Capítulo 2 – Agridøcє
Agridøcє
Foi uma das partes mais dolorosas de empacotar minhas coisas: A escolha dos meus livros. Na minha casa, eu tinha duas estantes, uma completamente cheia de livros, a outra, de suas 7 prateleiras, 3 já se encontravam lotadas de livros. E ali, na faculdade eu só dispunha de duas prateleiras, passei quase uma semana para conseguir decidir quantos livros eu levaria e ali, parada no meu quarto da faculdade, olhando as prateleiras, percebi que mesmo assim, havia levado livros demais.
Peguei a primeira caixa e tirei os livros de lá, organizando-os sem nenhuma ordem especifica na prateleira superior, depois enchi a prateleira de baixo, botei alguns livros no canto da escrivaninha e deixei os que havia comprado para a faculdade ainda dentro da caixa e a botei de baixo da cama.
Prendi com pequenos pedaços de durex um atlas na parede acima da escrivaninha do lado da janela e na outra prendi algumas fotos: Eu e mamãe no dia de ação de graças anterior. Eu, papai e Ally pescando na Geórgia no verão passado. Eu e Ally na formatura da escola uns meses atrás. Eu e Ally paradas uma de frente para outra, com as mãos estendidas no alto se tocando, como se estivéssemos refletindo no espelho. Essa foto mamãe tirara uns dias antes de Ally pintar seu cabelo de preto.
Sim, Ally é minha irmã gêmea. Mas, digamos que ela é a bonita, se pudéssemos descartar o fato de que somos idênticas. Bom, pelo menos éramos, até a alguns meses atrás, quando descobrimos que tínhamos sido aceitas na faculdade, Ally decidiu mudar a cor do cabelo, abandonara o castanho claro e o pintara de preto, nas últimas semanas percebi também uma ligeira mudança em sua forma de se vestir, havia me dado à maioria de suas blusas e moletons “fofos”, começara a usar delineador e batons escuros. Andava usando gírias e há uns dois dias atrás havia a encontrado vomitando no banheiro depois de ter ido a uma festa de despedida de seus amigos da antiga turma do colegial e ingerido bebida alcoólica.
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Abri os olhos e encarei o teto branco, meio alaranjado pelo sol fraco que entrava pela janela. Procurei meu celular que despertava do lado da minha cabeça e o desliguei. Joguei os pés para fora da cama e me sentei, a cama de Joy estava exatamente como na noite anterior, ela não havia voltado. Peguei minha bolsinha com meus produtos de higiene, uma muda de roupa, minhas toalhas e caminhei para o final do corredor, abri a porta do banheiro e procurei um boxe de chuveiro vazio. Depois do banho, me troquei e voltei para o quarto, empurrei a porta, mas ela foi impedida de abrir por algo que estava no meio do caminho do outro lado.
— Epa! — ouvi uma voz dizer e depois a porta foi aberta.
— Hm, oi, Joy. Desculpe, não sabia que você estava aí.
— É meu quarto, onde mais estaria?
— Tipo, atrás da porta. — sorri, sem graça. Bom, levando em consideração que ela não havia passado a noite no quarto, ela poderia estar em qualquer lugar e definitivamente, não esperava ela no quarto.
— Hm. — ela bufou, procurando algo nas caixas. — Ei, por acaso viu uma bolsinha vermelha?
— Não mexi nas suas coisas. — Olhei para ela colocando meus óculos de grau.
— Não disse que mexeu, perguntei se viu. — Ela passou a mão nos curtos cabelos pretos, me olhando.
— Bom, se foi a que você saiu ontem, vi você saindo com ela. — Sorri, sem graça.
— Ah! — ela deu um tapinha na testa como se aquilo fosse óbvio. — Esqueci na casa do Jack!
— Hm, Joy? — A encarei pelas mexas soltas do meu cabelo.
— Fala. — Ela sussurrou sem nem me olhar.
— Você vai usar as suas prateleiras? É por que assim, eu trouxe muitos livros e as minhas já estão cheias e tem livro na escrivaninha e em baixo da cama e eu reparei que você trouxe poucas coisas, então eu queria saber…
— Você fala demais. — Ela me cortou.
— Desculpe. — Sussurrei, abaixando a cabeça e encarando o chão.
Ela pegou algumas coisas na mala e saiu, sem agradecer, sem se despedir, simplesmente saiu e fechou a porta atrás de si com um baque alto.
Peguei minha bolsa, a única que eu tinha, joguei no ombro e taquei lá dentro o celular, a chaves do quarto, meu mapa do campus e o horário das aulas. Eu havia decidido fazer Línguas, pelo simples fato de ser apaixonada pela leitura e apesar da timidez, pretendia algum dia poder dar aula, Ally, compartilhava desse mesmo sonho comigo, mais é claro, que mudou de ideia alguns meses atrás, quando decidiu que seria melhor fazermos cursos diferentes, para não sermos mais conhecidas como “ás gêmeas”, mais sim como “Wendy e Ally”. Então, ela decidira cursar Ciências Políticas.
E eu me sentia totalmente perdida com essa nova fase da minha irmã, era estranho depois de tantos anos sendo “as gêmeas”, agora ser só “A Wendy.”, eu sempre fui muito tímida, quando eu era pequena, tinha uma facilidade para aprender as coisas muito rápido, no começo, eu era o centro das atenções, mas depois, quando meus pais perceberam que eu aprendia sempre rápido demais e que Ally, sempre tinha muita dificuldade com tudo, a atenção de todos foi voltada para ela, então com o tempo, eu deixei de ser a Wendy que aprendia tudo rápido demais e comecei a fingir que também tinha certa dificuldade com algumas coisas, mas mesmo assim Ally sempre tinha mais, e quanto mais ela recebia atenção, mais eu me retraria, e era deixada de lado, fazendo com que minha timidez e insegurança só aumentasse. Com o tempo Ally deixou de ser a menina que tinha dificuldade com tudo, mas eu nunca deixei de ser a menina cheia de timidez e insegurança.
- Capítulo 3 – Dia 01/01
Muito show! Incrível Stephanie
Muito obrigada! *-*
Estou gostando bastante
Que história legal, fico mais ansioso a cada capitulo *-*
Que bom que gostou! *-*
Super interessante de acompanhar. Capítulos curtos e a ansiedade de ler o próximo, só aumenta!!!
Fico feliz que tenha gostado! *—–*
pior web que ja vie
Escreva uma melhor. :*