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Palavra de Honra

Capítulo 1 – Palavra de Honra

Palavra de Honra

CENA 1

Ano de 2045.

Madrugada. Atenta para acelerar. A poucos metros já estaria no Brasil, mas não era tão simples como imaginavam… Passar aquela linha era como assinar um contrato de morte. Principalmente: Ela.

KARINA: Vai dar tudo certo… – pensava alto – Vou passar em uma velocidade média de 140km/h que por consequência os guardas, a se alertarem vão demorar cerca de cinco segundos para pegarem o camburão e correr para me capturar… A essa altura já devo estar a meio quilômetro deles… Acelerar mais! –Confirmando buscando em sua memória a fim de garantir sua segurança – Protegida de tiros…. A hora é Agora!

Karina aperta o acelerador com a maior força que seu pé poderia pôr naquele momento. Qualquer um a julgaria como maluca, doida ou demente… Mas, somente ela sabia o quão bem faria para a sociedade se conseguisse que seu plano desse certo.
GUARDAS: Pare Já, garota!! Volte aqui!
Tiros já começaram a rolar sobre o ar. Alguns atingiram a parte traseira do automóvel que Karina acelerava cada vez mais, sentindo-se como se estivesse voando, mas já tinha pensado articulosamente sobre tudo isso: Estava protegida… Bom, pensando bem, nem tanto…
GUARDAS: Câmbio. Intrusa acaba de invadir a república federativa… Pelo que consta é uma “Sangue Podre”… Pela maior das hipóteses, tudo indica ela está indo para capital, se for quem estamos pensando, ela vai parar no Congresso Nacional! Ajam Rápido!
VOZ DE RETORNO: Perfeitamente. Já vou mandar os sargentos de lá barrarem a entrada principal! Essa garota nem perto da capital, ela vai conseguir chegar! Câmbio.
GUARDAS: Por favor, não comuniquem ‘O Supremo’, não vamos atormentá-lo, faremos de tudo para que não o gere se quer algum tipo de stress.
VOZ DE RETORNO: Certo… Dessa vez é exterminação na certa, essa garota já passou dos limites! Câmbio.
Karina já imaginava tudo que estaria para acontecer, há tempos que esteve se preparando para aquele momento… Dessa vez, estava certa, “Eu vou salvar o Brasil!”. E assim, o carro ainda em velocidade constante pega a vacinal que segue para Brasília.

CORTA PARA/

CENA 2

Ano 1940

.
Multidão incontável. Todos ansiosos para a abertura daquelas enormes cortinas vermelhas que fora minuciosamente planejada para o show da Estrela do Brasil: Belinha Alcântara.
Lá dentro, os produtores mantinham-se apressados, o mais preocupado é claro, Hugo Leal.

HUGO LEAL: Belinha você entra em cinco minutos.
BELINHA: Acalme-se, Hugo. Minutinhos de atraso não fazem mal a ninguém…
HUGO: – Posicionando-se em frente à Estrela, atrapalhando inclusive o trabalho dos maquiadores – Belinha, você sabe quem está ali fora aguardando você?
BELINHA: Tá, tá, tá, O Getúlio. E o que é que tem?
Neste momento, Lívia, gestante de seis meses, esposa de Hugo, para diante da porta para chama-lo, ao vê-lo descontrolado, decide ficar observando e esperar.
HUGO: – descontrolado- Como assim Getúlio? É o GETÚLIO VARGAS! Nosso presidente, o pai dos pobres e a mãe dos Ricos! Você não pode trata-lo como qualquer um, ainda por cima quando Ele autorizou esse show… Isso é raro!
BELINHA: – pegando na mão de Hugo, o fazendo abaixar na altura de seus olhos – Hugo… – respira fundo- Ele não é mais e nem menos do que ninguém… Pouco me interessa se ELE está ali… O Importante é o Povo, o Brasil!! Isso que é importante.
Hugo ia responder, e assim vê sua esposa e corre aos braços dela.

CENA 3
Hugo corre para os braços de sua amada, situada ao lado de fora do camarim de Belinha.

HUGO: Meu amor…
LIVIA: -desviando das carícias dele- O que está acontecendo com você, Hugo?
HUGO: Sobre o que esta falando?
LIVIA: Você está bitolado com o sucesso de Belinha, esquecendo-se dos outros, esquecendo-se do povo, esquecendo-se de mim… De sua filha! Você está preocupado apenas com o que a Elite vai achar! Você não tem mais vida!
HUGO: – olhando no fundo dos olhos de sua esposa – Eu te amo, Lívia, como amo a Emanuelle – passa a mão na bolsa que carregava o fruto do lindo amor de ambos. Mas, dessa vez a olhou sério – A Elite é o nosso sustento! Você sabe, Lívia. Eu preciso disso para dar uma vida melhor ao nosso bebê. Por favor, entenda.
LIVIA: Mas esses comentários/
HUGO: (interrompendo-a) Não! Nem ouse continuar… Você sabe que meu relacionamento com Belinha é apenas profissional, e nunca irá passar de uma amizade. Eu te amo, faço tudo por você!

Mesmo com as declarações e provas de amor de Hugo, Lívia continuava com sua angústia… Todos comentavam do possível amor de Hugo e Belinha. Mas, ela teria que acreditar nas palavras de seu marido. Antes que Lívia pudesse responder, era hora de iniciar o show, Hugo desvia-se de sua esposa e vai interromper os últimos ensaios que Belinha estava fazendo.
Lá de dentro dava para ouvir aquela melodia contagiante, com uma letra que poucos entendiam, mas que o Brasil amava:

“Oh Oh Cuidado que a Roda te pega, meu bem…
A Roda é perigosa e pode roubar e derrubar seu coração para o além,
Cai Você, cai ele, cai eu Também!”

HUGO: Vamos, vamos, vamos… Está na Hora, Belinha.
Belinha sem se exaustar, antes de caminhar para o palco, beija a testa de Hugo, falando:
BELINHA: Eu te adoro, meu produtor.
Hugo responde apenas com um sorriso, pois Belinha já estava a caminho para o grande público.
Hugo, agora sozinho por ali, procura com os olhos onde supostamente estava Lívia. A encontra no fim do corredor com seus passos curtos e inseguros de sempre. Não dava mais tempo de alcança-la.

CENA 4
Lívia sai pelas portas dos fundos protegidas por inúmeros seguranças, lá Wulísses a encontra.

WULÍSSES: Lívia, Lívia.
LÍVIA: Wulísses Borges você por aqui? Pensei que estivesse no camarote com os outros políticos.
WULÍSSES: E eu estou, e vim te convidar… Garanto que seu ‘maridinho’ não lhe ofereceu nada melhor.
Lívia não pode responder nada, e foi levada pelas mãos por Wulísses.

CENA 5
Lá fora, Raul Oliver e Carmélia Lozano não paravam de dar flash’s para o palco mesmo com a cortina fechada. Como bons jornalistas não podiam perder sequer um segundo daquele momento histórico.

RAUL: Eu nem acredito que isso está acontecendo. Vou tirar milhões de fotos, vai sair de capa no Jornal da semana!
CARMÉLIA: Do que adianta? O DIP vai controlar tudo e a todos, se duvidar nem vai permitir a divulgação dessas fotos.
RAUL: Larga de ser desanimada, Carmélia! Até o Getúlio esta presente. Acredito que agora uma nova época virá!
Carmélia fica quieta após dar um murmúrio de rejeição… Sabia que aquilo era mais uma estratégia para ludibriar o povo, dessa vez, era novidade, que não poderia perder por nada.
CARMÉLIA: O que será que dessa vez Vargas está aprontando, hein? – pensa alto, a ilustre jornalista da década de 40.
Raul nem da ouvidos, pois a cortina começa a se movimentar… É agora, a Grande Hora!
RAUL: É agora Carmélia, é agora! Belinha Alcântara vai entrar! – mais Flash’s.

CENA 6
Hugo, tranquilizado que conseguiu colocar Belinha no palco na hora certa, escora-se na quina do camarim para respirar… Tudo silêncio por lá. Ou melhor, não, dava para ouvir os gritos do povo ao lado de fora, era um momento tão emocionante do povo brasileiro, que Hugo seguindo em direção para o corredor que dava acesso a coxia do palco, decide ver de camarote privilegiado a entrada triunfal de Belinha.

Quando pode ver o palco, ainda com as cortinas fechadas, seus olhos arregalaram com a cena. Lá estava ela: Belinha com uma faca cravada em seu pai, ainda de pé, semi tonteando para cair.

Sem pensar duas vezes, Hugo corre até ela para tentar salva-la. Nos olhos de Belinha passavam imagens deslumbrantes de uma mulher que nem sequer conhecia, correndo em alta velocidade nas ruas, (suposta mulher mostrada na cena 1) Era como o sinônimo de liberdade. Inexplicável. E não poderia dissertar essa experiência a mais ninguém, pois era seu fim.

Hugo, uma vez parado em frente à Belinha, as cortinas vão se abrindo lentamente. Era certo. O Brasil se chocou. Uma imagem que seria guardada pelo resto dos anos na história do Brasil. Sim, Hugo supostamente teria assassinado a estrela, Belinha Alcântara.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Hugo é levado para a prisão acusado de homicídio da cantora mais amada do país. Lívia sem rumo recebe uma proposta de casamento que poderá salvar sua vida. Carmélia não acredita que Hugo assassinou Belinha. Mais calmo Hugo recorda comportamentos estranhos e duvidosos de Belinha segundos antes de sua morte. Hugo fica frente a frente dos fãs idolatrados de Belinha.

Não perca, é amanhã as 21horas, o Segundo Capítulo de ‘Palavra de Honra’.

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