Capítulo 02 – Paixão Fatal

Temer ou não Temer

CENA 1. CASA DE CRISTINA/SALA/DIA.
Continuação do capítulo anterior…
Cristina está indignada com a atitude da irmã.
CRISTINA — Marina, por favor, você não sabe com quem está se metendo. Os Villaça são poderosos, e você não passa de uma mulher simples que acabou de sair da prisão. Você precisa reconstruir sua vida, longe deles.
MARINA— Você acha que eu vou aparecer assim, na frente dele? Com esse rosto desfigurado. Eu já pensei em tudo.
CRISTINA — Isso pode complicar nossa família, Marina.
MARINA— Isso não tem nada a ver com você e com o Davi, é só entre eu e os Villaça.
CRISTINA — Eu vou começar a trabalhar no Villaça Palace como camareira.
MARINA— O quê?
CENA 2. ESCRITÓRIO VILLAÇA/DIA.
Altino e Saulo se entreolham. Artur entrega um Jornal para Saulo.
ARTUR— Saiu hoje nos jornais.
SAULO— Maldita, assassina.
ALTINO— Eu temo que ela venha atrás de vingança. E isso pode se tornar um escândalo para os seus negócios.
SAULO — Ela jamais se meteria com os Villaça novamente.
ARTUR— Não sei por que, mas eu sinto que aquela garota não tinha coragem de matar duas pessoas, a troco de que ela faria aquilo?
SAULO— Então quem matou a sua mãe e a sua irmã, Artur? Eu não suporto essa sua generosidade excessiva.
ALTINO— Ela pode ter sido rejeitada por sua mãe. Se ela disse que estava procurando emprego. Provavelmente a Alice não aprovou o perfil dela… Ela pode ter se vingado.
SAULO— Vamos parar com essa conversa, a polícia já fez o que tinha que fazer. As digitais da arma eram dessa Marina.
ARTUR— Eu tenho certeza que ela foi presa injustamente. Com licença.
ALTINO— Você tem certeza que o Artur é a pessoa certa para assumir seus negócios?
SAULO— A minha preocupação agora não é essa… Você acha mesmo que ela terá coragem de se vingar de mim?
ALTINO— Espero que não, Saulo.
CENA 3. CASA DE CRISTINA/SALA/DIA.
CRISTINA— Isso mesmo que você ouviu. A minha última patroa faleceu e eu fui despedida. E além do mais pagam bem.
MARINA— Eu não acredito que você teve coragem de fazer isso. Esse homem me colocou na cadeia, Cristina.
CRISTINA — Eu sei, eu sei disso. Eu sei que você não matou a Alice e a Susana, mas eu não posso ficar desempregada… O dinheiro que o Davi ganha na venda do seu Honório não dá para sustentar a gente, mas ajuda um pouco.
MARINA— Eu não pretendo ficar por muito tempo. Eu só preciso falar com uma pessoa, pra começar a me vingar do Saulo.
Nesse instante Lídia, amiga de Cristina, entra atordoada na sala.
LÍDIA— Cristina, você precisa vim correndo.
CRISTINA — O que aconteceu, Lídia?
LÍDIA— O Davi foi atropelado.
CRISTINA — Ai meu Deus, meu filho.
As três saem correndo para o local do atropelamento.

CENA 4. MANSÃO SANTELLI/SALA DE JANTAR/DIA.
Wanda e Ernesto Santelli estão tomando café.
WANDA— Você não vai para o banco, hoje?
ERNESTO— Não, hoje eu tenho uma reunião com Saulo Villaça. Sobre a inauguração do Villaça Palace… O Bruno já acordou? Já foi pra faculdade?
WANDA— Está dormindo. Acho que chegou tarde ontem.
ERNESTO— Um homem não acorda tarde… Neide?
NEIDE— Sim senhor.
ERNESTO — Acorde o Bruno, ele está atrasado para o café.
WANDA— Ernesto você não vai fazer isso/
ERNESTO— Não só vou, como estou mandando. Neide, por favor.
WANDA— É por isso que vocês não se entendem. Você não ajuda.
ERNESTO — O problema é que você mima demais o seu filho. Parece um vagabundo que não quer nada com a vida.
WANDA— Nosso filho… Ele quer administrar os negócios dos Villaça. Isso não basta?
ERNESTO — Eu não entendo esse interesse pelos Villaça. Ele tem que ser um banqueiro assim como eu e meu falecido pai.

CENA 5. MANSÃO VILLAÇA/SALA/DIA.
Sofia desce as escadas e encontra a mãe.
SOFIA— Estou pronta, mame.
MADÁ— Você está linda, minha princesa.
ODETE— A senhora vai sair?
MADÁ— Não é da sua conta, Odete.
ODETE— Eu só queria saber o que eu faço pro almoço.
MADÁ— O preferido do seu patrão. Hoje eu quero que ele se sinta ótimo. O dia reserva grandes surpresas.
Madá e Sofia saem.
CENA 6. RUA/DIA.
Cristina se ajoelha no chão e levanta o filho.
CRISTINA — Davi, meu filho, você está bem? Se machucou?
DAVI — Não mãe, eu tô bem.·.
JULIANA— Foi horrível, Cristina. Eu estava passando quando de repente o carro pegou o Davi. Eu mandei minha mãe chamar a senhora o mais rápido possível.
CRISTINA — Obrigada Juliana e Lídia. Vocês realmente são minhas amigas de verdade. Que susto, meu filho.
DAVI — Tá bom, já chega. Não quero que isso vire um escândalo, eu tô bem.
CENA 7. CASA DE CRISTINA/SALA/DIA.
Estão na sala Marina, Lídia, Juliana e Cristina que segura o braço sangrando de Davi.
CRISTINA — Seu braço tá sangrando, Davi. Eu preciso fazer um curativo.
DAVI — Mãe, para de vexame, é só um arranhão. Que saco.
MARINA— Respeita sua mãe, garoto.
DAVI — Quem é você, pra me dizer como eu tenho que falar com minha mãe? Não passa de uma ex-presidiária.
MARINA— Olha aqui garoto. Você tá precisando de um bom/
CRISTINA — Davi, Marina. Querem parar com isso?
MARINA— Eu não sei o que aconteceu com a educação que você deu a esse garoto mal-educado.
CENA 8. MANSÃO SANTELLI/SALA DE JANTAR/DIA.
Bruno se senta à mesa.
WANDA— Bom dia, meu filho.
BRUNO— Bom dia, mãe.
Bruno beija a mãe.
ERNESTO — Chegou tarde ontem de novo?
BRUNO— O que é isso pai? Vai controlar minhas chegadas agora? Eu estava com os amigos.
ERNESTO— Enquanto você estiver morando nessa casa, comendo e bebendo, e com todas as mordomias a seu favor, você tem que obedecer a rotina dessa casa.
WANDA— Ernesto, o que é isso? Está querendo travar uma guerra com o seu próprio filho?
ERNESTO— Pensem como quiser. Eu só não quero um filho moleque de 24 anos irresponsável.
BRUNO— Não se preocupe, meu pai. Eu pretendo ir embora logo, logo. E querendo ou não, você ainda vai ouvir falar de Bruno Monteiro, diretor do Villaça Palace.

João David Alves

Nunca reveles com facilidade o teu pensamento, nem executes nunca o que bem não tenhas ponderado. - William Shakespeare

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