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A Cor do Pecado

A Cor do Pecado – Capítulo 23

CENA 01. Vale do Sol. Prefeitura. Gabinete de Cássio Mendes. Interior. Dia.

Dona Quitéria mostra a Coronel Cássio Mendes a licença recebida pelo governador.

Cássio Mendes: — D. Quitéria! A senhora aqui novamente?!

  1. Quitéria: — Sim!

Cássio Mendes: — E o que queres dessa vez?

  1. Quitéria entrega a licença a ele e diz: — Aqui está. Consegui do governador. Veja com seus próprios olhos.

Cássio Mendes: — Mas a senhora não podia ter feito isso.

  1. Quitéria: — Não só podia como fiz.

Dona Quitéria vai saindo quando volta e diz ao prefeito: — Serei generosa. O fechamento tem o prazo de uma semana.

Dona Quitéria sai e o coronel Cássio Mendes fica furioso.

 

CENA 02. Vale do Sol. Casa de Janaína. Portão. Exterior. Dia.

Cecília vai até a casa de sua mãe reecontrá- la.

Cecília bate palmas, quando Janaína vai ver quem é e fala: — Não pode ser.

Janaína logo abre o portão e abraça sua filha, dizendo: — Filha, que bom te reencontrar novamente. Você não imagina o quanto eu rezei para Deus para esse momento acontecer. Ele ouviu minhas orações. Que bom te reencontrar!

 

CENA 03. Vale do Sol. Casa de Carlos. Sala. Interior. Dia.

Carlos e Melissa falam sobre os próximos planos.

Melissa: — Faz tempo que você limpou isso aqui hein?

Carlos: — Faz isso. Quer dizer, nunca limpei. Mas vamos ao que te trouxe aqui.

Melissa: — Estamos muito fracos. Até apanhei daquela vagaba sem jeito. Temos que fazer alguma coisa. Os dois estão lá felizes da vida.

Carlos: — Verdade! Quando você me trouxe a proposta de morar nessa região de Vale do Sol achei que faria mais maldades. Bonzinhos até demais.

Melissa: — Precisamos dar um jeito. Já tenho meu próximo plano contra os dois em mente. Dessa vez o Samuel não me escapa, e nem a cachorra escapa de você.

Carlos: — Assim espero.

 

CENA 04. Vale do Sol. Casa de D. Quitéria. Sala. Interior. Dia.

Dona Quitéria fala na reunião sobre a importância do fechamento do A Cor do Pecado.

  1. Quitéria: — Mulheres de respeito da Vale do Sol: finalmente conseguimos o que queríamos. Agora, aquele o ‘’cabarézinho’’ de esquina está prestes a fechar. Agradeço o apoio de vocês. Sei que também pensam como eu, essa cidade deve voltar a ser como era antes da chegada dessa puta até aqui.

Andreia é a única que aplaude e fala: — Bravo D. Quitéria! Bravo! Falou tudo. É isso aí, sempre nos representando em tudo.

  1. Quitéria: — Agradeço a vocês que ainda estão em nossas reuniões. Cada vez mais as mulheres estão se afastando daqui e indo embora. Começamos o conselho com 25 mulheres, hoje somos apenas 07.

Dona Quitéria continua enrolando e falando bobagem, até as beatas retiram- se e vão embora.

  1. Quitéria: — Por que estão todas indo embora?

Simone: — Porque já não a aguentamos mais, Dona Quitéria. Com licença, já chegou a nossa hora. Temos mais o que fazer do que ficar se incomodando com a vida dos outros. Cada um faz o que quer.

As mulheres vão embora e D. Quitéria fala para Andreia: — Tenho certeza de que: todas essas daí, têm vontade de ir para o cabaré igual às quengas. Agora somos apenas eu e você, Andreia. Vamos combater ao mal e a modernidade em Vale do Sol.

 

CENA 05. Vale do Sol. Fazenda de Cássio Mendes. Escritório. Interior. Dia.

Cássio Mendes e Teodoro Fonseca comentam sobre a morte de Ângelo.

Cássio Mendes: — Como o tempo passa rápido meu caro amigo, Teodoro.

Teodoro Fonseca: — Demais meu amigo! Já estamos nos aproximando dessas eleições e parece que foi ontem que esses moderninhos entraram na política.
Cássio Mendes: — Pra falar em tempo. A morte do Ângelo, meu ex- funcionário, faz um tempinho já hein?

Teodoro Fonseca: — E como faz! Mas minha vida não mudou em nada com a morte daquele homem, quer dizer, mudou sim: agora o caminho está um pouco mais livre para conquistar a Janaína.

Cássio Mendes: — Não era pessoa boa, só porque morreu não vou falar que era bom. Sei que ele saiu injustamente de minha fazenda, mas já te falei o que aconteceu depois?

Teodoro Fonseca: — Nunca.

Cássio Mendes: — Além dele assassinar o Ricardo, jogando- o dentro de um rio, ele promoveu um roubo de sacas de cacau em minha fazenda em 26. Até hoje não o perdoo por isso, ainda estou pagando o grande prejuízo que ele me deu.

 

CENA 06. Vale do Sol. Convento. Quarto de Olívia e Mônica. Interior. Dia.

Olívia e Mônica conversam.

Mônica: — Você não sabe o que me aconteceu. Não queria que isso tivesse acontecido, mas… Já estou apaixonada.

Olívia: — Conta! Por quem amiga?

Mônica: — Sérgio. Ele é um doce, um encanto. O sonho de qualquer mulher. Ele estava por aqui resolvendo alguns probleminhas, trocamos olhares, conversamos e com o passar dos dias fomos nos encontrando.

Olívia: — Que bom amiga! Mas por que você não havia me contado isso antes?

Mônica: — Porque eu estava com medo de você não aprovar, por ele ser seu irmão, e já ser apaixonado por outra amiga sua, enfim…

Olívia: — Não, não. Muito pelo contrário, aprovo sim. Vocês dois formam um casal lindo e perfeito.

Mônica: — Você acha mesmo?

Olívia: — Claro que acho amiga. Você é bonita, inteligente, educada, jovem: tudo o que ele gosta em uma só pessoa.

 

CENA 07. Vale do Sol. A Cor do Pecado. Porta. Exterior. Dia.

Prefeito chega até o A Cor do Pecado para seu fechamento.

Coronel Cássio Mendes bate na porta e por coincidência Cecília vai abrí- la.

Cecília: — O que o senhor deseja em meu bordel a essa hora do dia senhor coronel?

Cássio Mendes: — Lamento informar. Mas serei direto.

Cecília fica nervosa e fala: — O que foi senhor coronel? Fale logo, que já estou preocupada.

Cássio Mendes: — Seu bordel terá que ser fechado.

Cecília interrompe e coronel e fala: — Mas como assim? O que estamos fazendo de errado? Está tudo regulamentado.

Cássio Mendes: — Também fiquei surpreso quando soube, mas tive que vir até aqui mostrar- lhe com seus próprios olhos.

Cássio Mendes mostra a carta e diz: — O governador quem mandou essa carta para o fechamento. São ordens, tem que cumprí- las. Não foi de meu desejo fechar o seu estabelecimento.

Cecília: — Tanta coisa acontecendo e por que o governador iria se importar logo com o meu cabaré em numa cidade quase afastada do mapa?

Cássio Mendes: — Tenho que ir embora. Em outra oportunidade conversamos. Até mais!

Cecília ainda nervosa e chocada entra para o bordel.

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