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Ajuste de Contas

Ajuste de Contas – Cap. V

Paulo, assustado: Ir embora?

Vanessa: Sim pai, embora. Embora dessa cidade, dessas pessoas, desse dia. É a única forma que eu posso tentar me recuperar de tudo isso. A ferida estará pra sempre no meu coração, mas preciso estar distante desse lugar para cicatriza-la.

Paulo: Minha filha, por favor. Não haja com a cabeça quente. Você vai pra onde?

Vanessa: Não sei ainda pai. Mas fica tranquilo. Eu mando notícias quando achar um paradeiro.

Paulo: Eu não gostaria que fosse dessa forma, mas confio em você. Sei que é uma menina inteligente, que tem a cabeça no lugar, e vai tomar a melhor decisão.

Vanessa, já com o rosto enxuto, segura as mãos de Paulo: Obrigada pai. Aproveita esse momento para pensar na vida, tentar se recuperar do álcool. Esse é o momento do senhor refletir e perceber todo o mal que o álcool vem trazendo para as nossas vidas.

Paulo, com a cabeça baixa: Sim minha filha, pode ter certeza. Quando você voltar, tudo vai ser diferente, serei o Paulo que você conhecia antes da sua mãe partir. Mas… você vai voltar né?

Vanessa: Sim pai, vou voltar. To partindo agora pra pôr a cabeça no lugar. Me reestruturar física e emocionalmente. Mas anota aí: eu vou voltar pra me vingar do Kadu. Eu vou voltar para um ajuste de contas.

Rio de Janeiro, 09 de fevereiro de 2016.

 

Guilherme e Vera conversam em casa.

Guilherme: Terça feira de carnaval mãe. Último dia de festa. Já estou chateado.

Vera: Eu, para ser sincera, estou feliz. Sabe que não gosto desses dias de carnaval.

Guilherme: Sei bem. Está preocupada com a violência.

Vera. Demais. Fico apavorada com essas coisas. Se pudesse prendia você e seu pai dentro de casa. Esse mundo de hoje está muito perigoso.

Guilherme: Em falar no meu pai, ele ainda não voltou de viagem?

Vera: Ainda não. Essas viagens estão ficando cada vez mais frequentes.

Guilherme: Nesses tempos de crises, o papai está viajando em busca de novos clientes e fornecedores. Todos os empresários estão com problemas.

Vera: Sei. E no seu consultório? A clientela diminuiu?

Guilherme: Diminuiu sim, mas nada preocupante. Mas não vamos falar em trabalho agora né mãe? Ainda é carnaval. Vou tomar um banho, vou encontrar com o Kadu e André.

 

Kadu encontra Janete alcoolizada em casa.

Kadu, exaltado: Não é possível! O tempo passa e você não muda! Quando vai aprender ser uma mulher descente? Eu ainda tinha esperança em você, achava que seu problema poderia ser meu pai. Mas ele desapareceu há 5 anos e você continua igual.

Janete: Eu não tenho mais nada a ganhar nessa vida, somente perder. Eu tenho que fazer o que me traz felicidade. E essa garrafa aqui me faz muito feliz.

Kadu, enojado: Eu devo ter sido um pecador dos grandes na minha vida passado, pra ter nascido de você. Eu queria tanto ter uma família de verdade. Deitar no seu colo, sentir você acarinhar meu cabelo. Porque não pode ser assim?

Janete: O culpado não é você. Sou eu. É a vida que apronta demais. Que coloca pessoas marcantes no nosso caminho. Mas marcas negativas. Marcas que temos que carregar nas costas como a cruz que Jesus carregou. Me desculpe.

Janete se retira e deixa Kadu muito surpreso com as palavras dela.

 

Vanessa, hospedada em um hotel, conversa com sua amiga Bia.

Vanessa, olhando pela janela: Aqui estou eu. De volta a essa cidade. Pronta pra detonar com quem detonou a minha vida.

Bia: Amiga, por favor, esquece essa ideia de vingança. Vingança é um sentimento ruim, que faz mal pra você mesmo. Ela te corrói por dentro.

Vanessa: O que está me corroendo é o ódio Bia, a mágoa. Eu não vou voltar atrás. Eu lutei muito pra chegar aqui preparada, e não vou voltar atrás.

Bia: Amiga, olha pra você. Uma mulher linda, bem sucedida, atraente. Busque a felicidade, não busque a vingança.

Vanessa: Só serei feliz depois que fizer o Kadu sofrer assim como ele me fez. Eu era uma menina pura, sonhadora. E ele levou tudo isso embora. E isso serve pra você também amiga: os homens não merecem mulheres como eu fui, como você é. Você não pode ser delicada, não pode ser apaixonada, senão sofre. Ouve sua amiga.

Bia apenas olha assustada para Vanessa.

 

Noite.

 

Os amigos Guilherme, Kadu e André se divertem no último dia de carnaval.

Kadu: Aqui estamos nós. Em mais um ano de Carnaval, e todos solteiros.

André: E graças a Deus por isso. O bom da vida é se divertir, é beijar na boca, é curtir.

Guilherme: Mas uma hora isso tem que acabar meu amigo. Temos 30 anos, você 25, já estamos na idade de construir uma família, antes que fique tarde demais.

Kadu: Olha, estou com o André e não me importo em ficar pra titio. Não penso em casar, não penso em ter filho, em ver a mesma mulher todo dia quando chego em casa.

André: Algumas querem obrigar a gente a cozinhar, querem cortar nosso vídeo game, nosso futebol, nos abrigar a lavar nossas cuecas… Eu não quero isso pra mim.

Guilherme: Eu pra ser sincero, gostaria muito disso.

André: Guilherme, vamos ser sincero. Você já teve várias oportunidades de realizar esse sonho. Quantas mulheres quiserem construir alguma coisa com você, mas você estava sempre com o pé atrás, com a pulga atrás da orelha, inseguro…

Kadu: Eu acho que você superou esse trauma meu amigo, só precisa acreditar nisso. Eu e André somos loucos mesmo, mas você não. Você é homem pra casar. Segue seu sonho.

Guilherme: Vocês me incentivaram bastante, prometo pensar nisso.

André: Se você quer entrar em uma prisão, a escolha é sua. Sou seu amigo e vou apoiar qualquer decisão que você tome.

Kadu: Com certeza! Mas solteiro, você é mais feliz.

Todos dão risadas.

André, olhando adiante: Rapaziada, com licença. Tem uma gatinha ali que não para de me olhar.

André se retira para paquerar algumas meninas.

Guilherme: Estou te percebendo um pouco devagar hoje.

Kadu: Você me conhece mesmo né? Você é sensacional meu amigo [Kadu dá uns tapas no ombro de Guilherme, demonstrando admiração]. Estou confuso.

Guilherme: Confuso? O que houve?

Kadu: Janete. Encontrei ela bebendo, pra variar, briguei com ela, pra variar, mas a discussão terminou de uma forma diferente. Ela disse umas frases bonitas e ainda encerrou com um pedido de desculpa. Eu nem sabia que ela conhecia essa palavra.

Guilherme: E você chegou a alguma conclusão com isso?

Kadu: Nada certo. Só fiquei com a impressão de que existe um motivo pra essa vida que minha mãe leva. Alguma coisa aconteceu.

Guilherme: Você quer muito recuperar sua mãe né?

Kadu: Muito Guilherme. Muito. Independente de tudo que aconteceu, de tudo que ela falou e fez, eu quero recuperar minha mãe. Eu quero ter uma família de verdade. E depois de hoje, nasceu uma chama. Ela demonstrou que há um motivo pra agir assim. E eu vou descobrir.

Guilherme: É isso aí. Corra sempre atrás dos seus objetivos. Nenhum esforço é em vão [Guilherme força a  vista, olhando ao longe] Kadu, você conhece aquela menina ali?

Kadu: Não to lembrando não, mas é muito gata rapaz.

Guilherme: O rosto dela não me é estranho. E veja, ela está vindo em nossa direção.

Kadu: Opa, que beleza. Beleza em todos os sentidos.

A menina se aproxima e conversa com Kadu e Guilherme.

– Olá meninos? Lembram-se de mim?

Guilherme: Eu juro que te conheço, mas não me lembro de onde.

Kadu, super assustado: Ei. Eu não acredito. É você?

– Sim. Sou eu Kadu. Vanessa.

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