CANTIGA DE AMOR – edição especial: capítulo 16
Cena 01: Floresta próxima ao Povoado das Hortaliças. Tarde.
Pero – Nós também iremos com vocês até o porto, até Jerusalém, até onde for preciso para sermos felizes!
Agnella, Gregório e Valentina ficam surpresos.
Inês – Por mais que eu ainda não tenha me acostumado a ti, garota, eu concordei com Pero. Eu estou disposta a fugir pra bem longe!
Valentina – Eu não tenho palavras para te agradecer por tudo o que fizeste por mim, por nós até agora. E depois disso, então… Eu confesso que nunca esperei que alguém pudesse ser tão prestativo como tu, Pero. Realmente meu sentimento de gratidão por ti é enorme, e eu espero poder retribuir algum dia.
Inês – Ele é prestativo até demais, viu, garota? Não abusa que só estamos fazendo isso porque precisamos!
Pero – Quieta, Inês! E, Valentina, não precisas te preocupar. Eu tenho certeza de que me retribuirás.
Gregório – Mas então, Pero? Tu disseste que iremos em tuas carroças. E quanto aos mantimentos para a viagem?
Pero – Apesar de todos os impostos que nós camponeses pagamos, eu tenho um quantidade interessante de alimentos como reserva. E de água, também.
Agnella – Então, vamos! Vamos logo!
Valentina – Calma, Agnella! Não podemos sair daqui agora. Já vai escurecer.
Pero – Partiremos amanhã, muito cedo, mas muito cedo mesmo.
Gregório – Não podemos ser vistos. E há o detalhe que íamos esquecendo: as nossas roupas. Não podemos viajar com essas vestes que denunciam nossa origem.
Pero – Isso eu posso resolver também. Eu e Inês, não é, minha flor?
Inês – Ah, tudo bem, tudo bem! Eu pego umas roupas para as duas (fecha as mãos em sinal de amém) irmãs.
Valentina – (Irônica) Muito obrigada, querida.
Pero – E então? Tudo certo?
Gregório – Acho que sim.
Valentina – Com certeza. Amanhã, partiremos rumo à liberdade definitiva.
Pero – Rumo ao amor!
Agnella – Rumo ao meu amor…
Os cinco trocam sorrisos, que variam entre largos sorrisos, sorrisos irônicos e sorrisos contidos.
Cena 02: Povoado das Hortaliças. Casa de Enzo.
Enzo está pasmo.
Enzo – Casar? Essa é a tua proposta? Casar-se com Agnella?
Prudência – Meu rapaz, infelizmente isso será impossível. Já viste que nossa filha ficará no convento, e…
Enzo – Espera, Prudência! Adelmo, eu gostei de tua proposta. E eu admito que cheguei a cogitar com Prudência o teu casamento com Agnella, logo depois do fim do seu noivado com Gustavo. Porém, teu acidente atrapalhou nossos planos, e… (Os olhos dele brilham um pouco) Calma aí! Tu sabes onde nossa filha está?
Adelmo – Sim, eu sei. Acabei de descobrir.
Prudência – Então nos diga!
Adelmo – Se os senhores aceitarem o meu pedido…
Enzo – Eu aceito! Por mais que isso esteja me parecendo uma chantagem, tu não és um mau rapaz. E realmente amas Agnella, afinal nenhum outro homem no mundo se disporia a casar-se com ela, mesmo depois de descobrir seu pecado com outro.
Prudência – Marido, nós já havíamos decidido pelo convento… E quando a irmã Francisca souber disso? Ela pode não aceitar, ela pode desconfiar disso…
Enzo – Não importa! Eu já decidi. E então, Adelmo, onde Agnella está? Leve-nos lá agora.
Adelmo – Infelizmente isso não será possível.
Enzo – Por quê?
Adelmo – Já irá escurecer, e o caminho pode se tornar perigoso. Porém amanhã bem cedo eu irei com o senhor e a senhora para buscar Agnella.
Prudência – Bem, já que é assim… (Tem uma lembrança) Mas, Adelmo, diz-me uma coisa: no lugar onde viste Agnella, tu não viste os outros dois fugitivos? O seminarista e a noviça?
Adelmo – Dois fugitivos? Ah, eu ouvi minha mãe e Leonor conversando sobre isso! Mas eu não vi ninguém mais além de Agnella.
Enzo – Mas nossa filha não conseguiria se manter longe de nós, escondida, se não estivesse acompanhada. Com certeza os dois Jonas – não foi esse o homem da Bíblia que fugiu de Deus? – estão por lá. Sabe de uma coisa, Adelmo? Nós cumpriremos nosso dever: antes de irmos a esse lugar, passaremos na igreja e avisaremos ao padre sobre essa descoberta. Deus há de se agradar de nós e guardar um espaço no paraíso por essa boa ação…
Adelmo – Então está certo. Até amanhã.
Enzo – Passar bem.
Cena 03: Dia seguinte. Igreja del Fiume. Manhã cedo.
Santorini, Francisca, Edetto, Izabella e Ricardo estão acompanhados de Adelmo e Enzo.
Santorini – Então vocês acharam os três fugitivos?
Adelmo – Sim, eu os encontrei. Na verdade, apenas a Agnella, mas eu acredito que eles estão juntos.
Edetto – Graças a Deus teremos nossa serva novamente!
Francisca – Diz-me apenas uma coisa: quando isso aconteceu? Pela madrugada? Por que vocês nos avisam apenas agora?
Adelmo – Ontem ao final da tarde, irmã Francisca. Não pude vir aqui porque iria ficar escuro.
Francisca – E tu tens certeza de que eles ainda estão lá?
Santorini – Irmã Francisca, não seja inconveniente.
Ricardo – Vamos dar crédito a esse rapaz. Tu podes nos levar até o local?
Adelmo – Claro.
Enzo – Eu só gostaria de fazer um pedido ao senhor, padre, e à irmã Francisca. Diz respeito a Agnella.
Francisca – Pois não? Será que é o que eu estou pensando?
Enzo – Talvez sim, talvez não. Não sei o que a senhora pensa. Eu e Prudência decidimos voltar atrás de nossa decisão e gostaríamos de retirar nossa filha do convento.
Francisca – Depois que ela fugiu? Não achas que essa atitude merece castigo?
Enzo – Não me refiro a isso, irmã. O castigo de Deus chega para todos, inclusive para ela. Mas seria bom se ele viesse fora do convento. Nós achamos melhor que ela se casasse com Adelmo.
Francisca – Ah, entendi tudo… Eu irei pensar, meu caro. Mas primeiro temos que encontrar os desaparecidos.
Izabella – É, pelo menos casada com outro camponês a vossa filha estará definitivamente afastada de Gustavo. E quando ele voltar da Guerra, não correremos mais nenhum risco de misturarmos as nossas famílias.
Enzo – Para a informação da senhora, o último dos meus planos era ver minha filha com o seu. Ainda mais depois do que aconteceu…
Edetto – Aconteceu alguma coisa que nós já não sabemos?
Ricardo – Com licença, os senhores irão me desculpar, mas quanto mais tempo ficarmos aqui, menos chance temos de capturar nosso alvo.
Santorini – O senhor tem razão, bispo. Eu só gostaria de fazer uma coisa antes de irmos. Edetto, tu podes mandar um dos teus homens ir até o Povoado de Buon Terreno? Prometi ao pai de Gregório que o informaria acerca das novidades.
Edetto assente.
Santorini – Bem, então partamos. Temos um trabalho a fazer.
Cena 04: Termes. Casa de Giancarlo.
Antes mesmo do café da manhã, Cecília foi até o quarto de Gustavo.
Gustavo – Por que tu estás aqui a essa hora? Teu pai ainda está em casa. Não é perigoso?
Cecília – Sim, sim. Mas é que eu não preguei meu olho esta noite. Eu precisava conversar contigo. Eu pensei bastante acerca do que aconteceu ontem, e eu não vejo outra saída a não ser contrariar meu pai e abdicar desse tesouro, se for para não fazer ninguém sofrer.
Gustavo – Não! Se fizeres isso por mim, será tu quem irá sofrer. Eu não permitirei que isso aconteça. Talvez a solução seja mesmo aceitar esse casamento e deixar de lado o sentimento que eu…
Cecília – Pelo visto essa situação é difícil para nós dois.
Eles ficam um momento em silêncio, até que Cecília toma coragem.
Cecília – Talvez haja uma solução para isso. No entanto, ela vai contra a vontade de meu pai…
Gustavo – No que estás pensando? Diz, pode ser que a tua ideia não desagrade tanto ao senhor Giancarlo.
Cecília – Meu pai não disse ontem que ele possuía um mapa do tesouro? E se nós conseguíssemos esse mapa e encontrássemos o tesouro sem precisarmos casar?
Gustavo – Mas isso não seria roubo?
Cecília – É esse o meu medo… Porém, eu pensei muito… Será que nossos avós gostariam de nos ver tristes?
Gustavo –É… Eu acho que não. Nossos avós…
Cecília – Esse tesouro foi deixado a nós por nossos avós, e, talvez, se eles estivessem vivos, não concordariam em nos privar dele somente por causa de um acordo. Um acordo importante, sem dúvida, mas que se esqueceu de levar em consideração as nossas próprias vidas…
Gustavo – (Admirado) Realmente, tuas ideias divergem das ideias das outras pessoas. E sabe de uma coisa? Eu acho que concordo contigo. Mas olha só: eu não posso enganar a teu pai. Não posso assumir esse compromisso, sendo que não estou disposto a cumpri-lo. Eu não posso aceitar isso.
Cecília – Gustavo, talvez essas nossas tentativas anteriores foram vãs. Nós não precisamos dizer nada, não surtirá efeito! O compromisso já foi assumido. Não nos cabe aceitar o que já é certo. O que podemos nos arriscar a fazer é… Quebrá-lo. Mas por uma boa causa: a felicidade.
Gustavo – Isso. A felicidade… (Pensando) Qual o preço dela? Será que é justo?
Eles sorriem e se abraçam.
Cena 05: Floresta próxima ao Povoado das Hortaliças.
O padre e a comitiva chegaram às proximidades da casa de Pero. Ganharam a companhia de Prudência.
Adelmo – Padre, Enzo, Prudência, foi ali que eu vi Agnella. Na floresta.
Prudência – Minha filha… Na floresta. Quantos riscos ela não correu?
Edetto – Vamos! Da maneira como a nossa serva é, ela deve saber muito bem se embrenhar na floresta para se esconder. Mas dessa vez nós a pegaremos de surpresa.
Santorini – Esse é o momento.
Francisca – Está na hora de ajustarmos as contas com esses infiéis.
Guiados por Adelmo, eles se infiltram na floresta. Chegam ao local do esconderijo.
Ricardo – Mas não há ninguém aqui!
Adelmo – Como assim? Eu vi Agnella nesse lugar, ontem! Ela estava bem aqui, mexendo nas plantas!
Francisca – Eu sabia que não podíamos confiar em ti. Mentira também é pecado, sabia, rapaz?
Adelmo – Que motivo eu teria para mentir, se tudo o que eu quero é ter Agnella perto de mim?
Enzo – Eu confio nele. Se minha filha não está aqui, conforme Adelmo havia dito…
Izabella – Então ela fugiu. Junto com os outros dois. (Raivosa) Mais uma vez!
Edetto – Mas Valentina não continuará levando a melhor sobre nós!
Santorini – O senhor pensa em procurá-la novamente? Como fará isso? Não sabemos onde eles estão. Se estão perto, se estão longe, para onde foram…
Prudência – Eu quero a minha filha de volta aqui!
Edetto – Eles devem ter seguido pela floresta. Deve haver árvores remexidas por aqui. Eu irei procurar.
Francisca – Lamento, mas irás apenas perder teu tempo. Se eles sabiam que haviam sido descobertos, com certeza não estão mais por aqui. Se estiverem na floresta, seus rastros já despareceram.
Edetto – Diga isso pela senhora. Eu cansei de esperar por suas providências, sempre falhas! Procurarei eu mesmo.
Izabella – Edetto, eu acho que dessa vez a irmã tem razão.
A contragosto, Edetto cede.
Santorini – Vamos sair daqui. Esse lugar não é nada agradável.
Cena 06: Arredores do Povoado das Hortaliças.
Ao saírem da floresta, a comitiva do padre se encontrou com Ottavio.
Ottavio – (Esperançoso) E então, padre? Onde está meu filho?
Santorini – Infelizmente, a notícia não é boa. Parece que ele fugiu novamente.
Ottavio – Oh meu Deus… O senhor tem certeza, padre?
Francisca – Do que temos certeza é que a rebeldia dele e das outras duas só cresce.
Ottavio – Por favor, não digas isso. Meu filho não é rebelde. Ele só está confuso, não é, padre?
Santorini – Pode ser que sim, meu filho.
Ottavio – Mas e agora? O que vocês farão?
Edetto – Iremos continuar procurando, não é mesmo, padre?
A irmã Francisca está olhando para a casa de Pero.
Francisca – Curioso…
Ricardo – O que aconteceu, irmã?
Francisca – Padre, não foi Pero quem nos apresentou Valentina como sua familiar? E olha só onde ela se escondeu: próximo à casa dele. Será que são coincidências? Ou esses fatos se relacionam?
Santorini – Devo reconhecer que a senhora tem um pouco de razão. Acho que devemos questioná-lo sobre isso. Ele terá que nos responder algo.
Eles se dirigem à casa de Pero. Batem na porta. Ninguém atende. Nesse momento, Leonor e Simone chegam, vindas do povoado.
Leonor – Acho que ele não está aí.
Santorini – Como disse? Ele não está aqui? A senhora o viu saindo de casa?
Leonor – Não vi, não. Não hoje. Mas vi ontem. O senhor já o procurou ali, na floresta?
Santorini e Francisca se olham.
Francisca – Por que na floresta?
Simone – (Fala como se contra a vontade) Inês estava se encontrando com ele na floresta, às escondidas.
Francisca – Eu sabia, padre! Quando eu a vi ontem à tarde, correndo feito louca, eu desconfiei de algo errado. E eu não duvido que ela tenha vindo para cá. Estou certa, Leonor?
Leonor – Bem, isso eu não sei. Mas não acharia estranho, não. Sua mãe, ela e eu tivemos uma pequena discussão ontem e ela saiu de casa esbravejando que dependia apenas de Deus, que não dependia de sua mãe. Olha quanto disparate!
Simone – E hoje eu fui em sua casa, e ela não estava! Por isso eu e Leonor viemos até aqui para ver se ela se encontrou de novo com o camponês!
Santorini – Meu Deus! Eu não esperava isso deles dois. Porém eles não estão lá. Acabamos de vir da floresta, à procura daqueles fugitivos, a quem Adelmo diz ter visto no local, mas não havia ninguém.
Simone – Os fugitivos, filho? Por que não me contaste nada sobre isso?
Adelmo – Porque eu só soube ontem, mãe. E queria dizer ao padre em primeiro lugar.
Enzo – As senhoras irão me desculpar, mas nosso assunto é mais importante do que o seu. A minha filha está desaparecida no meio da floresta, e corre perigo!
Edetto – E minha serva está no meio disso.
Simone – Será que vocês não entenderam? Minha filha também não está por aqui.
Izabella – Ah, minha senhora, com certeza ela deve ter ido dar um passeio por aí.
Simone – Não, não… Quando eu fui ao quarto de Inês procurá-la… Não encontrei suas roupas.
A irmã Francisca volta a observar a casa de Pero.
Francisca – Onde Pero está? Até onde me lembro, ele possui duas carroças. Não as vejo aqui, e também não vejo nenhum cavalo. O senhor não acha, padre, que aonde quer que ele fosse, somente precisaria de uma carroça?
Santorini – Sim, mas qual o problema de as duas não estarem aí?
Leonor – Eu entendi o que a irmã quis dizer. Ela acha que Pero fugiu com Inês, depois que eu e sua mãe os descobrimos. Estou certa?
Francisca –Estás sim. Só que eu não penso apenas isso. Se ele queria fugir com a… Garota… Teria precisado de apenas uma carroça. Mas como ele usou as duas…
Edetto – Ele foi acompanhado de mais três pessoas.
Francisca – Estavam todos eles, desde sempre, mancomunados. Não me surpreende terem ido embora juntos.
Santorini – É, irmã, o que dizes faz sentido. Mas há um problema: para onde eles teriam ido?
Francisca – Bem, não posso afirmar nada com certeza. Todavia, pude notar o comportamento da nova noviça, a Agnella. Ela não pensava em nada a não ser no filho de vocês, Gustavo.
Izabella –Por favor, podemos esquecer o que esses dois fizeram? Ambos já estão livres um do outro. E a questão aqui não é Gustavo. É Iasmin, ou Valentina.
Prudência – Mas a irmã está certa. Agnella ainda não havia se recuperado dos seus sonhos amorosos. Eu só não entendo qual pode ser a relação disso com a situação atual.
Francisca – Ela ainda não havia se recuperado, realmente. E todos os dias eu a ouvia comentar que iria encontrar Gustavo.
Adelmo – Sim. Ela repetiu isso várias vezes no dia em que a encontrei.
Francisca – E durante todo esse tempo, ela esteve ao lado de Gregório…
Santorini – Que sabia que Gustavo foi para a Guerra Santa, em Jerusalém.
Enzo – Ah, não. A senhora acha então que ela saiu daqui em direção a um lugar tão longe?
Francisca – Essa é a única coisa em que consigo pensar. Talvez quem conheça bem os outros saiba de alguma coisa. Inês ou Gregório não tinham nenhum lugar para os quais fugir?
Simone – Minha filha nunca foi além desse povoado.
Ottavio – Meu filho até conhecia vários lugares diferentes, mas todos se localizavam entre o seu seminário e o povoado onde eu moro.
Santorini – Só que o caminho até o seminário de Gregório é o mesmo que percorremos para chegar ao porto…
Francisca – Então não há mais o que esperar. Precisamos ir atrás deles. O quanto antes.
Santorini – E qual a viabilidade disso, irmã? E a igreja? E o convento?
Ricardo – Eu posso designar alguém para cuidar da igreja pelo senhor, se o senhor quiser ir. Ou eu mesmo cuido.
Francisca – E eu falarei com a irmã Gertrudes. Ela tocará o convento enquanto estiver fora.
Enzo – Nesse caso, eu também irei com vocês. Preciso resgatar a minha filha dessa loucura.
Prudência – Vá, marido. Eu ficarei. Rezando por ti e por nossa filha.
Edetto – Não preciso nem dizer que eu e minha mulher também iremos em busca de nossa serva.
Adelmo – Eu também vou. E a senhora não precisa se preocupar comigo, mãe. Eu ficarei bem, e prometo trazer Inês da mesma maneira de volta para casa.
Simone – Tudo bem, meu filho. Eu e Leonor ficaremos aqui, rezando por ti. Apenas… Tome cuidado, tá?
Adelmo – Tudo bem, mãe. A senhora pode ficar tranquila.
Ottavio – Eu também ficarei por aqui. Não me sinto bem fazendo essas viagens longas.
Leonor puxa Ottavio para o lado.
Leonor – Seremos dois, então, senhor Ottavio. Quero dizer, três, com minha amiga. Ah, me desculpe. Com essa correria toda eu nem me apresentei. Prazer, meu nome é Leonor.
Ottavio – Muito prazer, senhora. Vejo que já sabes meu nome.
Leonor – Sim, sei. E o senhor pode me chamar de senhorita mesmo. E essa daqui é Simone.
Simone – Ah, prazer. Tudo bem?
Ottavio – (Um pouco constrangido) Tudo, sim. As senhoras, digo, a senhora e a senhorita podem me dar licença um pouco?
Simone – Claro, sinta-se à vontade.
Leonor – Qualquer coisa, estamos aqui.
Ottavio sai e se junta ao padre, à freira, ao bispo e aos pais de Gustavo. Adelmo se junta a Simone e Leonor, enquanto Enzo e Prudência se aproximam.
Santorini – Meus queridos, eu os espero o mais rápido possível em frente à igreja. Temos que encontrar os Jonas e retirá-los desse caminho, e pelo menos tentar entender o que eles fizeram. Talvez um pouco de reflexão na barriga de uma baleia seja o que eles necessitam, mas para sabermos precisamos achá-los. E aos que ficarem, não se preocupem. Nós iremos trazer seus filhos sãos, e, com a justiça de Deus, salvos.
Cena 08: Estrada.
Duas carroças andam por uma estrada. Sobre elas, cinco passageiros.
Agnella – (Apertando seu olho ao máximo, para enxergar longe) Não iremos demorar, não é?
Valentina – (Olha para trás) Não. Se demorarmos, seremos pegos.
Pero – Não há por que nos preocuparmos. Saímos bem cedo. Acho difícil que descubram para onde estamos indo. Mas, em todo caso…
Inês – Estamos na frente. Quantos dias tu disseste que irá demorar, seminarista? Dez dias?
Gregório – Isso mesmo. Que Deus nos proteja, e nos guarde em paz até o nosso destino. Tenho certeza de que tudo vai dar certo.
Pero – Avante, meus caros, avante! Avante nós seremos felizes!
Cena 08: Termes. Casa de Giancarlo.
Mesa do café da manhã.
Gustavo – Senhor Giancarlo, eu refleti sobre minha atitude, e decidi pedir perdão ao senhor pelo que fiz ontem.
Cecília – Eu também, pai. Reconheço que também errei.
Giancarlo – Tudo bem. De toda forma, qualquer tentativa de vocês de mudar seus destinos teria poucas chances de ser bem sucedida… E eu sabia que vocês têm consciência e entendem a importância de respeitar as decisões dos nossos pais, e avós. Eu só te peço, caro… Gustavo… Que não me seja uma decepção.
Gustavo –Eu não serei um problema para o senhor, de modo algum. Mas…
Giancarlo – (Firme) Assim espero. Aquela conversa de ontem me fez ter mais certeza das convicções às quais me referi agora. E, por isso, decidi: selaremos novamente em dez dias o compromisso do teu casamento com Cecília,quando vocês noivarão.
Gustavo e Cecília ficam surpresos, mas administram suas expressões.
Cecília – O senhor é quem é responsável por tudo, pai. Se o senhor quer assim, assim seja.
Enquanto isso, Marlete pensa.
Marlete – Bem… Acho que eu encontrei uma ótima ocasião para revelar a todos a farsa desse rapaz e acabar de vez com as chances desse casamento… E quem sabe descobrir, de quebra, a localização do tesouro!
O café termina.
Giancarlo – Então, é isso. Ficamos acertados. Em dez dias, tu noivarás com minha filha.
Giancarlo e Gustavo trocam um aperto de mão.
Gustavo – Dez dias… (Fala baixo) O que será desses dez dias?
Enquanto isso, em duas carroças, numa estrada, cinco pessoas…
Valentina – Dez dias…
Agnella – E que seja o que Deus quiser.
10 dias depois…
Cena 01: Termes. Casa de Giancarlo. Manhã.
Gustavo está em seu quarto. Está se trocando.
Gustavo – Chegou o dia… Eu…Estou fazendo o certo? (Suspira) Está tudo nas mãos de Deus.
Em seu quarto, Cecília também se veste, com a ajuda de uma criada.
Cecília – É hoje o dia do meu noivado… Senhor, Nossa Senhora, nos guarde. Se isso for o correto, que assim seja.
Criada – Senhora Cecília, é bom a gente se apressar. Em pouco tempo a festa começa.
Cecília – Sim. Vamos lá.
Cena 02: Região portuária da península.
Em frente a uma estalagem, param duas carroças. Delas, saem cinco pessoas, que entram no recinto.
Pero – Bom dia. Gostaria de saber se há vagas na estalagem para nós cinco.
Agnella – Vamos mesmo ficar aqui?
Funcionário – Vocês têm como pagar a estada?
Inês – Temos algumas roupas e objetos que devem valer o suficiente para passarmos um bom tempo. Mas, por favor, não demores com isso.
Funcionário – Mostre-me.
Eles mostram os objetos que Pero trouxe de sua casa.
Funcionário – É… Dá para um certo tempo.
Gregório – O senhor pode me dizer uma coisa? Essa região é tão movimentada assim ou está acontecendo algo de especial aqui?
Funcionário – Ah, sim, é a tal Guerra Santa. Um tempinho atrás, a Igreja promoveu a viagem para Jerusalém. Hoje, é o próprio povo que se juntou para ajudar, numa luta independente.
Gregório – Hum… Entendi.
Valentina – Então, vamos para os quartos? Quanto menos tempo estivermos à vista, melhor.
Cena 03: Estalagem na Região Portuária. Algum tempo depois.
Andando furtivamente, Agnella apareceu na sala de recepção, sozinha, carregando uma trouxa. Cruzou a sala e saiu, ganhando a rua.
Agnella – Ufa, consegui sair sozinha. Então há gente indo para Jerusalém… E se meus quatro companheiros não querem partir para lá, eu partirei por mim mesma.
Poucos minutos depois, é Inês quem aparece.
Inês – Até parece que eu irei ficar escondida em um quarto, quando há um lugar novinho e inteiro para eu conhecer. Pero me perdoe, mas eu não posso perder esse passeio. Tcha-au.
Do lado de dentro, na sala de recepção, Valentina e Pero surgem.
Valentina – Mas onde Agnella se meteu?
Pero – E cadê Inês? Elas não podem ter saído assim…
Eles procuram na sala de recepção, e não acham.
Funcionário – Vocês estão procurando por aquelas duas moças que os acompanhavam? Elas saíram daqui há pouco tempo, e uma delas, a loira, levava uma trouxa com ela.
Valentina – Ai, meu Deus! Agnella está metendo os pés pelas mãos. Mas eu não posso permitir que isso aconteça.
Pero – Nem eu posso permitir que Inês suma assim.
Valentina – Vou chamar Gregório. Temos que encontrar Agnella.
Cena 04: Termes. Casa de Giancarlo. Sala.
Giancarlo – Muito bem, meus amigos. Eu agradeço a todos que puderam comparecer a essa simples cerimônia, que eu não chamaria propriamente de festa. É apenas uma ocasião alegre, na qual minha filha, Cecília, e este rapaz, Gustavo, estão reafirmando publicamente o compromisso de se casarem. E eu creio que a hora de isso acontecer chegou. Por favor, os dois se aproximem a mim, antes de eu passar o bastão ao padre.
Eles se aproximam.
Giancarlo – Eu gostaria de dizer umas coisinhas, antes. Primeiro, para a minha filha. Apesar de esse não ser ainda o casamento, saiba que estou muito feliz por ver tua vida no rumo certo.
Cecília – (Meio sem graça) Muito obrigada, pai.
Giancarlo – E quanto a ti rapaz, eu gostaria de te desejar juízo. E de anunciar, na frente de todos, que, como irás casar com minha filha, e já que ainda és um peregrino nesta terra, eu te permitirei fixar morada. Tu trabalharás comigo no comércio local.
Gustavo – Eu… Não sei nem como agradecer ao senhor, Giancarlo.
Giancarlo – Agradeça trabalhando e não me decepcionando. Eu estou confiando em ti. Tenho motivos para isso, não tenho?
Gustavo permanece calado.
Giancarlo – (Elevando a voz) Tenho ou não tenho? Vamos, rapaz! Diga-me! Sim ou não?
Nesse momento, Marlete entra pela porta da frente.
Marlete – É claro que ele não vai responder. Então eu faço isso por ele: a resposta é não.
Giancarlo – Não? Por quê? Podes me explicar, Marlete, já que ele não me respondeu?
Marlete – Pelo visto, o senhor não é tão burro quanto pareceu. Esse homem não merece sua confiança. E o senhor sabe por quê? Se não, eu digo. Porque ele não é quem diz ser!
Cecília – O que estás falando?
Marlete – Que Gustavo é uma farsa! Que não era ele quem deveria estar aqui, agora, nesse noivado! Que ele não é o homem a quem Cecília está prometida!
O povo entra em alvoroço.
Giancarlo – Ora, ora… Podes provar isso, Marlete?
Marlete – Com toda a certeza.
Ela vai até lá fora, e volta com Brás, “disfarçado”.
Marlete – Este homem, por nome Magno, viu quando o falsário, por nome Gustavo, matou o legítimo herdeiro do tesouro da família, e roubou o seu colar, com o único objetivo de se passar por ele e tomar o que era seu!
Todos se espantam e se calam.
Cena 05: Região Portuária. Lugar próximo ao porto.
Valentina e Gregório estão em uma rua movimentada, que fica no caminho para o porto.
Gregório – E aí? Já a avistaste?
Valentina – Ainda não. Mas vamos andar mais. Ela só pode ter vindo para cá.
Então, Valentina encontra Agnella no meio do povo, e corre com Gregório para encontrá-la. Quando a alcança, a segura pelo braço.
Valentina – Ficaste louca, Agnella? Não podes sair assim. Alguém pode nos ver!
Agnella – Me larga! Eu vou embarcar nesse navio! Eu vou para Jerusalém!
Gregório – Não, Agnella! Isso é uma loucura! Nós ficaremos aqui, escondidos, pelo menos até nos certificarmos de que não sabem onde estamos!
Agnella – Falem por vocês.
Agnella se solta. Quando vai correndo, encontra Pero e Inês, que a seguram.
Pero – Pronto. Agora não podes mais fugir!
Valentina – E onde Inês estava, Pero?
Pero – Eu a encontrei conversando com alguns homens no porto, e tratei de trazê-la de volta.
Inês – Ai, camponês, eu não posso nem passear um pouco? E quanto aos homens que eu conheci, eles estão de partida para Jerusalém. E parece que mulheres também irão lutar nessa Guerra. Daqui a pouco o navio deles vai embora.
Valentina – É, mas Jerusalém não é nosso destino. Vamos voltar para a estalagem.
Eles andam. Quando chegam ao final da rua, têm uma surpresa vinda da outra rua.
Edetto – Olha só! Nós encontramos os fugitivos! Demoramos, mas os encontramos!
Agnella, Pero, Valentina, Inês e Gregório param. A comitiva do padre se aproximava.
Francisca – Muito bem! (Se dirige aos cinco) Vocês não têm o que fazer. Nós os pegamos!
Cena 06: Termes. Casa de Giancarlo.
Giancarlo – Essa parte é surpresa para mim. Como… Como conheceste esse homem, Marlete? Como sabes que ele diz a verdade?
Brás – Em primeiro lugar, como já dito, eu sou testemunha ocular do fato. Eu estava no mesmo navio que ele, quando conheceu o verdadeiro herdeiro e decidiu lhe tomar o lugar. Depois, já aqui, eu procurei a senhorita Marlete, porque estava preocupado com sua família. E o senhor irá me desculpar, mas é só olhar para a cara do rapaz para saber que eu estou sendo sincero.
Giancarlo – (Bate palmas lentamente) Muito bem. Pelo visto, essa manhã está me rendendo mais do que esperava. Vamos, rapaz, admita que o que ele disse é a verdade. Que você tentou nos enganar todo esse tempo!
Cecília –Por favor, Gustavo, diga que não…
Gustavo está acuado. Ele se senta.
Gustavo – Eu… Eu… Ele está certo.
As pessoas voltam a se alvoroçar.
Gustavo – Mas eu não matei ninguém!
Brás – Isso é mentira!
Giancarlo – Vamos, rapaz. Conte-nos tudo o que escondeste de nós e que ainda não sabemos.
Gustavo – Eu confesso. Eu não sou quem disse ser. Mas eu não matei o neto do amigo de seu pai. Eu conheci Marconi no navio que estava partindo da península para Jerusalém. Logo nos tornamos amigos. Só que ele estava muito doente, e previu que iria morrer em alto mar. Então, me contou sobre a história de sua família e sobre o colar. E ele me pediu para possuir o tesouro em seu lugar. Foi um pedido dele… E, repito, eu não o matei. Pelo contrário, o que eu queria era que ele estivesse aqui! Em nenhum momento eu quis tomar o lugar de ninguém!
Giancarlo – Mas quando vieste ao meu encontro naquele jantar, vieste como Marconi. E assim ficaste. E foi esse teu deslize bobo que me fez saber a verdade.O teu nome estava errado!
Gustavo – Não era a minha intenção me passar por ele. Eu queria ter sido sincero com o senhor… Só que Marconi não me contara sobre a promessa de casamento com Cecília. E quando, no jantar, o senhor fez o anúncio,eu… Percebi que só seria assim que eu teria o tesouro. Eu nunca quis enganar ninguém. Só quis atender ao desejo de um amigo…
Marlete – Ah, mas enganou, principalmente à coitada da minha prima. E iria continuar enganando até colocar as mãos no tesouro! E então, só Deus sabe o que faria depois!
Giancarlo – Eu não acredito nessas tuas palavras de boas intenções, Gustavo. Quer saber? (Grita) Fora daqui! Vá embora dessa casa! Vá agora ao quarto que eu fiz questão de preparar para você, no qual, aliás, não sei como conseguiste dormir esses dias! Pegue suas coisas e saia do meu lar! Saia também dessa cidade! (Respira) Há um, ou melhor, dois navios que já, já estarão partindo para a península de onde deves ter vindo. Embarque em qualquer um deles, mas vá embora desse lugar! Agora!
Cecília – Pai, talvez estejamos sendo injustos…
Gustavo – Não, Cecília. Seu pai está certo. Eu não devia ter feito o que fiz.
Gustavo sai para o quarto.
Giancarlo – E quanto aos senhores e senhoras que compareceram aqui hoje, me perdoem por esse transtorno. Talvez eu tenha os usado, mas foi por uma boa causa: eu gostaria que vocês me ajudassem, não permitindo que esse rapaz permaneça na cidade. A festa acabou. Podem ir embora para suas casas.
O povo fica triste, mas vai saindo. Gustavo aparece com suas coisas.
Gustavo – Senhor Giancarlo, eu sei que errei. Por isso, gostaria de pedir o seu perdão, e de dizer que o tesouro nunca foi meu maior objetivo. E quero agradecer por esse tempo que passei aqui, e por me permitir ir embora assim. Ah, e para ti, Cecília, também peço perdão. Acho que acabei de destruir seus sonhos.
Giancarlo – Eu só estou permitindo isso com a condição de ires agora, e nunca mais voltares! Porque se pisares o teu pé em Termes novamente, eu não conterei minha ira!
Gustavo – Tudo bem. Eu partirei agora.
Ele passa por Marlete e Brás, que estão sorrindo.
Gustavo – Eu não sei qual a intenção de vocês. Nunca nem vi o senhor para entender seus motivos de ter feito isso. Mas de uma coisa eu sei: isso deve ter sido o melhor que poderiam ter feito por mim. Me livraram de um caminho… Tortuoso.
Ele vai embora. Cecília sai em direção ao seu quarto.
Giancarlo – Agora que eu mandei esse homem embora, a minha conversa é com vocês dois. Digam-me: com que intenção fizeram isso? E não adianta dizerem que queriam apenas me ajudar, porque eu te conheço, Marlete, há muito tempo. Tem a ver com o tesouro, não tem?
Brás – Ora, senhor Giancarlo, o senhor não acha que merecemos uma… Recompensa?
Marlete – O senhor é inteligente. Nunca duvidei disso. E está certo, sim.
Giancarlo – (Ri) Humpf, se vocês pensam que irão possuir o tesouro, estão enganados! Ele não pertence a ti, Marlete, muito menos a esse homem que apareceu do nada aqui! Desistam!
Marlete – Ah, é? O que o senhor irá fazer com ele, então? Sua filha não irá se casar com um morto. E, se eu bem me lembro, o falecido também não deixou ninguém na família. O tesouro continuará escondido, então? Será que isso agradaria ao seu finado e respeitado pai?
Giancarlo – O meu pai nunca previu essa situação! Eu tenho certeza de que ele me apoiaria!
Marlete olha para Brás, que estrategicamente sai da sala e se dirige à ala feminina da casa.
Marlete – É… Talvez. Mas o que isso importa? O senhor irá nos dizer agora onde está o tal mapa do tesouro, senão… O meu caro amigo, que daqui a pouco voltará trazendo minha priminha Cecília, sairá, digamos, para passear com ela, por um tempo indeterminado!
Cena 07: Região Portuária. Lugar próximo ao porto.
Os cinco fugitivos começam a recuar para trás, com a comitiva do padre se aproximando mais.
Valentina – Irmã Francisca? A senhora…
Francisca – Eu encontrei vocês, sim! Eu e seus senhores feudais.
Edetto – Não tens mais o que fazer, serva atrevida!
Izabella – Nós te pegamos!
Adelmo – Agnella, vem comigo!
Enzo – Filha! Tu voltarás ao meu lado para casa!
Agnella – Não! Me esquece, Adelmo! E pai, me perdoa, mas meu lugar é com Gustavo!
Adelmo – E tu, Inês, tens que voltar para casa! Nossa mãe está sofrendo!
Inês – Diga a ela que o meu caminho é com Pero! E que eu não quero mais depender dela!
Francisca – Tu és uma pecadora, isso sim! E irás pagar por esse pecado! E Pero também!
Pero – Me desculpe, irmã, mas a senhora não pode falar assim conosco!
Santorini – E tu, Gregório, por que fizeste isso? Por que deixaste a obra do Senhor para trás?
Gregório – Padre, eu sigo respeitando e temendo a Deus. Mas meu destino não é ser padre!
Enfim, a comitiva os alcança.
Francisca – Fim do caminho para vocês!
Valentina – É aí que a senhora se engana. (Para os outros) Corram!
Edetto – Voltem aqui!
Eles começam a correr, derrubando tudo o que veem pela frente, a fim de atrapalhar os que os perseguem. Durante a corrida, eles conversam, ofegantes.
Gregório – O que faremos agora?
Pero – Vamos voltar para a estalagem?
Inês – Não dá!
Agnella – Então vamos embora!
Gregório – (Irônico) Para onde? Jerusalém?
Valentina – Detesto admitir! Mas é a nossa única saída!
Eles correm até chegarem ao cais, ganhando certa distância dos outros. Ouvem algo.
Homem – O navio já está saindo! Quem ainda for embarcar, essa é a última chance!
Cena 08: Termes.
Gustavo está chegando à praia, de onde estão saindo alguns barcos em direção aos dois navios ancorados ali perto.
Gustavo – Foi uma completa insanidade! Realmente, ir embora é o melhor que eu posso fazer.
Nesse momento, Gustavo ouve uma voz familiar lhe chamando. Se vira e tem uma surpresa.
Cecília – Espera, Gustavo! Eu irei contigo! Eu embarcarei contigo em um desses navios!