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A Santa e o Bruxo

Capítulo 14 – A Santa e o Bruxo

FLASHBACK
A Santa e o Bruxo ficaram se olhando. Seus olhos se cruzaram e Mariana começou a ter sensações antes nunca experimentadas por ela. Sem saber por que, mordeu os lábios inferiores, e esse é um claro sinal de atração sexual que ela não conhecia. Héctor então retirou sua luva e passou as costas da mão bem de leve no rosto da Santinha. Ela fechou os olhos, com ternura e lascívia ao mesmo tempo. Se coração disparou. A temperatura do corpo aumentou, e suas pernas começaram a tremer.

MARIANA – O que é que você está fazendo comigo?
BRUXO – Nada, senhorita. Apenas observando tamanha e incompreensível beleza. Como é que o Criador possa ter colocado tão magnética e inacabável beleza apenas dentro de um corpo tão frágil quanto o seu?
MARIANA – Na natureza, as coisas mais frágeis são as mais belas, senhor Bruxo.
BRUXO – Por favor, Hector.
MARIANA – Não posso lhe faltar com respeito, senhor. O mesmo homem que me trouxe à vida, merece um tratamento melhor que o seu primeiro nome, não o desmerecendo evidentemente.
BRUXO – O melhor tratamento que podes me dispensar, é ter naturalidade para comigo. Não sei se a senhora sua mãe lhe contou, mas você… digo, a senhorita, tem o meu sangue correndo em suas veias. Para salvá-la, tive que realizar um importante perigoso ritual egípcio de cura.
MARIANA – E lhe sou muito grata por derramar o seu sangue para salvar a minha vida…

De repente, Mariana abaixou a cabeça.

BRUXO –Algum problema?
MARIANA – O senhor salvou o meu corpo da morte. Mas temo pela minha alma, senhor.
BRUXO – A sua alma irradia luz, e eu duvido muito que o Criador seja leviano o bastante em deixá-la perder…
MARIANA – Você fala como um herege…
BRUXO – Porque sou um herege.

Mariana estatelou os olhos. Ouvir aquilo era terrível para uma pessoa como ela.

BRUXO – Não se assuste. Heresia significa “escolher”. Todo aquele que escolhe um caminho diferente do convencional, é um herege.
MARIANA – Não é assim que ensinam nas igrejas
BRUXO – Eu não pretendo discutir religião com tão doce criatura. Esse assunto é pantanoso e melindroso, não acha.
MARIANA – O senhor tem razão.

Ficando à vontade, ela passou a andar lado a lado com o Bruxo. Segurando graciosamente um guarda-sol, era uma visão que maravilhava os olhares mais embrutecidos.

BRUXO – Posso lhe perguntar uma coisa de ordem pessoal.
MARIANA –Desde que não seja nada constrangedor…
BRUXO – Juro que não será…
MARIANA – Então faça?
BRUXO – O que faz uma jovem tão refinada em um local ermo como este?

Ela parou de andar, se postou na frente do Bruxo e sorriu.

MARIANA – O que faz um homem tão refinado, e mestre nas artes ocultas, em num lugar tão ermo como este?

A pergunta calou o bruxo.

BRUXO – Eu adoro mulheres com presença de espírito.

Ela se virou, ficando de costas para o Bruxo.

MARIANA – Você sabe que sou uma mulher prometida…
BRUXO – Sim, eu sei. E aliás, é um homem de sorte, que ao invés de estar fazendo peripécias pela Europa, deveria estar aqui, ao lado de uma tão doce donzela.

Ala mais uma vez se virou para Hector. E dessa vez passou um maior número de segundos olhando bem fundo nos olhos penetrantes do Bruxo.

MARIANA – Não posso me aproximar de você. Você é sedutor e galanteador, e aposto como diz o mesmo para todas as mulheres. Principalmente para as mais lindas e requintadas do império, que com certeza você conheceu.
BRUXO – Você é uma menina perspicaz, mas que errou por um detalhe: de todas que já conheci, você é a mais bela, mais linda e mais atraente…
MARIANA – Por favor, não use desses termos para comigo que ainda…
BRUXO – Ainda não conheceu um homem?

Ele foi perigosamente se aproximando dela. Até que seus lábios se tocaram. Mariana tentou lutar, mas sentiu um prazer diferente, quando as mãos fortes do espanhol a entrelaçaram pela cintura, e ele a beijou como ela nunca foi beijada. E quanto mais ela lutava, mais desejava que aquele momento nunca passasse. Ela jamais sentira algo parecido Um fogo começou a lhe consumir a alma, e ela passou a desejar aquele homem, de uma forma como não conhecia e não sabia que era capaz. Mas enfim, depois de alguns minutos, ela o empurrou, e bate-lhe no rosto.

MARIANA (gritando ) – Nunca mais faça isso! Nunca mais se aproxime de mim.

Ela saiu correndo, e deixou Hector com um sorriso de satisfação, desejo, e paixão. Sua mão acariciava o local do tapa. Hector conhecera sim lindas mulheres na Europa e no Rio de Janeiro. Mas aquela roubara a sua vontade e o seu coração. Aquela era especial, e ele ia possuí-la, nem que para isso, tivesse que usar das suas artes mágicas.

FIM DO FLASHBACK

EDONÉZIA – E ela então me pediu que eu nunca contasse isso para ninguém.
JESUÍNO – Eu não posso acreditar nisso! A minha Santinha. Uma pessoa pura e casta.
EDONÉZIA – Mas aquele homem era um feiticeiro, Nhonhô. É claro que ele usou suas artes de magia negra para conquistar a Santinha…
JESUÍNO – Eu não sei. Ele não falou mais nada sobre as mortes que ele disse que iriam acontecer?
EDONÉZIA – Dona Marta…
JESUÍNO – O que a minha tia?
EDONÉZIA – Eu vi a vi participar de um ritual pra Satanás, junto com o Bruxo. Ela sabe quando vai acontecer. E ela sabe ainda aonde ta o mardito baú.
JESUÍNO – Como é?

Corta para dona Marta Sanguinetti

Marta Sanguienetti andava a passos lentos no meio da mata ressequida, indo em direção a uma árvore de sucupira, abundante na região. Nela, havia um escravo amarrado. Suas costas banhadas em sangue.

MARTA – Eu cá falarei apenas mais uma vez, negro dos infernos. Onde tu colocaste a arca que mandei que tu pegaste na casa da feiticeira?
ESCRAVO – Roubaram ela de mim, sinhá…
MARTA (gritando) – Mentira! Capitão, bate nesse negro até ele cagar. Se ele não vai falar,. Vai morrer aí.Não precisa matar o escravo não, quero que as moscas comam ele vivo.

O capitão do mato, obedecendo à sua senhora, batia sem piedade no escravo, não se importando com os gritos do pobre negro. Enfim, ele parou de bater e o deixou amarrado.

MARTA – Só tu sabias dele, e se foi roubado, tu tens culpa…
ESCRAVO – Não, senhora. Foi um minuto só…eu… eu saí e roubaram…

Marta respirou fundo e saiu, deixando o escravo à mercê das moscas. Em seguida, ela se vira para o seu capitão do mato, e diz:

MARTA – Eu quero aquele baú.

No fim do dia, Jesuíno ia até a fazenda de Marta Sanguinetti, tentar descobrir a verdade sobre o que a escrava disse, e no caminho, encontra o o escravo às portas da morte.

ESCRAVO – Soco…rro
JESUÍNO – Meu Deus! Mas o que é isso?

Mais que depressa ele desamarrou o escravo e o colocou deitado sobre folhas. Jesuíno viu no escravo a marca da fazenda da sua tia, Marta Sanguinetti. Mas jamais supôs que ela fosse capaz de cometer um ato assim com um ser humano, mesmo sendo um escravo.

JESUÍNO – Foi minha tia que fez isso? Vamos, diga!!
ESCRAVO – Ela vai… ela vai matar… todo mundo… baú… baú…
JESUÍNO – Onde está o baú? Me diga. Está com a tia Marta?

Ele arregalou os olhos e a morte veio.

JESUÍNO – Meu Deus. O que está acontecendo aqui?

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