Capítulo 11 Parte 2 – Jovens Tardes
Cena 10. Exterior, dia, Igreja Evangélica. Fachada.
Imagens de várias pessoas entrando na igreja, trajadas de gala. Algumas pessoas conversando na frente da igreja, que está toda enfeitada.
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Cena 11. Interior, dia, Casa de Ância. Sala de Estar.
Ância e Missy Justem estão sentadas em um mesmo sofá, tomando café e conversando. Enquanto Edith está de pé, com uma mão alisando a barriga e olhando desconfiada para Missy.
Ância – Ai Missy querida, eu tenho uma vontade enorme de conhecer a terra do Tio San, passear por aquelas cidades maravilhosas. Califórnia, Nova Iorque.
Missy – E por que não vai?
Ância – Falta de oportunidade.
Missy – Vamos comigo, já estou com passagem comprada, Darling!
Ância – Eu não posso tô desprovida monetariamente, além do mais a Edith tá…/
Missy – Eu pago sua passagem, banco você lá. Afinal de contas, nós estamos juntas. Dinheiro nunca foi problema pra mim.
Ância – Pra mim também não, nunca tive. Mas brincadeiras a parte, quando voamos pros states?
Missy – Dentro de dois meses.
Ância – ótimo!
Ância (se levantando) – Tá demorando demais vou ver se a Maria Marta tá pronta.
Missy – Vai lá.
Ância passa por Edith e sussurra em seu ouvido.
Ância (sussurrando) – Faça companhia a ela, é a galinha dos meus ovos dourados.
Ância sai da sala em direção ao quarto.
Edith se aproxima de Missy.
Edith – Você e minha mãe são… Namoradas?
Missy – Acho que sim, tô gostando da ideia.
Edith – Só pra constar, a minha mãe não te ama não tá?
Missy – Edith, eu amo camarão, vou ao restaurante peço, pago e como. Pra mim pouco importa se o camarão me ama, eu paguei e vou comê-lo. Entendeu?
Edith – Entendi, não está mais aqui quem falou.
Neste instante a campainha toca.
Edith (em direção a porta) – Deve ser meu pai.
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Cena 12. Interior, dia, Delegacia. Sala de Visita.
Besançon está sentada e algemada olhando com ódio para Anita, que está com um sorriso irônico.
Depois de segundos de silêncio Besançon bate com as algemas na parede próxima.
Besançon (gritando) – Carcereira me tira daqui. Quero voltar pra cela.
Anita – Fica calma, não vou te matar.
Besançon – Mas se eu ficar, te mato!
Anita – Eu queria olhar pra essa sua cara de verme uma última vez, sabe? Tentou matar minha amiga, enganou meu pai e ainda queria me jogar pra escanteio. Você não acha que é burra demais pra isso tudo não?
Besançon se levanta.
Besançon – Não acho não, não acho. Enganar seu pai é fácil demais, dá até pena daquele velho nojento e caquético.
Anita (brava) – Não fala assim do meu pai.
Besançon – Sabe Anita, seu pai nunca soube que eu andei com outro homem, que eu bancava a vida boa de um cara que eu gostava. Eu sumi um tempo por medo de você entregar as cartas, as fotos, mas depois eu voltei e contei outra história, me fiz de vítima e o idiota sexagenário engoliu tudo.
Anita – Você é muito má, é perversa demais. Conseguiu enganar meu pai uma segunda vez.
Besançon – Acorda garota, eu casei com ele, tenho direito ao patrimônio daquele velho idiota.
Anita – Isso é o que veremos.
Anita retira do boldo um celular.
Anita – Meu pai, o advogado dele e o delegado estão ouvindo toda a nossa conversa, você perdeu.
Besançon fica irritada e tenta partir para cima de Anita, mas a carcereira chega e a contém.
Besançon (descontrolada) – Eu vou matar você, sua vagabunda.
Anita – Vai nada, você vai apodrecer aqui ou na sarjeta.
A carcereira retira Besançon e Anita respira aliviada e feliz.
Anita (sorridente) – Consegui, essa é por você pai!
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Cena 13. Interior, dia, Igreja Evangélica.
Toda a igreja está decorada com bolas brancas e douradas, além de flores campestres de cores claras e um lindo tapete vermelho da porta de entrada até o altar.
Câmera mostra algumas pessoas sentadas nos bancos em trajes de festa.
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Desiree, Luzia, Milú, Murilo, Hamilton sentados em um banco conversando.
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Várias pessoas chegando e se acomodando nos bancos.
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Marechal e Melina de braços dados no altar e do outro lado Laerte e Lorena.
Nesse instante começa a tocar uma música gospel suave e todos se calam e ficam de pé.
Giulio entra de braço dado com uma mulher mais velha e se coloca no altar.
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Cena 14. Exterior, dia, Igreja Evangélica. Entrada.
Edith de mãos dadas com Ariel e Filipe entra na igreja, logo atrás Missy Justem e Ância também entram.
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Cena 15. Interior, dia, Pensão Milú, Sala de Estar.
Letícia está de pijama e com o rosto bastante vermelho, como que se tivesse chorado muito. Cabelo desgrenhado e sem nenhuma maquiagem.
Letícia – Há essa hora ele deve estar se casando. De nada valeu estar perto dele, ele ama mesmo a Maria Marta, e eu a boba tô aqui chorando. Mas enfim, a gente não manda no coração.
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Cena 16. Interior, dia, Cadeia, Cela.
Tomázia está deitada em um colchão olhando para o nada, enquanto Besançon anda de um lado para o outro.
Tomázia – É amanhã!
Besançon – Nem me fala. Maldito julgamento, maldita juíza!
Tomázia – Quero saber quantos anos de prisão pegarei, mesmo que sejam muitos, eu tenho planos ainda.
Besançon – Eu perdi as esperanças, mas enfim, não custa nada tentar.
Besançon se deita em outro colchão e fica pensativa.
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Cena 17. Interior, dia, Igreja Evangélica.
Santa entra e se posiciona no altar onde Ância está.
Ância (cochichando) – Saia daqui ou não respondo pelos meus atos. O casamento é da minha filha.
Santa (cochichando) – Não saio não.
Ância (cochichando/sorrindo em disfarce) – Então vai sentir o peso da minha mão.
Ância usa seu anel pontiagudo e disfarçadamente rasga todo o vestido de Santa nas costas, o que o faz abrir na frente de todos.
Ância – Eu te ajudo coração, venha comigo!
Ância puxa Santa pela mão e caminha em direção a saída.
Marechal (a Melina) – Essa arte é da autoria de Ância Letícia, te aposto!
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Cena 18. Exterior, dia, Igreja Evangélica.
Câmera abre com Santa saindo segurando o vestido na altura dos seios e Ância segurando a parte de trás, totalmente alegre.
Santa – Sua vagabunda, me solta. Imprestável!
Ância solta e o vestido se desfaz.
Ância – Eu te avisei Maria Santa, te avisei pra não bancar a esperta comigo. Deveria era te dado uns bons tabefes, ter armado um barraco. Só não fiz, porque é casamento da Maria Marta, caso contrário, você estaria com a cara ardendo.
Santa pega os panos do vestido, se tampa e vai embora a pé. Ância continua sorridente e dando tchau.
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Cena 19. Interior, dia, Mansão Ceregí. Sala de Estar.
Carmita está sentada em uma poltrona, folheando uma revista.
Fufu desce as escadas toda arrumada e com uma enorme mala.
Carmita (surpresa) – Vai viajar Fufu?
Fufu – Lua de mel, conhece?
Carmita larga a revista ao lado e se levanta.
Fufu – Já que você e o Igor decidiram não ter lua de mel, eu os darei.
Carmita – Mas como assim?
Fufu – Eu e o meu namorado, o Diógenes, vamos para Brasília. Ele é deputado Federal lá.
Carmita – Arrasou, lacrou! Mas como assim, você vai sem dizer nada a gente. Você o conhece direito Fufu?
Fufu – O importante é a gente viver tudo! O difícil e o fácil da vida. O simples a gente aproveita, o complicado a gente resolve. Porque viver é muito bom. E fica melhor ainda quando se tem um grande amor. Se você der trela para o desocupado, torna-se a ocupação dele.
Carmita – Nossa, falou bonito!
Fufu – Isso serve Pra você Carmita. Não deixe ninguém atrapalhar sua vida com meu sobrinho. Eu tô indo embora e nem sei quando volto, mas seja madura nesse relacionamento. São os espinhos que tornam as frutas mais desejáveis.
Carmita – Mas eu sou madura, vivi muita coisa.
Fufu – Maturidade não significa o quanto você viveu, significa o quanto você aprendeu. Pensa nisso e fica com Deus.
Fufu pega sua mala e anda em direção à porta.
Fufu – Vou me despedir do Igor no consultório. Liga e diz que estou a caminho, por favor!
Carmita – Vai com Deus Fufu, e me liga!
Fufu sai e Carmita se senta novamente na poltrona, muito pensativa.
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Cena 20. Interior, dia, Igreja Evangélica. Salão Principal.
Todos os convidados estão sentados, entre eles, destaque para: Edith, Ariel, Filipe, Desiree, Murilo, Milú, Hamilton e Luzia.
Imagem mostra Giulio no altar nervoso e feliz.
De um lado no altar: Marechal, Melina e Ância.
Do outro lado do altar: Laerte, Lorena e O pastor.
Um leve burburinho começa. Todos ficam de pé e olham para a porta de entrada.
SONOPLASTIA: Quem bom você chegou (Bruna Karla)
Maria Marta entra sorridente de braços dados com Melione. Maria Marta está com um lindo vestido branco.
Ância começa a se emocionar.
Melione solta Maria Marta próximo ao altar e Giulio à segura.
Giulio – Agora somos só nós dois.
Maria Marta – Você não sabe o quanto eu sonhei com esse dia, o quanto eu me preparei. Meu amor!
Giulio e Maria Marta sobem os degraus do altar e ficam diante do Pastor.
Pastor – Meus irmãos e minhas irmãs, desde o início acompanharam a jornada de Giulio Monteiro e Maria Marta de Barros Mota. Juntos, esse casal passou por um curso, um duro curso para estarem aptos ao casamento. Não que fosse necessário, mas eles aceitaram o desafio e hoje provam para Deus e a sociedade, que suas diferenças se resumem em aceitar, compreender e amar o outro como ele é.
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Cena 21. Interior, dia, Pensão Milú. Sala de Estar.
Letícia está deitada no sofá, com um olhar triste e pensativo.
Nesse instante Santa chega, já com roupas de ficar em casa.
Santa (surpresa) – E você não foi mesmo Leticinha?
Letícia – Não tava a fim, sabe? Cansada de ser masoquista.
Santa se senta ao lado de Letícia.
Santa – É o Giulio né? Você o amava muito.
Letícia – E amo. Amo mais que a mim. Sei que isso é feio de dizer, mas eu o amo. Escondi de todos ao máximo. Quando ele noivou sério com a Marta eu chorei, sofri, mas caramba, chega uma hora que nada mais surte efeito.
Santa – Por que você esconde isso dele?
Letícia – Porque ele ama a Maria Marta, e porque eu não quis. Amei em segredo e assim vai ser, pra sempre. Eternamente!
Santa acaricia a cabeça de Letícia, que não contém as lágrimas e chora feito criança.
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Cena 22. Interior, dia, Igreja Evangélica.
Todos estão na mesma posição da cena 20.
Pastor – Maria Marta de Barros Mota, você aceita Giulio como seu esposo? Promete amá-lo, honrá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença? Na riqueza e na pobreza? Até que Jesus os chame para o descanso eterno?
Maria Marta olha para Giulio e sorri.
Maria Marta – Aceito!
Pastor – Giulio Monteiro, você aceita Maria Marta como sua esposa? Promete amá-la, honrá-la e respeitá-la na saúde e na doença? Na riqueza e na pobreza? Até que Jesus os chame para o descanso eterno?
Giulio – Aceito!
Pastor – As alianças agora, eu as abençoo em nome de Jesus, garantindo-lhes um casamento blindado e uma convivência harmoniosa, de puro amor e cumplicidade.
Giulio coloca a aliança no dedo anular esquerdo de Maria Marta e ela faz o mesmo com ele.
Pastor – O que Deus une na data de hoje, nem o homem nem o diabo são capazes de separar. Eu vos declaro casados!
Maria Marta e Giulio se olham felizes.
Sonoplastia: Que bom você chegou (Bruna Karla)
Maria Marta e Giulio se beijam, todos aplaudem felizes.
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Cena 23. Exterior, noite/dia, Vistas aéreas da cidade.
Sonoplastia: TATUAGEM (Marjorie Estiano)
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Cena 24. Exterior, dia, Fórum. Fachada Principal.
Imagens de uma grande movimentação de repórteres e carros.
Close em dois repórteres conversando.
Repórter 1 – É hoje o julgamento da mulher do Marechal, foi ela a assassina da Bela Acioli.
Repórter 2 – Ela sempre me pareceu tão sóbria, tão contida. Eu mesmo a acho uma dama exemplar nessa cidade.
Repórter 2 – A embalagem esconde uma criminosa, Tomázia veio da periferia meu filho, aquela ali tem sangue mafioso na veia.
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Cena 25. Interior, dia, Fórum. Sala de Audiências e Julgamentos.
Na pequena sala compacta, na parte pública, estão: Marechal, Melina e Laerte de um lado. Do outro lado estão Missy Justem e Lorena. Todos muito aflitos.
Tomázia entra vestida com uniforme da penitenciária e algemada, com um olhar triste.
Melina (triste) – Mãe!
Tomázia olha para a filha e se senta na cadeira de réu.
Duas policiais reforçam a segurança na porta da sala.
A juíza chega e todos se levantam.
Juíza (se ajeitando) – Podem se sentar.
Todos se sentam.
Juíza – Damos início à parte final sobre o processo em que a ré Tomázia Ribeiro Kalil é acusada de tirar a vida de Bela Acioli.
Tomázia – Excelência posso falar?
Juíza – Esse momento já passou, vim apenas para dar a sentença. Dizer se você foi acusada ou absolvida.
Laerte – Estou com você mãe.
Juíza – Darei inicio a leitura da sentença. (lendo)– Eu Maria Antônia Dias, juíza desse fórum e no uso de minhas atribuições legais, determino que Tomázia Ribeiro Kalil seja condenada a 20 anos e 2 meses de detenção em regime fechado, pela morte de Bela Acioli. A sentença passa a valer a partir de agora, é como decido.
Melina grita descontrolada, a juíza sai da sala e Laerte começa a chorar.
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Letreiro com: “Meses Depois”
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Cena 26. Exterior, dia, Cachoeira.
Edith (com barriga de nove meses de gestação), Letícia e Murilo estão deitados em cangas, tomando sol.
Edith – Ai gente, pior que namorar dois homens, é fazer sexo com os dois.
Letícia (horrorizada) – E você ainda faz?
Edith – Lógico. Quem não dá assistência, perde pra concorrência amor. Passo o rodo. Lá em casa só não tem quando eu não quero.
Murilo – Isso que é sonho. Umas com tantos e eu aqui sequinha da Silva. Esse papo me faz até suar, ui.
Letícia – Deixa de ser falso, tá suado porque tá no sol. Lambisgóia!
Edith começa a gritar.
Murilo – Eu não preciso ouvir seus gemidos de sexo não, para!
Edith (sentindo dor) – A bolsa estourou, as contrações estão fortes, ai meu Deus!
Murilo e Letícia ficam assustados.
Murilo (gritando) – Socorro! O bebê vai nascer, ela tá parindo.
Edith começa a rir.
Letícia – Que isso menina?
Edith – Peguei vocês. Tô em trabalho de parto não.
Murilo – Poxa! Achei que ia ter que fazer seu parto.
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Cena 27. Interior, dia, Lanchonete.
Santa está trabalhando no caixa de uma lanchonete, Ância e Missy Justem chegam ao caixa com uma comanda e uma sacola com lanches.
Santa – Próximo!
Ância – Sou eu amadinha.
Santa olha com desprezo.
Santa – Sem barraco, por favor!
Ância – O tempo do barraco já se foi, como dizem os espanhóis: Se fue! Agora eu sou madame meu amor.
Santa – Seu lanche deu 25 reais.
Ância – Aqui está. Não, farei melhor, te darei cem e pode ficar com o troco!
Ância rasga uma nota de cem em vários pedaços e joga no rosto de Santa.
Missy Justem – Vamos houney!
Ância – Agora.
Missy Justem e Ância dão as mãos e saem da lanchonete.
Santa (tapando o nariz) – Sapatonas. Sinto de longe o cheiro do couro.
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Cena 28. Interior, dia, Mansão Acioli. Quarto de Bela.
Lorena e Laerte estão deitados na cama desnudos.
Lorena – Minha tia faz uma falta, sabe? Ela era a alegria, a protagonista dessa casa.
Laerte – Minha mãe fez besteira, que tristeza, mas eu vou visita-la amanhã, dizer que estou com ela.
Lorena – Por que não foi antes?
Laerte – Ela pediu que fôssemos só no dia do aniversário dela, aí decidimos.
Lorena – Agora esse quarto é nosso, adoro.
Lorena e Laerte se beijam.
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Cena 29. Exterior, noite, Rio de Janeiro.
Imagens aéreas dos pontos turísticos do Rio. Imagens noturnas.
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Cena 30. Interior, noite, aeroporto internacional Tom Jobim. Área de Embarque.
Missy Justem – Portão trinta é aquele! Vamos love.
Ância – Agora eu tô linda e rica. Finésima.
Missy Justem – Partiu Terra do Tio Sam.
Ância – Para os que riram de mim, aqui ó!
Ância dá uma banana pra câmera.
Ância – Pensaram que eu estava na pior, se isso é estar na pior…
Missy abraça Ância e em seguida as duas se encaminham para o portão de embarque.
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Takes da cidade de Pedrosa
Sonoplastia: TATUAGEM (Marjorie Estiano)
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Cena 31. Exterior, dia, Hospital Municipal. Fachada.
Uma ambulância chega ao hospital em alta velocidade e com a sirene ligada.
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Cena 32. Interior, dia, Hospital Municipal. Sala de Espera.
Santa, Melione, Maria Marta e Giulio estão sentados, apreensivos.
Melione (COM Maria Marta) – E a sua mãe tinha que ter viajado uma hora dessas?
Maria Marta – Ela aqui ou lá nos States, tanto faz.
Giulio – Eu tô com fome, vou à lanchonete. Alguém quer algo?
Melione – Um cappuccino, por favor!
Santa – Pra mim um café, sem açúcar.
Giulio – E você amor?
Maria Marta – Água, só água, mesmo.
Giulio se levanta e sai.
Maria Marta – Será que já nasceu? Quero saber se minha irmã está bem. Vou fazer uma oração por ela.
Maria Marta se ajoelha no chão. Ela começa uma oração silenciada.
Santa – Melione, tô começando a ficar com medo. Estamos sem notícias.
Melione – Calma acho que a notícia vem aí.
Nesse instante Ariel e Filipe chegam ofegantes a sala de espera.
Santa – E então meninos?
Ariel e Filipe se olham.
Ariel e Felipe (juntos/felizes) – Nasceu.
Maria Marta – Glória a Deus.
Filipe – Ou melhor, nasceram.
Maria Marta (se levantando) – Como assim?
Ariel – Nasceram dois, nossos gêmeos.
Melione (emocionado) – Eu sou avô de dois?
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Cena 33. Interior, dia, Hospital, Maternidade.
Maria Marta e Melione estão de pé próximos a cama onde Edith está amamentando os dois filhos ao mesmo tempo.
Edith – Meus filhos nasceram famintos pai.
Melione – É, tô vendo. Uma linda menina e um garotão esperto.
Maria Marta – E o exame de DNA, você vai fazer Edith?
Edith entrega os filhos para uma enfermeira.
Edith – Jamais. Quero ser feliz com os dois. Eles aceitaram serem os pais da Alma e do Álvaro numa boa.
Melione – Então já escolheu o nome dos dois?
Edith – Eu já. Sou malandra até nessas horas pai.
Maria Marta – Deus tende piedade de ti minha irmã.
Todos começam a rir.
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Cena 34. Interior, dia, Penitenciária Feminina. Cela.
Tomázia está deitada em uma das camas da cela, enquanto outras detentas fumam, conversam.
Nesse instante uma carcereira chega.
Carcereira – Quem é Tomázia Ribeiro Kalil?
Detenta – É a madame alí.
Tomázia – Sou eu.
Carcereira (abrindo a cela) – Me acompanha. Tem visita pra você!
A carcereira algema Tomázia e a leva.
Corta para:
Cena 35. Interior, dia, Penitenciária Feminina. Sala de Visita.
Laerte e Melina estão sentados em cadeiras.
Nesse instante Tomázia chega e fica surpresa ao ver os filhos.
Tomázia (surpresa) – Filhos?
A carcereira tira as algemas e sai da sala.
Melina corre e abraça a mãe.
Melina (abraçada) – Que saudade da senhora.
Tomázia começa a chorar, e anda em direção a Laerte.
Tomázia abraça Laerte e em seguida se ajoelha perante os filhos.
Tomázia (ajoelhada) – Me perdoem, por favor! Eu não fiz por mal, vocês sabem que não fiz por mal.
Laerte – Eu te amo mãe, e independente da senhora estar presa, eu continuarei ao seu lado.
Melina – Você é a melhor mãe do mundo. Provou que é corajosa, linda e feliz.
Tomázia se levanta.
Laerte – A senhora provou que o amor supera qualquer coisa na vida. A senhora tentou se matar para ver meu pai feliz, mesmo sabendo que esse gesto não a faria feliz.
Tomázia – No entanto, tudo deu errado e estou longe dele que deve estar infeliz.
Nesse instante Marechal entra na sala.
Marechal (entrando) – Engano seu Tomázia, eu estou triste por não tê-la por perto, mas estou feliz que esteja viva.
Tomázia (surpresa) – Você veio me ver.
Marechal – E virei sempre, até o dia em que poderei te levar para nossa casa. Mesmo que estejamos velhinhos, ainda sim seremos um casal.
Laerte – Eu desejo toda a felicidade a nossa família.
Marechal – O que Deus uniu, não serão essas grades de merda que separarão. Eu te amo demais Tomázia e estaremos juntos até o fim de nossas vidas. Jamais iremos abandoná-la.
Tomázia – Sabe Marechal, a luta para ficar com você e ser feliz ao seu lado não foi fácil, mas valeu a pena, valeu muito a pena. Tô tão feliz de ao longo desses quase trinta anos, termos construído uma relação sólida, que não foi perfeita, mas foi baseada no amor ao próximo e na criação digna de nossos filhos, que amo de paixão.
Marechal – Apesar dos meus defeitos, apesar dos seus defeitos, nós nos amamos, nós nos encontramos e hoje construímos uma relação de companheirismo. Você é muito mais do que alguém poderia esperar.
Tomázia (a Marechal)- Você frustra todas as expectativas que eu já tive em relação a alguém pra mim. E mesmo assim é em você que eu penso, é de você que eu gosto, é pra você que eu volto sempre.
Tomázia e Marechal se beijam com muito amor e em seguida abraçam os filhos…