Capítulo 10 – Jovens Tardes
Roteiro de telenovela Brasileira Capítulo 010
Continuação Imediata do Capítulo anterior:
Cena 01. Interior. Dia. Pensão Milú. SALA DE ESTAR.
Milú, Luzia, Desiree e Hamilton conversam.
Desiree – Nos livramos de uma boa bisca. Eu disse que o tempo dela na terra estava se esgotando. Tanto fiz que agora tanto faz. Que vá pro umbral e queime lá.
Luzia – Foi você quem atirou na Bela? Você matou a sua filha?
Desiree permanece quieta e olhando para o infinito.
Luzia, Milú e Hamilton se olham intrigados e receosos.
Neste instante entra Murilo, com shorts curtos e mini blusa rosa, dançando e cantando.
Murilo (dançando e cantando funk) – Pre-para, que agora é hora Murilo poderosa, que desce e rebola, afronta as fogosas, só as que incomodam, expulsa as invejosas que ficam de cara…. Quando toca!
Milú e Luzia riem. Enquanto Desiree permanece apática e Hamilton olha de cara feia.
Letícia entra com o mesmo modelito que Murilo.
Letícia – Nem me esperou peste. Eu tava só passando um perfume na pele.
Murilo – Não queria nenhuma Racha me ofuscando na frente do meu público. Entrei e brilhei.
Letícia – Você sabia que se eu estivesse junto, desceria ao chão e arrasaria.
Murilo (desafiando) – Desce e arrasa? Subo e humilho.
Milú – Onde vocês pensam em ir vestidos dessa forma?
Murilo – Tem uma obra na rua de trás, vamos passar lá e ver quantos pedreiros nos desejam.
Hamilton – Pouca vergonha, vadiagem. Deveriam era ajudar a limpar a pensão.
Letícia – Vamos passar lá e saber se estamos com tudo em cima.
Luzia – Adoro, posso ir também?
Murilo – Never dona Luzia. A senhora iria atrapalhar o nosso close. Fica aqui, faz seu tricô e a noite vai pro baile.
Letícia (olhando Desiree) – O que houve com a senhora?
Desiree permanece calada e distante.
Milú – Deixa ela, a filha dela, a Bela Acioli foi encontrada morta na sua mansão.
Murilo e Letícia ficam chocados.
Murilo – Fique assim não dona Dedê, aquela lá não merecia ter uma mãe. Aquilo teve o fim mequetrefe que merecia. Agora erga seu peito de orgulho, porque a sua parte a senhora fez.
Desiree – Foram às palavras mais sábias até agora. Mas me deixem sozinha. Preciso desse tempo, dessa calmaria.
Letícia – Vamos Murilo, daqui a pouco o povo da obra sai.
Murilo e Letícia saem da sala.
Corta para:
Takes da cidade
SONOPLASTIA: Somos tão Jovens (Legião Urbana)
Corta para:
Cena 02. Interior, dia, Mansão Kalil. Escritório.
Marechal está pensativo, tomando uísque e sentado em sua poltrona, quando de repente Laerte abre a porta e entra.
Marechal – Eu achei que você não fosse mais aparecer em casa, que fosse morar de vez com a Acioli Júnior.
Laerte – Não estou com tempo para ironias.
Marechal – Então sobe logo e coloca seu terno preto. A defunta merece um velório de gala.
Laerte – Tá sofrendo. Vejo pela sua cara, pela rispidez das suas palavras. Tá aí amargurado, frustrado por perder o grande amor da sua vida.
Marechal – Senta e tome uma dose de uísque comigo. Eu quero saber detalhes dessa tragédia.
Laerte se senta e Marechal serve uma dose de uísque para ele.
Marechal – A Bela tanto procurou que achou. Vai comer grama pela raiz.
Marechal e Laerte continuam conversando, porém o áudio é cortado.
Corta para:
Cena 03. Exterior, dia, Casa de Ância. Quintal.
Edith e Ariel estão se beijando com muito desejo.
Edith (entre beijos) – Ai, para gostoso. Chega. Já tivemos uma manhã pra lá de caliente no quartinho do seu amigo. Você acabou comigo.
Ariel – Eu disse que estava com disposição, que tava pegando fogo.
Edith – E bota fogo nisso. Mas agora preciso entrar. Minha mãe nem sabe que eu dormi fora.
Ariel – Vai lá gostosa. Sairemos à noite?
Edith – Hum, nem dá. Minha mãe vai me ocupar com lamúrias do falido casamento dela.
Ariel dá selinho em Edith.
Ariel – Te ligo amanhã então.
Edith – Ok gato.
Ariel vai embora e Edith pega o celular e disca.
Edith (ao celular) – Alô, Filipe? (PAUSA) Rola motelzinho hoje? (PAUSA) Me pegue as nove então. Beijo.
Edith desliga o celular e entra sorridente.
Corta para:
Cena 04. Exterior, dia, Obra de construção. CALÇADA.
Vários pedreiros estão trabalhando. Então Letícia passa desfilando e todos param para olhar e começam a assoviar.
Pedreiro 1: Ei gostosa. É a picanha que falta na minha marmita!
Pedreiro 2: Sua mãe só pode ser uma vaca, porque é a progenitora de um filé.
Nesse instante Murilo passa rebolando em frente à obra e todos os pedreiros começam a trabalhar.
Pedreiro 1: Ô Zeca, me passa o metro aí. Vamos trabalhar.
Todos começam a trabalhar e Murilo sai frustrado.
Corta para:
Takes da cidade Anoitecendo.
Corta para:
Cena 05. Interior, noite, Mansão Acioli. SALA DE ESTAR.
A câmera vai abrindo do alto, até pegar toda a sala, com: Um caixão enorme no meio, três coroas de flores ao lado, além de muitas velas.
O caixão permanece lacrado. Missy Justem, Laerte, Lorena e Filó estão ao lado. Ambos vestidos de preto.
Lorena – Acho que não vem mais ninguém.
Missy Justem – É preferível mesmo. Ninguém nessa cidade gostava da Bela.
Nesse instante a campainha toca e Filó sai para atender.
Anita (entrando) – Vim me despedir da minha amiga.
Missy Justem para bem em frente Anita, proibindo sua passagem.
Missy Justem – Quem é você?
Anita – Eu sou amiga da Bela. Ela me ajudou muito nessa vida. Posso ficar?
Lorena – Claro.
Missy (recuando) – Tá sendo um momento muito doloroso para todos nós.
Filó – Vou trazer um café, com licença.
Filó sai para a cozinha e Lorena vai atrás.
Corta para: COZINHA.
Filó está colocando as xícaras e o bule de porcelana na bandeja, quando Bela entra em fecha a porta da cozinha.
Filó (assustada) – Quase morri agora. Achei que fosse o espírito da dona Bela.
Lorena – Tá tão assustada assim Filó? Por quê? O que você fez?
Filó (receosa) – O que a senhorita quer dizer?
Lorena – No português velho e claro, você sabe quem matou a minha tia. Sabe quem esteve aqui. Eu não disse nada ao investigador e ao delegado, porque queria saber da sua boca, sem mentiras.
Filó (nervosa) – Eu… Eu não sei de nada não. Eu nem aqui na casa tava. Saí com amigas e cheguei de madrugada.
Lorena – Foi pra onde? Qual o nome das amigas?
Filó – O que eu faço nas minhas horas vagas, não te diz respeito.
Lorena – Mas o delegado iria gostar de saber que você é uma testemunha muito preciosa nesse caso.
Filó – Me inclua fora dessa. Eu não sei de nada.
Filó nervosa, pega a bandeja e sai.
Lorena (pra si) – Você vai me dizer que matou a minha tia sim.
Corta para:
Cena 06. Interior, noite, Casa de Ância. SALA.
Ância e Maria Marta estão assistindo TV.
Ância – Giulio não vem hoje? Não tem culto hoje?
Maria Marta – Tem sim. Hoje vamos marcar o dia do casamento. Queria muito que a senhora fosse.
Ância – Não tô com pique filha. Deixa pra outro dia. Quero mais é deitar e dormir muito.
Nesse instante Edith aparece, toda maquiada e com vestido curto.
Ância – Vai prestigiar a marcação da data de casamento da sua irmã?
Edith – Eu? Não querida, vou sair com o Filipe. Barzinho.
Ância – Parte podre da família.
Maria Marta – Deus tenha piedade de você.
Edith – Respeite o meu axé, que eu respeito o seu amém. A minha forma de levar a vida é essa, não gosta? Tira a calça pela cabeça.
Edith ouvi uma buzina de carro e sai toda serelepe.
Ância – Dorme com um barulho desse. Não sei onde eu errei na educação da sua irmã.
Maria Marta – Não se culpe. A cada um, cabem as escolhas que prosperam em sua vida.
Corta para:
Cena 07. Interior, noite, mansão Kalil. SALA DE JANTAR.
Marechal, Tomázia e Melina estão sentados jantando em silêncio e Helena os serve.
Tomázia (a Helena) – A Santa já foi?
Helena – Foi sim. O marido dela a buscou agorinha mesmo.
Melina – Marido?
Tomázia – O Melione tá morando com a Santa agora. Ele e Ância se separaram, saiu até fogo disso tudo.
Marechal – Nunca gostei dos dois mesmo. A Ância não passa de uma neurótica irremediável. Sempre foi soberba demais.
Melina – Mãe, eu achei que a senhora fosse ao velório da Bela.
Tomázia – Jamais. Aquela lá, que nasça, cresça e morra o mais distante de mim.
Marechal – E você Melina, já encerrou aquele namorico com o vendedor de coxinhas?
Melina – Eu tô indo embora morar com ele pai. Não se preocupe não, eu ficarei bem distante de você.
Marechal – É um favor que me faz. Porque pra mim já basta esta situação.
Tomázia – Você está sendo rude com a nossa filha Marechal.
Marechal – Rude? Eu? Só estou expressando minha opinião.
Melina – Mas então, guarde sua opinião pros tabloides de fofocas, que fatalmente irão querer saber onde você estava na hora do assassinato da queridíssima Bela Acioli.
Marechal – Eu não sou como você, que se preocupa demais com as pessoas. É tão medíocre, tão inútil, que acaba tendo uma vidinha singular.
Melina – Depende do ponto de vista. Porque inútil e medíocre pra mim é estar casado há mais de vinte anos e passar desde a hora que se levanta, até o momento de dormir remoendo um amor renegado.
Marechal (irritado) – Nunca mais repita isso. Cala a sua boca.
Melina (GRITANDO) – Repito sim, repito! Você ama a Bela, mas ela nunca te amou.
Marechal se levanta rapidamente e olha com ódio para Melina. Tomázia e Melina também se levantam.
Tomázia – Se acalmem, por favor! Chega de provocações Melina.
Melina (convicta/agressiva) – Ama a Bela, mas ela nunca te amou. Seu merda!
Em um acesso de fúria dominante, Marechal vira a mesa do jantar, jogando tudo no chão.
Continuação imediata da cena ANTERIOR.
Helena e Tomázia olham assustadas.
Marechal – Você vai pegar seus panos de chão e sair dessa casa agora. Vai morar com o vendedor de coxinhas, vai trocar VICTÓRIA SECRET’S por óleo de soja usado. Sobe que você tem 15 minutos pra catar o que é seu e evaporar da minha casa.
Melina – Vai pagar pelo que me fez, seu…/
Marechal (gritando) – Sai daqui, sai!
Melina sai irritada e Tomázia ameaça ir atrás da filha.
Marechal (rude) – Você fica. Meu papo agora é com você.
Tomázia – Agora vai dizer que a culpa é minha?
Marechal – Vai pra cozinha Helena, não quero ninguém futricando na minha conversa.
Helena (saindo) – Sim senhor! Com licença.
Helena sai.
Tomázia – Agora eu vou ter que ficar ouvindo sua ladainha pós-derrota?
Marechal – Derrota?
Tomázia – Claro. Porque a Melina pode até ter sido rude, mas não disse nada que não fosse verdade. Coisas que eu engulo há anos. Fico calada porque te amo.
Marechal – Você criou mal essa garota. Aliás, a única coisa que você fez na vida, fez mal e porcamente. Não soube dar educação a essa menina. Agora ela tá assim, quase me dando na cara.
Tomázia – Se tudo tivesse dado certo, o mérito era seu. Como você não se cansa de dizer que o Laerte é fruto da sua educação. Mas quando a coisa dá errado, aí a culpa cai sobre mim. Porque a mãe é que não sabe educar, a mãe que não soube conter as rédeas da situação. Mas te digo uma coisa, você e esse seu jeito autoritário e onipotente de ser, só te afastam dos teus filhos. O Laerte já decidiu que vai morar com a Lorena. Agora a Melina tá indo embora também. Qual vai ser a próxima?
Marechal – Eu queria apenas que você tivesse sido firme na criação da Melina, mas nem isso. Você se viu admirada, embasbacada pela fortuna. Aí eram compras, massagens…
Tomázia – Meus filhos sempre vieram em primeiro lugar. Sempre prezei pela educação moral e formação ética de cada um deles. Sempre acompanhei o crescimento de cada um, de perto. Enquanto você ficava acompanhando a vida da sua ex-noivinha. Eu, Tomázia Ribeiro Kalil, abdiquei da minha juventude e da minha felicidade, pra tornar feliz a família Kalil.
Marechal – Não venha agora colocar a culpa da felicidade ou da falta dela em mim. Casou-se comigo porque quis.
Tomázia – A Bela que tava certa aquele dia na igreja, eu fui à segunda opção sua. Fui o premio de consolação. Bacana isso. Tapei buraco e agora recebo a ingratidão como pagamento. Eu nunca fui feliz ao seu lado. Sempre vivi a sombra do julgamento das pessoas e me contentei com as sobras de um romance amargurado que você me proporcionava. Vivi com migalhas.
Marechal – Aceitou isso porque quis.
Tomázia – Cala a tua boca seu prepotente de merda. Eu tô indo dar apoio a minha filha e você não ouse me criticar ou humilhá-la.
Marechal – Mas eu quero a Melina fora dessa casa.
Tomázia – Fique tranquilo que ela vai sair. Antes longe e feliz, do que perto e envenenada pela sua amargura. Seu mal amado.
Tomázia sai nervosa e Marechal fica desestabilizado, sentando-se no chão junto aos objetos e comidas.
Corta para:
Imagens da cidade amanhecendo.
Corta para:
Cena 08. Interior, dia, Cemitério Municipal.
Câmera abre a imagem em uma cova, de número 171, onde está a foto de Bela Acioli, assim como uma cruz de madeira enterrada e a terra fofa.
Missy Justem se cai diante da cova num choro descomunal e coloca um buquê de rosas vermelhas.
Missy – Vá em paz meu amor. O destino nos separou mais uma vez. Sempre minha, sempre sua, sempre nossa. Guardarei as doces lembranças e as juras de amor, junto com a tristeza e a falta que você me fará.
Missy Justem começa a chorar e uma chuva cai no cemitério, a molhando toda.
Corta para:
Letreiro com: Dois Meses depois.
Corta para:
Cena 09. Interior, dia, Delegacia. Sala do Delegado.
O delegado e Lorena estão conversando.
Delegado – Analisei a lista e já convoquei todos os suspeitos da lista para depor. Começo daqui a pouco com eles.
Lorena – Tô sentindo que estamos perto.
Delegado – O investigador já tem muitas informações e sabe de uma coisa importante, mas não me disse ainda.
Lorena – Eu vou nessa. Preciso acelerar aquele nosso plano.
Delegado – Ok.
Lorena sai e o delegado olha para a lista de suspeitos.
Imagens desconectas do Delegado interrogando os suspeitos, um de cada vez, e riscando o nome deles da lista… Tudo sem áudio.
1°= Marechal (nervoso)
2°= Tomázia (calma)
3°= Carmita (alegre)
4°= Helena (nervosa)
5°= Igor (assustado)
6°= Ância (calma)
7°= Melione (normal)
8°= Besançon (calma)
9°= Luzia (feliz)
10°= Desiree (triste)
Todos os suspeitos ficam muito tensos.
Corta para:
Cena 10. Interior, dia, Loja de noivas.
Maria Marta está experimentando seu vestido de noiva, enquanto o alfaiate faz os ajustes. Ância e Edith olham alegres e entusiasmadas.
Alfaiate – Se você não engordar, daqui a duas semanas, esse mesmo vestido vai desfilar divinamente pela igreja.
Maria Marta (ansiosa) – Ai gente, não consigo nem dormir. Só de pensar que vou dividir minha vida com o Giulio.
Edith – Coragem. Ai irmã, você é tão linda. Merecia era se dar ao desfrute com a cidade toda.
Ância – Ela não é como você. É moça decente. Vai casar e ter filhos.
Maria Marta – Ai tem os filhos também. Será que vou dar conta mãe?
Ância – Claro que vai meu anjinho. Dão dor de cabeça, mas vale à pena. Todo sofrimento é válido quando o amor é incondicional.
Edith – Hum, sei não.
O alfaiate continua ajustando o vestido, até que Edith começa a se sentir mal, vai ficando mole e acaba desmaiando.
Ância (nervosa) – Ai meu Jesus, me ajuda! Edith, minha filha, ACORDA.
Maria Marta (preocupada) – Será que ela tá doente?
Ância – Liga pro médico agora. Tô levando ela pra casa. Anda Maria Marta, liga pro doutor Franco e pede pra ele ir urgente lá pra casa.
Maria Marta (discando) – Tá bem! Vou ligar.
Ância e o alfaiate pegam Edith no colo e vão levando ela para a saída da loja.
Maria Marta (ao celular) – Alô, doutor Franco? É emergência.
O áudio é cortado, enquanto Maria Marta, preocupada, fala com o médico.
Corta para:
Cena 11. Interior, dia, Mansão Acioli. Sala de Estar.
O delegado, o investigador, Missy Justem, Lorena e Laerte estão conversando. Filó está no alto da escada ouvindo tudo escondida.
Delegado – Lorena, o investigador Campana e eu tivemos uma ideia para tentar achar o assassino da sua tia.
Lorena – Como?
Investigador – Mas precisamos que você aceite a nossa estratégia.
Laerte – Não tô entendendo nada.
Delegado – Eu vou explicar. Mas preciso que a Lorena, você e Missy Justem aceitem.
Missy Justem – Fala o que é primeiro e depois digo se Yes or. no, honey!
Delegado – Claro. O investigador Campana conseguiu traços da morte da sua tia, tudo passo a passo. Montou a sequência dos fatos, tudo com exames laboratoriais e reconstituindo a cena do crime.
Investigador – Eu consegui saber quais foram os últimos passos de Bela Acioli, inclusive, tive também uma prova de que uma pessoa entrou no quarto após o falecimento dela.
Lorena – É, pode ser mesmo. Até porque a casa tava vazia quando cheguei de manhã.
Delegado – Eu vou precisar do seu depoimento e dos depoimentos da Missy Justem e do Laerte. E logo após, vou me reunir com o investigador e sua equipe, para que juntos possamos armar para pegar o assassino.
Investigador – Mas para isso, precisaremos da ajuda de vocês.
Laerte – E como poderemos ajudar?
Delegado – Após todos os fatos acertados e como iniciaremos o processo de estruturação da investigação, queremos reunir nesta sala, todos os suspeitos e fazer uma acareação. Saber quem está falando a verdade. Temos um trunfo na manga, que não contaremos a agora é claro.
Investigador – Podemos contar com a ajuda de vocês?
Todos dizem sim com a cabeça e se entreolham instigados.
Missy Justem – Mas como faremos para chamar todos no mesmo horário aqui? O assassino pode não querer vir, ou virá para não levantar suspeitas.
Delegado – Mexendo nas coisas do quarto, encontramos um diário da senhorita Bela. Nele ela falava as características de cada um e com isso, montaremos um convite individual para cada.
Lorena – Excelente. Mal vejo a hora de colocar esse assassino atrás das grades.
Investigador – Mas pode não ser fácil e talvez não consigamos colocar as mãos em quem matou a sua tia. Mas de fato, essa é a nossa única arma.
Laerte – E quando será esse encontro?
Delegado – Daqui a três dias, e ao meio dia.
Missy Justem – Eu topo. Até lá!
Close no rosto de Missy, totalmente séria.
Corta para:
Imagens aéreas da cidade
SONOPLATIA: Tatuagem (Marjorie Estiano)
Corta para:
Cena 12. Interior, dia, Casa de Ância. Quarto de Edith.
Edith está deitada na cama e doutor Franco a esta examinando com estetoscópio.
Edith – E então doutor? O que eu tenho?
Dr. Franco – Eu suspeito de uma coisa, mas antes, preciso fazer um rápido teste com você.
Edith (PREOCUPADA) – É grave?
Dr. Franco – Não. Quer dizer, depende do ponto de vista de cada um.
Close em Edith assustada.
Corta para: SALA.
Maria Marta está sentada ansiosa e Ância anda de um lado para outro, nervosa.
Ância – O que será que a Edith tem?
Maria Marta abaixa a cabeça.
Ância – Se for algo grave, garanto que seu pai vai me culpar por negligência. É só assim que ele me vê agora, como a mãe negligente.
Maria Marta – Deve ser só um mal estar passageiro. Efeito do calor.
Ância – Espero mesmo. Caso contrário, seu pai vai vir com ladainhas pro meu lado, quer dizer, ele não, a santinha do pau oco que vai torrar a paciência. Seu pai é um frouxo mesmo, vai ficar se valendo dela pra me repudiar.
Maria Marta – Mãe senta, se acalma e para com isso. O papai não tem nada haver com essa história. Tudo agora você quer enfiar pra cima dele. Deixa de viver em função do que ele vai achar.
Ância – Tá bem. Não vou mais ficar falando nele. Só não quero que me apontem dedos depois.
Ância se senta ao lado de Maria Marta. Logo em seguida, Dr. Franco aparece na sala.
Ância (se levantando) – E então doutor? O que a minha filhinha tem?
Dr. Franco – Filho.
Maria Marta se levanta espantada.
Ância (confusa) – Seja menos técnico Dr. Franco. Diga no bom e velho português, o que tem a Edith.
Dr. Franco – A Edith tá grávida.
Ância fica espantada e desmaia nos braços de Maria Marta, porém, se levanta depressa.
Maria Marta – É, o feitiço se voltou contra a feiticeira. A Edith tá grávida.
Dr. Franco – Ela não queria que eu revelasse a vocês, mas não poderia deixar a família sem saber. Ainda mais sabendo que a mãe dela é nada mais nada menos que Ância Letícia.
Ância – Fez muito bem. Agora vou acertar com o senhor o valor da consulta, táxi e tudo mais.
Ância e Dr. Franco se encaminham para a porta de saída.
Corta para:
Cena 13. Interior, dia, Mansão Loureira. Sala de Estar.
Besançon entra em seguida um rapaz de terno entra com suas malas.
Besançon – Pode deixar aí no canto mesmo.
O rapaz deixa as malas e sai.
Besançon começa a olhar os objetos da sala admirada.
Gregório desce as escadas correndo e feliz.
Gregório – Quando me disseram que você estava na cidade, eu nem acreditei.
Besançon – Fui interrogada por causa da morte da Bela Acioli.
Gregório – Onde você estava meu amor?
Besançon – Vou ser sincera a você. Eu quis sumir daqui por causa da sua filha. Não agüentava mais a Anita. Ela me sufocava demais. Foi mais forte que eu.
Gregório – Mas o que ela fez?
Besançon – Ela me expulsou dessa casa. Sapateou na minha dignidade. Eu errei, confesso que errei.
Gregório – Senta e me conta como tudo aconteceu.
Besançon – Aperte os cintos e seja forte, porque o que vou lhe dizer é cascudo demais.
Gregório fica tenso e Besançon se senta.
Corta para:
Imagens da cidade anoitecendo
Corta para:
Cena 14. Exterior, noite, Parque Municipal.
Edith está triste, sentada em um banco. Nesse instante Ariel chega e se senta ao seu lado.
Ariel (preocupado) – Aconteceu alguma coisa? Você me ligou e pediu que eu viesse com urgência.
Edith – Consegue esperar? Marquei com outra pessoa aqui também.
Ariel – Ih Edith, se vai ficar de palhaçada, eu vou embora e nem olho pra trás.
Edith – Deixa de ser ranzinza, acho que é a sua convivência com o Hamilton.
Nesse instante Filipe aparece.
Edith – Pronto, aqui estão os que faltavam.
Filipe – Boa noite Edith, boa noite Ariel!
Ariel – Vamos logo com esse enrolo que eu ainda quero ir pra festa da Fernanda.
Edith – Eu vou ser direta, sem rodeios. Hoje passei mal, desmaiei e fui levada pra casa. O médico me examinou e comprovou que estou grávida.
Ariel e Filipe se olham assustados.
Ariel – E?
Edith – Eu sei que tenho que fazer o exame de sangue, mas a minha ovulação está atrasada e o exame de farmácia comprovou a gravidez.
Filipe – Mas porque você nos chamou aqui?
Edith – É porque eu sai no bendito dia com vocês dois. Com o Ariel de manhã e com o Filipe à noite. E engravidei.
Filipe – Você tá querendo dizer que…/
Ariel – Um de nós dois somos os pais do seu filho?
Edith – Exatamente. Farei o DNA pra saber e fiquem tranqüilos que não vou os perturbar. Nem pensão nem nada. Vão poder continuar na esbórnia de vocês.
Filipe – Mas meu maior sonho foi sempre ter um filho.
Ariel – Eu não queria ser pai, mas essa ideia me animou. Se for meu eu assumo.
Filipe – Eu também assumo!
Edith sorri e abraça os dois.
Corta para:
Imagens da cidade amanhecendo/ anoitecendo/ amanhecendo/ anoitecendo/ amanhecendo…
Sonoplastia: ROTINA (Thaeme Marioto)
Corta para:
Cena 15. Exterior, dia, Mansão Acioli. Jardim de Entrada.
Vários carros estão parados em frente à entrada principal da mansão.
SONOPLASTIA: Música de suspense
Corta para:
Cena 16. Interior, dia, Mansão Acioli. SALA DE ESTAR.
Desiree, Luzia e Tomázia estão conversando em um canto.
Desiree – Me chamaram aqui, porque disseram que tem uma coisa da Bela pra mim.
Luzia – E pediram para que eu viesse acompanhar a Desiree.
Tomázia – Pra mim, disseram que era para tratar de uma questão de paternidade, não entendi bem, mas no convite sugestionava que Bela e eu poderíamos ser irmãs.
Nesse instante Ância entra.
Ância (gritando) – Ô de casa? Cheguei pra pegar minha grana.
Ância vê as meninas.
Ância – Vocês também estão aqui pela grana? Quero pegar isso e rapar fora.
Ância se une ao grupo das meninas.
Melione e Santa chegam.
Ância – O casalzinho vinte de Pedrosa acabou de chegar. Uma salva de palmas pros idiotas.
Santa – Me admira muito você aqui. Detestava a Bela.
Melione – Estamos aqui porque recebemos um convite para um projeto de trabalho.
Lorena e Laerte descem as escadas.
Lorena – Bom dia a todos.
Ância – Já passou de meio dia querida. É boa tarde!
Laerte – Meu pai ainda não chegou mãe?
Tomázia (surpresa) – Seu pai vem?
Laerte – Daqui a pouco vocês vão entender o motivo de todos estarem aqui. Esse dia promete.
Em seguida, chegam: Marechal, Igor, Carmita e Fufu.
Marechal (indignado) – Mas que palhaçada é essa? Eu vou embora já e a Tomázia vem comigo.
O investigador aparece junto com Helena.
Investigador – Ninguém vai sair daqui por enquanto.
Missy Justem entra pela porta principal.
Missy Justem – E as últimas peças do quebra-cabeça acabam de chegar.
Besançon e Gregório entram na mansão assustados.
O delegado entra e fecha a porta.
Delegado (a todos) – Agora a coisa vai ficar feia.
Marechal – Eu exijo saber o que tá acontecendo aqui.
Delegado (sarcástico) – E o senhor saberá, assim como nós!
Ância – Para com a presepada toda, vai direto ao fato delegado. Tenho pressa!
Delegado – Um de vocês assassinou a ex-modelo Bela Acioli, na noite de 15 de março de 2014. E hoje ninguém sai daqui, enquanto a história não for esclarecida.
Todos se olham assustados.
Desiree – É hoje que a cobra vai fumar.
Num desespero de quase todos… A imagem congela.