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O Internato

Capítulo 13 – O Internato

O internato

 

Capítulo 13

Ciclope : O Senhor está bem, meu querido diretor ?

Lorenzo – Nem para o café, muito menos para o almoço e impossível para o jantar. Por favor Ciclope obrigado por me informar, pode se retirar.

Ciclope faz uma referência e sai. Lorenzo se vira para encarar a enfermeira.

Lorenzo – Você não vai contar nada disso que me chantagiou para ninguém, entendeu?

Dorothy – Depende, se você me pagar por isso. Por sexo eu sei que não vai dar, afinal… ( rindo), não importa, quero um milhão na minha conta em menos de 24 horas.

Lorenzo pega um martelo que está na gaveta e a ameaça. Ela o encara muito próximo nos olhos debochando.

Dorothy – Eu se fosse você, pensava duas vezes antes de fazer algo contra mim. É o seu futuro que está em jogo, meu querido. Tenho testemunhas de confiança me esperando na sua portaria.

Ele espiou pela janela e viu uma mulher obesa com uma criança de colo conversando com o zelador, uma múmia que fingia não ser o que era, pois tinha o sonho de ser pai um dia. Pois nos tempos faraônicos, não foi possível.

Lorenzo – Que patético ! Quanto a você, eu não tenho toda…

MAS ELA JÁ HAVIA SUMIDO. No chão, um bilhete marcava o local do encontro: O Hospital St. Edwiges. O Local e a data.

Lorenzo engoliu seco e disse para as paredes que em sua mente surtavam de transpirar sangue

Lorenzo – Vamos ver quem ri por último e quem causará choro de ranger dentes. HAHAHAHAHAAHAHAHAHHA !!! Esse bonitão aqui, ou melhor bonitona, vai dar um jeito de conter a gentalha, bebê !

***

Eles entram no elevador apressadamente.

Abiel – Você tem absoluta certeza que caiu do bolso dele?

Cecília – Sim, eu vi. Caiu sem ele perceber, estava furado. Meu Deus, quem diria, que um próprio membro da minha família estaria envolvido em toda essa história!

Abiel – A gente não sabe para onde ele foi? Deveríamos ter esperado e visto onde o outro parava!

Cecília – Nem que eu tenha que vasculhar esse prédio inteiro, eu o acho.

Eles pararam no 5º andar. Ali era o dormitório dos professores. Sem perceber acabaram esbarrando numa nova professora de história : Vera.

Cecília – Mil perdões, eu não queria.

Vera – Que isso, minha querida, não foi nada ! ( e a ajudou a levantar)

Abiel – E você ainda dizendo que o tratamento nessa escola não era bom !

Cecília – Mas não era bom mesmo, só essa querida que teve a gentiliza de me ajudar. Totalmente diferente da professora Érica, que conseguiu um cargo num congresso e pediu demissão.

Vera – Como assim fui a única ? Andei escutando boatos de outras turmas sobre isso ! Que é que tá pegando ! Quero saber já !

Cecília – É uma longa história. Vivemos num modelo fordista, basicamente. Obrigam a gente a estudar, sabe. E caso negamos em certos momentos, que estamos exaustos, eles nos agridem com chicote ou vara de marmelo, trancando a gente no porão. Em casos extremos nos escaldam vivos, entre outras coisas.

Vera – MAS QUE COISA HORROROSA ! ALGUÉM TEM QUE FAZER ALGUMA COISA !

Cecília – Eu estou tentando, sabe. Pelo menos por mim e pelos meus amigos, descobrindo o assassino dessa história, é por isso que eu preciso ir. Espero que me entenda, foi um prazer conhece-la, até mais.

E sai puxando Abiel pelo abraço, atrás de seu tio. A professora fica embasbacada com as revelações, jurando tirar essa história a limpo.


***

Marieta e Manoela chegam a sala de armários carregando livros pesados.

Marieta – Aquela professora Georgina é uma megera, onde já se viu a cada semana mudar o livro e cobrar o livro anterior, desse jeito eu vou virar o corcunda de notre daime.

Manoela – Está reclamando de barriga cheia. Ainda bem que temos armários, imagina ter que subir com esses livros até o nosso dormitório, iria ser um pesadelo.

Marieta colocou rapidamente os livros no armário e quando se aproximou do bebedouro para matar a sede, avistou o armário de Cecília entreaberto.

Marieta – Olhe só que desajeitada. A Cecília deixou o armário aberto, eu vou fechar para ela.

Mas quando se aproximou, viu algo que a surpreendeu.

Marieta – Corre aqui Manu, veja só que eu encontrei.

Ela se aproximou e ficou boquiaberta. O Relógio do cookoo da biblioteca estava quebrado em pedaços no armário de Cecília. Será que fora ela que roubou ?

***

 

Em seu quarto, Lorenzo tirava o sono da beleza, com pepinos nos olhos e uma máscara de argila verde no rosto, quando MINHAU !!! – Aquele gato estranho pulou por cima dele, o mesmo visto por Cecília no aposento de seu Manoel e no quarto de Jefferson e começou a arranhá-lo. Ele desesperado tentou evitar, mas não enxergava, só ficou dando unhadas, até que conseguiu se limpar. Estava sangrando. Desesperado pegou um martelo numa gaveta e puxando o animal pela coleira, agrediu até a morte. Os grunhidos do bichano não fizeram aquele coração sedento por vingança ter piedade. Era um cubo de gelo em pessoa.
Lorenzo – Agora que a minha mãe se foi, o senhor pode muito bem desaparecer da face da terra. E nem pensem em parar de ler essa cena, leitorezinhos queridos, quero que vejam bem até onde sou capaz. – Soltando uma risada afeminada e diabólica.
Depois de matar o animal, mandou Ciclope vir busca-lo e retirou o cérebro esmagado em meio a ossos, músculos, o pobre coitado em um saco preto. Depois disso, o vilão ligou sua música e começou a dançar um tango argentino, ironizando o momento trágico, anormalmente robótico em sua posição. Se assemelhando a Thriller de Michael Jackson.
Lorenzo – Que Deus o tenha! Oh, querido e amado ser detestado… SACO DE PULGA NOJENTOS… Bravejou com uma voz de boneco assassino, esses últimos dizeres.
Quando virou para cama, não acreditou no que viu. Abiel estava de cueca algemado com uma grande curvatura em sua única peça.
Lorenzo – EU NÃO ESTOU ACREDITANDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO.  João Victor, é você ? Digo Abiel. Mas que péssima mania eu tenho de confundir você, com leitores  intelectuais, né ? Aguarde um instante, meu lindo, eu vou me vestir apropriadamente para você. Maldito gesso que vai atrapalhar meu momento de prazer.
Ele corre para seu closet e volta fantasiado de mulher gato com um chicote em uma das mãos, mas Abiel havia desaparecido, fora apenas uma alucinação de sua mente perturbada.
***

Desciam agora um lance de escada para o quarto andar.

Abiel – Não sei se foi uma boa ideia, ter se aberto com a ela.

Cecília – Eu acho que não vai ter problemas, eu vi nos olhos dela, parece ser uma pessoa sincera. Tomara que se junta a nós, para acabar com essa organização maldita.

Abiel – Você já vai para o terceiro andar ? E se ele entrou em alguma dessas portas ?

Cecília – Duvido muito. Aqui é sala de segurança, para que ele queria…

ELA O VÊ SAINDO NO FUNDO DO CORREDOR COM UM FRASCO NA MÃO, ESCONDENDO ENTRE AS VESTES. DESESPERADOS, ELES SE ESCONDEM NUMA CURVA.

Cecília – Você estava certo. O que seria aquele frasco ?

Abiel – Parecia Éter, poderia estar dopando alguém.

Cecília – Bom, só há uma maneira de descobrir – disse em meio aos cochichos – entrando naquela sala.

Abiel –  Certo.

Assim que Ricardo entrou no elevador, eles invadiram a sala com um grampo de cabelo preciso de Cecília. Ao chegar ao local, tudo parecia em perfeita ordem, tudo, exceto a cortina da janela que conduzia a desconfiança de ter sido alterada. Ao se aproximarem da janela, eles viram caído no jardim do prédio, sobre um colchão, o vigia da sala de câmeras desmaiado, com a boca amarrotada de um lacre e as pernas e mãos amarradas.

Cecília – ELE VAI SER SEQUESTRADO !

Abiel – Temos que impedir.

Cecília – Na verdade não – O que temos a fazer é segui-los e descobrir mais coisas. Siga-me os bons ! – Disse saindo da sala em tom triunfal, Abiel a seguiu apressado.

No jardim, os dois caminhavam na ponta dos pés, até o estacionamento onde viram Ricardo colocar o corpo que havia sido embrulhado num saco preto dentro de um porta-malas. Antes que Abiel, pudesse impedir, Cecília dominada de ódio, foi impedir o tio. O adulto terminava de acenar para alguém do terraço do edifício, mas só Abiel percebera isso.

Cecília – Bonito, hein ? Titio querido. Agora deu para sequestrar administradores de filmagens do colégio ? Eu só fico pensando, por que essa lista aqui de Vítimas. Teria caído de seu bolso?

E esfrega na cara dele – freneticamente.

Ele raivoso, lhe lança um olhar de censura, mas tenta se acalmar, respondendo docilmente.

Ricardo – Sobrinha, querida ? Há quanto tempo eu não era presenteado com esse seu sorriso eclético. Se não quiser se machucar, será que poderia devolver essa listinha para seu amado titio aqui ?

Cecília – NUNCA ! – bravejou ela. ISSO AQUI VAI PARAR É NAS MÃOS DA POLÍCIA, SEU DESGRAÇADO, ASSASSINO !

Ricardo fingia estar se esquivando dos cuspes da fala dela e arrumando topete, virou um momento para seu carro preto e vendo seu reflexo se transfigurar numa face maldosa, virou para ela novamente.

Ricardo- Que peninha ! Terei que acabar com uma linda garotinha na flora da idade para seguir com meus planos. Que perda irreparável, mas fazer o quê, é a vida. – E pressionando o umbigo de uma forma brutal. Teve sua pele escurecida para um verde malhado, asas reluzentes surgiram, suas orelhas ficaram levemente pontudas, seus cabelos tingiram uma tonalidade mais amarronzada e seus olhos, pareciam duas fendas de gatos, cor-de-rosa púrpura. Ele era um fado.

Abiel abafou o grito de terror que sentira quando vira tudo por trás de uma árvore escondido, mas Cecília apesar de se surpreender, se manteve firme onde estava.

Cecília – VOCÊ NÃO ME ASSUSTA, TÁ LEGAL ?

Ricardo soltou uma risada que indicou que o timbre de sua voz havia mudado. Agora parecia repertório, como se falasse por meio de um microfone tônico. Dava-lhe um aspecto meio digitalizado.

Ricardo – Não mesmo ! Então aguenta essa, tolinha !

E puxando do bolso, uma pedra vermelho- fogo fisionomicamente semelhante aquela pedra que se desmanchara no banheiro de Jefferson, revelando ser sangue, só que de cor preta. Ele apertou a mão. Percebendo orar em línguas, ele de repente virou para a sobrinha e agora seus olhos fervia em brasas, ele  gritou :

Ricardo – Marjot Destruined !

Uma conta de luz muito forte saiu de suas mãos que pareciam ter sido alimentada pelas pedras e foram jogadas brutalmente contra a garota que agora parecia que estava perdida. Fechou os olhos para seus últimos segundos de vida. Até que. Os feixes se desviaram e voltaram contra ele, o fazendo gritar de terror e sumir no ar. Tele transportando o carro, consigo.

Abiel correra até ela para acudi-la, ela abriu os olhos. Estava sem nenhum arranhão. Ela havia conseguido vencer uma fada poderosa ? Por quê ? Mas antes que tivesse a chance de refletir. Abiel a alertou do que vira no terraço e eles saindo correndo.

Mas no caminho, no corredor do segundo andar. Lorenzo a flagrara fora da enfermaria, percebendo  que seu rosto estava intacto. Lorenzo murmurou :

Lorenzo – Maldita Loba, é a única explicação para tudo isso, mas eu vou acabar com a felicidade dela agorinha mesmo ! – Ele sumiu na escuridão do corredor jogando sua franja desfiada que agora tingia tons de caramelo seguida de um arquinho rosa para a esquerda –

Ciclope apareceu arrastando pelos braços. Abiel tentou impedir, mas foi arremessado longe.

Cecília – PARA ONDE VOCÊ ESTÁ ME LEVANDO SEU MALUCO, ME SOLTA !

Ciclope – Já que melhorou, vai ir para aula.  – E quando viu ela já estava jogada aos fundos da sala da professora Vera.

A mulher ficou embasbacada – Para que todo esse tipo de violência – Perguntou ela irritada, quando viu o galo que crescia na cabeça de Cecília que se recupera de ser arremessada contra a parede.

Lorenzo apareceu todo triunfal – Por que são os regulamentos da escola. Ah, esqueci-me de avisar, com licença Ciclope. Senhorita Vera, trouxe o chicote, quero que deita pelos menos umas trinta chibatada nessa Anfíbia Caipira. – Mastigando seu chiclete de uma forma jeitosa e assoprando uma bolha até estourar, tentando parecer-lhe mais macabro do que o rímel que passou.

Vera pegou de suas mãos, mas para sua surpresa, atirou contra ele. Que caiu no chão. Incrédulo. Todos na sala riram. Até Ciclope.

Lorenzo – Mas que ousadia é essa, sua aranha de cotejo? Eu pago seu salário ! E Além do mais estou engessado!

Vera – Não importa. Dinheiro é só célula de papel. Não supera o respeito de temos que ter com os outros, seu moleque mal educado. Se sua mãe não te ensinou boas maneiras, você vai aprender comigo ! E da pior maneira possível. E pare de desmunhecar, tira esse troço do cabelo ( arrancando-lhe o arco).

Lorenzo – O que você vai fazer com meu arquinho rosa veneno, sua demente ?

Vera o bate na boca dele por aquele trejeito todo –  Queimá-lo ! E pode tratar de despedir dessa franja que mais parece crista de égua venda sobre preço de liquidação. Cafonérrimo, deveria saber ( disse, piscando para a plateia que entendia que ela quis imitar sua linguagem).Isso é muito horroroso para um garoto. Comporta-se como homem, independe da sua opção sexual.

Estava rindo a loucuras. Era melhor de mais para ser verdade. Ver Lorenzo ter o que merecia mais uma vez, depois de tantas decepções naquele dia, era quase um sonho. Mas algo estranho aconteceu. Suas mãos começaram a criar pelos. Suas unhas cresceram freneticamente. Estava com barba ? Sentiu um focinho pontudo crescer.

Cecília – Meu Deus ! Eu virei Pinóquio ? – Acabou dizendo desesperada em voz alta.

Todas voltaram a atenção para ela. Menos a professora que batia incessantemente em Lorenzo que a chamava de louca para cima.

De supetão. A transformação terminou. Agora todos a encaravam. Inclusive a professora que se assustara. Cecília virara uma lobiwoman.

Manoela arregalara seus olhos.

Marieta – Caraca !

Lorenzo – Não é possível ! – Balbuciou o menino todo quebrado.

Nesse instante Georgina, a professora de álgebra chegou correndo dos corredores, estava sufocada. Ao avistar a metamorfose de Cecília soltou o copo que estava em sua mão, ele se espatifou no chão, revelando uma substância mortífera. Ela caiu no centro da sala, todos se desesperaram.

CONTINUA…

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