolve voltar?

 

Noronha entrega as malas para o piloto: Eu já falei, Jasmine, se você quiser vir comigo, venha, e se não quiser pode ficar aqui no Rio, mas eu cancelo todos os seus cartões, a opção é sua…

 

Jasmine bate o pé no chão: Eu só quero entender o porque de você voltar agora!

 

Noronha sobe no helicóptero: Durante a viagem eu te explico, Jasmine- Ele ajuda o filho a subir, sobem depois os tios de Jasmine, Figaro e Josélia.

 

Josélia se acomoda em uma cadeira: Olha, eu vou pra qualquer lugar, contanto que não seja poluído igual aqui, quero um lugar mais puro pra eu poder meditar.

 

Noronha também se acomoda em uma cadeira: Não se preocupe, Jô, Vila Varzeônica é uma cidade tão pura que nem está no mapa de Mato Grosso.

 

Jasmine, preocupada: Se não está no mapa como o Domingues vai chegar lá? Nós podemos nos perder no caminho, Noronha, já pensou?

 

Noronha, irritado: Para de ser paranóica agora ou então eu te expulso daqui, Jasmine, está tudo planejado, eu e o Domingues conseguimos achar Vila Varzeônica em um velho mapa.

 

Domingues, o piloto, aparece: Bom dia a todos, eu só quero ver se todos estão com o cinto de segurança e então poderemos partir para a cidade de Vila Vazante…

 

Jasmine, desesperada: Viu, Noronha, ele nem sabe o nome da cidade!

 

Noronha a acalma: Ele se confundiu, Jasmine, eu confio no Domingues, ele é meu piloto há anos, e outra que qualquer um pode se confundir com um nome desgraçado desses.

 

Domingues volta para seu acento: Podemos partir já, estão todos prontos?

 

Noronha, Josélia, Figaro e Caio: Sim!

 

Jasmine: Não, não estou pronta!

 

O piloto a ignora e faz os preparativos para a partida.

 

Noronha vai até o frigobar e pega champanhe e uma lata de refrigerante, ele coloca taças para todos, menos para Caio, obviamente: Queridos, gostaria de brindar à nossa viagem, que espero ser muito prospera e boa para todos, não temam, eu reservei um dos melhores hotéis de São Cristovão, a cidade vizinha, e vamos ficar hospedados lá.

 

Figaro respira aliviado: Ainda bem, já estava com medo de dormir em um celeiro ou coisa do tipo.

 

Noronha ri: Não se preocupe, Figaro, nós vamos ter muito conforto sim, um brinde!- Eles brindam, e Caio também, mas com refrigerante.

 

Jasmine não bebe um gole: Agora me explica, você vivia dizendo que nunca mais queria pisar os pés naquele lugar porque sofreu demais, vivia sendo humilhado, você falou isso hoje mesmo no programa da Suzane, e agora, do nada, resolve voltar pra Vila VarzeCHATA! Eu não me conformo, porquê tomar essa medida justo agora?

 

Noronha, bravo: Eu resolvi viajar pra lá desde o inicio do ano, só estava esperando o momento ideal, resolvi que já era hora de o Caio conhecer o avô dele.

 

Caio, feliz: O vô Bento?

 

Noronha, animado: Sim, ele mesmo filho.

 

Caio, curioso: E a vovó?

 

Noronha, desconfortável: Nós vamos ver a vovó também, mas ela não gosta da gente, filho, ela odeia todos nós.

 

Figaro sussurra no ouvido da mulher: Já percebeu como ele se refere a mãe, Josélia?

 

Josélia não se importa: Você sabe que o Noronha é assim, Figaro.

 

Figaro: E você acha que ele está voltando por vingança?

 

Josélia fica aflita: Vingança…Eu não tinha pensado nisso…- Ela fica observando as expressões de Noronha- Será?

 

Vila Varzeônica…

 

Casa dos Dávila/ Tarde.

 

Anna limpa a casa, de repente a campainha toca.

 

Anna lava as mãos: Já vou!- Ela abre a porta- Oi, Alminha!

 

Alminha a beija: Olá, cunhada, vim te fazer uma visitinha porque faz tempo que a gente não se fala!

 

Anna, contente: Entra, entra, eu vou passar um cafézinho pra gente…

 

Alminha fica reparando nas fotografias de família: Pois é…

 

Anna pega  a cafeteira: Pois é o quê?

 

Alminha se senta: Nada…Só que eu vi o Noronha hoje na tv.

 

Anna derruba café sem querer: Ah não, Alminha, eu achei que iamos ter uma conversa agradável e você me vem falando dessezinho de novo!

 

Alminha bate na mesa: Não tem como não falar, eu te disse há muito tempo que ele ia ficar rico e você não acreditou, pois bem, agora vê que minha previsão estava certa!

 

Anna, se fazendo de forte: E daí que Noronha ficou rico e poderoso? Não muda a pessoa que ele é! Esqueceu que ele matou uma pessoa? Eu não esqueci! Assassino!

 

Alminha dispara: Então o assassino vai voltar!

 

Anna, confusa: O quê? Como assim?

 

Alminha conta: Eu estava fazendo minha consulta normalmente hoje quando de repente eu vi um helicóptero na bola de cristal, Anna, e dele saia o Noronha! O helicóptero pousava aqui em Vila Varzeônica, ou seja, o Noronha vai voltar!

 

Anna Maria, furiosa: Não pode ser…O Noronha não pode voltar!

 

 

Termina o capítulo 14.

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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