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Três Jogadas

Capítulo 1 – Três Jogadas

Três Jogadas.

Capítulo 01 

“Os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam…”

Paulo Coelho

Londres, aproximadamente 13h15

Cena 1. Londres / Palácio de Buckingham / Tarde

Um homem, aparentemente bem arrumado, tira fotos de algumas pessoas e da paisagem. Perto do Palácio, outro homem, que segura uma pasta, desce a escada. Ele vai caminhando em direção à saída. O primeiro homem é Tóta, um fotógrafo. O segundo é Jordan, um empresário de sucesso. No caminho, Jordan acaba encontrando Tóta e se lembra dele.

Jordan, sorrindo, se aproximando: Tóta! Quanto tempo, meu amigo.

Tóta, feliz: Jordan, meu caro! – eles se abraçam. – Quanto tempo, meu caro. Andou sumido por um tempo. A última vez que eu te vi foi na festa do Dr. Guima, que por falar nisso, está internado.

Jordan: Eu fiquei sabendo. – eles vão caminhando até uma mesa. – O filho dele, o Eduardo, me ligou contando sobre o acontecido. Eu fiquei de fazer uma visita, mas infelizmente estou bastante atolado com tantas festas e premiações. – ele se senta.

Tóta se senta ao lado: Eu posso imaginar. Mas então, o que faz por aqui? Te conheço de uma longa data e lembro que você detestava viajar. – ele ri.

Jordan, rindo: Os tempos mudaram Tóta. Eu detestava mesmo, mas eu quis ser tão ambicioso, que essa ambição me fez ter que abrir mão de tantas coisas. Inclusive, do meu amor do passado.

Tóta: Meu caro, todo mundo da época sabia que aquele noivado não iria terminar em boa coisa. E você não abriu mão da Clarice, ela morreu atropelada, em um fim trágico.

Jordan, cabisbaixo: Pois é. – ele se levanta. – E eu achava que ela era uma mulher forte. Nem meu filho eu consegui segurar em meus braços.

Tóta se levanta: Desculpa, mas um filho que VOCÊ rejeitou. Jordan, quantas vezes você bateu na Clarice pra ela perder o filho? Sem contar as inúmeras vezes que você deu dinheiro para que ela tirasse o bebê.

Jordan: Eu era um jovem, não tinha nem 30 anos. Eu era ambicioso, capaz de tudo por dinheiro.

Tóta: Só que essa ambição te deixou sem mulher e sem filho, apenas com uma grande carreira, digna da sua ambição. – ele sorri e Jordan o encara.

No instante, Leandro se aproxima. Ele e Tóta se reconhecem.

Leandro, sorrindo: Tóta, meu amigo. Que bom te reencontrar. Como vai?

Tóta, rindo: Acho que hoje é dia de reencontros. Deixa eu te apresentar um amigo de longa data. Leandro, Jordan. Jordan, Leandro. – eles se cumprimentam. – O Jordan eu conheço de uma longa data, a mais de 20 anos.

Jordan, sorrindo: Vocês se conhecem de muito tempo também?

Tóta: Não, eu conheço o Leandro da festa do Guima. Mas somos bem amigos. Jordan, o Leandro é também um empresário de grande sucesso.

Jordan e Leandro se entreolham e sorriem. Os três vão e se sentam à mesa da praça e continuam a conversar.

Brasil, aproximadamente 09h15

Cena 2. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. Da Alice / Manhã

Alice mexe em um álbum de foto, em seu quarto.

Alice, fechando uma caixa: Essas fotos valem ouro. Aqui dentro tem grande parte do que eu escondo. Eu preciso escolher um lugar pra guardar.

Ela coloca a caixa dentro do guarda-roupa. Foca na caixa. Alice desce a escada. Sérgio está sentado no sofá, dormindo.

Alice, olhando a cena: Tá se sentindo bem em casa, Sérgio? – ele desperta, assustado. – Levanta que eu não te dou essas confianças.

Sérgio se levanta: Desculpa, eu acabei pegando no sono, isso não vai se repetir.

Alice se senta: Assim espero. Senta aqui. – ela bate no sofá. – Luigi, onde está?

Sérgio se senta: Saiu logo cedo. Eu perguntei aonde ele ia, mas não me respondeu. Na verdade respondeu, dizendo que não me deve satisfações.

Alice irritada: Cada dia mais abusado esse garoto. Eu não sei mais o que faço com ele. Ele colocou na cabeça que não quer ir à festa da revista. Eu preciso começar minha vingança, não aguento mais esperar.

Sérgio: Então você vai continuar com a vingança? Achei que tivesse desistido, faz tanto tempo.

Alice se levanta: E nem vou desistir. Eu planejo essa vingança por 30 anos, Sérgio, eu não me preparei esse tempo todo para ser tudo em vão. Eu não esperei aquela infeliz da Júlia crescer para nada. Eu vou me vingar da Clarice, custe o que custar.

Sérgio: Essa história de vingança está te tomando inteira. E você tem ideia do que vai fazer com a Clarice?

Alice, sorrindo: Claro que sei. Eu vou pegar o que é meu Sérgio, pegar o que aquela idosa das profundezas do submundo me roubou. Eu não vou deixar o que ela fez comigo passar em vão. Eu vou destruir a vida dela. Eu acabar com ela. Prepara-se Clarice, o que é teu está guardado!

Sérgio se levanta: Essa é minha rainha! – ele desmunheca.

Alice o olha, assustada: Eu esperava menos de você. – ela pega a bolsa. – Preciso ir pra revista, o trabalho me espera.

Alice sai e Sérgio vai para a cozinha.

Cena 3. Rio de Janeiro – Leme / Praia / Manhã

Kiara e Clarice abrem a cadeira e se sentam.

Clarice coloca os óculos: Finalmente você resolveu sair de casa comigo. Parece que me evita. A gente precisa se unir mais.

Kiara tira o roupão: Você coloca as coisas na cabeça. Eu não te evito e nunca te evitei. Mas eu confesso que andamos um pouco afastada ultimamente. Mas olha onde estamos: na praia, tentando uma reaproximação.

Clarice a olha: Não sabia que a praia era tão calor assim. Olha essa areia: se colocar um ovo, frita.

As duas riem por um tempo.

Kiara, se abanando: Que calor dos infernos! Não estou mais acostumada com isso.

Clarice, rindo: Também, só vive enfurnada no ar condicionado.

Kiara se levanta: Eu vou à banca comprar algo. Não estou suportando.

Kiara vai e Clarice ri.

Clarice, rindo: Fresca mesmo!

Na banca…

Kiara, sorrindo: Uma água, por favor. – ela começa a olhar as revistas. – Essas revistas são de hoje?

Jornaleiro: Sim, são. – ela pega a água. – Aqui! – e entrega para Kiara.

Kiara vê uma foto de Jordan em uma revista e fica chocada.

“Um empresário de sucesso, Jordan, está voltando ao Rio! Depois de alguns meses em Londres, Jordan volta para realizar a segunda edição da festa da Revista Luz, a primeira edição é no próximo sábado, daqui a dois dias.”

Kiara, chocada: Meu Deus, não pode ser.

Ela corre até a praia, deixando a água e a revista para trás. Ela chega apavorada perto de Clarice.

Clarice, estranhando: Viu fantasma, foi? Que cara é essa de assustada. – Kiara não fala nada. – Conta logo, Kiara.

Kiara, em choque: O Jordan! Ele vai voltar pro Rio. Esse homem não estava morando em Londres? Na revista diz que ele passou meses lá, fazendo uma temporada.

Clarice tira os óculos: O QUÊ?! – ela se apavora.

Cena 4. Rio de Janeiro – Leme / Apt. Da Clarice / Manhã

Paloma, Júlia e Igor tomam café.

Paloma: Que cara é essa, Igor, está passando mal?

Igor: Dor de cabeça. Mas já tomei remédio.

Paloma o olha: Você bebeu?

Igor abaixa a cabeça: Estou de ressaca!

Júlia furiosa: Eu não acredito Igor. Você sabe que o pai não suporta a ideia de que alguém da família beba.

Igor levanta a cabeça, rindo: Eu saí de casa por acaso? Eu dormi tarde e acordei cedo demais. Isso explica a dor de cabeça.

Janaína, chegando: Dona Júlia, chegou essa carta pra você. Está na caixa de correios há bastante tempo.

Júlia, pegando, estranhando: Pra mim? Mas eu não estou esperando nada.

Janaína: Está seu nome aí. Na casa não tem outra Júlia.

Júlia abre: Uma carta da Revista Luz. Não é aquela revista que fala sobre modas?

Paloma, empolgada: É sim, uma das melhores no mercado. Abre, pode ser algo importante.

Júlia, radiante: É um convite para ir à festa da Revista, a festa da primeira edição. Eu não estou acreditando que fui convidada.

Igor, estranhando: Como, se você nem famosa é? Essa festa só tem gente famosa, do mundo da moda.

Júlia, contente: Deve ter sido por conta do meu vídeo falando sobre modas. Eu lembro que no concurso eles chamariam alguns jovens que deram depoimentos sobre a moda. Dito e feito! – ela pega os convites. – Têm dois. Quer ir comigo, Paloma?

Paloma, radiante: Se eu quero ir?! Mas é claro. Vai ser a realização de um sonho. – As duas apertam a mão uma da outra, radiante.

Cena 5. Rio de Janeiro – Urca / Cafeteria Pão da Vida / Manhã

Eliane e Tiago tomam café. A mesa está um grande silêncio.

Eliane, quebrando o silêncio: Vai ficar sem falar comigo por conta de hoje cedo?

Tiago, não a encara: Não só por hoje. Como se fosse a primeira vez que você faz isso.

Eliane, furiosa: E você vai virar a cara pra mim por conta de uma pasta de dente? Era só o que me faltava, Tiago.

Tiago ergue a cabeça: Eu só espero que isso não se repita. Sabe que sou enjoado com minhas coisas.

Eliane ri falsa: Claro. – No momento, uma mulher e um homem entram na cafeteria com uma criança de colo. Eliane sorri apaixonada. – Você já pensou em ter um filho… Ou uma filha? – sugere.

Tiago cospe o café que estava bebendo: Filho?! Você pirou, Eliane? Você já me dá trabalho o suficiente para eu pensar em filho. – ela engole seco. – E outra que não tenho paciência para criança, tenho até muito pra você que já uma velha barbada.

Eliane, prendendo o choro: Nossa obrigada pelas palavras. Você melhorou muito minha autoestima.

Tiago larga a xícara: Como se você tivesse isso. Olha pra você, está acabada. – Eliane começa a chorar. – Está gorda e ainda quer engravidar? Eu tenho vergonha de te apresentar pros meus amigos.

Eliane explode: CHEGA! EU NÃO VOU FICAR OUVINDO SUAS HUMILHAÇÕES… COMO DE COSTUME! – todo mundo olha para a mesa dos dois.

Tiago se levanta: E nem eu vou ficar discutindo com você. Eu perdi minha paciência, Eliane. De verdade, então não me provoca não… E nem vem com essas histórias suas de gente doente mental. De filho, eu estou fora.

Ele vai embora em seguida. Eliane fica na mesa, humilhada e aos prantos.

Dois dias depois…

Cena 6. Rio de Janeiro – Leme / Apt. Da Clarice / Noite

Paloma e Júlia se arrumam para ir à festa. Elas colocam um vestido chique e partem radiantes. Pouco tempo depois, Clarice desce a escada após ouvir o telefone tocar.

Clarice, ao telefone: Alô?!

Leandro, ao telefone, feliz: Amor! Sou eu, Leandro.

Clarice, ao telefone, radiante: Amor, que bom ouvir sua voz. Aconteceu alguma coisa?

Leandro, ao telefone: Não. Era pra ter acontecido?

Clarice, ao telefone, rindo: Claro que não. É que nesses dois meses você ligou bem pouco, estranhei. Mas e então. Quais são as novidades? Estou morrendo de saudades. – ela diz, apaixonada.

Leandro, ao telefone, sorrindo: Também estou com muitas! Mas já iremos matá-la em muito breve. Amanhã já estou de volta.

Clarice, ao telefone, radiante: Você chega amanhã?

Leandro, ao telefone: Sim. Eu vou voltar com um amigo daqui. E eu reencontrei o Tóta. Acho que não comentei com você.

Clarice, ao telefone, sorrindo: Tóta?! – ela já muda o tom de voz. – Eu me lembro desse nome. Você tinha me dito a respeito do homem.

Leandro, ao telefone, sorrindo: Sim, o fotógrafo da festa do Guima. Você precisa conhecê-lo, é um cara genial.

Clarice, ao telefone, sorrindo: Sim. Depois nos conhecemos. Você volta com ele?

Leandro, ao telefone: Na verdade não. Ele só vem no voo de mais tarde. Eu pego o de manhã cedo.

Clarice, ao telefone, sem entender: Então vai voltar com quem?

Leandro, ao telefone: Jordan, um amigo que eu conheci aqui. O Tóta que nos apresentou.

Clarice larga o telefone, apavorada.

Leandro, ao telefone: Clarice?! Que barulho foi esse?!

Foca em Clarice, apavorada.

Cena 7. Rio de Janeiro – Copacabana / Copacabana Palace / Noite

Quarto 301…

Célia e Petrônio chegam ao quarto de hotel.

Célia tira seu salto: Finalmente chegamos. Não aguentava mais viajar.

Petrônio se joga na cama, cansado: O que eu não faço por você, Célia.

Célia o encara: Está se referindo a vingança, Petrônio?

Petrônio se levanta: Iria me referir a quê? Claro que é sobre. Você sabe que eu quero tanto essa vingança quanto você. O que aquela mulher fez contra a gente foi muito grave. Mas eu não estou obcecado assim.

Célia, furiosa: MAS EU ESTOU. ELA VAI TER QUE PEGAR POR TUDO O QUE FEZ COMIGO. COM A GENTE! ELA DESTRIU MINHA VIDA, ROUBOU MEU BEM MAIS PRECIOSO, TENTOU ME MATAR. ACHA ISSO POUCO?

Petrônio: Você diz isso como se você fosse à única vítima da situação, mas não é! O que você sofreu eu também sofri e por muito mais tempo.

Célia: Só que eu tenho sede de justiça, Petrônio. Eu quero colocar essa mulher na cadeia, que é o lugar dela. Eu vou me juntar a todas as forças, vou me unir a quem for preciso, mas eu vou acabar com essa mulher. Ou eu não me chamo CÉLIA!

Cena 8. Rio de Janeiro – Gávea / Salão de Festa de Luxo Topázio / Noite

Paloma e Júlia chegam à festa. Alice vê as meninas de longe e decide se aproximar.

Alice, sorrindo: Júlia! Estou certa?

Júlia, sorrindo: Isso mesmo. Essa daqui é minha prima, Paloma. Ela é filha da Kiara, uma tia minha.

Alice começa a lembrar de todo o passado, mas disfarça.

Alice, sorrindo: Claro, Paloma! – ela cumprimenta as meninas. – Me acompanhem, vou servir algo a vocês.

Ela leva as meninas até o bar. Lá, ela pega uma bebida e tira um pó da bolsa. Ela coloca o pó dentro do copo de Júlia e lhe entrega.

Júlia, recusando: Eu não gosto de bebida. Não tem suco ou refrigerante?

Alice, rindo: E isso não seria bebida? – Júlia fica sem graça. – Não, não, eu entendi. Vai me dizer que você não gosta de DRY MARTINI. Bebe eu aposto que você vai adorar.

Júlia, aceita: Bom, se insiste tanto. – ela olha pra Paloma. – Não vai pegar nada?

Paloma: Sim, claro. Eu vou ao bar pegar algo. Já volto.

Júlia, sorrindo: Bom, eu não sei de quem foi à ideia de me convidar pra festa, mas eu fico muito agradecida. De verdade.

Alice, sorrindo: A gente que agradece a sua presença, Júlia. Uma jovem tão bonita não podia ficar fora dessa festa que fala sobre moda. E eu achei a sua prima muito bonita. Ela é filha de Kiara, né?

Júlia: Isso mesmo. – ela ajeita o cabelo. – A Kiara é irmã da minha mãe, Clarice.

Alice, falsa: Belo nome! Clarice. Digamos que é inesquecível. – ela ri, mas é possível enxergar a sede de vingança nos olhos de Alice.

Cena 9. Rio de Janeiro – Leme / Apt. Da Clarice / Noite

Kiara, descendo a escada: Clarice deixa eu te fazer uma pergunta.

Clarice, guardando a revista: Lá vem vocês com as perguntas mais sem cabeça. Pergunta logo, Kiara.

Kiara se senta: Você não estranhou a Júlia ter sido convidada para essa festa da Revista Luz? Ela não é famosa e nesse evento só vai gente importante do mundo da moda.

Clarice: Estranhei claro que estranhei. Mas não disse nada. Sabe como a Júlia fica toda sentida com qualquer coisa que a gente fala. Mas ficou bem estranho. Ela não conhecia ninguém, conhecia não, não conhece.

Kiara: Você acha que pode ter alguém por trás disso? O Jordan, por exemplo.

Clarice: Claro que não. Sem chances alguma. Ele ainda acha que eu sou a Luana e não vai ficar sabendo nunca que eu sou a Clarice, a ex-noiva que ele ACHA que está morta. Se ele fica sabendo do que aconteceu vai ser minha ruína. Eu não posso deixar que depois de 30 anos tudo aquilo venha à tona.

Kiara: Mas é suspeito, Clarice. Claro que é. Muito suspeito até. Não faz sentido. Aquela entrevista que a Júlia fez não teve tanta repercussão assim a ponto DELA SER CONVIDADA PARA UMA FESTA DE FAMOSOS. CLARICE CAI NA REAL.

Clarice se levanta: E você está desconfiada de quem, Kiara? Não tem uma pessoa nesse planeta que queira se aproximar de nós para algo utilizando a Júlia e a Paloma como meio para isso.

Kiara também se levanta: Eu não vou deixar isso passar despercebido. Eu vou investigar o porquê da Júlia ter sido convidada para essa festa. Você sabe que quando eu quero eu descubro. E eu vou descobrir. Ah se vou!

Clarice: Esquece isso. Essa história já passou e se a Júlia foi convidada, foi por mérito dela!

Kiara: Essa história está muito mal contada. – ela senta Clarice no sofá. – Senta aqui! – elas se encaram. – Me responde com toda sinceridade: O que você guarda do passado?

Clarice se levanta: Que conversa é essa agora? Não pira.

Kiara é direta: O que você sente pelo Jordan?

Clarice furiosa: NOJO! Por culpa dele eu fui obrigada a fazer coisas horrorosas. Ele tirou minha inocência. Destruiu minha vida e eu não vou lhe perdoar nunca por isso!

Kiara se levanta: É só isso?

Clarice séria: Ainda é pouco!

As duas se encaram.

Cena 10. Rio de Janeiro – Gávea / Salão de Festa de Luxo Topázio / Noite

A festa continua muito agitada. Alice vai até a portaria e Luíza se aproxima.

Luíza, sorrindo: Alice! – Alice se vira. – Eu sou muito sua fã. Será que eu poderia tirar uma foto com você?

Alice, sem entender: Comigo? Mas eu nem famosa eu sou garota, sem chances.

Luíza, força o choro: Bem que dizem que vocês famosos são todos assim. Nem sei o que vim fazer nessa festa.

Luíza ameaça ir embora, mas Alice segura à menina pelos braços.

Alice, desconfiada: Você fica. O que você quer comigo garota?

Luíza, chorando: Só uma foto. Por favor, tira comigo. Deixa eu guardar de recordação no meu quarto. Não é todo dia que eu vou à festa de quem eu sou fã.

Alice vira os olhos: Tá, garota. Tira logo essa foto.

Luíza limpa as lágrimas e tira a foto.

Luíza, feliz: Obrigada, de coração. Eu quero seguir seus passos, se tornar igual a você. Você poderia me ensinar seus truques.

Alice, pegando uma bebida com o garçom que passava: Garota, na escola que você estuda eu já fui professora. Eu conheço muito bem o seu tipinho.

Luíza, limpa as lágrimas: Tipinho? Eu sou sua fã, de coração. Tenho até um fã clube: alicelovers.

Alice gargalha: alicelovers? Ai menina. – ela tira um cartão da bolsa. – Me procura na revista esses dias. Quero te conhecer direito. Só que não confunda as coisas, eu também sei ser falsa, mas como amiga sou melhor ainda.

Alice sai e Luíza envia uma foto para Gisele.

Na casa de Gisele…

Gisele recebe a foto e abre no celular, radiante.

Gisele, analisando a foto: Não mudou em nada. Continua a mesma vagabunda de sempre. Eu ainda vou te visitar muito… NA CADEIA!

De volta à festa…

Alice se aproxima de Tiago, que está bebendo. Luíza está bem próxima dali.

Alice, cutucando Tiago: Tiago. Você que convidou aquela garota ali? – ela mostra Luíza.

Tiago, analisando a garota: Nunca vi mais magra. Ela está fazendo o que na festa?

Alice, desconfiada: Nada, esquece. Eu devo ter convidado e acabei esquecendo. – ela se afasta. – O que essa garota quer comigo. Se nem eu, nem o Tiago a convidamos, como essa garota apareceu aqui?!

Tiago confuso: Eu vou averiguar isso. – na direção do banheiro, Vanessa lhe chama. – Já volto. – ele vai atrás.

Luíza decide seguir o homem.

Cena 11. Rio de Janeiro – Catete / Casa da Branca / Noite

Fernanda e Branca jantam. A campainha toca e Fernanda resolve atender.

Adriana, sorrindo: Ué! – ela ri. – Você não deveria estar na primeira edição da festa da revista Luz?

Fernanda, abraçando a prima: Não quis ir. Vou só à segunda edição e olhe lá. Preferi ficar com a mãe.

Adriana, entrando: Tia Branca já foi dormir?

Fernanda, rindo: Até parece que mamãe dorme cedo, Drica. Ela está na sala de jantar. Vem.

As duas vão até lá.

Branca, se levanta: Minha querida, quanto tempo! Estávamos falando agorinha pouco de você.

Adriana se sentando: De mim titia? Mas o que eu fiz. – ela ri.

Branca se senta em seguida: Na verdade estávamos falando da minha irmã. Eu queria saber por onde anda ela. Faz tanto tempo que não a vejo. Vai fazer anos.

Adriana: Você sabe que depois do ocorrido eu rompi todo tipo de laço com minha mãe. Ela me humilhou tanto. A gente nunca mais se falou.

Branca, balança a cabeça: É uma pena minha querida. Você sabe que esse temperamento forte dela não vai levar ela a lugar nenhum. E muito menos o seu, minha querida. Procura a sua mãe, conversa com ela. Vocês precisam se reconciliar, antes que o pior venha acontecer.

Adriana: Está falando por conta da arritmia cardíaca dela? Eu tentei tia, por várias vezes eu tentei procurar ela. Mas ela só sabia me ofender, me chamando de monstro.

Branca, a repreende: Drica o que você fez não se faz. Você rejeitou duas crianças, uma atrás da outra. Você acha que é fácil pra uma mãe vê sua filha rejeitando duas crianças inocentes? Elas não tiveram culpa do seu casamento fracassado.

Adriana: Eu vou procurar ela, tia. É só uma questão de tempo. E eu sei que esse tempo não vai demorar.

Branca se levanta: Assim espero. Quando ela morrer e sem te perdoar, você levará essa culpa para sempre. Eu vou ir dormir, fiquem conversando. – ela dá um beijo na testa de Fernanda e de Adriana. – Fiquem com Deus.

Branca sai. Fernanda e Adriana se entreolham, sorrindo.

Fernanda, sorrindo: Eu sei onde a tia está morando. Quer que eu te leve lá semana que vem?

Adriana fica sem saber o que responder, ela bem que tenta, mas fica sem resposta.

Cena 12. Rio de Janeiro – Gávea / Salão de Festa de Luxo Topázio / Noite

Júlia começa a passar mal e Alice de longe observa tudo. Ela pega uma taça de vinho e vai até Luigi. Ela finge um tropeço e joga o vinho em Luigi.

Alice, tropeçando: AAAAIIIII! – e o vinho cai em Luigi.

Luigi, furioso: MÃE OLHA O QUE VOCÊ FEZ. MINHA CAMISA NOVINHA.

Alice, se recuperando: E você está preocupada com a sua camisa? Eu quase caí aqui. Podia ter me machucado.

Luigi, segurando a camisa: Você tem sempre esse poder de ser desastrada. Dá licença!

Ele sai furioso. Alice taca a taça fora e vai até Júlia, que está tonta.

Paloma, ficando nervosa: Júlia, vamos embora, olha o seu estado, você está péssima.

Alice, chegando: Ah, mais já vão? Está tão cedo.

Júlia, suando: Eu não estou me sentindo bem. Eu preciso ir pra casa.

Alice, embargando a voz: Eu fiz um esforço enorme para te colocar dentro dessa festa. E você vai embora assim?

Dentro do banheiro masculino…

Luigi tira a camisa e molha-a, tirando o vinho.

Perto da portaria…

Júlia se levanta: Eu vou lá ao banheiro passar uma água no rosto. Eu estou suando frio, não estou me sentindo bem, talvez eu melhore.

Paloma se levanta também: Quer que eu vá com você, Ju?!

Júlia: Não. Fica com ela, Alice?

Alice, sorrindo: Claro que fico. Eu adorei a companhia da Paloma.

Paloma, sorrindo: Não demora Ju.

Alice, sorrindo: Eu fico com ela, Júlia, vai.

Júlia vai até o banheiro. No banheiro masculino, Luigi termina de arrumar sua camisa, que ainda ficou manchada e molhada. Alice e Paloma conversam.

Alice, sorrindo: Eu vou pegar uma bebida, já volto.

Luigi sai do banheiro cabisbaixo e Júlia vai entrando, também de cabeça baixa. Eles esbarram e Luigi a segura. Eles se encaram por um tempo, mas ela acaba desmaiando nos braços dele. De longe, Alice observa tudo, radiante com o encontro que promoveu.

Luigi, apavorado: MENINA?!

 Foca na imagem dele, apavorado.

Fim do Capítulo 1!

Gabriel Adams

O que é necessário para Ser Humano? Quais são as atitudes que devemos tomar em situações difíceis sem que possamos ferir ou machucar alguém? Será que Ser Humano é ser cruel? Ou é errar, acertar, errar tentando acertar...Afinal, o que é ser humano? Dia 23 de fevereiro, às 20hrs, estréia a web-novela SER HUMANO.

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