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Edição especial: Ajuste de Contas

AJUSTE DE CONTAS – edição especial: capítulo 14

Kadu encontra com Vanessa e a puxa com força para um lugar discreto.

Em seguida, ele se ajoelha aos pés dela.

Kadu: Vanessa, por favor. Não casa com o Guilherme. Eu te amo Vanessa! Não me sacrifica, não sacrifica o Guilherme. Não se sacrifique! Eu tenho certeza que não é isso que você quer de verdade, nem sei por que está fazendo isso. A minha vida virou de cabeça pra baixo depois que você voltou. Eu já não sou mais o mesmo homem de antes. To inseguro, indeciso, abalado. Eu não me sinto à vontade perto dos meus amigos. Eu perdi meu trabalho, vivo trancado em casa. Por favor Vanessa, me ajuda.

 

Com a cabeça erguida, Vanessa olha para Kadu com ar de frieza.

Kadu: Porque você está me olhando com essa cara de desprezo? Eu estou ajoelhado a seus pés, te implorando um pedido de perdão. Te suplicando por misericórdia. Estou me redimindo por tudo que possa ter te feito mal. E é assim que você me olha?

Vanessa, friamente: Sabe porque estou te olhando assim? Porque aí é o seu lugar. É isso que você merece!

Kadu, assustado: Porque está falando assim?

Vanessa: Porque esse era o momento que eu mais sonhei na vida Kadu. O momento de te ver ajoelhado aos meus pés, me pedindo perdão.

A partir desse momento, Vanessa começa a falar enfurecidamente, com lágrimas nos olhos.

Vanessa: Você destruiu a minha vida Kadu! Eu passei anos pra tentar me reabilitar do vexame que você me fez passar. E ainda não passou! Todas as noites eu sonho com aquele dia, em vários momentos eu ouço risadas como aquelas que tiveram aquele dia. Você desgraçou a minha vida Kadu! Você acabou com a minha pureza, com a minha fragilidade, com a minha infância. E desde então, desde que passei meses chorando, envergonhada, encolhida no quarto, eu prometi pra mim mesma que iríamos nos encontrar novamente. Que nós iríamos ter um ajuste de contas. E esse momento chegou. O momento que você está sofrendo assim como me fez sofrer. Eu quero te ver amargurado, deprimido, fracassado. Eu quero acabar com a sua vida, assim como você acabou com a minha. Eu nunca mais serei a mesma. Por sua culpa eu me tornei uma mulher rancorosa, de mal com a vida. É tudo culpa sua!

Kadu assustando, começa a se levantar, processando tudo que ouviu: Pera aí! Agora eu to entendendo. Ajuste de contas? Então tudo isso que você está fazendo é para se vingar de mim? Você vai casar com meu melhor amigo para me fazer sofrer? Agora as coisas estão ficando claras. Estava tudo planejado! Você fez um passo a passo até chegar até aqui. Primeiro me seduziu. Depois conquistou o Guilherme. Começou a namorar com ele, e agora vai casar. Tudo isso com uma única intenção: de se vingar de mim.

Vanessa: Eu não vou esconder mais a verdade de você, é exatamente isso. E mais! Eu contratei pessoas para fazerem amizade com você e descobrir suas preferências. Por isso pintei o cabelo, malhei, me especializei nos assuntos que você gosta… Tudo isso pra te conquistar, e no final, ficar com seu melhor amigo. Inteligente, não sou? Eu quero te ver no fundo do poço Kadu!

Kadu balança a cabeça, assustado: Você é um monstro Vanessa! Como você foi capaz disso?

Vanessa: Você que me tornou um monstro Kadu. Você! Você me fez tomar essas atitudes, você me fez tornar uma pessoa calculista, fria. Porque é isso que você merece!

Kadu, muito espantado: Sabe qual o pior disso tudo? Envolver o Guilherme nessa loucura. Você está sendo cruel com ele Vanessa. Está sendo malvada, pondo em risco a vida de um cara tão bom como ele. Você é desumana, é uma bandida!

Vanessa: E você é tão bandido como eu Kadu. Está tão preocupado com seu amigo e estava aqui pedindo para que eu não casasse com ele.

Kadu: Concordo. Apenas ele é o refém. Ele não merecia entrar nessa história. Você está fazendo o Guilherme de cobaia para realizar uma fantasia louca!

Vanessa: Isso não se chama loucura Kadu, se chama honra. Estou honrando a minha decência, que por um momento você jogou no ralo.

Kadu: Decência? Você pode ser tudo, menos descente. Quem faz uma maldade como essa que você está fazendo, não é descente. Você tem um coração de pedra. Você é insensível, não pensa nos sentimentos das pessoas. Você não deveria envolver o Guilherme nisso.

Vanessa grita: Cala a boca Kadu, para de falar como se apenas eu fosse a errada da história.

Kadu: Pode não ser a única, mas é a mais errada. Você não foi mulher o suficiente pra se vingar de mim sem ter que envolver outras pessoas. Você é fraca, é infantil. Posso ter errado com você no passado, mas eu tinha 15 anos. Você tem 30, é uma mulher feita. É vergonhoso!

Vanessa: Vergonhoso é você se ajoelhar aos pés da noiva do seu melhor amigo. Acorda pra vida Kadu.  Você é desprezível. Eu te odeio!

Vanessa cospe no rosto de Kadu.

Sem reação, ele se limpa, observando Vanessa ir embora.

 

Guilherme: Você e Bia terminaram? Mas porque cara? O que houve?

André: Eu vacilei cara, de novo. A Bia me pegou no flagra.

Guilherme: Nem vou perguntar que flagra porque já sei qual é. Infelizmente eu já esparava por isso cara. Mesmo você dizendo que estava apaixonado, que mudou e tudo mais, não parecia ser concreto.

André: Como assim?

Guilherme: O seu desejo de estar com a Bia parecia ser superficial. Estava claro que você gostava dela, mas isso não parecia ser sua prioridade. A verdade é que você não se entregou a esse relacionamento como deveria André. Você não deu a importância merecida. Dessa forma, a sua preferência continuou sendo a diversão.

André, cabisbaixo: Concordo com você meu amigo. Eu não dei a importância que a Bia merecia.  E o negócio foi tão feio dessa vez que ela nem me deixava falar, ela me interrompia o tempo todo, me insultando, mandando eu ir embora, mandando eu esquecer ela… Foi dureza!

Guilherme: É meu amigo. Agora você tem uma batalha pela frente. Se realmente gosta dela, vai ter que lutar, MUITO, para reconquista-la.

André: E eu to disposto a isso. Eu não vou perder essa garota. Eu vou correr atrás do prejuízo! E tudo isso por culpa daquele otário do meu irmão.

Guilherme: O que o Leo tem a ver com isso?

André: Esse seu funcionário não presta Guilherme! Ele marcou pra eu encontrar com a Aninha lá em casa. E ao mesmo tempo, marcou um jantar com a Bia. Justamente pra ela descobrir tudo. Mas escreve o que tô te falando: eu vou acertar as contas com esse panaca. To de saco cheio de aturar as babaquices dele!

Guilherme: Juízo meu amigo. Você está com a cabeça quente e pode acabar fazendo alguma besteira. Pense antes de agir. Bom, eu preciso resolver uma coisa importante agora.

 

Guilherme: Vocês estão chorando? O que houve?

Vanessa, disfarçando a turbulenta discussão que teve com Kadu: A Bia e o André…

Guilherme: Ah sim, desculpe. Já tô sabendo. É uma pena que tenha terminado assim Bia.

Bia, enxugando as lágrimas: Tudo bem Guilherme, eu vou superar.

Guilherme: Eu torço por isso! Vanessa, chegou a hora! Vamos procurar seu pai.

Vanessa, chorosa: Guilherme, por favor. Hoje não. Eu não tenho estrutura para encarar um reencontro com meu pai hoje. Por favor.

Guilherme: Eu sei que você e Bia são grandes amigas, e vocês partilham da mesma dor. Mas nós não podemos mais adiar isso. Nós vamos atrás do seu pai sim.

 

Com muita insistência, Guilherme convence Vanessa a procurar Paulo.

Eles chegam até o bairro em que ele foi visto pela última vez.

Lá, recebem informações do paradeiro de Paulo, e decidem bater na porta.

Ao ver Paulo abrir a porta, Vanessa fica com as pernas trêmulas.

 

Paulo: Vanessa?

Paulo, emocionado: Vanessa, minha filha, é você?

Vanessa, chorando muito: Sou eu pai!

Paulo e Vanessa se dão um abraço apertado e comovente.

Em seguida, todos se reúnem na sala.

 

Paulo, ainda emocionado: Porque você fez isso comigo minha filha? Você disse que ia voltar, que ia mandar notícias… mas desapareceu no mundo!

Vanessa, também emocionada: Ô pai eu… eu passei um período de total reclusão… Eu não queria ver ninguém, conversar com ninguém, nada! Queria apenas ficar sozinha. E quando me dei conta, já tinha passado muito tempo e eu não tinha mais coragem de procurar o senhor. Achei que não me receberia, que poderia estar com raiva de mim, magoado…

Paulo: Você não deveria ter pensando isso! Você é minha filha, jamais ficaria zangado com você. Olha só, você tá linda demais!

Vanessa dá um sorriso: Ai pai, obrigada. O senhor também está ótimo. O senhor… o senhor está recuperado?

Paulo: Da bebida? Pode falar, não fica preocupada. Estou totalmente curado! E quem me ajudou na reabilitação foi essa moça linda aqui.

Paulo apresenta Bárbara, sua companheira.

Bárbara: Não tinha um dia sequer que seu pai não falava de você. Que bom te ver!

Paulo: Eu sabia que você ia voltar minha filha.

Vanessa: Eu tinha muito medo pai. Medo da sua reação, e o pior, medo de não te encontrar mais vivo. Mas o Guilherme me deu força pra vir atrás de você.

Paulo olha para Guilherme, amavelmente: Acredito que ele seja seu namorado.

Guilherme: Mais que isso. Sou noivo da sua filha.

Paulo: Noivo? Puxa, que surpresa! Você vai casar! Parabéns minha filha.

Paulo dá um abraço apertado em Vanessa e conversa com ela de mãos dadas.

Paulo: Nunca mais faz isso ouviu bem? Eu sou seu pai e isso é uma ordem. Nunca mais foge de mim como você fugiu.

Vanessa: Nunca mais vai acontecer pai. A partir de agora, voltaremos a ser a família que sempre fomos. Vamos restituir nossos laços!

Eles se abraçam carinhosamente.

Guilherme brinca: Sei que esse momento é muito especial pra vocês, mas precisamos nos arrumar pra festa do meu pai meu amor, é daqui a pouquinho! Sr. Paulo, agora a Vanessa não é só sua mais! Vai precisar aprender a dividi-la comigo!

Paulo ri: Fazer o que né? Mas algo me diz que ela está em boas mãos.

Vanessa brinca: Agora eu vou vir aqui todo dia ta?

Afonso: Você deve fazer isso!

 

Leo: O que você está fazendo?

André: Isso mesmo que você está vendo. Arrumando minhas malas. Eu vou embora.

Leo: André, por favor! Não seja radical! Tudo isso por causa daquela menina?

André: Dá um tempo Leo!

Leo: Você já deveria saber que nasceu pra ser solteiro!

André para de arrumar as malas e fala firme: É melhor você calar a boca e sair da minha frente. Eu vou te dar um aviso: não aparece mais no meu caminho, se não eu te atropelo.

Leo, debochando: Vamos com calma maninho. Você está muito agressivo!

André: Leo eu não estou brincando. Não me considere mais como irmão. Nós não temos mais nenhum vínculo! A minha paciência com você chegou ao limite. Eu to te pedindo por favor, antes que eu faça uma besteira: some da minha frente!

Leo teme as ameaças de André e decide sair: Ok, você quem manda!

 

Janete se assusta ao ver Kadu entrar em casa furioso, batendo nas portas e paredes.

Janete: O que está acontecendo?

Kadu, irado: Não está acontecendo nada! Parece que está acontecendo alguma coisa? Me deixa em paz!

Janete: Kadu você está transtornado. Posso te ajudar em alguma coisa?

Kadu: Ajudar? E desde quando você me ajuda em alguma coisa? Você só atrapalha a minha vida! Se sou um homem transtornado e frustrado , é sua culpa! Culpa da mãe que não deu uma devida estrutura familiar para o filho. Eu nunca tive uma família. Eu precisei recorrer aos meus amigos para resolver os meus problemas. E agora que não posso contar com eles, estou no fundo poço! Sem apoio nenhum!

Janete tenta falar: Você tem razão, a nossa vida nunca foi um mar de rosas. Mas eu confesso, foi culpa minha. Ainda há tempo de mudar.

Kadu: Que mudar o que Janete! Quem nasceu vigarista, pra sempre será vigarista! Nós não temos e nunca teremos uma relação de mãe e filho. Você me odeia, eu te odeio, e sempre será assim!

Janete: Eu não te odeio Kadu…

Kadu: Mas fica tranquila, a dona Vera já substitui, e muito bem, o seu papel de mãe!

Janete fica irada: Ah então é isso? Você considera aquela rameira como sua mãe? Então corre pros braços dela!

 

Janete sai de casa irritada e se embriaga num bar.

Noite.

André vê Janete e tenta ajuda-la.

 

André: Dona Janete! A senhora bebeu demais! Eu vou te levar pra casa!

Janete, completamente bêbada: Eu não vou pra casa! Minha casa é aqui!

André: Não, a sua casa não é aqui! Vamos, o Kadu está lá!

Janete grita: Kadu? O Kadu me odeia! Ele não me quer por perto. Mas a culpa não é dele. Nem minha. É culpa daquele cretino do pai dele, que abandonou o garoto! Ele só se importa com a outra família dele!

André: Mas o pai do Kadu morreu. Ele tem outra família?

Janete: Para de fazer perguntas garoto! Me dá licença, eu vou acabar com a farsa dele!

 

Janete se levanta e se encaminha até a empresa de Afonso.

André liga para Kadu pedindo ajuda:

 

André: Que voz é essa cara?

Kadu: Acabei de acordar cara, me dopei de remédio pra dormir!

André: Ta, depois quero saber o motivo disso! Mas agora tenho outra coisa importante pra falar. To com a sua mãe aqui! Ela tá cheia de cachaça dizendo que vai atrás do seu pai!

Kadu: Atrás do meu pai?

André: Corre aqui agora cara, vou tentar impedir ela até você chegar. Estamos aqui na rua Matriz.

 

Kadu sai em disparada e encontra André segurando Janete na rua.

 

Kadu: O que está fazendo Janete? Endoidou de vez?

Janete: Acho que sim! Quer saber quem é seu pai? Você vai descobrir.

Kadu: Mas o meu pai não era o Sandro?

 

Janete invade a festa da empresa de Afonso, no exato momento em que ele estava sendo homenageado.

Cerca de 100 pessoas assistem a cena, incluindo Vanessa, Guilherme, Vera, Kadu e André.

Ela para o som, pega o microfone, e grita:

 

Janete: Vocês são um bando de idiotas! Estão homenageando um homem mentiroso, covarde e bígamo! Chega de mentira Afonso! Pessoal, esse homem que vocês julgam santo teve um relacionamento extraconjugal comigo. Fez um filho e não assumiu. Kadu, o Afonso é o seu verdadeiro pai.

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