Séries de Web
Agridoce

Capítulo 12 – Agridøcє

Agridøcє

  “Mamãe…

                 Vou para casa esse final de semana, tenho tanta coisa para contar! Vou levar alguém comigo, não é a Ally.

                                                                                                                                      Te amo, Wendy…”

“ Wendy, não vai entrar no final do semestre? Não precisa estudar? Que saber, venha mesmo assim, estou com saudades! Seu pai mandou beijos. Traga sua visita, vamos adorar conhecê-la.

                                                                         Com todo amor desse mundo e mais um pouco, mamãe.”

Fechei meu notebook e encarei Rylan deitado preguiçosamente em minha cama com dois enormes livros abertos, estava estudando para uma prova. Levantei-me e caminhei até a cama, deitando por cima dele.

— E então? — Ele rodou embaixo de mim, ficando de frente para mim.

— Mamãe disse que vai adorar conhecer minha visita. — Sussurrei, dando um beijo em seu queixo.

— Fico nervoso só de pensar.

— Você já deve ter conhecido outras mães antes.

— Sim, mas nunca a sua mãe, é diferente. — ele me deu um selinho — E outra, faz quatro meses que nós estamos juntos e eu ainda não fui conhecê-la, talvez, seu pai me odeie só por isso.

Faltavam duas semanas para o final do semestre e para as férias. Eu e Rylan estávamos nos dando muito bem, passávamos a maior parte do nosso tempo livre no meu quarto, no dormitório, ou no dele na fraternidade, mas apesar de ter evoluído muito com a questão de entrosamento, não conseguia me entrosar o suficiente para ir para a cama com ele para fazer outra coisa que não fosse dormir. Eu e Ally quase não nos falávamos direito desde a festa do Nicholas. Pelo que pude perceber no pouco que a encontrava no refeitório, ela estava tendo algum rolo com o Ralph, ou talvez, só fosse impressão. Depois que eu e Rylan estávamos juntos, eu não ia para a casa dos meus pais no final de semana mais, mantinha contato com eles por telefone às vezes e por e-mail quase sempre, mas já estava na hora de Rylan conhecê-los. Nós parecíamos bem, tudo me levava a crer que fossemos durar, então por que não?

— Adoraria ficar com você aqui. Mas, preciso mesmo estudar para essa prova. — Rylan me deu mais um selinho e eu levantei, voltando para minha escrivaninha para terminar um trabalho que nem havia começado ainda.

                                                                             x-x-x-x

Sai para o dia nublado que se estendia a minha frente, Rylan ficará de me encontrar em vinte minutos na saída do Campus. Enquanto esperava, pensei em ligar para Ally, depois desisti. Peguei o celular e liguei assim mesmo.

— Wen? Algum problema?

— Desde quando ligamos uma para outra só quando temos problemas, Ally? — esperei uma resposta, mas ela não veio. — Bom, liguei para dizer que vou para casa esse final de semana, vai ser um momento especial, queria que você fosse também.

— Não posso.

— Por quê?

— Tenho uma festa para ir hoje, faz tempo que eu prometi pra uns amigos, não posso desmarcar em cima da hora. — Ela parecia distante, como se tivesse prestando atenção em outra coisa.

— Agora uma festa idiota é mais importante que eu?

— Não disse isso.

— Nem precisa, né? — bufei — Quer saber, Ally, desculpe ter te incomodado, a gente sem se falar deve ser melhor mesmo. Me destrói ver o que você se tornou.

— Sem drama, Wen. — ela também bufou. — Diga a mamãe e papai que eu mandei um beijo e que vou para casa no próximo final de semana.

— Quer saber? Ligue você para eles e diga!  — Não esperei uma resposta e desliguei. Não conseguia entender o porquê de Ally estar assim, ter se transformado nessa garota fútil que só pensava em festas e em beber. Rylan sempre esteve certo, eu não deveria querer ser como ela. Ela não era mais a Ally, minha irmã gêmea, meu pacote. Ela não era mais aquela menina que corria para minha cama quando estava trovejando. Não era mais a menina que dormiu na mesma cama que eu por duas semanas depois que seu coelhinho morreu, por que achava que ele iria voltar para reclamar por que ela não o havia enterrado. Ela não me via mais como sua irmã, então, por que eu deveria me preocupar? Tanta coisa já tinha mudado nesses últimos meses, eu já tinha mudado tanto com relação a outras coisas, então por que não  podia mudar com relação a isso também!?

— Hey, amor! — Rylan me abraçou por trás e deu um beijo em minha cabeça.

— Oi. — Sussurrei, virando-me e abraçando-o, afundando minha cabeça em seu peito.

— Que foi? Aconteceu alguma coisa?

— Ally sendo idiota. Deixa pra lá, já passou. — passei a manga das blusas por baixo dos óculos e puxei o capacete da mão dele. — Vamos.

— Sim, senhora! — Subimos na moto e ele deu a partida.

O percurso que de carro demorava quase duas horas, deve ter demorado cerca de uma, fui o caminho todo com a cabeça encostada nas costas de Rylan, acho que teve alguns momentos que até cochilei. Quando chegamos a minha rua, passei pela casa do meu ex-namorado e fiquei aliviada por não encontra-lo ali. Não que fosse fazer diferença se ele estivesse mas, eu estava tão emocionalmente cansada que queria evitar mais conflitos internos.

— Chegamos! — Rylan suspirou, parou a moto na entrada de carros e tirou o capacete. Tirei o meu também e desci da moto, tirei a mochila das costas e Rylan a pegou. Ele me encarava nervoso.

— Não precisa ficar nervoso. — Peguei sua mão e a apertei.

— E se eles não gostarem de mim?

— Se você me disser uma pessoa que não goste de você, eu começo a ficar nervosa também.

— Nicholas. — Ele disse o nome de Nick com repulsa.

— Ele não conta. — Passei os braços pela sua cintura e fiquei na ponta dos pés e depositei meus lábios nos dele, ficamos com os lábios encostados, até que eu senti seus músculos das costas relaxando. Deslizei minha mão pelas suas costas até chegar a sua mão estendida e entrelacei meus dedos nos dele. Caminhamos até a entrada de casa. Abri a porta e entrei na sala.

— Mamãe? Papai?

— Aqui querida! — Mamãe gritou da cozinha. Joguei o capacete em cima do sofá, peguei a mochila de Rylan e seu capacete e joguei em cima do sofá também, entrelacei minha mão na dele novamente e o encarei. Nunca o tinha visto tão nervoso.

Parei na porta da cozinha com Rylan escondido atrás de mim, mamãe estava de costas para mim, fazendo alguma coisa no fogão, papai estava sentado no balcão com o notebook, provavelmente trabalhando.

— Hm… — pigarreei, mamãe e papai me olharam ao mesmo tempo. — Queria apresentar meu namorado.

Mamãe e papai olharam para mim, depois para Rylan escondido atrás de mim, depois olharam um para o outro e para mim novamente. Senti que minhas bochechas coraram.

— Namorado? — papai sussurrou. — Ok. Eu posso lidar com isso.

Mamãe veio em minha direção e me abraçou, depois abraçou Rylan, papai veio em seguida me deu um beijo na testa e encarou Rylan por alguns segundos, depois desviou os olhos balançando a cabeça.

— Namorado. Ok. — Ele sussurrou novamente.

— Fico feliz em finalmente conhecê-los. Wen fala muito de vocês!

— Que pena que não podemos dizer o mesmo. — papai murmurou.

— Não seja grosseiro, Antony! — Mamãe o encarou, levantando uma sobrancelha.

— Quero dizer que Wendy não nos fala dele. — papai se explicou. — Na verdade, nem sabia que ela estava namorando.

— Deve ser recente… — mamãe comentou e depois nos encarou. — Quanto tempo?

— Quatro meses. — Sussurrei, me sentindo mais envergonhada ainda.

— Caramba! — mamãe botou as mãos na cintura e me encarou. — Quando ia nos contar?

— Ué. Agora! — Tentei sorrir, mas acho que saiu mais como uma careta.

— Ok. Ok. — Mamãe se voltou para o fogão, e papai me encarou por um longo tempo. Me senti constrangida o suficiente para puxar Rylan e voltar para a sala.

— Bom. Foi melhor do que eu pensei. — Sussurrei.

— Ah, claro! Muito melhor. — Rylan fez biquinho e encostou a cabeça em meu ombro, pude sentir que seus músculos ainda estavam tensos.

Depois do jantar, papai e mamãe já estavam lidando melhor com a ideia de que eu estava namorando e Rylan se sentia muito mais confortável. Mamãe lavava os pratos do jantar e papai havia ido para o quarto para terminar uns “pontos importantes” do trabalho. Levei Rylan para conhecer o meu quarto.

Entramos no quarto e eu me sentei em minha cama, tentando evitar olhar para a cama de Ally, logo ali, na frente da minha. Havia mais um quarto na casa, mais mesmo assim, eu e Ally preferimos dormir juntas.

— Seu quarto é todo meigo e rosa. Não esperava isso de você! — Rylan comentou se sentando em minha cama, também.

— Na verdade, a decoração é toda da Ally. Eu só trouxe a cama.

— Você sente a falta dela, né? — Ele me puxou para ele, e eu deitei a cabeça em seu ombro.

— Sinto, mas não importa. — Afundei a cabeça em seu peito.

— Claro que importa! Vocês deviam conversar.

— Eu já tentei conversar com ela, Rylan. Várias vezes, mas ela está tão mudada! Contávamos tudo uma para outra e agora ela me esconde tudo e agora eu estou escondendo coisas dela, também. Antes de virmos, liguei para ela e pedi para ela vir para cá esse final de semana e ela disse que tinha uma festa para ir. O que você quer que eu faça? Agora, festas e bebidas são mais importantes do que eu. E se isso é mais importante que eu para ela, ela também não é tão importante para mim, agora.

Ele me abraçou e deitou sua cabeça na minha, não comentou mais nada, e eu também não fiz mais questão de tocar no assunto. Ficamos assim até que ele se levantou para tomar um banho e eu também, quando voltei para o quarto já de pijama, ele estava deitado em minha cama.

— Você sabe que não vai dormir aqui, né?

— Quer que eu durma na cama da sua irmã? — Ele apoiou o cotovelo na cama e ficou de lado para me encarar.

— O que eu quero dizer, é que você vai ter que dormir no outro quarto, ou no sofá. Ou, eu posso dormir se preferir.

— Por que não posso dormir com você? Fazemos isso direto na faculdade.

— Isso mesmo, na faculdade. Não estamos na faculdade. — Sentei na ponta da cama e beijei sua cabeça.

— Ok. — Ele sussurrou fazendo um biquinho e se levantou. Fui até a cama de Ally e peguei seu travesseiro e sua coberta e caminhei com Rylan para o andar de baixo. Papai ainda estava em seu quarto, mas mamãe estava sentada no sofá vendo televisão.

— Oi queridos! — mamãe desligou a televisão e nos encarou. — Achei que Rylan fosse dormir no seu quarto, Wen.

— Não vai. — Sussurrei e pude perceber que Rylan me encarava com um sorriso.

— Bom, então vou subir, deixar que ele se acomode. — mamãe passou por mim e me deu beijo no rosto e apertou o ombro de Rylan. — Boa noite!

Joguei a coberta e o travesseiro em cima do sofá, fui no armário de baixo das escadas e peguei um lençol, cobri o sofá e deixei que Rylan se acomodasse, desliguei a luz e subi para o andar de cima. Me joguei na cama e me cobri, deixando a luz do abajur ligada, era estranho dormir ali sozinha, sabendo que Rylan estava no andar de baixo. Estava acostumada a dormir com ele na Universidade, depois que nosso namoro ficou firme, dormíamos quase todas as noites juntos. Mas, ali era diferente, não teríamos o risco de Joy entrar á qualquer momento no quarto do dormitório, ou um de seus amigos na fraternidade. As coisas poderiam passar do ponto, e eu não sabia se estava pronta.

Virei para o lado e joguei o cobertor em cima da cabeça, fechei os olhos e tentei me forçar a dormir, depois de algum tempo, tirei a coberta da cabeça e me virei para o outro lado. Sentei na cama, me virei e deitei com os pés no travesseiro. Sentei novamente na cama e levantei. Caminhei até a porta nas pontas dos pés e a abri.

— Oi. — Rylan sussurrou para mim, estava com o cobertor de Ally enrolado em seu corpo e em sua cabeça. — Não consigo dormir.

— Nem eu. — Sussurrei e o puxei para dentro.

Tranquei a porta.

  • Capítulo 13 – 24/01

Stephanie

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