A Cor do Pecado – Capítulo 30
CENA 01. Vale do Sol. Estação de trem. Final de tarde.
Governador chega até Vale do Sol.
Samuel: — Olá, meu querido amigo.
Governador: — Olá, meu caro.
Samuel: — Sua chegada hoje foi até uma surpresa.
Governador: — Não foi só uma surpresa pra você, como também pra mim. Resolvemos sair mais cedo de lá. E o bordel? É bom mesmo?
Os dois seguem a conversa dentro do automóvel de Samuel.
CENA 02. Vale do Sol. Fazenda de Cássio Mendes. Escritório. Interior. Final de tarde.
Teodoro Fonseca e Cássio Mendes falam sobre Ângelo.
Cássio Mendes: — Mas e aí, quem você acha que matou o traidor?
Teodoro Fonseca: — Não faço a mínima ideia. Mas agradeço a pessoa que fez isso.
Cássio Mendes: — Você também tinha alguma desavença com ele?
Teodoro Fonseca: — Tinha. Tinha, e muitas.
O silêncio toma conta da sala, e Teodoro Fonseca levanta- se da cadeira bebendo um pouco de uísque, e dizendo: — Mas aquele ali tinha rincha com todo mundo. Até com os próprios filhos, como você já deve saber.
CENA 03. Vale do Sol. Prefeitura. Corredores. Interior. Noite.
Marcos recebe Samuel e Renato (governador).
Marcos já está de saída, quando os dois chegam.
Renato: — Ora, ora. Mas olha quem eu encontro aqui.
Marcos aperta a mão do governador e fala: — Nossa! O governador em minha frente. Não creio.
Renato: — Pois creia. Se você é legal nas cartas que me envia, imagina pessoalmente.
Marcos: — Que nada!
Os três ficam ali por alguns minutos, se conhecendo melhor e jogando conversa fora.
CENA 04. Vale do Sol. Hotel. Corredores. Interior. Noite.
Andreia encontra- se com Orlando no hotel.
Andreia deixa cair algumas coisas suas, não vê que é ele e logo fala: — Desculpe- me!
Mas quando ela vê que é ele, logo surge um clima entre os dois.
Orlando: — Andreia, você por aqui?
Andreia: — É que… É que moro aqui, sabe?
Orlando: — Sei sim.
Mas ele logo muda de comportamento, e fala: — Olha me desculpe mesmo, não vi.
Andreia: — Que nada!
Orlando: — Agora se você me dá licença, tenho que ir.
O médico sai e Andreia fala com si mesma: — Andreia, Andreia, deixa o doutor de lado. Você não pode, você não deve. Esquece ele logo.
CENA 05. Vale do Sol. Fazenda de Samuel. Sala. Interior. Noite.
Renato (governador) e Marcos saem para a reinauguração do A Cor do Pecado.
Renato: — Pronto Marcos?
Marcos: — Prontíssimo!
Renato: — Mas cadê o Samuel?
Samuel chega ao local na hora e fala: — Já fui muita pra lá, meu caro. Hoje já não faço mais isso. Tenho minha amada. E a respeito muito.
Renato: — Desculpe- me, não sabia que você tem esposa.
Samuel: — Mas sou muito grato ao bordel. Foi lá que encontrei a minha grande paixão.
Renato: — Sério?
Marcos: — Sim, mas é uma longa história. Vamos logo que já estamos atrasados. No caminho te conto tudo.
CENA 06. Vale do Sol. Casa de João Castro. Quarto de João Castro. Interior. Noite.
Elza e Coronel João Castro falam da filha desaparecida.
Elza: — A cada dia tenho certeza de que minha filha está viva.
João Castro: — Por quê? Alguma pista nova?
Elza: — Não estou falando isso.
Ela levanta- se da cama mais animada e começa a falar: — A cada dia sinto mais energia, mais força para ir atrás dela, saber desse paradeiro. Algo me diz que ela não está morta e que também não está muito longe de nós. Pois bem, vamos dormir que amanhã será um longo dia.
João Castro dá um beijo na mulher e fala: — Boa noite, amor.
Elza: — Boa noite.
CENA 07. Vale do Sol. Fazenda de Samuel. Noite.
Coronel Cássio Mendes invade a fazenda de Samuel.
Cássio: — Prontos?
Jagunços: — Sim senhor.
Cássio: — Não quero ver mais aquele coronel de bosta viva. Entenderam?
Jagunços: — Sim senhor.
Cássio: — Mas só a morte dele não satisfará. Quero essa fazenda destruída. Destruída em todos os aspectos.
Cássio: — Que comece a guerra!
E após essa última frase de Cássio, todos invadem a fazenda.