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Pupilos

Capitulo 1 – Pupilos

 

 

“Eu vim apenas dar uma olhadinha”.
“Moça, eu vim trocar essa roupa pois não serviu! acredita?!”
“Tem algum desconto à vista?!”
“Por acaso você não teria em outras cores e tamanhos?!”

Vender é uma tarefa árdua.Algumas pessoas já nascem com esse talento. Talvez Agatha seja uma dessas. Não só pela sua simpatia e carisma, mas pelo seu compromisso. E para uma jovem de 18 anos estava se saindo muito bem no emprego temporário.As férias de verão estavam acabando, o que ela não imaginava é que estava sendo efetivada:
– Não acredito! Como estou feliz por você! Dizia a amiga Paula dando um abraço bem forte.
– Agora estaremos sempre juntas! Aqui no trabalho e também nas aulas que vão começar! Lembrava Agatha.
– Espero que esse ano seja diferente! Tudo tem que dar certo!Paula estendia as duas mãos para cima.
– Eu só queria um trabalho e agora tenho um! Dizia Agatha sorrindo.
– Um trabalho e um namorado né ?! O Pedrão morre de amores por você! Eu acho tão lindo. Quero um namorado também. desabafava Paula.
– Estamos tão distantes! Recém nos conhecemos.Talvez eu esteja trabalhando demais. Afirmava Agatha.
Paula e Agatha estudam juntas desde o ensino fundamental. A sintonia entre elas é forte. Paula é intuitiva e perceptiva, o que se encaixa bem com o jeito indeciso e romântico de Agatha.

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A metros da loja se localiza a igreja matriz da cidade. E por lá todas as tardes dona Beti e Senhor Paulo faziam orações. Desde que Ana desapareceu o casal busca forças para encarar essa situação. Sentados um ao lado do outro, senhor Paulo encara a esposa:
– Acredite ela vai voltar!
– Eu rezo todos os dias pra que Deus proteja ela! Dizia dona Beti segurando a mão do marido.
– Eu penso, será que ela está se alimentando? Será que está dormindo? Será mesmo que está viva. dizia ele chorando.
– Eu sinto que nossa filha esta por perto. Dona Beti confessava.
Somente os dois estavam no local. O ambiente passava uma serenidade e tranquilidade. Quebrando o silêncio, surgia alguém com passos lentos, colocando as mãos nos ombros do casal. Era James, o filho adotivo. Fazia pouco tempo que havia ganhado um lar. O sofrimento dos pais cortavam o coração do rapaz. Embora fosse novo na família, já podia sentir o quanto Ana fazia falta:
– James? Olhava dona Beti sorrindo.
– Eu procurei vocês e deduzi que estavam aqui. Falava James acariciando o ombro de Dona Beti.
– Ainda bem que temos você! senhor Paulo lembrava.
Os três se abraçavam. Naquele momento toda a ajuda espiritual era bem vinda.
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A hora do almoço é um momento de reencontrar amigos. Com Rose e Madalena não era diferente. Desde de jovens eram amigas. Por coincidência eram mães solteiras. Rose é mãe de Agatha e assistente social, já Madalena é professora de matemática e mãe de Vitor. No restaurante elas matam a saudade:
– Eu precisava falar com você! Dizia Madalena com um copo nas mãos.
– Por favor desembuche! Pedia Rose.
– Não quero me meter, mas fiquei preocupada com sua filha. Agatha esta namorando um rapaz.. Falava Madalena sem jeito, não concluindo a frase.
– rapaz!?Continua? Esta me deixando nervosa! Falava Rose.
– Ele foi meu aluno, infelizmente não tem as melhores companhias e acredito que use drogas. Dizia Madalena aliviada.
– Ai meu Deus! Tenho que conversar com Agatha! Engolia lentamente a comida.
Por mais que sejam informações difíceis e pessoais, Madalena não hesitou em compartilhar a novidade com a amiga.
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Chovia e Agatha estava preparada para se molhar. Justamente no final do expediente surgia aquela chuva forte. Mas teve sorte,seu namorado Pedrão se aproximava com um guarda chuva:
– Vim te buscar! Sorria ele.
– Nossa! Não precisava, você vai se molhar todo! Se espantava Agatha.
– Sim sou o melhor namorado,eu mereço um beijo né! Se aproximava ele fechando os olhos para beijá-la.
A relação estava monótona. Os interesses de Agatha já eram outros. A novidade da volta às aulas, a promoção no emprego, tudo era mais estimulante que aquela relação. Pedrão aos olhos de Agatha já era outra pessoa. Ela desconfiava das suas atitudes, dos seus esquemas, seus vícios. Talvez ele não soubesse mas ela era muito esperta:
– Eu te amo! Dizia ele segurando o guarda chuva.
– Como pode me amar se me conhece a apenas dois meses?! Perguntava ela.
– Não existe tempo pra isso! Ora, Agatha se entregue pra essa relação! Respondia.
– Eu vou pegar o ônibus, você não precisa me acompanhar! Mudava de assunto Agatha.
– Tudo bem..Então nos vemos amanhã?! Falava Pedrão insatisfeito.
– Agente confirma! Subia ela apressada no ônibus.
Pedrão acreditava que Agatha era sua luz no fim do túnel. Havia feito tanta coisa errada que era hora de recomeçar.

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Os primeiros dias de aula sempre são intensos. O sumiço da aluna Ana, que estaria cursando o ensino médio era um dos assuntos mais comentados em sala de aula. James conversava com o seu amigo Beto enquanto se acomodava na classe:
– Alguma novidade da sua irmã adotiva?! Perguntava Beto.
– Ainda não Beto. Ver os meus pais assim me deixa triste. Confessava James.
– Vai ficar tudo bem e coloque uma coisa na sua cabeça: Você não é culpado! Dizia Beto.
As vezes James tinha a impressão que as pessoas desconfiavam que ele estava envolvido com o sumiço de Ana.
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Na escola estudava também Rafaela. Uma jovem cheia de personalidade.Era conhecida por escrever junto com a amiga Lari, um blog de contos eróticos. Vitor, filho da professora Madalena, era mais um dos leitores que prestigiavam os conteúdos eróticos. Se tinha uma coisa que Rafaela não aceitava era iniciar o ano sem sua melhor amiga Ana:
– Ai como faz falta a Ana! Dizia Rafaela desmotivada.
– A polícia já está resolvendo. Afirmava Lari.
– Até quando vão essas investigações? Não há nada evidente. Dizia Vitor.
– Eu tenho quase certeza que aquele moleque tem haver com o sumiço. Rafaela apontava para James.
– Mas porque?! Perguntava Vitor
– Ele e Ana não se davam bem. Praticamente tomou conta da família e da atenção dos pais dela! Afirmava Rafaela.
– Mas isso não é o suficiente pra deduzir que ele esteja envolvido. Comentava Lari.
– Eu não sei não! Mas a mim ele não engana. Dizia Rafaela.
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Mais tarde Rafaela jantava com o pai, o delegado Sandro. Um homem inflexível e dedicado ao trabalho. Desde que a esposa faleceu no parto pra dar a luz de Rafaela, não se envolveu oficialmente com ninguém:
– Pai sua comida está maravilhosa. Elogiava Rafaela.
– Daqui a pouco eu tenho que sair filha! Dizia o delegado.
– Mas pai! Vai me deixar jantando só de novo! Reclamava Rafaela.
– É importante filha, acabei de receber uma ligação. afirmava ele.
– Mas isso não é novidade! Sempre te ligam dizia ela emburrada se servindo mais comida.
– Acharam uma moça perdida. Ela está na delegacia! Comunicava delegado Sandro
Rafaela parou na hora de comer e gritou:
– Pai pode ser a Ana! vamos pra lá agora?!

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Assim que chegaram na delegacia os pais de Ana aguardavam a notícia abraçados e esperançosos. No assento ao lado James também torcia. De longe Rafaela observava a cena, em instantes seu pai chegou com a notícia:
– E então seu delegado é ela?! Perguntava James.
– Por favor diga que é! Falava dona Beti.
Rafaela se aproximou:
– Vamos pai! Diga logo, é ou não é ela?!

Continua..

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