Capitulo 11 – Sagrada Família
http://www.youtube.com/watch?v=RKX2bo2GwSE&t=3s
Favela do Vidigal, Rio de Janeiro
AMANDA – Então é por isso que você é contra meu namoro, porque ele é meu primo? Sinto muito dizer mais é tarde demais nós dois nos amamos.
LUCIANA – Acalme-se Amanda.
AMANDA – Como pôde tia? Abandonar o seu próprio filho na porta de um qualquer, você era a pessoa que mais gostava depois do meu pai era uma amiga para mim… Como pude ser tão burra e não ver que aquela Luciana do facebook era você, como pôde tia? Como pôde?
LUCIANA – Eu sei que não tem explicação minha querida, eu estava desempregada e não tinha marido engravidei em uma festa que fiquei bêbada e acabei indo pra cama com o playboyzinho filhinho de papai, quando soube da gravidez ele me levou para fazer o aborto, mas não tive coragem, mentir que tinha perdido espontaneamente, tentei me virar nos primeiros meses com sua mãe após o nascimento da criança, mas não tinha dinheiro e resolvi que era melhor pra ele que fosse de uma família melhor, que pudesse dar as coisas para ele.
AMANDA – (indo em direção a tia furiosa) Nada justifica esse ato repulsivo, é uma vida, não se pode tratar uma criança como um objeto.
MARTA – Se acalma Amanda.
AMANDA – Se acalmar? Agora sei porque não queria que eu namorasse com ele, sua monstra! Tinha que está metida nisso, né? Bem do seu tipo, não sei nem porque estou surpresa.
ANTÔNIO – Você passou totalmente dos limites agora Marta, como pode fazer isso como uma pobre criança? Será que faria isso com nossa filha?
MARTA – Claro que não!
AMANDA – Você acabou com minha vida, não podia esconder essa história de mim.
MARTA – O que você sabe dos meus direitos em menina, fala, eu te disse que não gostava desse namoro e te proibir, agora não tenho culpa se você prefere sair por ai se distribuindo pra qualquer um.
Amanda vai até onde sua mãe e dá uma tapa nela
MARTA – Como ousa sua fedelha (devolve o tapa).
AMANDA – É por isso que toda vez que eu falava dele você ficava curiosa ne, o que você esconde mais de mim?
MARTA – Sai daqui!
ANTÔNIO – (puxando Amanda para o quarto) Vem Amanda deixa que eu resolvo isso.
AMANDA – Me solta pai, vai me dizer que não sou sua filha? Que também sou adotada.
Luciana começa a chorar
LUCIANA – Para, por favor, Amanda a culpa não é de sua mãe é minha.
ANTÒNIO – A culpa é das duas, vem Amandinha você não merece ficar nesse ambiente com essas duas víboras.
Antônio leva sua Filha para o quarto
LUCIANA – Isso não poderia ter acontecido Marta, por que não me disse isso antes?
MARTA – Iria mudar alguma coisa, faz tempo que estou tentando separar esses dois, quero ver esse relacionamento durar depois disso.
LUCIANA – Credo, você não liga para a felicidade de sua filha?
MARTA – Claro que não, eu ligo para um bom futuro, onde ela seja rica e se prepara porque isso é só o começo da confusão ninguém mandou você ter essa ideia.
Antônio sai do quarto
ANTÔNIO – Você vai pegar suas coisas e sair dessa casa agora Marta, não quero mais você aqui.
MARTA – Essa casa é minha e quero ver que vai me tirar.
Antônio vai até Marta, a pega pelo cabelo, sai para a rua e a joga no meio da calçada
MARTA – O que você pensa que está fazendo?
ANTÔNIO – (Gritando) Aqui você não fica mais… Vai embora… Ruaaaaa… (fecha a porta).
LUCIANA – Antônio, acalme-se você não pode fazer isso.
Marta bate incessantemente na porta e Antônio entra no quarto pega as roupas de sua mulher no armário e coloca em uma mala, volta abre a porta de entrada e joga a mala na rua.
ANTÔNIO – Vai sair por bem ou por mal Luciana?
Luciana pega suas malas e sai chorando, Antônio fecha a porta
MARTA – Ta vendo o que essa sua ideia fez Luciana, agora não tenho mais marido, não tenho filha e muito menos casa.
LUCIANA – (chorando) Vamos para o hotel.
***
Casa dos Albuquerque, Leblon, Rio de Janeiro – 7:00
Mesa do café da manhã.
CRISTIANA – Mãe… Pai… essa é a Maria Tereza, ela veio do Maranhão a procura de emprego aqui no Rio de Janeiro e ontem começou a chover e resolvi acolhe-la aqui, já que ela não tinha para onde ir e resolvi oferecer o emprego de faxineira.
FERNANDO – Por mim tudo bem, já trabalhou de empregada em outro local?
MARIA TEREZA – Sim, lá no Maranhão eu fazia faxina na casa de umas pessoas
HELENA – Quantos anos você tem Maria?
MARIA TEREZA – Tenho 25.
HELENA – Muito nova para vir para o Rio
MARIA TEREZA- Lá não temos muitas oportunidades e resolvi tentar a vida aqui.
HELENA – Foi um grande risco seu vir até aqui sozinha, mas será bem-vinda, o Fernando vai cuidar de sua contração, pagamos o salário de domestica mais bônus, horas extras tudo conforme a lei, também oferecemos moradia para você.
MARIA TEREZA – Obrigado pela oportunidade não vou decepciona-los.
Gabriel desce para tomar café e Teresa sai para fazer seu trabalho.
GABRIEL – Quem é essa gata?
CRISTIANA – A nova empregada da casa.
GABRIEL – Uma gatinha em.
FERNANDO – E não é pro seu bico filho.
GABRIEL – De boa coroa, cadê o Tony? Nunca mais o vi.
Cristiana e seus pais se olham até que Fernando responde
FERNANDO – Ele teve que fazer uma viajem pelo hospital para decidir algumas coisas, deve demorar pra chegar.
O celular de Gabriel começa a tocar
HELENA – Nada de celular na hora das refeições.
Ele ver quem é e não atende
GABRIEL – Tudo bem é a Amanda depois eu falo com ela.
***
Favela do Vidigal, Rio de Janeiro
AMANDA – Droga que ele não atende.
ANTÔNIO – Filha será que não é melhor você deixar do jeito que ta?
AMANDA – Ele tem o direito de saber que ele não é filho dos Albuquerque. O que acontecerá com nossa família pai?
ANTÔNIO – Sinceramente eu não sei, sua família agora sou eu e você, sua mãe nos decepcionou muito.
AMANDA – Nunca esperava isso dela, eu sei que ela é daquele jeito, eu sabia que iria terminar em alguma tragédia.
ANTÔNIO – Não sei porque ela ficou assim, acho que a culpa é minha.
AMANDA – Não se culpe, você fez o seu melhor e o exemplo disso sou eu, você é o grande pai, o melhor do mundo.
Amanda vai até onde o pai e abraça
ANTÔNIO – Obrigado minha filha.
AMANDA – O que será que ela deve estar fazendo? O que nunca imaginei foi a tia Luciana envolvida, era parecia ser tão mais calma que a mãe e nunca imaginei ela fazendo uma coisa dessa.
***
Hotel, Leblon, Rio de Janeiro
MARTA – O que será de minha família agora em Luciana?
LUCIANA – O que importa sua família, você nunca valorizou ela, depois que perde que você quer valorizar, não achas que já é tarde demais? Para de choramingar que isso ia acontecer a qualquer momento, essa sua antipatia que fez isso.
MARTA – Essa sua ideia que fez isso acontecer.
LUCIANA – Será que não foi essa sua chatice?
MARTA – Ah cala boca!
LUCIANA – Queria que o tempo voltasse e relembrar tudo aquilo que vivemos na fazendo do nosso pai, as tardes de correrias pelo campo, andar a cavalo era um tempo muito bom que eu não tinha que me preocupar com filho abandonado e irmã mimada.
MARTA – É irmã, infelizmente não temos mais 14 anos de idade e temos que encarar a realidade, que não está muito favorável para nós neste momento, tenho quase certeza que o Gabriel já sabe que é seu filho.
LUCIANA – Será bem mais fácil se ele já souber, pelo menos me livro dessa responsabilidade de dar essa notícia.
MARTA – Vá pensando que será mais fácil, os problemas só estão começando.
***
Gávea, Rio de Janeiro
Hotel Abeville
Tony conversa com Vanda por telefone.
TONY – E então como ta as coisas ai?
VANDA – Eles me aceitaram como você disse, ta sendo bem fácil, são um bando de otários.
TONY – Te disse, mas já descobriu algo?
VANDA – Até agora não, acabei de chegar acalme-se!
TONY – Estava pensando em vigiar a Cristiana na escola pra ver se descubro algo lá o que achas?
VANDA – Se não for fazer nenhuma besteira acho interessante.
TONY – Vou ficar de olho na saída dela.
VANDA – Por favor não vá fazer nenhuma besteira, seu filme já está bastante queimado, fica de longe para não ser reconhecido.
TONY – Tudo bem e quando vou ver você?
VANDA – Não sei quando der eu aviso.
TONY – Não vejo a hora de acabar com a raça dessa família.
VANDA – Só quero o dinheiro desses bobos aqui, estou com saudades de você também meu bem.
TONY – Por que você não dá uma fugidinha e vem aqui?
VANDA – Como se eu não conheço nada e nem ninguém aqui? Dou um jeito depois.
TONY – Espero que dê mesmo!
Silveira entra na Cozinha da casa do Albuquerque.
MARIA TEREZA – Agora vou ter que desligar mãe, estou bem depois falo com a senhora estou no trabalho.
TONY – Como assim mãe?
MARIA TEREZA – Beijos te amo mãezinha! (Desliga o celular)
SILVEIRA – Vamos algumas regras senhorita Tereza. É proibido usar celular durante o serviço, exceto em casos extremos, é sua responsabilidade limpar os quartos, a sala, os banheiros, a cozinha, tudo, não vou tolerar corpo mole.
MARIA TEREZA – Sim senhor!
Silveira se vira pra sair.
MARIA TEREZA – Senhor Silveira, posso lhe perguntar uma coisa?
SILVEIRA – Sim
MARIA TEREZA – Por que tanta amargura em seu coração?
SILVEIRA – Você vai aprender com a vida.
MARIA TEREZA – Não quero ser igual a você.
SILVEIRA – Então nunca confie nas pessoas
Silveira sai mas para no corredor que dar acesso a sala
SILVEIRA – (olhando o celular) Muito menos em mim.
***
Leblon, Rio de Janeiro
Gabriel havia acabado de sair do treino de basquete e ia em direção a sua casa quando seu telefone toca.
GABRIEL – Oi Amanda o que foi?
AMANDA – Preciso conversar com você.
GABRIEL – Aconteceu algo?
AMANDA – Aconteceu tudo, podes vir aqui em casa?
GABRIEL – Posso sim, me espera na entrada do morro.
AMANDA – Ta bom, não demora!
Minutos depois Gabriel está subindo o morro com Amanda
GABRIEL – Então o que tem para me contar?
AMANDA – Melhor deixar pra quando chegar lá em casa, é muito grave.
GABRIEL – Você ta me deixando tenso.
AMANDA – É melhor você se segurar.
Eles chegam à casa de Amanda
AMANDA – Sente-se, quer uma agua, suco?
GABRIEL – Não, me conte logo o que você tem a dizer.
AMANDA – Vou chamar meu pai, é melhor que ele esteja presente.
Amanda volta com o seu pai
GABRIEL – Boa tarde, senhor Antônio.
ANTÔNIO – Sente-se Gabriel o assunto é sério.
GABREL – Alguém pode me dizer o que está acontecendo?
ANTÔNIO – Fique calmo!
AMANDA – Pai, vou direto ao assunto, nós dois somos primos.
GABRIEL – Como assim?
ANTÔNIO – Tudo indica que você não é filho da Helena Albuquerque, mas da Luciana irmã de minha mulher. Ela abandonou você na porta dos Albuquerque porque não tinha condições de cria-lo e achou melhor você ter um futuro com eles.
GABRIEL – Vocês estão mentindo
AMANDA – Claro que não amor, eu não queria que fosse assim, se fosse mentira para que eu iria envolver meu pai nisso, a nossa família está de cabeça para baixo, minha mãe foi expulsa dessa casa junto com a irmã dela, elas estão em um hotel no Leblon, vamos lá que vão te contar tudo.
GABRIEL – (chorando) Mas por que isso agora?
AMANDA – Minha mãe queria nos separar faz algum tempo, eu não sei o que vamos fazer agora, já que somos primos.
GABRIEL – Jamais irão nos separar.
***
Escola Johnson Junior, Leblon, Rio de Janeiro
MATIAS – O que você fez é muito grave Lorena.
LORENA – A culpa toda é daquela Cristiana, ela que me irritou.
MATIAS – Nada justifica essa atitude, o vídeo mostra claramente que você é a única culpada, isso é crime, se ela quiser denunciar ela pode e você vai se dar mal, já que é de maior, isso é xenofobia.
LORENA – Xeno… o quê?
MATIAS – Xenofobia, é o preconceito com pessoa de outras regiões, culturas diferentes, dá até cadeia, você tem sorte de ela não fazer a denúncia imagina como ficaria a imagem da escola?
LORENA – To nem ai pra escola, fala logo qual vai ser meu castigo.
MATIAS – Você vai ficar na cozinha para lavar todos os pratos durante essa semana e sinta-se satisfeita por não ter contado pro seu pai, porque senão você já sabe.
LORENA – Aff, e a Cristiana?
MATIAS – Ele teve culpa nenhuma.
LORENA – Ela nunca tem!
Lorena sai da escola bufando de raiva e atravessa a rua e se encosta em um carro preto
LORENA – Aquela maldita da Cristiana Albuquerque vai me pagar, ah se vai, mas vai ser uma vingança muito boa.
Um homem branco alto sai de dentro do carro e vai em direção a ela
TONY – Oi, me chamo Tony e vejo que você quer vingança contra a Cristiana, eu posso te ajudar, pois estamos no mesmo barco.
DEPOIMENTO REAL
Fortaleza, Ceará. Maio de 1983.
Um casal, com três filhas pequenas, chega em casa. O marido é economista e professor universitário. A mulher, farmacêutica bioquímica com mestrado em parasitologia. Ela põe as crianças para dormir. Ele vai para a sala e liga a TV. Ela toma banho e vai se deitar. De repente, acorda com um tiro nas costas. Imediatamente pensa: “Acho que meu marido me matou”. Desmaia. Quando recobra a consciência, vê muitas pessoas à sua volta. São os vizinhos. Assustados, enquanto esperam a ambulância, comentam que houve uma tentativa de assalto. O marido está na sala com o pijama rasgado e uma corda enrolada no pescoço. Por enquanto, só ela sabe que o homem – que sempre agrediu a ela e às crianças – está fazendo um teatro. Mais tarde as investigações vão provar que o marido foi o autor do disparo. Mas o terror não acabou naquela noite. Depois de várias cirurgias e meses de hospital, presa para o resto da vida a uma cadeira de rodas, ela sofrerá um segundo atentado dentro do banheiro da casa. O marido tentará eletrocutá-la. Não consegue, pois ela grita e a babá das filhas aparece.
O nome dele é Marco Antonio Heredia Viveros. O dela, Maria da Penha Maia Fernandes. Vinte e três anos depois do tiro nas costas, a mulher seria homenageada dando seu nome à Lei 11.340, assinada pelo presidente Lula, em 2006. A Lei Maria da Penha que responsabiliza autores de ameaças, agressões, assassinatos embaixo do guarda-chuva da violência doméstica. Mas Maria da Penha é uma entre uma multidão de outras que são submetidas à violência por parte de namorados, noivos, maridos, amantes atuais ou ex. O caso da farmacêutica demonstrou para a opinião pública que a violência doméstica ocorre em qualquer classe social e nível de escolaridade.
Antônio perdendo ponto comigo! Expulsar a Martha de casa até vai, mas por causa de uma coisa no passado que eles deveriam levar em consideração.
#OdiandoAmandaeAntônio
Gostei do drama da Luciana. Poderia ter estendido mais o segredo…
Lorena vai se juntar com o Tony. Já tô gostando.