Ajuste de Contas – Cap. XXXII
Leo leva Bia até um restaurante.
Bia: Acho que ainda não estou num bom momento Leo. Estou sofrendo muito.
Leo: Creio que sim Bia. Mas você precisa ser corajosa e enfrentar essa decepção. Não pode se penalizar dessa forma.
Bia: Eu não conheço essa palavra chamada coragem. Eu sou fraca, sensível demais. Estou sentindo uma dor quase que insuportável.
Leo: Não fica assim…
Leo se aproxima do rosto de Bia.
Leo: Você é linda demais pra sofrer dessa forma. Deixa eu te ajudar.
Leo beija Bia.
Ao longe, André assiste a cena e se enfurece.
André não se controla e entra no restaurante.
Ele bate com força na mesa, usando as duas mãos.
André grita: Que palhaçada é essa aqui?
Bia: André, o que é isso?
André: Bia você não pode cair na lábia desse otário. Ele não gosta de você!
Bia: Eu decido o que é bom pra mim ou não André, vai embora.
Leo: Ouviu André, vai embora!
André se enfurece e arranca Leo da cadeira, o puxando pela camisa.
André nervoso: Cala a boca! Eu já disse que minha paciência com você já tinha se esgotado! Eu já cheguei no meu limite! Chega de se intrometer na minha vida Leo!
André dá um soco no rosto de Leo, fazendo com que ele caia no chão.
Bia diz, tentando segurar André: Chega André, vai embora! Você perdeu o controle. Vai embora, eu não quero que você se meta na minha vida, muito menos que agrida seu irmão. Sai daqui agora, vai embora!
André consegue se acalmar, e diz após respirar fundo: Bia: acredita em mim. Esse cara não presta. O interesse dele é outro. Vem comigo!
Bia: André, eu já disse que não quero te ver mais na minha frente. Por favor, vai embora!
André dá uma olhada fatal para Leo, que estava caído no chão.
Em seguida, vai embora.
Bia ajuda Leo a levantar, tateando a ferida no olho dele: Você está bem?
Leo: Ele está ficando a cada dia mais agressivo! Ainda bem que você saiu dessa a tempo.
Bia: Eu não conhecia esse lado do André…
Leo: Conheceu agora! Mas está tudo bem, vou pra casa colocar um gelo nisso.
Bia: Você quer ajuda?
Leo: Não, não quero forçar nada entre nós. Tá tudo bem! Voltamos a nos falar.
Kadu: Guilherme?
Guilherme: E aí meu irmão? Tudo bem? Irmão literalmente.
Kadu: Que loucura né cara? Entra, vamos tomar uma cerveja.
Guilherme, após acomodar-se no sofá com um copo de cerveja: Como andam as coisas entre você e a Janete?
Kadu: Ela ainda não apareceu em casa depois daquele vexame lá na festa do seu pai. Ou melhor, do nosso pai. Eu ainda não acostumei com isso.
Guilherme: Eu entendo. Você já pensou como você vai conduzir essa história daqui pra frente? Além de um novo pai, você ganhou uma nova mãe. A Janete não era o monstro que você pensava. Ela escondia essa história para manter o casamento dos meus pais.
Kadu coça a testa: Estou muito confuso Guilherme. Foram muitas coisas ao mesmo tempo. Eu não sei se alguém tem razão, se alguém cometeu algum erro… Realmente não sei.
Guilherme: São muitos lados. Cada um teve seu motivo pra errar ou acertar. Mas é evidente que é muito cedo pra achar um culpado ou inocente. Só o tempo pra colocar as coisas no lugar. Meu pai, ou melhor, nosso pai, errou feio em esconder a paternidade. Mas a justificativa pra isso é porque ele queria manter o casamento dele. A Janete nunca te tratou como filho, mas justifica-se por ser uma mulher traumatizada, ela era forçada todo tempo a manter um segredo. Enfim, são dois pesos e duas medidas. Você precisa parar, pensar e avaliar toda a situação pra saber o que fazer. Mas saiba que pra qualquer coisa, você pode contar comigo, ok?
Kadu, emocionado: O que seria de mim sem você né Guilherme? Eu nunca tive uma família, minha família sempre foi você. Eu nunca tive juízo: você era meu equilíbrio. Você é e sempre foi meu conselheiro, meu guia, meu mentor. Se não fosse você, meu corpo já teria sido jogado numa dessas valas por aí há muito tempo.
Os dois dão uma risada.
Kadu continua emocionado: E agora vai casar. Casar! Olha isso! Meu amigo, meu irmão, cavalheiro solitário, vai casar! Guilherme, eu sou eternamente grato por tudo que fez por mim. Pela sua amizade, pelo seu companheirismo, pela sua camaradagem. A última coisa que eu quero nessa vida é te decepcionar. Se um dia isso acontecer, que um raio parta a minha cabeça. Te desapontar é uma sentença de morte pra mim. Desculpa meu amigo. Desculpa por tudo.
Kadu dá um abraço apertado e emocinado em Guilherme.
Ainda abraçados, Guilherme diz, sem entender nada: Ei, Kadu! O que está acontecendo cara? Que emoção toda é essa?
Kadu: Não é emoção Guilherme. É medo. Medo de um dia te decepcionar.
Ainda abraçados, Guilherme bate nas costas de Kadu para conforta-lo.
De frente para o espelho, Vanessa se emociona ao experimentar seu vestido de noiva.
Bia: Está chorando?
Vanessa: Não tem como não chorar! Estou emocionadíssima! Eu vou me casar amiga. Toda mulher espera por esse dia.
Bia: Toda mulher espera casar com o homem certo. É isso que você está fazendo?
Vanessa, indecisa: Eu não sei amiga, eu já perdi o controle da situação. Eu não sei mais se estou fazendo a coisa certa. Mas agora, já é tarde demais. Não posso mais voltar. Como vou falar com o Guilherme que desisto de casar? Impossível.
Bia: Ai amiga, eu te avisei tanto…
Vanessa: Eu estou arrasada Bia. Vontade de gritar, de chorar. Eu não podia estar fazendo isso com Guilherme.
Bia: Nem contigo.
Vanessa pensa por alguns segundos: E nem com o Kadu. Tudo que ele falou era verdade. Eu tenho um coração de pedra! Onde estava com a cabeça quando pensei em me vingar dele? Em envolver o Guilherme nisso? E agora Bia? Como eu saio dessa?
Bia: Sinto muito amigo, mas agora não tem mais saída. Você vai ter que ir até o fim, e torcer para que o final seja feliz.
As duas choram abraçadas.
Enquanto estava sentado no sofá colocando gelo em seu ferimento no olho, Leo ouve alguém bater na porta e levanta para abrir.
Leo, assustado: André?
André, sério: Precisamos conversar.