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Três Jogadas

Três Jogadas – Capítulo 39

Três Jogadas.

Capítulo 39

“Se você odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte de você. O que não faz parte de nós não nos perturba.”

Hermann Hesse

Cena 1. Rio de Janeiro – Leme / Apt. da Clarice / Tarde

Continuação imediata da cena anterior.

Paloma indignada: Quem é você para falar de afronta. Sempre se sentiu superior a todo mundo e SEMPRE pisou em quem fosse necessário para conseguir alcançar seus objetivos. Pois então. Eu estou fazendo a mesma coisa. O Jordan me prometeu me transformar numa modelo de sucesso!

Clarice ri: Esse cara está te comprando! Usando seus sonhos para isso. Pior, está TE USANDO para ME ATINGIR. Será que você não consegue enxergar isso?! Ele está te manipulando. ACORDA!

Paloma furiosa: Acorda você! Já sou grande o suficiente para tomar as decisões da minha vida. Sou maior de idade, vacinada e sei bem me defender de qualquer coisa. Você fala tanto de manipulação, de superioridade… De usar as pessoas e faz a mesma coisa. Quem você pensa que é pra falar de alguém. Ou melhor: QUEM VOCÊ CLARICE?! Será que pelo menos nisso você é capaz de dizer a verdade?!

Clarice indignada: Eu não admito que você fale desse jeito comigo. Eu exijo pelo menos um pingo de respeito!

Paloma ri, indignada: Esse é o seu problema. Sempre exigir das pessoas, tá sempre cobrando, mas quando VOCÊ é cobrada se exalta e usa as piores armas para reverter o jogo. SUJA!

Kiara intervém: CALA A BOCA! CALA A BOCA AGORA SUA GAROTA MIMADA! EU DEVIA TER TE DADO UMAS BOAS SURRAS PARA VOCÊ APRENDER A RESPEITAR OS OUTROS!

Leandro se levanta: Eu acho que essa conversa já está tomando um tom desnecessário. A Paloma tem o direito de escolha dela. É melhor que essa conversa se encerre por aqui.

Júlia desce a escada da casa, abismada…

Paloma ri: Devia ter me dado umas boas surras? Agora não adianta se sentir culpada pelo seu fracasso social. VOCÊ FALA DE REGRAS E NÃO CONSEGUE CUMPRIR NENHUMA. Dizem que as crianças segue exemplo de seus pais. QUE EXEMPLO VOCÊ ME DEU?! DESDE QUANDO VOCÊ RESPEITA ALGUÉM?!

Kiara furiosa: Cala a boca. CALA A BOCA! – ela dá um tapa em Paloma.

Clarice puxa Kiara: PARA VOCÊS DUAS! CHEGA! – Paloma se recupera do tapa, chorando. – Isso já foi longe demais. Chega!

Paloma chorando: Longe demais?! Pra quem?! Agora que eu estou cuspindo a verdade na cara de cada um vocês se doem, né?! Eu tenho NOJO de você, Kiara. NOJO! Sempre ditou regras e nunca conseguiu cumprir nenhuma. Infelizmente, eu tenho o desprazer de um dia ter lhe chamado de mamãe.

Paloma sai furiosa. Igor vai atrás.

Kiara nervosa: INGRATAAAAAA!

Júlia chocada com a confusão: Queria saber quando nossa família vai voltar a ter paz, como antes.

Kiara se levanta: NUNCA! E SABE QUEM É A CULPADA DISSO TUDO?! VOCÊ! QUE TROUXE AQUELE TEU NAMORADINHO COBRA E O COLOCOU DENTRO DESSA CASA.

Júlia indignada: EU?! O Luigi é totalmente diferente da mãe dele e tenha certeza que ele não tinha intenção nenhuma em fazer o que a mãe dele sempre quis.

Kiara se solta: VOCÊS SÃO TUDO UM BANDO DE IDIOTA! BABACAS! E DEPOIS A LOUCA SOU EU! BURROS!

A mulher sai furiosa e ainda taca o abajur longe.

Leandro perplexo: Eu nunca vi a Kiara desse jeito. Estou começando a ficar com medo.

No quarto de Paloma…

Paloma pega a mochila e começa a jogar roupas dentro dela. Igor entra.

Paloma taca uma roupa no garoto: SAI DAQUI!

Igor segura a roupa: Tenho um reflexo bom! – ele tenta parar Paloma. – Para com isso. Deixa essas roupas pra lá.

Paloma tentando se soltar: ME DEIXA IR! EU NÃO AGUENTO MAIS FICAR NESSE INFERNO DE CASA. ISSO AQUI SE TRANSFORMOU NUM CAMPO DE BATALHA E EU NÃO AGUENTO MAIS!

Igor contém Paloma: Eu não posso deixar você partir. A gente sempre enfrentou tudo juntos, de mãos dadas e nunca deixou que nada abalasse nossa eterna amizade. Nos aproximamos cada vez mais, nos juntamos, nos apaixonamos e prometemos que cuidaríamos um do outro pra sempre. Eu quero cuidar de você.

Paloma chorando: Como é que você quer cuidar de mim se você não consegue cuidar nem de você? Eu não aguento mais, Igor!

Igor se ajoelha: Você é minha cura, Paloma. Quando a gente começou a se entregar eu parei de beber, parei de me envolver com coisa errada. Você é a cura para tudo de ruim que me rodeia. É meu anjo protetor. Eu preciso de você. Paloma! Por favor. Não vai.

Paloma chorando: Igor…/ – ela é interrompida.

Igor chorando: Não fala nada! Só me escuta. Eu sempre fui uma criança revoltada e talvez você não entenda os motivos. Nem eu entendo os meus motivos para ser assim. Sempre cresci sem amor dos meus pais, rejeitado e sempre me sentindo o inferior a todo mundo. Comecei a beber cedo, me envolvi em grupos de agressores, quase desgracei a minha vida. Sempre cresci acreditando que o amor é a coisa mais pura para regenerar alguém e cresci acreditando na coisa certa! Convicto de que o amor me regenerou. Eu preciso de você pra tudo. É como se você fosse a luz para o meu caminho e toda vez que você some dele, eu fico num apagão, sem saber para onde ir, sem direção, sem rumo. Você é a luz da minha vida. Ainda que daqui pra frente à gente vá seguir e traçar caminhos diferentes, eu jamais vou cansar de me dizer que você foi única na minha vida. Você já me privou de te amar, não tira o meu direito de acordar e te ver nessa casa todos os dias. De acordar e ouvir o teu “bom dia!” com um sorriso no rosto. Não priva e não tira o meu direito de te ver! Eu te amo tanto! Tanto! Não vai embora, por favor.

Paloma chora e Igor lhe abraça. Os dois choram, abraçados.

Cena 2. Rio de Janeiro – Urca / Apt. da Eliane / Tarde

Jaqueline e Eliane estão à mesa, conversando.

Eliane bebe o café: Você precisa conversar com a Adriana. Ainda que isso vá causar um mal estar. É teu direito conhecer tua filha e direito dessa pobre jovem saber da verdade.

Jaqueline tensa: O medo fala mais alto, sabe? Tenho medo de enfrentar isso. Ter que reviver o passado. Medo do que essa menina pode pensar de mim.

Eliane: Se você não contar, tão cedo não vai saber o que ela vai pensar de você. E quanto mais você adiar, mais tempo vai ser de mentira e mais tempo a menina é enganada. Conta antes que seja tarde demais.

Jaqueline: Tá e seu contar, o que ganho com isso? Nada! Só vai ganhar desprezo de uma jovem, que saiu da minha barriga. Ainda que eu nunca tivesse o interesse em procurar, eu sinto falta. É doloroso pra lembrar de tudo o que aconteceu.

Eliane: Você só vai tirar essa dor, depois de contar tudo. E se não contar, é um peso que você vai levar para o resto da tua vida.

Jaqueline pensativa: Vou pensar nisso. – tom. – Estou sentindo falta do Neto. Acordei e ele não estava mais na cama.

Eliane se levanta para tirar a mesa: Saiu cedo. Mal acordou e já estava saindo. Disse que não era pra você ficar preocupada.

Jaqueline estranha: Estranho… Ele nunca foi de fazer isso.

Barulho da porta.

Eliane lavando a louça: Deve ser ele.

Jaqueline se levanta: Vou lá falar com ele.

Na sala…

Neto coloca a chave do carro na mesinha.

Jaqueline sorrindo: Amor! Acordei e você nem estava mais na cama. – ela dá um beijo no homem, que não reage. A mulher se afasta. – Aconteceu alguma coisa?

Neto se afasta, disfarçando: Jaqueline, a gente precisa conversar.

Jaqueline suspeita: Duas coisas que dão sinais de a coisa não é boa: falou o nome todo, quando antes chamava de apelido; e o “a gente precisa conversar”. O que foi dessa vez?

Neto: Eu perdi todo o nosso dinheiro.

Os dois ficam em silêncio, apenas se encaram.

Jaqueline reage furiosa: IDIOTA!

Jaqueline dá um tapa forte na cara de Neto, o homem fica sem reação.

Cena 3. Rio de Janeiro – Botafogo / Shopping Rio Sul / Tarde

Adriana guarda o carro no estacionamento e desce. A mulher caminha apressada.

Perto dali…

Amanda desce do ônibus. A garota caminha desolada pela passarela que sai na portaria do shopping.

Paralelo à cena…

Adriana atravessa o sinal da rua, que agora está aberto para os pedestres. As duas caminham para a portaria.

Na portaria do Shopping…

Adriana sobe na calçada do shopping e no instante um assaltante para a advogada e coloca uma faca no pescoço dela. Na hora de puxar a bolsa, ele pega pela alça da blusa e puxa com tanta força, que acaba rasgando a blusa da mulher. Adriana cai no chão, com tamanha brutalidade.

Na passarela…

Amanda corre para tentar ajudar Adriana.

Amanda desesperada: PEGA LADRÃO! PEGA LADRÃO!

Na portaria do Shopping…

Adriana tenta levantar sua blusa, que está rasgada. Amanda chega e tenta ajudar a mulher.

Amanda tensa: A senhora está bem?! – ela ajuda Adriana a se levantar.

Adriana se levanta: Só um pouco tonta. Esse idiota levou minha bolsa e de quebra ainda rasgou minha blusa.

A mulher tira a mão e a alça cai, deixando a mancha a mostra. Amanda olha sem parar para a mancha e fica sem saber o que responder. A garota fica perplexa e não consegue esboçar nenhuma reação.

Adriana sem entender: Aconteceu alguma coisa?

Amanda abismada: Nada! Eu só fiquei confusa com tudo isso.

Adriana levanta a blusa: Ainda bem que a chave do carro ficou pendurada na minha calça e ele só levou a bolsa.

Amanda ainda meio confusa: Eu tenho uma pinta dessas. No mesmo lugar. Coincidência, não?!

Adriana cismada: Muito! – ela abraça Amanda. – Obrigada por ter me ajudado. Ainda que sem resultado, valeu a pena. Essa cidade, cada dia mais violenta. Obrigada mesmo! – ela se afasta. – Não sei se vou te encontrar algum dia de novo, mas se sim, prometo pagar essa dívida.

Amanda sorri: Só fiz minha obrigação com como cidadã. Mas espera, você está ainda nervosa com tudo isso que aconteceu. Eu te levo em casa. Não sou uma boa motorista, mas acho que consigo tapear. – ela sorri.

Adriana pega a chave do carro: Não precisa. Você já atingiu sua cota de bondade. – ela sorri. – Acabei perdendo meu celular e não vou conseguir te retribuir. Espero que um dia voltemos a nos encontrar. Não vou esquecer essa dívida.

Amanda sorri: Até qualquer dia.

Adriana retribui o sorriso e sai. Amanda continua abismada com a história.

Cena 4. Rio de Janeiro – Urca / Apt. da Eliane / Tarde

Neto reagindo ao tapa: Antes de mais nada eu peço que você não comece com suas agressividades. Já aguentei coisa demais. Engoli sapo demais e agora basta! Chega!

Jaqueline furiosa: Quem diz basta e chega sou eu! Eu sempre te dei confiança demais. Confiança essa que fez você acabar com meu dinheiro. Como é que você perdeu a fortuna?

Neto: Num jogo de aposta. Eu juro, eu tive não tive a intenção em perder, mas aconteceu. Me perdoa!

Jaqueline nervosa: PERDÃO?! ISSO É A ÚLTIMA COISA QUE VOCÊ RECEBERÁ DE MIM! VOCÊ PERDEU TODO O MEU DINHEIRO, IDIOTA!

Neto já se revoltando: NOSSO DINHEIRO! NOSSO! Até onde eu sei você não conseguiu esse dinheiro sozinha! Eu não fiz papel de trouxa te esperando enquanto você dava golpe naquele velho maldito.

Jaqueline dá outro tapa: CALA ESSA BOCA! Você melhor do que ninguém sabe que ele morreu no hospital e eu não tive culpa nisso. Agora você não! Eu sempre desconfiei que você tivesse matado o pobre do Arthur.

Neto rindo: COMO É QUE VOCÊ TEM CORAGEM DE DIZER QUE NUNCA TEVE CULPA NISSO?!

Jaqueline: E NÃO TIVE! Minha consciência quanto a isso sempre foi livre e tranquila. Eu era casada com ele! E se ele me passou os bens, foi por que quis. Agora eu não imaginava que a morte dele seria tão precoce. E não muda de assunto! Você não vai conseguir me tapear dessa vez.

Neto nervoso: Você quer que eu faça o quê?! Me ajoelha diante de você e te peça perdão? Continue esperando! Perdi o dinheiro e acabou. Você não vai nem sentir falta.

Eliane intervém: Gente! Que confusão é essa? Da cozinha estou ouvindo a gritaria. Vocês podiam conversar mais civilizados.

Jaqueline irritada: Não vai ter mais conversa! Não vai ter mais assunto. A casa não é minha, mas eu me sinto no direito de fazer o que eu quero fazer agora. Quero não! Eu vou fazer! Fora dessa casa!

Eliane perplexa: Jaqueline… Que isso?! Eu nunca te vi desse jeito.

Jaqueline furiosa: Porque nunca me deram motivos para eu me irritar tanto. Só que eu não admitir ser passada pra trás. Arruma suas coisas e vá embora! Eu não quero ter o desprazer de olhar pra tua cara de novo.

Neto sorri: Você tem certeza?!

Jaqueline convicta: Absoluta! Não pense dessa vez que eu voltar a trás das minhas decisões. Dessa vez, é definitivo!

Os dois se encaram furiosos.

Cena 5. Rio de Janeiro – Leme / Apt. da Clarice / Tarde

Paloma e Igor descem a escada de casa. Todos ainda na sala perplexos com tudo o que aconteceu.

Paloma diante de todos: O Igor me convenceu a ficar e eu vou atender ao pedido dele. – ninguém esboça uma reação. – Pelo visto, ficaram bem felizes. Eu desisti de ir para a casa do Jordan e também de viajar. Prefiro ficar por aqui.

Júlia se levanta: Eu já esperava que isso fosse acontecer. Fiquei feliz por ter voltado atrás da sua decisão de ir morar com o Jordan.

Leandro sorri: Eu também fiquei Paloma. Mesmo que nossa família ultimamente não tenha passado por um bom momento, gosto de vê-la unida. Ou pelo menos tentar ser unida.

Paloma: Nossa família nunca vai mais ser unida novamente. E pra quê criar um disfarce de família de comercial de margarina? É notável que nossa relação não é a das melhores.

Kiara feliz: Estou muito magoada pelas suas palavras que disse agora pouco. Mesmo assim fiquei feliz por ter desistido de ir para a casa do Jordan. – ela abre os braços. – Um abraço?!

Paloma sem paciência: Não é pra tanto! – ela olha para Clarice. – Você não vai falar nada? Não vai dizer ao menos que ficou INFELIZ por eu ter decidido ficar?

Clarice se levanta: Sem drama. Você sabe que é muito bem-vinda dentro da minha casa. Eu juro por tudo que é mais sagrado: se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo diferente para evitar essa divisão na nossa família. Eu não queria que nossa relação fosse tão dura assim. Pelo menos quando eu te tratava como sobrinha e você me tratava como tia, tínhamos uma relação mais agradável.

Paloma sorri: A mentira corrompeu essa “relação mais agradável”. Reconquistar é mais difícil que conquistar. E perdoar é muito mais difícil que pedir perdão.

Leandro se levanta: Gente, o clima está ótimo. Não estraguem isso.

Clima tenso.

Paralelo à cena… No apartamento de Jordan…

Jordan ajeita um quarto para Paloma. Troca os lençóis e deixa tudo bem arrumado, à espera da moça.

Jordan sorri: Eu venci Clarice.

De volta à cena…

Clarice: O Leandro tem razão. É melhor que encerramos esse assunto por aqui, antes que ele comece a render e dê motivos para uma nova briga.

Paloma: Bom! Eu vou tentar arrumar a bagunça que ficou meu quarto. Espero que vocês tenham ficado felizes mesmo e que não tenha saído da boca para fora, para me agradar.

Paloma sai e Igor vai atrás.

Kiara: E eu vou descansar um pouco. Estou exausta.

Kiara sai.

Júlia sorri: Sobrevivemos a mais uma batalha. Até quando?! – o telefone dela toca. – Vou atender. Dá licença.

Clarice e Leandro se entreolham. Janaína chega.

Janaína: Dona Clarice, a chave da casa está quebrada.

Clarice pega a chave assustada: Quebrada?! Como isso aconteceu?

Janaína entrega a chave: Peguei ela assim lá na cozinha. Deve ter ficado presa na fechadura e na hora de puxar com força quebrou e a pessoa não percebeu. Tem que trocar.

Leandro pega a chave: Eu troco. Aproveitar que não estou fazendo nada e vou resolver logo isso. Obrigado, Janaína! – ele dá um beijo em Clarice. – Vou resolver isso. Daqui a pouco estou de volta.

No canto da sala…

Júlia, ao telefone, séria: Mas e então?! Descobriu mais alguma coisa?

Cena 6. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. da Alice / Tarde

Luigi deitado na cama, ao telefone: Até agora nada. Estou tentando buscar novas informações, mas até agora nada. Eu te liguei pra contar que consegui encontrar minha mãe biológica.

Júlia, ao telefone, feliz: Jura?! Que ótimo. Já é um bom começo. E como é que foi o encontro?

Luigi, ao telefone: Foi bom. Quer dizer, na medida do possível, foi ótimo. Conversamos bastante e ela aproveitou para me contar o que realmente aconteceu no passado. Não esperava nada menos da Alice.

Júlia, ao telefone, feliz: Fico feliz que as coisas tenham começado a se acertar pra você. E espero que você se acerte com sua mãe.

Luíza entra.

Luigi senta-se na cama, ao telefone: Júlia eu preciso desligar agora. Depois nos falamos. Até. – tempo. – Beijos.

Luigi desliga o telefone.

Luigi apreensivo: Alguma novidade?

Do lado de fora…

Alice sai de trás da pilastra e vai para trás da porta do quarto jovem.

Dentro do quarto de Luigi…

Luíza senta-se frustrada: Até agora nada. Parece que ela faz tudo na encolha, sem deixar rastro.

Luigi confiante: Uma hora a gente descobre. E eu vou começar pela Célia. Ou mãe. Não sei como chamá-la ainda. Eu tenho certeza que ela sabe de muita coisa da Alice. E ela pode nos ajudar.

Luíza: Não quero que você se afaste dela, mas que fique com o pé meio atrás. Não é em todo mundo que devemos confiar.

Luigi se levanta: Ela é diferente. A Alice quase acabou com a vida dela. Tenho certeza que ela é capaz de qualquer coisa para colocar a Alice na cadeia.

Luíza sorri: Mas e o encontro com ela? Como é que foi?

Luigi a olha: Foi bom. Tentei ser o mais amigável possível, mas foi algo meio estranho. Sabe? Mesmo assim senti uma sensação tão boa. Sensação de paz.

Do lado de fora…

Alice furiosa: Eu não acredito que eles descobriram a desgraçada da Célia. O que é teu está guardado Célia! E te prepara, Luíza, eu não vou deixar você se aliar ao Luigi para me destruir. Eu acabo com você antes. Vagabunda!

Cena 7. Rio de Janeiro – Catete / Apt. da Adriana / Tarde

Adriana chega e vê Fernanda sendo amparada por Stacy e Amanda.

Adriana preocupada: Aconteceu alguma coisa com ela?!

Stacy deixa Fernanda com Gustavo: Cheguei aqui e a vi batendo a cabeça na parede, dizendo que uma voz estava me lhe chamando de louca.

Adriana assustada: E o que aconteceu no apartamento?! O jarro quebrado, o quadro fora do lugar.

Stacy falando baixo: Ela disse que foi a tal voz que fez isso. Estou ficando realmente preocupada com a Fernanda. – ela olha para a blusa de Adriana. – E o que foi isso na sua blusa?

Adriana tensa: Fui assaltada. Mas isso não é nada perto do que está acontecendo aqui. Foi só um susto.

Adriana se aproxima de Fernanda. Gustavo se afasta.

Adriana sorri: Tudo bem?

Fernanda alucinada: Não! A voz, Adriana. A voz me chamou de louca! Ela quer… Ela quer me matar.

Adriana segura às mãos da prima: Ninguém quer te matar. Você só imaginou isso tudo.

Fernanda tremendo: Eu não imaginei! Eu ouvi! A voz me chamando de louca. Ela quebrou o vaso. Quebrou! Queria me acertar!

Adriana olha para Stacy preocupada: Não foi isso. – ela olha para Fernanda de novo. – Ninguém mais vai te perturbar. Eu não vou deixar.

Fernanda sem olhar para Adriana: A voz não vai parar. Ela vai me infernizar até me enlouquecer. Ela vai conseguir. Vai sim. A voz não vai parar Adriana. Não vai!

Adriana abraça a prima: Vai dá tudo certo. Calma!

A advogada da um beijo na testa da prima e se levanta.

Gustavo preocupado: A gente chegou aqui e se assustou com o estado dela. A Stacy me contou que já é a segunda vez que ela dá esses surtos.

Adriana preocupada: É a primeira e eu espero que seja a última. Ou melhor, vai ser a última. Ela sempre foi agarrada com a tia Branca e com o tio Tóta. Ela acha que os matou e nunca vai se perdoar por isso. É triste e me dói o coração, mas eu vou ter que tomar a decisão de interná-la.

Stacy assustada: Não é precoce demais pensar nisso?

Adriana convicta: Precoce não. É necessário. Eu não queria que ela estivesse nessa situação, mas não tenho outra opção.

Os três olham para Fernanda, que está tremendo, assustada, com medo. Tempo em Fernanda.

 Cena 8. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. da Alice / Tarde

No escritório…

Alice espera Soninha, Start e Gisele. Pouco depois elas chegam.

Alice furiosa: Eu pedi que viessem com emergência. Será que já estou ficando sem moral?

Soninha tranca a porta: Já chegamos. Que reunião é essa?

Start senta-se: Também estou super curiosa.

Alice com ódio: Eu quero ajuda de vocês para me livrar da desgraçada da Célia. O Luigi encontrou a mamãezinha biológica dele e se ela abre o bico, ele começa a reunir provas e acaba com a minha vida. E eu não vou dá esse gostinho pra ela.

Gisele perplexa: Matar?! Entre nós a única que tem sangue frio é você.

Alice furiosa: Então vocês vão ter que aprender a ser! E é bom que você me ajude Gisele. Só assim me faz sentir um pouco mais de pena da tua filha e não fazer nada, POR ENQUANTO, com ela.

Gisele sem entender: O que a Luíza tem a ver com essa história da Célia? Não envolve minha filha nas suas coisas erradas!

Alice: Ela que está se envolvendo com coisa errada. Ela não precisa de ajuda para se afundar, faz isso sozinha e muito bem. É só um aviso! Manda tua filha abrir o olho dela. Eu não vou perdoar ninguém!

Soninha se interessa: Foca no que interessa. Já planejou como vai ser essa morte?

Alice: Já. Para isso vou precisar da ajuda da Start. Aqui no Leme tem um chaveiro e só ele tem a chave que eu preciso.

Start sem paciência: Eu?! E no Leme?! Será que aqui na Lagoa não tem um chaveiro bom?

Alice: Mas ninguém tem a chave do cemitério. E é dela que eu preciso!

Soninha sorri: Chave de cemitério? Pra que isso? Despacho? Ritual?

Alice pega sua bolsa: Cala a boca. Se não for para ajudar não atrapalha. E anda logo Start, não tenho o tempo todo do mundo. Quando a vocês duas – diz, para Soninha e Gisele. – fiquem de olho na Sheyla. Há essa hora já deve ter fisgado o delegado e logo chega para contar das novidades. Não deixem que ela saia de casa. Quero ela aqui!

Alice e Start saem.

Cena 9. Rio de Janeiro – Leme / Chaveiro / Tarde

Leandro espera que a chave de sua casa fique pronta.

Perto dali…

Alice puxa Start: Ora… Ora… Ora… Se não é o Leandro. O homem ideal para que eu comece a minha vingança.

Start olhando para Leandro: Aquele dali?! O que ele tem a ver com sua vingança?

Alice radiante: Ele é casado com a Clarice. Se conheço bem ela, quem deve mexer e tomar conta de seus bens é ele. Ou seja, através dele eu consigo fazer o que tanto quero.

Start sorri: Agora começamos a falar a mesma língua. Acho que o destino está sorrindo pra você.

Alice: E você vai me ajudar. Você que vai dá um golpe nesse imbecil.

Start dá pra trás: Ah não! Dá última vez que te ajudei com essa coisa de golpe, fui golpeada por você e ainda fui mandada pro exterior. Já vi esse filme e conheço até o final.

Alice segura Start: Dessa vez vai ser diferente. Nosso pacto voltou, não é mesmo?! Então faça por merecer. Eu preciso de você!

As duas se encaram…

No chaveiro…

Leandro pega a chave: Só o senhor para me salvar mesmo, Sr. Manoel. Não sei o que seria de mim sem você.

Manoel sorrindo: Que nada meu caro. Sempre que precisar, estamos aí.

Leandro pega a chave e sai.

Perto dali…

Alice sorri: Ele está vindo. Eu preciso de uma resposta rápida. Vai me ajudar ou não?!

Start: Fazer o quê, né?! Você não me dá outra opção. O que eu tenho que fazer.

No instante, Leandro deixa a carteira cair no chão e Alice aproveita a situação. A megera empurra Start pro meio da pista e o carro que vinha, freia com tudo e bate em Start de leve. Alice corre e se esconde. O carro que atropelou Start vai embora.

Leandro corre para ajudar Start: Menina!

Start abre os olhos aos poucos e Leandro fica sem resposta. Os dois se encaram e Start troca olhares com ele, teatralmente apaixonada.

Alice radiante: Eu sempre promovendo os melhores encontros. Adoro!

Cena 10. Rio de Janeiro – Delegacia / Tarde

Sheyla de costas para William. O homem ajuda a mulher a colocar o sutiã.

Sheyla vira-se: Acho que esse assalto me rendeu boas coisas, pelo menos.

William sorri: Parece que sim. Espero que ninguém tenha percebido nossa demora.

Sheyla coloca o vestido: Vou sair sem que ninguém perceba. Quanto a isso, fique tranquilo.

William pega sua calça: É bom que faça isso. Não quero o constrangimento que descubra que transei com uma vítima. Aliás, se a Simone descobre isso, capaz de me matar. Isso aqui é a sala dela!

Sheyla cínica: Quem é Simone?

William coloca a blusa: Minha ex mulher. Mas isso não vem ao caso agora.

Sheyla arruma o cabelo: Agora vou ter que voltar pra casa assim. Toda dessarumada e pior: machucada e com o vestido rasgado.

William sorri: Eu te levo em casa. Onde você mora?!

Corte descontínuo.

Em frente ao prédio de Alice… Dentro do carro de William.

William sorri: Mora na Lagoa. É casada?

Sheyla sorri: Infelizmente não! Mas pretendo.

William pega nas mãos de Sheyla: E já tem pretendente?

Sheyla joga charme: Quem sabe. – ela abre a porta do carro. – Como você sabe, perdi meu telefone e vai ficar difícil de nos falar novamente, então que pensei numa coisa aqui.

William beijando o pescoço da mulher: Ah é?! O quê?!

Sheyla o empurra, sorrindo: Passa aqui mais tarde. Tem um Ristorante no Leme maravilhoso. Lagoa Azul o nome. Agora eu preciso ir.

William sorri: Que horas hoje?

Sheyla sorrindo: Só passar aqui. Tenha certeza que já estarei pronta. – ela sorri e salta do carro. O homem abre a janela e ela se apoia. – Até mais tarde!

Sheyla manda beijos e se afasta. William parte.

https://www.youtube.com/watch?v=eTMknwt87QI

Mais tarde…

Cena 11. Rio de Janeiro – Hospital / Noite

Simone termina de lavar o rosto.

Simone sorri: Nem acredito que vou sair desse inferno. Não vejo a hora de voltar ao trabalho.

Barros ajuda Simone arrumar a cama: Você sabe que o médico pediu repouso. Nada de trabalho agora.

Simone pega sua bolsa: Até parece que eu vou conseguir com tanta coisa para resolver. Tenho que ligar para o seguro do carro. Tenho que descobrir quem essa pessoa que matou o Petrônio e já tentou me matar duas vezes.

Barros: Eu não quero que você se mate nessa investigação. Eu posso muito bem fazer esse trabalho pra te adiantar. Eu não vou deixar você se acabar de trabalhar e esquecer da sua recuperação.

Simone nervosa: Eu não preciso de ninguém pra me dá sermão. Sei me cuidar suficientemente bem. Eu sei que você se preocupa, mas eu vivo do meu trabalho e ficar sem ele só vai me deixar louca.

Barros acata: Tudo bem. Não está mais aqui quem falou. Eu tentei te ajudar, mas se você não quer.

Barros vira as costas para sair.

Simone o puxa: Não é isso. – eles se encaram. – Me desculpa. Eu estou tão nervosa com tudo isso que está acontecendo que acabei descontando em você.

Barros apaixonado: Eu gosto muito de você para te perder tão fácil assim. Eu só quero evitar que algo de ruim te aconteça.

Simone sorri: Eu sei me defender sozinha. Mesmo assim, agradeço sua preocupação. Nunca me senti tão bem protegida. – ela dá um beijo na bochecha do homem. – Você é um anjo!

Os dois se abraçam.

Num quarto ao lado…

Start sorri: Que bom que não aconteceu nada de grave comigo. Fiquei preocupada.

Leandro se aproxima: Que loucura isso tudo que aconteceu. O sinal estava fechado?

Start ri: Eu achei que sim. Mas pelo visto me enganei.

Leandro senta-se na cama: Você é nova aqui na cidade?

Start: Sim. Cheguei tem pouco tempo. Estou na casa de uma amiga. Ainda não conheço muito bem a cidade e ela coitada, não tem tempo pra nada e ainda não me mostrou a tal cidade maravilhosa.

Leandro ri: Que pena. Você devia fazer um esforço. Vale a pena conhecer cada espaço do Rio.

Start sorri, jogando charme: Você podia me mostrar? Me levar para conhecer os locais e cada espaço do Rio.

Leandro se afasta, sorrindo: Eu sou casado. Acho que isso eu não te contei.

Start ri: Mas é só para conhecer mesmo. Tipo guia turístico. Sempre me falaram da boa recepção do Rio. E até agora não vi nada disso. E então?! Vai me levar para conhecer a cidade maravilhosa?

Os dois se encaram. Leandro sem saber o que responder.

Cena 12. Rio de Janeiro – Lagoa / Apt. da Alice / Noite

No quarto de Luigi…

O jovem dorme e Gisele entra devagar, sem fazer barulho. Ele se mexe e ela para, com medo dele acordar. Um pouco depois, a mulher consegue chegar até o telefone do rapaz. A mulher pega o telefone e “assopra”, com a intenção de encontrar as digitais no celular do rapaz. A mulher consegue seguir as digitais e acerta a senha. Ela vai nas mensagens e abre uma nova.

“Preciso falar com você urgente!!! Não quero dar bandeira e deixar que alguém descubra onde você está. Me encontra em frente ao Copacabana Palace! Passo daqui a pouco para te buscar. Vou chegar num carro branco. Até logo.”

A mulher envia a mensagem, apaga, bloqueia o telefone e sai do quarto.

No estacionamento…

Alice coloca uma enxada e uma pá no porta-malas: Espero que nada dê errado. Você fez tudo como eu te pedi Gisele?

Gisele entra no carro: Fiz. Já peguei o lenço e o Éder. E mandei a mensagem.

Soninha tensa: Estou com medo. Nunca fiz isso!

Alice fecha a mala: Só me ajudou a enterrar um homem. Isso aqui não vai ser nada diferente. E para de frescura. Nem é tão difícil matar alguém.

Soninha entra no carro: Se você diz.

Alice entra no carro em seguida: Eu não digo. Eu afirmo!

Alice liga o carro e parte.

Copacabana / Copacabana Palace…

Célia espera “Luigi”.

Célia olhando a hora: Cadê você meu filho. Já está ficando tarde e é perigoso ficar aqui.

Alice fecha os vidros e para o carro aos poucos na lateral. Ela vai andando pelo canto até que avista Célia.

Alice olha para trás: Hora da ação. Faz tudo direito! Nada pode dá errado.

Gisele coloca Éder no lenço: Já estou preparada.

Alice sorri: Ótimo!

Alice para o carro e buzina para Célia, que acredita que seja Luigi. Na outra porta, Gisele desce do carro e deixa a porta aberta. A mulher se abaixa e passa por trás do carro, chegando até a outra lateral, onde Célia está. No momento que Célia pega na maçaneta da porta do veículo, Gisele coloca o lenço no nariz da mulher, que começa a se debater, tentando gritar. Soninha abre o vidro e sorri.

Alice radiante: Ótimo! Agora coloque a desgraçada dentro do carro.

Célia desmaia. Gisele arrasta a mulher, abre a porta do carro e joga a mulher ali dentro. Ela fecha a porta e entra do outro lado, onde deixou a porta aberta. Gisele entra, senta-se no banco e fecha a porta. Alice liga o carro.

Alice olha para Célia pelo retrovisor.

Alice arrancando, sorri: Hora de descansar, querida!

Fim do Capítulo 39!

Gabriel Adams

O que é necessário para Ser Humano? Quais são as atitudes que devemos tomar em situações difíceis sem que possamos ferir ou machucar alguém? Será que Ser Humano é ser cruel? Ou é errar, acertar, errar tentando acertar...Afinal, o que é ser humano? Dia 23 de fevereiro, às 20hrs, estréia a web-novela SER HUMANO.

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Um comentário sobre “Três Jogadas – Capítulo 39

  • Somente o Igor mesmo para fazer com que Paloma voltasse atrás. E pelo visto está família está longe de ter um dia de felicidade, parece que tem um encosto.
    Sheyla conseguiu mesmo seduzir e transar com William, agora ele está totalmente perdido de amor pela mulher… não gostei nada disso.
    Luíza e Luigi deveriam ser mais espertos. Parece até que não sabem que vivem em um ninho de cobras. Agora tudo está perdido.
    E esse encontro de Adriana e Amanda, hein? Ficaram abismadas, mas ninguém cogitou a possibilidade de ser mãe e filha.
    Fernanda está completamente transtornada, e também não vejo outra saída a não ser a internação.
    Só quero ver quando Jaqueline descobrir que Neto está dando um golpe nela… espero que tenha a mesma reação explosiva que a de agora!!
    Simone enfim está recuperada!! De volta ao trabalho antes que William acabe com a reputação da sua delegacia.
    Start e Leandro? Será que rola Brazeeeeel? Eu sinceramente espero que não.
    Célia acabou caindo nas garras de Alice, será que ela conseguirá sair viva mais uma vez??

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