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Agridoce

Capítulo 10 – Agridøcє

Agridøcє

Era sábado à noite, desde quarta-feira que eu e Rylan não nos desgrudávamos e eu não sabia bem o porquê. Nick não havia me procurado, e eu também não fizera questão.

— Por que Paris e não a Disney? — Eu estava sentada em minha cama, com Rylan deitado ao meu lado, com a cabeça em meu ombro.

— Rylan. — suspirei — Disney é legal. Ok. Já concordamos nisso, mas não passaria minha lua de mel na Disney, acho Paris muito mais apropriado para uma lua de mel. Poderia ir à Disney depois, quando tivesse meus filhos e tal.

— Mas a Disney é muito mais bacana, cara!

— Sinceramente, nem sei por que estamos tendo essa discussão. Quando eu for ter minha lua de mel, eu vou para Paris e quando você for ter a sua, você vai para onde quiser. — Ele abriu a boca para responder, mas então meu celular tocou. Era Ally.

— Wendy, você e o Nicholas ainda estão tendo alguma coisa? — Ela perguntou antes mesmo que dissesse alô.

— Bom, até onde eu sei, acho que estamos.

— Sabe onde ele mora? — Ela falava meio arrastado, parecia bêbada. De novo.

— Sei, por quê?

— Vem pra cá, agora! — Então a linha ficou muda. Pulei da cama, procurando meu tênis.

— O que foi? — Rylan se arrumou na cama.

— Preciso sair. — Ajoelhei no chão, pegando meu tênis que havia ido parar debaixo da cama.

— Vai pra onde?

— Preciso ir a um lugar. Fora do Campus. — Sentei na cama tentando por o tênis sem desamarrar.

— Eu te levo, minha moto está aí em baixo. — Ele levantou pegando os tênis para calçar também.

Desci as escadas correndo, sem saber ao certo por que eu estava com pressa, parei quando vi a moto de Rylan. Parecia tão grande e mortal. Eu nunca havia andando de moto.

— Da tempo de ir na fraternidade buscar outro capacete? — algo em meu olhar, respondeu sua pergunta. — Ok, vamos. Não deve ter problema.

Ele subiu na moto e me encarou, com dificuldade eu consegui me acomodar atrás dele e passei os braços em sua cintura o mais forte que consegui, afundando meu rosto em suas costas. Expliquei para onde ele tinha que ir e fechei os olhos. Senti o vento em meu rosto por um tempo, e então escutei a música e tive que abrir os olhos, Rylan já parava na frente de uma casa, que apesar de ter ido lá só uma vez, eu conhecia bem o suficiente. Pulei da moto com Rylan atrás de mim, o portão estava aberto e a casa cheia de jovens, tentava abrir espaço com a maior delicadeza que eu conseguia mais, ninguém deixava eu passar e eu estava começando a ficar desesperada.

— Vem. — Rylan puxou minha mão, se enfiando no meio da multidão e abrindo espaço.

Entramos na sala, lá estava mais vazio, olhei em volta procurando Ally, consegui achar Lucy primeiro, encostada em um canto segurando o braço de alguém, vi que era Ally, empurrei todos que estavam em meu caminho, chegando até ela.

— O que foi, Ally, tá tudo bem? — Empurrei Lucy para o lado segurando o braço de Ally.

— Aquele… — Ally apontou para mim com uma garrafa de cerveja na mão. — Aquele Nicholas, tá te traindo, Wen, você sabia?

Eu parei e a encarei, soltei seu braço e olhei para Rylan, sem saber ao certo o que eu devia fazer ou como reagir.

— Na verdade, não somos namorados. — Mordi o lábio inferior, tentando segurar as lágrimas.

— Vou acabar com ele Wendy! Ninguém faz isso com a minha irmã! — Ally saiu batendo os pés em direção à cozinha, com Lucy atrás. Eu a segui junto com Rylan. Quando cheguei à porta da cozinha, Ally estava parada na frente do Nick, com o dedo apontado para seu rosto, gritando e xingando.

— Wendy… — Nicholas me encarou, eu me virei e sai de lá o mais rápido que pude, abrindo caminho pela multidão. Quando consegui chegar finalmente perto da moto de Rylan, percebi que um monte de gente vinha atrás de mim, o primeiro deles era o Nick.

— Deixa ela em paz, menino! — Ally o empurrou. — Eu vi, vi você beijando aquela garota! Minha irmã não é dessas! — Ally tombou para o lado e se apoiou em Lucy.

— Wendy… — Nick ignorou Ally e deu um passo para frente, eu dei dois passos para trás. — Eu posso explicar.

— Nick, nós não somos namorados, não haja como se realmente tivesse me traído, sem crise, ok? — Tentava não demonstrar que aquilo me afetava, mas meus olhos cheios de lágrimas deviam demonstrar.

— Wendy, eu gosto de você, gosto mesmo! Mas, poxa! É tão complicado ficar com uma menina que não me deixa nem toca-lá. — ele arrastou um pouco as palavras, pude perceber que também estava bêbado. — E sabe como é, eu bebi um pouco e a carne é fraca.

Nick deu mais um passo em minha direção e eu fui para trás, encostando na moto, olhei para Rylan um pouco desesperada e ele se botou na minha frente, encarando Nicholas.

— A carne é fraca? — Rylan deu um passo para frente. — Se a carne é fraca, meu amigo, fortalece seu espírito! Não é a carne que é fraca, é você que não vale merda nenhuma! — Eu estava tão despreparada quanto Nick, quando Rylan o acertou com um belo soco que fez Nick cair no chão.

Rylan subiu na moto e me puxou, eu puxei meu braço de volta e ele me olhou sem entender.

— Vamos embora, Ally.

— Não. — Ela se escorou em Lucy e levou à garrafa de cerveja a boca.

— Você já bebeu demais, Ally. Vamos embora, por favor.

— Irmãzinha… — ela caminhou até mim tropeçando. — Eu tô legal, beleza? Tô com a Lucy e o Ralph deve estar em algum lugar lá dentro. Cai fora.

Subi na moto e afundei a cabeça nas costas do Rylan, sem conseguir conter as lágrimas. Chorei o caminho todo, quando chegamos ao dormitório Rylan me escorou até o quarto, deitou comigo na cama e me abraçou, encostei a cabeça em seu peito e chorei. Chorei até sentir que minha cabeça ia explodir. Chorei pela Ally bêbada, por ela me mandando cair fora, pelo idiota do Nick, que nem era meu namorado. Chorei por ser uma garota estúpida e com sérios problemas de entrosamento, que não conseguia nem segurar um namorado por um tempo significativo. Ele não era meu namorado, mas se eu fosse diferente, talvez se eu fosse mais como a Ally, ele poderia ter sido. Não que eu quisesse, não que eu gostasse dele o suficiente para isso. Eu estava me sentindo tão estúpida. Era tudo tão frustrante!

— Não vale a pena chorar por aquele palhaço! — Rylan sussurrou enquanto limpava as lágrimas que secavam em meu rosto.

— Não é exatamente por ele que estou chorando.

— E qual é o motivo? — Ele puxou meu queixo para que eu o olhasse.

— É tudo tão frustrante! — frustrante — Eu não sei ser uma adolescente normal, não sei me comportar como uma adolescente normal. Não gosto de beber, nem sair, tenho dificuldade para conhecer pessoas e mais dificuldade ainda para mante-las comigo. As poucas vezes que consegui me relacionar com um menino, primeiro, ele termina comigo por que achou uma pessoa que sabia namorar, ou seja, também não sei namorar como uma adolescente normal e depois, quando consigo um quase namorado, ou seja lá o que eu tenha significado para o Nicholas, ele fica com uma outra garota por que também não sei ficar como uma adolescente normal.

— Nunca escutei você dizer tanta baboseira, Wen! — ele aproximou seu rosto do meu. — É claro que você não é uma adolescente normal, se é que existem realmente adolescentes normais. — ele sorriu.

— Mas eu quero me enquadrar em algum lugar, Rylan! Quero sentir que pertenço a algo, a um espaço, a alguém.

— Você pode pertencer a mim, se quiser. — ele levantou mais meu queixo e encarou meus lábios.

— Como assim? — Arregalei os olhos sem saber se tinha entendido direito, é claro que tinha uma coisa especial entre mim e Rylan, mas eu também achava que tinha entre eu e o Nick, entre eu e o meu único namorado, então eu não era uma boa pessoa em saber quando eu tinha realmente alguma coisa especial com alguém.

— Achei que você já tivesse percebido, Wen! Mas é claro que não percebeu, afinal você é você. — Ele sorriu. — Eu gosto de você, tipo, de verdade, como há muito tempo eu não gosto de alguém, você é inteligente, bonita, apesar de não perceber, é um pouco estranha, isso eu tenho que admitir, mas isso faz você ser diferente de todas as outras. Eu gosto de você.

— Ah! — Eu não sabia bem o que dizer, na verdade, eu nunca sabia o que dizer quando eu realmente precisava dizer algo. Era difícil assimilar esse tanto de novidades que estavam sendo jogadas pra mim nesses últimos tempos, era estranho perceber que eu, por mais estranha que fosse, conseguia fazer com que alguém se apaixonasse por mim.

— Não posso afirmar que a gente vai dar certo e tal e nem vou vir com aquele papo clichê que vou fazer de tudo pra dar certo, mas a gente pode tentar. Tentar de verdade, e não como foi com aquele babaca do Nicholas.

— Antes você tem que me prometer uma coisa.

— O que? — Ele me encarou, seus olhos verdes arredondados me perfuravam.

— Que não vai desistir quando encontrar alguém mais namorável, nem vai ficar com outra garota quando eu tiver dificuldades em me entrosar com você.

— Prometido. Agora, você me promete uma coisa também?

— Prometo.

— Mas você ainda nem sabe o que é. — Ele sorriu.

— Mas eu prometo.

— Você é linda. — Ele sussurrou.

— Você também.

— Me promete que nunca vai se esquecer disso?

— Que eu sou linda? — Encarei seus olhos verdes.

— Também. — Ele sorriu. — Me promete que não vai se esquecer desse momento.

— Prometo. — sorri.

— Wen, quer namorar comigo? — Ele não me deixou responder, aproximou seu rosto do meu e me apertou contra seu corpo, senti seus lábios macios nos meus. Passei as mãos pelos seus cabelos e puxei mais seu rosto para mim.

— Quero. — Sussurrei entre seus lábios.

  • Capítulo 11 – 19/01

Stephanie

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