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Ajuste de Contas

Ajuste de Contas – Cap. XXXIII

Enquanto estava sentado no sofá colocando gelo em seu ferimento no olho, Leo ouve alguém na porta e levanta para abrir.

Leo, assustado: André?

André, sério: Precisamos conversar.

 

Leo, temeroso: Conversar o que André? Não temos nada para conversar! Você foi embora de casa e não tem mais nada para fazer aqui.

André diz, entrando na casa: Tenho. Eu preciso te dizer umas verdades. Fecha a porta.

Leo, fechando a porta: Verdades?

André: Eu estive pensando comigo mesmo: o que o Leo quer da vida? Onde ele pensa chegar? O que ele pretende ser? E eu não cheguei a uma resposta. Eu não sei qual é a sua missão nesse mundo Leo. Eu não vejo perspectiva de vida em você. Você não tem amigos, não se dá bem com a nossa família, e acredito que esteja empregado porque o Guilherme sabe que você não tem onde cair morto. Nossos pais não querem mais te ver tamanha decepção! E agora você quer conquistar a Bia apenas pra partilhar do dinheiro dela. Então me responde: o que você quer dessa vida, onde você quer chegar Leo?

Leo: Tem uma grande diferença entre nós dois maninho: eu sou ambicioso, enquanto você é acomodado. Pra você está bom morar nesse bairro classe média baixa, receber uma mesada dos nossos pais todo mês, ter dois amigos tão pobres quanto você, beijar uma menina diferente a cada noite… Isso é felicidade pra você. Você se satisfaz com coisas banais, sem valor. Então na verdade, eu que te faço essa pergunta: onde você quer chegar? Eu penso alto. Em penso em poder, em status, em soberania…

André: Nem que para isso você passe por cima das pessoas?

Leo: Essa é a regra do jogo maninho. Na lei da vida, vence os mais fortes. E como a vida foi ingrata comigo me fazendo viver num ambiente miserável, cercado de pessoas miseráveis, eu preciso me virar para sobreviver. Nem que para isso, eu tenha que passar por cima de tudo e de todos.

André, após alguns segundos em silêncio: Eu cheguei a conclusão do que você é. Você é um vilãozinho de quinta categoria incapaz de ascender na vida. Você já prejudicou tantas pessoas, já fez tantos desafetos, e continua na lama. Você nasceu pra viver na sarjeta, lá é o seu lugar. Pessoas com um pensamento baixo igual ao seu não vão a lugar algum. Se quer ser alguém na vida, caminhe com os próprios pés, e não passe por cima das pessoas. O que posso te dizer, é que você é digno de pena Leo. E desejo no fundo do meu coração que um dia você possa se redimir.

Leo fica reflexivo, enquanto observa André ir embora.

 

Vanessa, feliz: Pai! Que surpresa boa! Entra!

Paulo: Eu disse que não ia mais desgrudar do seu pé.

Os dois se abraçam.

Vanessa: Mas eu quero que seja assim! Não vamos nos desgrudar mais.

Paulo: Eu vim saber como andam os preparativos do casamento. Como as coisas estão andando, no que posso te ajudar?

Vanessa entristece o rosto: Tudo caminhando bem pai. A minha sogra está me ajudando bastante. Já achamos a igreja e o salão, escolhemos os enfeites e as cores… e também já escolhi o meu vestido. Ele é lindo.

Paulo: Qualquer coisa ficaria lindo em você. Mas… podemos não nos ver a muitos anos, mas eu te conheço muito bem. Você quer mesmo se casar minha filha?

Vanessa: Eu não consigo mentir pro senhor né pai?

Paulo: Não, não consegue. O que aconteceu? O rapaz está te forçando a se casar com ele por algum motivo? Se for me fala, que eu resolvo isso agora!

Vanessa: Não pai, não é nada disso. O problema é que EU estou me forçando a casar. O Guilherme é o maior inocente de tudo.

Paulo: De tudo? Vanessa, minha filha, o que você aprontou?

Vanessa, envergonhada: Ai pai, eu fui uma ingrata! Eu entrei numa paranoia de vingança e me meti numa enrascada! Eu criei uma situação que não sei mais conduzir. Eu estou totalmente desconcertada pai. Eu quero fugir desse momento, acordar e perceber que era apenas um pesadelo. Mas alguns segundos depois eu percebo que é tudo real e não tem como fugir. Eu tinha tudo sob controle, e agora não tenho mais nada. Agora quem dita a regra é o destino. Eu não sei mais o que vai acontecer pai…

Afonso, triste: Ô minha filha… Já entendi o que aconteceu… Mas não se culpe. Infelizmente, a vingança é um sentimento que toma o nosso coração de uma forma que faz a gente agir precipitadamente. A vingança acompanha a mágoa, a raiva, o rancor. Sendo assim, não tem como sair uma boa coisa daí né? A gente só sabe o resultado da vingança depois que coloca ela em prática. Ou satisfaz, ou destrói. E infelizmente, no seu caso destruiu.

Vanessa, chorando: Tudo poderia ter sido diferente se eu tivesse apenas me entregado ao Kadu pai. Mas esse maldito sentimento de vingança arruinou a minha vida.

Afonso abraça Vanessa, tentando conforta-la do pranto.

 

Kadu dá duas batidas na porta do quarto de Janete, e em seguida entra.

Kadu: Janete?

Janete: Kadu por favor, eu não quero discutir, me deixa sozinha que eu…

Kadu interrompe: Ei, ei, calma! Eu não quero brigar com você.

Janete: Não?

Kadu: Não! Eu quero… saber como você está. Está tudo bem?

Janete, surpresa: Sim, já estou melhor. E você?

Kadu: Estou um pouco confuso ainda, mas nada que o tempo não possa resolver.

Janete abaixa a cabeça: Kadu, me desculpa por tudo…

Kadu interrompe: As coisas estão muito frescas ainda. Vamos nos dar um tempo? Colocar a cabeça no lugar. Eu acho que… que viver pacificamente já é um bom começo. Respeitar nossos espaços, abolir as discussões, tomar café juntos…

Janete abre um sorriso: Seria muito bom poder fazer isso.

Os dois se olham por alguns segundos, desejando se abraçarem, mas desistem.

Kadu: Bom, eu preciso resolver um problema muito importante agora. Mas volto pra janta.

Kadu dá um sorriso e sai. Janete coloca as mãos no coração e fica radiante de alegria.

 

André: Eu sabia que o Leo não era flor que se cheira, mas não esperava que ele pudesse fazer isso comigo. Ele sabe que sou amarradão na Bia cara!

Guilherme: Entendo. Está sendo ainda mais difícil pra você porque ele é seu irmão.

André: Exatamente! Eu tentei a vida inteira fazer com que nós tivéssemos um bom relacionamento sabe? Tentei apresentar ele para as pessoas para mudar essa imagem de cara antipático. Mas só piorava a situação. Só confirmava que ele era mesmo repugnante. Eu não gosto quando as pessoas falam mal dele, porque mal ou bem, ele é meu irmão, eu quero proteger ele. Mas tá difícil.

Guilherme: Ele é uma pessoa fechada demais. Você olha nos olhos dele e não imagina o que está se passando na cabeça.

André: Repito meu aviso: abre o olho! Você colocou ele dentro do seu consultório, administrando seu trabalho. Guilherme, você não sabe do que o Leo é capaz.

Guilherme fica pensativo.

 

Leo debochando: Hoje é o dia das visitas. O que você quer? O André não mora mais aqui.

Kadu: Eu sei disso. Eu não quero falar com o André. Quero falar contigo mesmo. Ter um papo de homem pra homem. Chantagear uma mulher é muito fácil!

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