A Cor do Pecado – Capítulo 4
‘’O passado não reconhece o seu lugar; está sempre presente’’. (Mário Quintana)
PASSAM- SE 10 anos.
Agora o ano é de 1930;
Muitas coisas estão mudadas,
As pessoas ‘’evoluíram’’
Mas continuam conservadoras
Cada pessoa com seu jeito diferente e sua mania de viver.
CENA 01. Salvador. A Cor do Pecado. Quarto de Cléo. Interior. Dia.
Cléo está à beira da morte, e pede para que a deixe a sós com Cecília.
Cléo: — Chegou minha hora. Adeus! Mas antes disso quero deixar um recado com você…
Tudo silencia e Cléo fala novamente: — Você será a minha sucessora. Lembra o que te falei 10 anos atrás? Pois é, chegou sua hora, mostre quem é você. Faça. Viva. Nunca baixe a cabeça. Nunca desista de seus sonhos. Siga em frente. Partirei, mas a vida continua. Pode parecer que não, mas nesse tempo que convivi com você, não só ensinei como também aprendi bastante.
Cecília: — Não. Não. Você não pode ir embora.
Cléo: — Tenho que ir. Chegou minha hora. Adeus!
Cléo morre de mãos dadas com Cecília que grita na hora: — Nãooooooo!
Cecília já está um pouco ‘’recuperada’’ da morte de Cléo.
Está decidida a voltar para Vale do Sol, a fim de chocar a todos.
Abrirá um bordel e se tornará um ícone da cidade.
CENA 02. Vale do Sol. Estação de Trem. Dia.
Sérgio vai a automóvel buscar Cecília na Estação.
Cecília sai do trem e logo acha seu irmão, os dois dão um forte abraço.
Sérgio: — Mas quanto tempo, minha cara irmã.
Cecília: — Pois é, meu irmão. Você mudou bastante.
Sérgio: — E você também.
Cecília: — Aprendi, evoluí e cresci durante todo esse tempo fora.
Os dois entram no carro e vão em direção à cidade.
CENA 03. Vale do Sol. Centro da cidade. Praça pública. Dia.
Cecília chega à cidade e choca a todos pelas suas roupas, e todos comentam.
Dona Quitéria comenta para Andreia: — É essa aí, a filha quenga do Ângelo que eu te falei.
Andreia: — Mas que vergonha para um pai ter sua filha como uma prostituta.
Dona Quitéria: — Verdade! Se eu tivesse uma coisa dessas, não sei o que seria capaz de fazer.
Andreia: — Nem eu!
Cecília sobe em cima de um banco da praça pública e anuncia: — É hoje minha gente. Está imperdível! É a inauguração do mais novo bordel da cidade ‘’A Cor do Pecado’’.
Cecília entra para dentro do bordel e todos ficam chocados com sua postura.
CENA 04. Vale do Sol. A Cor do Pecado. Interior. Quarto de Cecília. Dia.
Janaína vai visitar a filha em seu bordel sem que seu marido saiba.
Janaína pega Cecília de surpresa e fala: — Filha. Você voltou! Quanto tempo!
Cecília: — Mãe!
As duas se abraçam fortemente em um grandioso momento de reencontro das duas, após anos sem se verem.
Cecília: — Mãe! Quanta saudade! Não quero mais me separar de você.
Janaína: — Faço de suas palavras as minhas. Minha filha.
Cecília: — Te amo mãe.
Janaína: — Agora preciso ir, filha. Pois seu pai não sabe que eu vim até aqui, e nem que você chegou à cidade.
Cecília: — Oras… Mas é só a senhora explicar que estava comigo.
Janaína: — Não dá. É um pouco triste o que vou te dizer, mas, seu pai não quer mais ver você, filha.
Cecília: — Então tá!
As duas se abraçam e Janaína se despede mais uma vez: — Até logo filha. Breve, breve, apareço por aqui.
E na cidade
Todos só comentam a mesma coisa:
A chegada de Cecília
E o seu jeito polêmico de ser e de viver
CENA 05. Vale do Sol. Casa de Quitéria. Sala. Interior. Dia.
Quitéria comenta com Andreia que precisa fazer alguma coisa para Cecília não desmoralizar a cidade.
- Quitéria: — Temos que bolar um plano urgentemente para essa mulherzinha não dominar Vale do Sol.
Andreia: — Temos sim, Dona Quitéria.
- Quitéria: — Já pensei na coisa essencial, mas não posso contar agora.
Andreia: — Por quê?
- Quitéria: — Porque não, brevemente você saberá. Convoque todas as beatas e mulheres conservadoras da Vale do Sol para uma reunião urgente.
CENA 06. Vale do Sol. Casa de Ângelo. Quarto de Sérgio. Interior. Dia.
Sérgio e Marcos comentam sobre a situação política da Vale do Sol.
Marcos: — Já estou cansado da política nojenta dessa cidade, sabe Sérgio?
Sérgio: — Entendo você.
Marcos: — Quero mudar isso. Quero acabar com isso. Pôr um fim nisso tudo.
Sérgio: — Mas você quer fazer isso aqui na cidade?
Marcos: — Sim. E onde mais seria? Quero mudar tudo, sabe? Essa desigualdade existente aqui.
Sérgio: — Mas com esses políticos que sempre vencem as eleições ameaçando o povo. Sei não viu?
Marcos: — É isso que o povo precisa ver e enxergar. Temos que mudar tudo isso, mostrar a verdadeira realidade dos fatos.
Sérgio: — Destemido você, hein irmão?
Marcos dá um tapinha nas costas de Sérgio e diz: — Sempre fui, meu caro irmão!
CENA 07. Vale do Sol. Fazenda do Coronel Cássio Mendes. Quarto de Melissa. Interior. Dia.
Melissa fica sabendo que Cecília está de volta à cidade.
Melissa: — Hum… Então quer dizer que aquela ninguém está de volta à cidade… (dá uma risada). Não pense que você se livrará de mim tão fácil Cecília.