Capítulo 11 – O Internato
Lorenzo – Ficou com medinho, moreninha oxigenada, foi?
Cecília – EU NÃO TENHO MEDO DE VOCÊ, SUA CRIATURA DOS INFERNOS!
Abiel se desesperou – Cecília fica quieta, ele tá armada.
Cecília – Eu não estou nem aí para esse frouxo, ele só está aqui para ameaçar, acabar com a nossa alegria. Meu Deus, se eu soubesse que você tinha tanto inveja assim de mim, eu tinha mandado logo a irmã Clotilde te levar para benzer, por que só Deus, resolveria o seu caso.
Lorenzo – Cala boca, sua boneca de engonço.
Abiel – Não brinca com coisa séria Cecília. Por favor, Lorenzo, em prol, do que me falaram que a gente viveu, abaixa essa arma.
Lorenzo – Em Prol do que me falaram? Quer dizer, que você não se lembra de nada ? Absolutamente nada ! É AGORAAAAAAAAAAAAAA QUE EU MATO ESSA DESGRAÇADAAAAAAAAA… ( E ativando a arma, dispara, um tiro atinge em cheio o peito da menina que cai no chão, agonizando)
Abiel – CECÍLIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!
Lorenzo – Isso mesmo sua azeda, morre. Faz um favor para humanidade. Prove a extinção feminina e a ascensão de nós, viadetes. Haha ! Adogoooooo, ser maléfica, bichaaaaa !!! Ai que delíciaaaaa ( e joga a franja oleosa, fazendo biquinho)
Ele engatinha até próximo ao corpo, numa expressão de completa felicidade e retira do bolso um frasco contendo ácido sulfúrico. Abrindo, ele despeja afeminadamente com dedinho mendinho levantado, sobre a face da menina, num tom doentio.
Lorenzo – Queima, bebê…Queima…Tu deformastes mi face, agora tu pagarás com esta monstruosidade para siempre, hahahahahaa…. ( Cecília berra de dor. Abiel consegue se levantar e chuta e Lorenzo para longe)
Abiel – Para com isso ! Sua bicha doentia !
Lorenzo – Que que foi ? Sou mesmo e daí ? (Assoprando a gorda franja que cai sobre seus olhos)
Abiel sai da cama numa rapidez e pegando o porta guarda-chuvas arremessa para cima de Lorenzo que cai batendo a cabeça em um armário.
Abiel – EU VOU CHAMAR A SEGURANÇA, AGORA !!! (e pressiona o botão vermelho próximo a cama)
Lorenzo – Pode chamar machão. Pensa que eu esqueci as nossas noites quientes ? Hahaha. SOU EU QUE PAGO O SALÁRIO DELES ! Adoro essa situação de submissão a minha pessoa, Ai… Que… ( mas ele não consegue terminar a frase)
A Segurança chega e ele avisa o que aconteceu. Lorenzo é levado para seu quarto, bravejando tristemente:
Lorenzo – Isso não é nada delícia! Eu quero um doce de leite para compensar a interrupção da minha cena, seus macacos de ternos!
As enfermeiras se desesperam com a queimadura no rosto de Cecília e o tiro em seu peito.
Abiel – Ela vai ficar boa? – Perguntou o garoto num tom incrédulo.
Enfermeira – Nós ainda não sabemos!
O Corpo de Cecília é mostrado desacordado no chão. Fecha no rosto instrumentalizado de Abiel, completamente atordoado olhando de cima da cama.
Cecília abre os olhos com dificuldade, seu rosto não para de arder, ela balbucia :
Cecília – On..de, estooou ?
Marieta – Cecília, que bom que você acordou. Eu e a Manu não conseguimos dormir direito, pensando que o pior havia acontecido.
Cecília – Onde está o Abiel?
Marieta – Repousando no quarto ao lado. Deve ter alta ainda essa semana, ele vai ficar aqui com você.
Cecília – Duvido se aquele…(ela pausou um tempo, procurando as palavras certas). Se aquela RAMERA F.D.P ASSASSINA DE UMA FIGA, vai deixar ( essas últimas palavras num tom sarcástico)
Marieta – Aquela coisa não tem que impedir nada. Todos ficaram sabendo que ele fez e parece que a imagem dele mudou! Não é mais o queridinho, não ! hahahah.
Cecília tentou sorrir, mas não conseguiu. De repente, algo se passou pela sua cabeça. Onde estava Manoela?
Cecília – Onde está a Manu?
Marieta – Ficou estudando na biblioteca, até passei o terceiro símbolo para ela anotado numa filha avulsa, para ver se ela não pode dar uma adiantada, para a gente.
Cecília – Boa ideia!
Mas quem disse que a mulata dócil de sempre estava na biblioteca. Seu corpo estava do outro lado do prédio, no quarto de Lorenzo.
Acabara de fechar a porta da grande sala dele, recheada de fontes com esculturas da Grécia antiga, condecoradas com cortinas de malha fria branca e luz fluorescente que ia do azul ao verde água.
Manoela – Mandou me chamar, Diretor?
Lorenzo – Mandei sim! ( Disse ele saindo da posição Cleópatra de seu devaneio rotineiro em seu divã roxo, com bases douradas). Sente-se querida, fique a vontade. ( Jogou goela abaixo uma ampola de analgésico, estava com uma terrível dor muscular pela briga do dia anterior)
Manoela – Então, o que o senhor deseja comigo?
Lorenzo – Gostei de você, bem objetiva. Esperei que fosse brigar comigo pelo acontecido com o seu protótipo de amiga. ( Disse mordendo uma maça do amor e seus dentes de branco, transformando numa cor avermelhada)
Manoela – Eu não sou burra! Sei que o senhor que manda agora !
Lorenzo – Ai, que fófis, adorei a veneração. Faz o seguinte. Levanta dessa cadeira. ( Disse ele saindo) e beija meus pés.
Manoela o encarou assustada com o pedido.
Lorenzo – Anda logo imbecil, faz logo que eu estou mandando.
Ele obedeceu e ele chutou seu rosto com veracidade. Soltando uma risadinha abafada.
Lorenzo – Você é digna da proposta que vou fazer. ( Disse arqueando as sobrancelhas).
Ele abriu uma longa gaveta de sua escrivaninha e tirou um malão cheio de dólares.
Lorenzo – Sei que é muito nova para isso, mas quero lhe oferecer isso. ( Os olhos da menina faiscaram) e é claro, sua liberdade se você fazer o brilhante favor de passar para o meu lado. ( Olhou para ela, expandindo os olhos azuis de uma maneira musa)
Manoela – Mas é claro que eu topo ! Topo sim ! ( Disse a garota, revelando ser uma politicamente correta da vida, que no fundo só faz por que é conveniente)
Lorenzo – Ual ! Foi mais rápido do que eu pensava !
Manoela – As outras cenas ! – cochichou em tom de reposta.
Lorenzo – Ah é, eu esqueci que tem mais coisa ainda para vir nesse capítulo. Que egocêntrico, eu sou, não? Hahaha. Mas eu adoro ser. Ai que delícia. ( Disse rindo junto com ela, apertando a mão da nova parceira, enquanto com a outra se deliciava chupando um pirulito e mexendo os ombros, feito uma gralha)
Abiel termina de traduzir a mensagem dos heliógrafos e fica chocado com os seguintes dizeres :
“ Nem a esquizofrenia causada por Aaron Copland. Nem o meu amor será capaz de deter o plano que tenho em mente. Se não, não me chamo Cecília Dudooke.”
Meu Deus! Sua namorada, prima, melhor amiga, era uma assassina!
Vivian, uma garota do oitavo ano, série de Cecília, não aguentou ficar só com a comida do jantar, precisa assaltar a geladeira, como sempre fazia e levando seu kit para surpresas indesejáveis no caminho, saiu descalça pelo chão molhado, esbanjando a banha que balançava por baixo da camiseta curta azul bebê regata que tinha.
Cecília acorda para assustada com um pesadelo e observa que aquele gato preto estranho a encara na poltrona com olhos vítreos. Ele mia assustadoramente e some por entre as cortinas da janela. Cecília vai até o banheiro e ao retirar as faixas de seu rosto, percebe que ele está intacto. Como isso poderia ser verdade? Só podia estar sonhando? Ela havia sido queimada com ácido! Lavou o rosto e percebeu que era realidade. Ao voltar no quarto, se deparou com o maior susto da sua vida. Com Abiel caído aos pés da sua cama, se retorcendo, não conseguia falar. Desesperada ela se aproximou dele e percebeu que sua mão havia um papel. Ela leu a tradução dos heliógrafos e se desesperou… NÃO, ELA NÃO ERA UMA ASSSASSINA! Voltou a encará-lo, mas já tinha perdido o pulso. Estava Morto.