Capítulo 02- O Gemido
O Gemido
Episódio 2
É manhã novamente na cidade de Uoborogodó, todos na casa do Seu Agenor comenta o acontecido na noite do comício do Prefeito Joaquim
Clementina: Mar meu Deus do céu, o que satanás foi aquilo ontem? O tirinete de tiro truou no ar
Vitório: Num é, mamis? Eu tive um medo e corri mais Florzinha pra casa. Agora eu vou pro meu quarto pra estudar pra ser um dôtor
Clementina: Muito bem, filhinho, picuchinha da mamãe
Casa do Prefeito Joaquim/ Quarto
Joaquim: . . . Mais ainda bem que já passou, né?
Maria se senta na cama
Maria: Ô vida, ô céus, ô desespero. A rural de Duda passou por aqui, levantando um poeiriço da molesta, fazendo redemoinho e enchendo a casa de areia, de novo, você pode mandar chamar a bichinha de Dona Luzia pra fazer a faxina?
Joaquim: Da próxima vez feche a porta
Maria olha pra Joaquim com muita raiva
Joaquim: Hein? Eu quis dizer que vou lá fora ver o movimento, minha siriguela com sal
Maria: Hm. Anbom
Joaquim: Chamego. . . Venha aqui. Se aprochegue. Você ta tão triste. . . Me diga o que foi, pelas caridade.
Maria: Hm? Não, nada. . . É porque você não me dá mais preço. . . Num diz que me ama, que gosta de mim.
Joaquim: É o fresco? E eu num chamo tu na chincha todo dia, muié?
Maria: E isso é amor? Figa cão. Eu quero uma declaração que nem os mocinhos nas novelas da Grobo. . .
Severina se declara para Joaquim pensando no Coronel Zé
Maria: Eu te amo como nunca amei ninguém nem vou amar nessa vida. Eu te quero mais que tudo. Apesar de tudo, é, que eu amo você. Você ta me entendendo, Joaquim?
Joaquim se declara para Maria pensando em Severina
Joaquim: Meu amor! Você sabe que eu te amo tanto que meu coração por ti não bate, ele capota e vira por cima?
Maria: Hm
Joaquim: O que seria da minha vida sem tutano, para que eu possa sustentar-me de pé?
Maria: Votz. E isso é declaração?
Joaquim: Minha querida, o que eu quero é “a mala” no resto da minha vida, e digo mais! É tanto amor aqui dentro que chega dá nojo
Maria: Vixe, homem. . . Meu bucho ta apregando no espinhaço. Vamos logo lá na feira pra eu comprar o que ta faltando pra fazer uma galinha guisada, uma carne passada na manteiga da terra, uma farofinha de toicinho. . . Menino, vou preparar um banquete pro meu marido amado
Casa do Coronel Zé/ Quarto/ Sala
O Coronel Zé desce as escadas nervoso pelo o atraso da Severina
Zé: Vamo ver, muiér. Nóis vamos perder as mior coisas da feira
Severina chega a sala muito braba
Zé: Tais pronta, muié? Parece que ta indo prum forró
Severina: Ai, Zé. . . Só queria ficar bonita pra você
Zé: Com essa zapragata aí? Que foi, filha? Quecocê tem?
Severina: Você nunca mais falou que me ama. . . Antes, quando a gente namorava, era meu benzinho pra lá. . . Meu cacho de acerola doce pra cá. . . Minha flor do agreste. . . Agora você rir de mim. . . Tanto que eu te amo, te respeito! Para mim, você é o único homem da face da terra.
Zé: Que é, home? Que diabo de história é essa, meu presentinho? O cão da tua mãe ta conversando aresia de novo, é? Aquele tambor de criar tejo?
Severina: Zé! Não fale assim de mainha! Ela num tem fé de falar que você é genro dela
Zé: Ta bom, ta bom
Severina: Filhinho. . . Você não gosta mais de mim? Você tem outra?
Zé: Eita, meu amor. . . Que história. . . Tu sabe que eu te amo e que até dormindo eu quero beijá-la-te!
Severina: Como é, Zé? Você ta me mandando latir?
Zé fala pensando em Maria
Zé: Meu amor por você é mais seguro que bíblia debaixo de sovaco de crente. Quando estou com você meu coração bate mais ligeiro que coice de bacurim e carreira de preá
Severina: É o que, homem?
Zé: Meu amor por você é mais forte que touro capado, mais firme do que cachorro engatado! Por você eu não nem um prego! Eu. . .
Severina: Já entendi, filhinho. Deixe pra lá, Vamos pra feira
Budega de Seu Adamastor
Seu Adamastor: Ora, Severina comprou aqui esse mês e não pagou ainda, ô muiér veaca
Inácio: Calma, painho. Ela vai pagar. Painho, e mainha? Num deu mais noticias não?
Seu Adamastor: Deu não, oh farta que aquela muié me faz, depois que carregaram ela de longe de eu foi só pra sofrer
Inácio: Eu ainda sofro, painho. Tô indo lá na feira agora comprar umas coisa pra cá, se Severina tiver por lá. . .
Seu Adamastor: Ta certo, Inácio.
Inácio: Volto logo, painho
Seu Adamastor anota algumas coisas no seu caderninho e começa a chorar lembrando da mulher dele, a Dapaz, e uma mulher misteriosa chega a sua budega
Dapaz: Aqui é a budega do Seu Adamastor?
Seu Adamastor: É sim. . . Ta precisando de alguma coisa?
Ele sota um vaso que tinha acabado de pegar em mãos
Seu Adasmastor: VOCÊ???
Ele desmaia no chão