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A Cor do Pecado

A Cor do Pecado – Capítulo 01

CENA 01. Fazenda do Coronel Cássio Mendes. Interior. Dia.

Ângelo, Ricardo e Constâncio estão na plantação de cacau trabalhando pra valer.

Ângelo: — Pois é: meus camaradas. A vida não está fácil não. Trabalhando duro aqui pra ganhar alimentação e moradia.

Ricardo: — Temos que trabalhar. Esse é o ‘’preço’’ de ter uma família.

Constâncio: — Ora. Tô cansado, por demais da conta.

 

CENA 02. Fazenda do Coronel Cássio Mendes. Escritório de Cássio Mendes. Interior. Dia.

Cássio elogia Ângelo pelo seu trabalho e honestidade, e Ricardo observa tudo.

Cássio: — Parabéns, Ângelo! Você é uma pessoa sem igual. Honesto, trabalhador, gente boa e por aí vai. Se for lhe elogiar passarei o dia aqui, lhe dando vários adjetivos.

Ângelo: — Obrigado, Seu Cássio.  Não faço mais que minha obrigação aqui.

Cássio: — Que nada!

Ricardo fala para si mesmo, enquanto os dois conversam.

Ricardo: — Ha, ha! Mas essa confiança e honestidade estão com os dias contados, ou seria: as horas? Você há de se arrepender por ser o preferido do patrão, a se você não vai se arrepender.

 

CENA 03. Fazenda do Coronel Cássio Mendes. Galpão das sacas de cacau. Interior. Noite.

Ricardo rouba dali grandes quantidades de sacas de cacau para incriminar Ângelo.
Ricardo: — Acabou pra você Ângelo. Já era. Agora é a minha vez de ser o preferido do patrão. Cansei que você quem fosse.

 

O galo canta

O café já está na mesa

E todos estão prontos para mais um dia de lutas e batalhas

 

CENA 04. Fazenda do Coronel Cássio Mendes. Galpão de Ângelo. Interior. Dia.

Ângelo conta para Janaína que está sendo bastante elogiado no trabalho.

Ângelo dá um beijo em Janaína, e a mesma estranha e responde: — Um beijo logo essa hora da manhã? Estou te estranhando viu?

Ângelo: — Ai amor. É porque minha vida só melhora a cada dia mais.

Janaína: — Mas posso saber por quê?

Ângelo: — Claro! O patrão me elogiou bastante pelo meu caráter e talvez nos próximos dias, além de morar e ganhar alimento aqui na fazenda: ganharei dinheiro vivo. Dinheiro Janaína.

Janaína: — Olha amor quando estamos felizes demais, alguma coisa de ruim está para acontecer.

Ângelo: — Que nada amor! Bobagem.

Janaína: — Bobagem nada! É melhor ficarmos como estamos não estou muito crente com essa história do dinheiro não.

Ângelo: — Olha amor, hoje estamos o oposto um do outro: eu positivo e você negativa. Tchau, agora irei trabalhar.

Janaína: — Tchau.

 

CENA 05. Fazenda de Coronel Cássio Mendes. Escritório de Cássio Mendes. Interior. Dia.

Ricardo fala para Cássio sobre o roubo das sacas de cacau.

Ricardo bate na porta, e Cássio responde: — Pode entrar.

Ricardo: — Tenho um assunto muito sério pra falar com você, patrão. De seu bastante interesse.

Cássio: — E do que se trata?

Ricardo: — Não é por nada. Mas é porque só quero o seu bem e o seu progresso.

Cássio: — Desembucha!

Ricardo: — Ontem a noite estava preparando- me para dormir e escutei um barulho. Abri devagar a porta do galpão onde vivo e fui olhar. O barulho vinha do galpão onde fica as sacas de cacau. E…

Cássio: — E…?

Ricardo: — O Ângelo estava pegando várias sacas de cacau, junto com outros homens. Acordei hoje cedo e fui investigar na cidade. Ele vendeu a preço de banana a outros exportadores.

Cássio: — Mas será que isso é um afronta a minha pessoa?

Cássio chama um de seus trabalhadores e diz: — Jagunço, vá até o Ângelo e chame- o imediatamente na minha sala.

 

CENA 06. Fazenda do Coronel Cássio Mendes. Plantação de Cacau. Interior. Dia.

Ângelo trabalha em um sol escaldante, quando um jagunço chega.

Ângelo: — Boa. Jagunço!

Jagunço: — Boa. Compadre! O patrão está lhe chamando em sua sala, para tratar de um assunto urgente.

Ângelo: — Mas o que será?

Jagunço: — Não sei. Apenas dei o recado que ele mandou.

 

CENA 07. Fazenda de Cássio Mendes. Escritório de Cássio Mendes. Interior. Dia.
Ângelo: — Sim senhor. Qual o motivo do chamamento até sua sala?

Cássio: — Eu lhe dou o prazo de três dias para você arrumar as malas com sua esposa e as crianças.

Ângelo fica surpreso e interroga: — Mas por quê? O que foi que aconteceu? O que foi que eu fiz Coronel?

Cássio: — Não tente dar uma de desentendido. Eu sei muito bem o que você fez. Roubou minhas sacas de cacau ontem à noite, e as vendeu hoje cedo para outros exportadores a preço de banana.

Ângelo ainda surpreso fala: — Mas isso não fui eu. Juro! Ontem à noite estava com minha mulher e meus filhos.

Cássio: — Sabia que você diria isso. Canalha. Você não é homem! Vá, arrume suas coisas e saia da minha fazenda no prazo estabelecido.

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