Noite Adentro Cpt 7 | Amor da minha vida 👶🏻🍲

NOITE ADENTRO
CAPÍTULO SETE – Amor da minha vida.

23/04/2009

Dr. Castanho- (Voz Over) Seu Juarez, nós fizemos de tudo mas… Infelizmente
Juarez- (chora) Não! Não pode ser!
Dr. Castanho- Seu Juarez, recomponha-se! Você tem suas duas filhas pra criar! Janaína e Carol! Tem que ser forte!
Juarez- Vou ser… (Seca as lágrimas)
Dr. Castanho- Quer que eu dê a notícia pra elas?

CENA UM. HOSPITAL CENTRAL. INT. DIA. SALA DE ESPERA.
JUAREZ RECEBE A NOTÍCIA DO FALECIMENTO DE VIRIDIANA, SUA ESPOSA. ELE TENTA NOTICIAR JANA E CAROL. MOMENTO TRISTE.
Juarez- (com um sorriso no rosto) Oi, meninas
Jana- Oi, papi!
Carol- E mamãe? Está bem? (Silencio)
Juarez- (respira fundo) A sua mãe, ela…
Carol- Essa cara, pai! Essa cara de choro! O que aconteceu com a mamãe?!
Jana- Não…
Juarez- (abraça as filhas) Meu amores… A vida tem dessas coisas
Carol- (reluta. Chora) Não! NÃO! A vida não pode acabar assim! Pagamos um tratamento caro pra mamãe ser curada! Ela não pode morrer dessa maneira! NÃO PODE!
Dr. Castanho- (entra em cena) Família Silva?
Carol- (chorando) SEU MERCENÁRIO! VOCÊ MATOU A MINHA MÃE! Seu MALDITO! (Juarez a segura com um abraço)
Juarez- Calma, meu amor!
Dr. Castanho- Nós fizemos de tudo o que podíamos, Carol! O câncer chegou num estágio muito avançado… Se espalhou pelo corpo
Carol- (chorando) Isso não é justo!
Jana- Verdade, isso não é justo!
Juarez- Mas ainda temos um ao outro! E isso é o que importa
Carol- Não quero você, quero a minha mãe! MÃE! MÃE! Ela disse que me amava e que ia passar o resto da vida comigo! (Jana abraça a irmã)
Dr. Castanho- Eu sinto muito

CENAS DO TEMPO PASSANDO

25/12/2015

…Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo…

CENAS DA MISSA DE SÉTIMO DIA DE CAROL SILVA
UMA FINA CHUVA CAI SOBRE A CIDADE

CENA DOIS. IGREJA SANTA CATARINA. INT. DIA.
PADRE CARLOS TERMINA DE REZAR A MISSA DE SÉTIMO DIA. TODOS CUMPRIMENTAM JANA E ZÉ ROBERTO. PASSANDO MAL, JUAREZ ESTÁ EM CASA.
Padre Carlos- (dá os pêsames a Jana) Que Deus reconforte a sua família
Jana- (de óculos escuros, limpa uma ou outra lágrima) Obrigada
Padre Carlos- E você, meu filho
Zé- (chora) Isso é tão injusto! (Chora nos ombros de Jana)
Padre Carlos- Se precisarem de um ombro pra desabafarem, pode me procurar… (Sai de cena)
Jana- Fica calmo, Zé. Também tá doendo em mim
Zé- Eu percebi que tinha uma coisa no ar! Percebi que a Carol tava estranha!
Jana- A gente não podia fazer nada!
Dona Luana- (entra em cena) Oi
Zé- Oi, mãe
Dona Luana- Quantos amigos Carol tinha! (Limpa suas lágrimas) Várias pessoas vieram me dar os pêsames… Mas eu sei que Carol está num lugar melhor…
Zé- A senhora sabia? Sabia!
Dona Luana- (congela) Sabia do que?
Zé- Estava mal no dia, mãe! Vocês duas acordaram mal! Péssimas! E você sabia… Seu sexto sentido tinha contado pra você… (Chora)
Dona Luana- (suspira) Ah! O sexto… Sentido… É claro… (Passa a mão no rosto) Eu não sou capaz de opinar
Zé- Se a senhora desse mais atenção pra isso!
Dona Luana- Me desculpe, meu filho…
Padre Carlos- Opa, desculpa por atrapalhar… Já vamos fechar, só reabriremos pra Missa da noite
Jana- Obrigada, Padre
Dona Luana- Vem, Zé… (Abraça o filho)

Noticiário da TV- Depois de quase cinco anos preso, dias após de sair da prisão, Adamastor Ferraz matou a socos sua ex-namorada Carolina Silva, de vinte e nove anos… Agora, além de assassino é covarde! Adamastor Ferraz está foragido há mais de um mês…

CENAS DOS MESES PASSANDO

Juarez- (Voz Over) Seis meses de luto… Seis meses de infelicidade!

18/05/2016

CENA TRÊS. APARTAMENTO DE FERNANDA E JANA. INT. DIA. COZINHA.
FERNANDA, JANA E JUAREZ ALMOÇAM. JUAREZ AINDA ESTÁ DESCONSOLADO COM TUDO O QUE ACONTECEU.
Jana- Calma, pai! Eu sei que é revoltante tudo isso mas o que podemos fazer?
Juarez- Pena de morte pra esses desgraçados! Não consigo acreditar que tem gente burra que protege bandido!
Fernanda- Eu sei que a sua revolta é enorme, Seu Juarez, mas não podemos colocar todos os criminosos ou bandidos no mesmo balaio! Tem uns que…/
Juarez- Tem uns que matam por que não têm outra opção… Ah, pelo amor de Deus! Todos nós temos opções! Se é bandido, foi por que quis! Eu também já fui pobre e não tinha bolsa esmola pra mim nem pra minha família! Eu tive que ralar pra conseguir as coisas! E caso eu saísse da linha, ia preso sem esses imbecis dos direitos humanos pra me proteger!
Jana- Mas você tem que pensar que os tempos mudaram, pai. O governo tem tentado ajudar os mais pobres e menos favorecidos
Fernanda- Claro que não é o melhor jeito de se ajudar, mas que tem surtido efeito, tem!
Juarez- Gente vagabunda, isso sim! Gente que só pensa em putaria, receber auxílio do governo e proteção desses ativistas militontos! Odeio essa gente! Se esse pais fosse direito, se houvesse ordem de verdade, Adamastor estaria morto há tempos! Ele e os comparsas daquele sujo! Desgraçados! E essas investigações que não andam? Vagabundos! Os policiais também são uns inúteis! Não conseguiram pegar o desgraçado do Adamastor e nem seus comparsas! Repito, se estivéssemos na ditadura, tudo seria diferente! Seria melhor! (Toma seu café numa golada única e sai de cena)
Fernanda- Deus! Ele está muito exaltado! Entendo por tudo o que tem passado mas…
Jana- É assustador ter um familiar com opiniões tão retrógradas e conservadoras! Tomara que não fale nada do nosso amor!
Fernanda- Não dirá
Jana- E Zé? Como tem reagido a tudo isso?
Fernanda- Foi viajar pra Jerusalem
Jana- Sério?! Que legal! Meu sonho é conhecer a Terra Santa!
Fernanda- Por lá ele reencontrou uma ex-namorada… Mary Margot… Margot não sei o que Mary… Algo assim…
Jana- Melhor que ficar só! E Ana? Voltou com Adilson?
Fernanda- Que nada! Ainda está em Diadema, morando com o sogro
Jana- E ela está gostando
Fernanda- Já faz uns quase três meses que não falo com ela… Sei que ela está morando com o sogro por que me encontrei com o Adilson outro dia desses
Jana- Me lembro de você ter dito
Fernanda- Mas com certeza ela está bem!

CENA QUATRO. CASA DE ADILSON. INT. DIA. SALA DE ESTAR.
LORENA E GILDO AJUDAM ADILSON A REFORMAR SUA SALA DE ESTAR.
ADILSON ESTÁ PREOCUPADO.
Lorena- Que cara, Adilson!
Gildo- Verdade, meu amigo… Você está com uma cara péssima!
Adilson- É que… (Suspira) Preocupado com a Ana! Com o meu filho! Se ele tem um mês de vida é muito
Lorena- Com o que exatamente você está preocupado?
Gildo- Com seu pai?
Adilson- Isso…! Estou preocupado com o que meu pai pode fazer com os dois!
Lorena- Fica frio! Deus há de proteger seu filho!
Adilson- Tive um sonho horrendo… Uma vez, visitando a lápide de minha mãe, um cigano me abordou e me disse que era pra eu tomar cuidado com a raposa vestida de ovelha! Meu pai! E eu lembrei desse episódio no meu sonho de hoje! Por isso a preocupação!
Gildo- Um cigano? Eles falam sem pensar, Adilson! Com certeza seu pai e Ana estão fazendo de tudo para serem a melhor família do mundo pro seu filho!
Adilson- (respiração pesada) Eu só vou ficar tranquilo quando ligar pra Ana – tomara que ela não tenha mudado de telefone! (Pega seu celular)
Gildo- Será que Ana vai te atender?
Adilson- Ela não pode fazer isso – e se eu quiser saber como está meu filho? (Nervoso, disca o telefone de Ana)

CENAS DE DIADEMA

CENA CINCO. CASA DE AGENOR. INT. DIA. SALA DE ESTAR.
ANA VOLTA DO MERCADO. AGENOR FICOU TOMANDO CONTA DE BRUNINHO, SEU NETO. ALGUMAS GOTAS DE SANGUE ESTÃO ESPALHADAS PELO TAPETE.
Ana- (adentra a casa) Agenor? Comprei as coisas pra janta… (Ouve um choro abafado) Agenor? Bruno está com fome? (Anda pela casa, vê as manchas de sangue pelo carpete) Você se cortou? (Adentra o quarto e fica estática) O que é isso?! (A calça de Agenor está manchada na região genital) O que aconteceu?
Agenor- (saindo de perto do berço do neto. Limpando-se com um paninho) Nada de mais… Eu estava com vontade de trepar e…
Ana- (coração apertado. Corre até o berço do filho – está sangrando pelo ânus) Você?! VOCÊ?! (Grita. Berra. Desacredita) SEU MONSTRO!
Agenor- Pensei em dar leitinho meu pra ele… Lembrei das minhas DST’s
Ana- Você!! (Bate no sogro) O QUE VOCÊ FEZ COM MEU FILHO! SEU DESGRAÇA…/
Agenor- (dá um soco em Ana) Cala a boca, vadia! Eu queria ter fodido com você! Quem mandou sair pra porra do marcado?! (Pega Bruninho no colo) Oi, meu amor! (Beija o bebê na boca) Como vai? Ainda está vivo! Se voc…/ (Telefone de Ana toca. Agenor vê quem é) Adilson! Meu filho do coração! Que bom! A reunião de família está mais que completa! Atende essa porra e fala que está tudo bem! Se não, seu filhote morre!
Ana- (tentando engolir o choro. Atende o celular) Oi… Oi Adilson, como vai? Si-sim… Está tudo ótimo! É que eu me cortei, por isso o choro! Seu pai está bem também…
Agenor- (pega o celular das mãos de Ana. Fala com o filho) Alô? Filho?
Adilson- (Voz Over) Ah… Oi, pai
Agenor- Como vai, bebê? Como vai César? Ana contou-me tudo!
Ana- (chorando) Como ele descobriu?
Adilson- Terminamos tudo…
Agenor- Nossa, que pena! Poxa! Tomara que você arranje um outro Boy Magia pra você! Todas as formas de amor são sempre bem vindas, né Ana? (Ana chora) Tenho que desligar… Também te amo… Tchau! (Desliga o celular, jogando-o contra a parede)
Ana- (chorando histericamente) VOCÊ É MUITO DOENTE!
Agenor- Muito obrigada, meu bem! E você, Bruno? (Mexe com o neto) Jesus! Está morto! (Ana chora loucamente. Agenor a chuta na barriga) Cala a boca, garota! Bruno, no céu tem pão? (Joga o corpinho do neto no berço) Eu nunca gostei dele mesmo…
Ana- (vomita) Meu Deus! Meu Deus! (É puxada pelo braço) Você é burra, Ana? Seu marido podia ser o gay que fosse, mas você jamais poderia ter vindo viver comigo! Agora vou ser obrigado a te torturar!
Ana- (Desesperada) NÃO! NÃO, POR FAVOR! NÃO! (De nervoso, desmaia)
Agenor- (a joga no chão) Fraca! (Cospe em Ana) Vadia! Não aguenta nem uma emoção! (Olha pro corpo do neto. Passa o dedo no sangue e chupa) Umh! Que fome! Já sei o que vou preparar pra Ana comer! Baby beef!

CORTE RÁPIDO DE CENA

CENA SEIS. CASA DE ADILSON. INT. DIA. SALA DE ESTAR.
ADILSON CONVERSA SOBRE SUA LIGAÇÃO. ELE ESTÁ PREOCUPADO.
Adilson- (assustado) Deus!
Lorena- Que foi?
Gildo- Ela disse algo?
Adilson- Disse que estava tudo bem… Mas o modo como disse me preocupou! Tenho que investigar!
Lorena- Acho melhor não! Quem sabe ela não estava nervosa por… Por…/
Adilson- Eu conheço Ana! Sei como ela fala… Ela estava aflita por alguma coisa! (Ri) Já até sei com quem! Agenor maldito! Iremos atrás! (Momento tenso)

CENA SETE. CASA DE DONA LUANA. INT. DIA. SALA DE ESTAR.
DONA LUANA ESTÁ ASSISTINDO TV, QUANDO FERNANDA CHEGA.
Tv- (Voz Over) Novelão da Semana: Amor à Vida…
Dona Luana- Hoje tá quente! O Félix apanha! Saudades dessa nove…/ (Campainha toca) Cristo! (Levanta pra atender)
Fernanda- Oi, mãe! (A beija. Adentra a casa)
Dona Luana- Oi filha… (Fecha a porta correndo e vai ver a Tv)
Fernanda- Novela?
Dona Luana- Hoje está imperdível!
Fernanda- Zé ligou hoje?
Dona Luana- Zé? Não… Xiu! O Félix! Todo mundo descobriu!
Fernanda- Ele me mandou uma mensagem outro dia… Disse que está amando a Cidade Santa! Ele disse que se reencontrou com uma tal de…
Dona Luana- (suspira fundo) Vou botar pra gravar! (Mexe na Tv com o controle)
Fernanda- Uma tal de Margot
Dona Luana- (suspira fundo) Ah… Margot… Deus!
Fernanda- É, mãe… Margot Mary, se não me engano
Dona Luana- Ah! Sim… Era aquela namo…/
Fernanda- Aquela namoradinha do Zé?
Dona Luana- Isso!
Fernanda- Sabia! O nome não me era estranho! Então, ele reencontrou com essa namoradinha… Que fofos!
Dona Luana- Sim… Fofos… E ele falou de Carol? Falou sobre sua morte algúm momento?
Fernanda- Sobre a Carol, Zé não disse nada… Mas deve estar sentindo muito! Por isso está em Jerusalem! Terra Santa! Se encontrar com Deus! Pra botar a cabeça e as idéias no lugar!
Dona Luana- Sim… Tomara que ele consiga se entender com Margot e os dois tenham um final feliz! (Observa a Tv) Deus! O Félix está apanhando mesmo!
Fernanda- Tomara que o Zé consiga se encontrar – o resto é lucro!
Dona Luana- E Jana e Seu Joarez?
Fernanda- Jana tem aceitado tudo muito bem… Seu Juarez não
Dona Luana- Não teria como, não?!
Fernanda- Só espero que Zé fique bem… O resto a gente se vira! E as investigações são péssimas! Vão até substituir o delegado… Dante Passini… Essas investigações constataram que esse Adamastor não agiu só… Teve a ajuda de outras pessoas… (Dona Luana engasga com café) Nossa, mãe! Que foi?!
Dona Luana- Nada… (Nervosa) Nossa! Que dia abafado!
Fernanda- Nem parece outono…. Falaram também que se encontrarem esses comparsas de Adamastor, vão em cana também! Que a justiça seja feita! (Nervosa)

CENAS DA CIDADE

CENA OITO. CASEBRE NO INTERIOR DE SÃO PAULO. LOCAL TOTALMENTE DESLOCADO DA GRANDE SÃO PAULO. INT. DIA.
AGENOR ESTÁ PREPARANDO ALGO NA COZINHA. ANA ESTÁ PRESA EM UM POÇO VAZIO NO PORÃO DA CASA. ELA GRITA INCESSANTEMENTE.
Ana- (Voz Over. Seus berros ecoam pela casa velha) Socorro! Socorro! Deus! Por favor, me ajudem!
Agenor- (ouvindo rádio) Essa música é tão linda!
Rádio- …Won’t you listen to me? Goodbye horses…
Agenor- (cantando desafinadamente) …I’m flying over you! Flying! Flying! Flying over you! Amo essa música! (Ouve os berros de Ana) Calma, minha mariposa preciosa! Estou preparando seu lanche! (Fecha a porta da cozinha com agressividade) Esganada! (Vê um espelho atrás da porta) Oi! Você está falando comigo? Está falando comigo? Então por que está me olhando? Pare de me olhar! Seu lindo! (Pega o espelho e o beija) Sua raposa felpuda maravilhosa! Meu Deus, seus pais capricharam em você! Você treparia comigo? Eu treparia com você! Agenor, seu lindo!
Ana- (Voz Over. Desesperada) Socorro!
Agenor- (suspira) Essa songamonga! JÁ VOU, PORRA! (Pega a panela quente com um paninho) O estrombelete de pombo obeso já está a ca…/ (Se queima) Deus! Tá muito quente! CALMA! (Anda até o porão onde está Ana, dentro de um poço fundo e vazio) Aqui! Está aqui vosso jantar, Sinhá!
Ana- (chorando) O que você quer? É dinheiro? Eu tenho! Minha família tem! Tenho um irmão que trabalha numa empresa boa… Eu… Eu quero sair daqui! (Desolada)
Agenor- Você só sai daqui morta, kirida!
Ana- Por que?!?
Agenor- (põe sua comida num baldinho e repasa pra Ana por uma corda) Por que? O que? Estou fazendo isso? Está aqui sua comida!
Ana- (chora) Não quero!
Agenor- Prove da comida
Ana- Não! NÃO!
Agenor- Prove agora! AGORA! Se não, vou te jogar óleo fervente!
Ana- (come chorando muito) Deus! (Tem ânsia de vômito)
Agenor- Gostou? Meu bem?
Ana- NÃO!
Agenor- Não? Que tal provar mais?! (Pega a comida da panela quente e joga tudo em Ana) Prove, filha! Prove essa delícia! (Ana chora de dor, desespero e medos) Para de chorar! Olhe pelo lado bom, querida! Você tem o que comer! E preparei a carne do Bruno! (Ana berra) Calma, amor! Temperei com alho, cebola e cheiro verde! Uma receita maravilhosa! DIVINA! Agora te respondo sua pergunta, o motivo d’eu fazer tudo isso? Por que eu gosto de ver os outros sofrendo! Adoro ver você aí, chorando! Seu filho nem virou cozido, sua otária! Está cortadinho no refrigerador! (Ri. Vai até uma mangueira perto e joga água fria em Ana) Olha como sou bom! Estou te limpando também! Todo mal tem seu lado bom! Assim como tudo o que é iluminado, tem seu lado de sombra! (Rindo. Desliga a água) Ah! Sabe quem foi até Diadema te procurar? Adilson!
Ana- (chora mais ainda) Ad-adil-adilson…!
Agenor- Sim! O veado mais querido desse mundo! Ele foi te procurar, queria saber de você e do baby! Claro que eu não ia torturar você lá em casa, né!? Ia sujar muito e os vizinhos podiam ouvir! Estamos aqui, nessa cidade do interior de São Paulo! Nem te conto que lugar é, viu! Eu estou muito feliz em ter você aqui, Ana! Minha rata favorita! (Sai de cena, deixando-a no escuro)
Ana- (transtorno puro) AHHHHHHH!!!! AHHHHHHH!!!!
Agenor- (em outro cômodo) Claro que estou aqui! Claro! Não ia dar bandeira… Se eu não conhecesse a cabeça do meu filho… Conheço cada passo que aquele filho da mãe dará! (Desliga o rádio) Deus! Esses berros são tão harmônicos! Toque mais, Maestra Ana! Toque mais minha ratinha preciosa!

CENAS DA CIDADE DE SÃO PAULO

CENA NOVE. CASA DE ADILSON. INT. NOITE. SALA DE ESTAR.
ADILSON, GILDO E LORENA MATUTAM SOBRE AGENOR. ONDE ESTÁ ANA?
Adilson- Ana não está lá! Tenho certeza!
Gildo- Como você pode ter tanta certeza?
Adilson- Meu pai disse que ela estava no postinho de saúde, tomando vacinas… Que mulher toma vacina depois de grávida? (Anda de um lado pr’outro, inquieto) E outra, a voz dela era desesperada quando liguei pra ela! Era uma voz medrosa! De desespero puro! O meu pai também…/
Lorena- Acho que você está pirando, Adilson! Fica frio! Nada de ruim aconteceu!
Adilson- Tudo de ruim! Só descanso que eu vê-la na casa de Diadema amamentando o meu filho! Sã e salva! Sem riscos à vida! Se eu não vê-la, vou caça-la até os confins do mundo! Caçar ela e meu pai também! Quero ter certeza de que ela está bem! De que meu pai não fez nada contra quem eu amo! (Chora) Eu amo a minha mulher! Independente da minha sexualidade! Eu a amo!
Gildo- (segura o choro. Se ajoelha e abraça Adilson) Você pode contar comigo!
Lorena- (chora) Comigo também! (Todos se abraçam)
Gildo- E você está pensando em que?
Adilson- (seca as lágrimas) Quando cheguei perto da casa de Diadema, meu pai estava saindo de uma Chevette vermelha, lembram?
Lorena- Sim, sim
Adilson- Então, estava pensando em segui-lo… Ir atrás pra saber aonde meu pai se esconde, se é que ele se esconde, de acordo com minhas suspeitas… Vou seguir meu pai!
Lorena- Em Nome de Jesus, Ana e o bebê estão a salvo!

CENAS DE JERUSALÉM JÁ ENCOBERTA PELA NOITE

CENA DEZ. OVERLOOK HOTEL. INT. NOITE. QUARTO DE ZÉ ROBERTO.
DURANTE A VIAGEM, ZÉ SE REENCONTROU COM MARGOT. ELES PASSARAM O DIA JUNTOS. MARGOT ESTÁ BEBADA E VAI PASSAR A NOITE COM ZÉ.
Zé- (segurando Margot) Calma, calma… (A deita na cama) Fica fria!
Margot- Meu Deus! (Trêbada) Jesus! Apaga a luz! (Rindo)
Zé- Acho melhor você tomar um banho!
Margot- (se levanta. Tira a roupa) Acho melhor uma dose de Whisky! Cade aquela porrinha?
Zé- A geladeirinha está ali… (Aponta com o dedo)
Margot- (cambaleante, procura por Whisky) Deus! Cade… Achei! (Pega a bebida da geladeira) Que delícia! (Abre a garrafa e se embebeda) Vem, Zé! Vamos fazer uma orgia alcoólica!
Zé- (tira a roupa) Vou tomar um banho, vem comigo?
Margot- (joga Whisky pelo corpo) Já estou tomando banho! Que delícia! Vem, vem me aproveitar! (Se beijam) Que saudades desse beijo! Ainda bem que o Adamastor matou aquela gazela!
Zé- (se contém) Ela não era uma gazela!
Margot- Era sim! Ainda bem que eu tive a visão de matar ela! Eu, sua mãe e o marginal do Adamastor! (Rindo. Mais que bêbada) Nos encontramos no Campo Grande… Até parecia filme noir! (Rindo. Zé só observa) Eu queria muito experimentar de novo esse seu beijo! Esses lábios maravilhosos!
Zé- (chora um pouco) Então você encomendou a morte da Carol?
Margot- Cal-calma! Calma na alma! Eu tive uma idéia brilhante pra separar vocês dois! Eu sabia… (Rindo) Preciso de mais cerveja!
Zé- (puto, a agarra pelo braço) Vocês programaram a morte da Carol!
Margot- Meu braço dói! Estou bêbada mais sou de respeito! Em outras palavras, sim! Sim! Sim! Eu planejei a morte da Carol! Dona Luana planejou a morte da Carol! E Adamastor Ferraz da SilvaSauro a matou! Com socos e… E socos e muita raiva! (Se agarra no pescoço de Zé) Mas eu… Eu… Fiz isso por amor! Por que eu te amo, José Roberto! Te amo!
Zé- (se solta de Margot) Amor? Do que as pessoas são capazes por amor?
Margot- (rindo) Não é lindo, my love?
Zé- (mais que transtornado) Lindo… Muito… (Respira fundo e segura o choro) Lindo! Tá com fome?
Margot- Morta!
Zé- (se veste rapidamente) Vou pegar algo pra comermos
Margot- O que?! Pede pelo serviço de quarto! Eles falam inglês!
Zé- Não… Eu vi um restaurante incrível por aqui perto! Vou até lá! (Olha no relógio) Não demoro! (Ao sair de cena)
Margor- Meu lindo, um beijo! Um beijo de amor!
Zé- (engole a seco. A beija rapidamente) Volto já! (Sai de cena)
Margot- (rindo) Nossa! Que rapidez! Ainda bem que na cama ele não é assim! (Ri)

CENAS NOTURNAS DE BRAGANÇA PAULISTA

CENA ONZE. CASA DE DONA DORA. INT. DIA. CASARÃO VELHO ESTILO COLONIAL. QUARTO DE ADAMASTOR.
DORA LEVA CHÁ PARA ADAMASTOR, QUE ESTÁ MUITO INQUIETO.
Dora- (segurando uma xícara de chá, adentra o quarto do neto) Ada? Tá acordado?
Adamastor- To sim, vó!
Dora- (caminha com dificuldades até a cama de Adamastor. Senta-se com delicadeza) Aqui, meu bem! Chá pra ficar mais calmo!
Adamastor- (se recosta na cama) Obrigado… (Pega a xícara e bebe o chá) Sem açúcar!
Dora- Pro chá ter potência máxima, precisa ser sem açúcar algum!
Adamastor- Brigado
Dora- Essa carinha de chateado? Desde que você veio pra cá, você e seu primo estão com essa cara! Cara de chateado!
Adamastor- (respira fundo) Nada não, vó! Só tô assim por causa do trabalho…/
Dora- E das namoradinhas?
Adamastor- (congela) Que?
Dora- Seu coração tá quebrado! Você terminou com alguém? Acertei?!
Adamastor- (respira fundo) Essa pessoa terminou comigo!
Dora- Logo vi. Logo vi pela sua cara de choro, seus olhos de tristeza… O amor vai e volta, como as ondas do mar! Você não pode controlar o amor, assim como você não pode controlar uma onda! Se o fizer, tudo pode dar errado!
Adamastor- (chora) Eu sei… (Abraça a avó)
Dora- (o consola) Fica calmo, meu bem! Você vai vencer essa! Já venceu tantas batalhas, meu amor! A morte de sua mãe e de seu pai… Trabalhar desde menino… Fugir de Salvador
Adamastor- Venci tudo!
Dora- E vai vencer essa! (Seca as lágrimas do neto) Fica calmo! Se eu pudesse ter dado a você uma história diferente!
Adamastor- O que está no passado, está no passado!
Dora- Justo!
Fábio- (entra em cena) Oi, família!
Dora- Oi, meu amor! (Se levanta) Vou dormir! Amanhã levanto cedo! E sei que os senhores têm muito o que conversar! Boa noite… (Sai de cena)
Fábio- Boa noite, vó
Adamastor- Boa noite, vó… (Bota a xícara de lado) Deus!
Fábio- Que cara!
Adamastor- Ela apareceu de novo pra mim!
Fábio- Ela? Quem? (Por alguns segundos) Ah… A Carol?
Adamastor- (chora. Desesperado) SIM! Ela tem me atormentado todos esses dias! DEUS! Ela aparece pra mim o tempo todo!
Fábio- Esse negócio de espírito não existe, Ada! Você está sentindo-se…/
Adamastor- Tem mais!
Fábio- Culpa! Isso é culpa, Adamastor! Não é nenhum espírito maligno que quer te assombrar!
Adamastor- (agarra o pescoço do primo) Tem mais! Além da Carol aparecer pra mim, estou tendo visões!
Fábio- Eu tenho um amigo psicólogo lá em São Paulo. Peço pra ele vir aqui pra te…/
Adamastor- Tenho visões de assassinatos de mulheres! Ontem mesmo, quando dormi, sonhei com o assassinato de uma grá…/
Fábio- Ada…/
Adamastor- (em pleno desespero) Sonhei com uma grávida sendo assassinada a facadas pelo namorado! Ela estava sendo espancada, chutada, socada e morta! Eu vi ela sangrando até morrer!
Fábio- Isso já está demais! Chega! Basta! Isso tudo é culpa! Eu vou reformar a nossa casa, já comprei tintas e afins… E você vai me ajudar com tudo! Mente vazia, oficina do diabo! Isso o que você vê não existe! NÃO EXISTE! Chega!
Adamastor- Você precisa acreditar em mim! (Chora) Por fav…./ (Congela. Olha pra um ponto fixo na parede) Deus!
Fábio- (olha também) O que?!
Adamastor- Ela tá aqui! Tá me encarando! (Chora. Desespero) Me olhando! SAI DAQUI! (Grita com a parede) SAI DAQUI COM ESSE SANGUE FRIO!
Fábio- (agarra o primo. O segura) Calma! Cala a boca! FICA CALMO! Não existe nada disso! (Adamastor chora) Não existe nada!
Adamastor- (chora) Eu só quero que ela vá embora! Vá pra casa! Perdão! Por favor, Carol! Perdão!
Dora- (entra assustada) Que foi?!
Fábio- Nada, vó… O Ada só teve um pesadelo
Dora- Estava vendo a novela, ouvi uns berros… Está tudo bem?
Fábio- Tá sim, vó… Eu cuido dele…
Dora- Estarei na sala, vendo Segredos de Família… Qualquer coisa, me chamem! (Sai de cena)
Fábio- Ada! Olha pra mim! Ada! Vou te dar uns calmantes, ok? Tudo não passa de imaginação!
Adamastor- (abraça forte o primo) Arrependido por tudo! Que ódio de mim! Perdão Carol!
Fábio- Você tem que pedir perdão pra você mesmo… E se perdoar também!

CENAS DE JERUSALÉM
O SOL NASCE AOS POUCOS SOBRE A CIDADE SANTA

Zé- (Voz Over. Ao celular) Alô? É do Departamento de Defesa de Israel? Gostaria de fazer uma denúncia de ameaça de terrorismo. Tem uma mulher, por volta de seus trinta anos, que tem uma maleta cheia de explosivos. Ela está no quarto 237. Por favor, ela é muito perigosa! Ela tem ligação com o Estado Islâmico! Aqui quem fala é um funcionário do hotel… Por favor, mantenham-me em anonimato!

CENA DOZE. OVERLOOK HOTEL. INT. DIA. QUARTO DE MARGOT.
ELA ESTÁ DORMINDO PROFUNDAMENTE QUANDO O TELEFONE DO HOTEL TOCA INCESSANTEMENTE. UMA MALA GRANDE ESTÁ AO SEU LADO.
Margot- (de pijamas) Deus! ZÉ?! Zé?! Atende essa merda de telefone! (Pega o telefone e joga contra a parede) Que gente mal criada! Rudes! Até parece o Brasil! (Olha pra mala. A estuda) Que porra de mala é essa? Que merda? (A abre. Encontra um revólver e uma capsula lacrada) Que porra é essa?! ZÉ? (Batem à porta) Porra! Zé? José Roberto? (Vê uma carta perto da mala. Ela a lê) Não, meu amor, isso tudo o que você fez não é nada lindo! (Congela) Deus! Eu contei! Gente! Por que?! (Batem à porta incessantemente) Porra! (Segura o choro) Eu consegui estragar tudo! (Espancam a porta) JÁ VAI! (Se levanta para atender a porta) Que serviço de quarto merda…/ (A polícia Israelense adentra o quarto de Margot, a rendendo. Ela é presa)

Noticiário- Suspeita de ataque bomba é presa na cidade de Jerusalem, em hotel cinco estrelas Overlook… De acordo com denúncia anônima, Margot Mary Wendice tem ligação com Estado Islâmico… Mais notícia sobre esse caso, a qualquer instante…

FIM DE CAPÍTULO

Não, meu amor, isso tudo o que você fez não é nada lindo!