Capítulo 22 – Três Jogadas: CILADA
Três Jogadas.
Capítulo 22: CILADA
“A propriedade é uma cilada, o que julgamos possuir nos possui.”
Barão de Montesquieu
Cena 1. Rio de Janeiro – Leblon / Apt. da Melissa / Dia
Continuação imediata da cena anterior.
Melissa furiosa: FERRAZ! – ela se assusta.
Ferraz mostra o papel: Que palhaçada é essa Melissa? Você me denunciou?! – Melissa não responde. – FALA MELISSA!
Melissa se levanta: Eu só fui a uma advogada e ela me deu esse papel sobre a lei Maria da Penha. Mas eu não assinei. Esse processo ainda não saiu das mãos dela.
Ferraz furioso: Você vai denunciar sua cachorra?
Melissa se afasta: POR ENQUANTO não! Mas se eu for o que você vai fazer? Eu cansei Ferraz, eu cansei de servir de um objeto sexual pra você. Cansei de ser explorada e ser escravizada sexualmente para satisfazer os seus prazeres e suas vontades. Cansei de dizer sempre que estou errada, mesmo quando o errado é você. Você é um ser que hoje me dá nojo. E eu não consigo me manter perto de gente do seu tipo!
Ferraz tremendo: Cala a boca Melissa. CALA A BOCA! Ninguém sai de um relacionamento comigo dessa maneira. EU acabo com um relacionamento. EU decido a hora de parar. EU mando e VOCÊ obedece. Como sempre foi. Você não passa da minha subordinada.
Melissa lhe dá um tapa: DESGRAÇADO! EU NÃO AGUENTO MAIS FICAR COM VOCÊ. VOCÊ DESAPARECE DA MINHA VIDA. SOME! EU NÃO QUERO NUNCA MAIS TER QUE OLHAR PRA VOCÊ.
Ferraz furioso: Eu acabo com você!
Melissa se desespera com a ameaça.
Cena 2. Rio de Janeiro – Leme / Apt. da Clarice/ Dia
Luigi se arruma de frente ao espelho. Júlia sentada na cama.
Júlia se levanta, se olha: Estou me sentindo inchada. Será que eu engordei?
Luigi a olha pelo espelho: Claro que não. Você está linda. – ele vira-se – Não gostei dessa calça. Cadê a outra calça que eu te dei?
Júlia se senta novamente: A que estava com aquele pedaço da roupa da tal pessoa que tentou te agredir?
Luigi: Sim. Eu me lembro de ter deixado ela aqui. Eu coloquei a bermuda quando cheguei aqui.
Júlia se levanta: Vou pegar. – ela vai até o banheiro. – Essa? – ela amostra a calça.
Luigi pega a calça: Sim. – ele a olha de cima em baixo. – Não vai se arrumar? O almoço é daqui a pouco.
Júlia sorri: Meu Deus que menino apressado. – ela vê uma bandeja com suco na mesinha. – Quem deixou esse suco?
Luigi troca de roupa: A Zezé. Ela deixou os sucos quando você foi tomar banho. Já deve está quente.
Júlia pega o suco: Mas está de manga. E suco de manga não se recusa. – ela dá uma golada. – Aproveita que está uma delícia.
Luigi mexendo na blusa: Nunca acerto a posição desse botão. Ajuda aqui.
Júlia vai ajudá-lo, mas acaba deixando suco cair na camisa do rapaz.
Júlia tentando limpar: Meu Deus! Não acredito que eu fiz isso.
Luigi limpando a camisa: Agora já era. Vou ter que ir em casa buscar outra camisa.
Júlia colocando o copo de suco na bandeja: Não. Faz o seguinte. Vai ao quarto do Igor e pega uma blusa dentro do guarda roupa dele. Ele não vai se importar.
Luigi tira a camisa: Tem certeza?
Júlia: Absoluta!
Luigi sai e Júlia pega a camisa suja e coloca no banheiro.
Cena 3. Rio de Janeiro – Ipanema / Apt. da Alice/ Dia
Clarice entra. Em seguida, Alice, que fecha a porta.
Clarice olhando ao redor do apartamento: Por que me trouxe para esse apartamento? A gente podia conversar em um lugar mais calmo.
Alice coloca a bolsa no sofá: Fala logo o que você quer. Não tenho o tempo todo para você. Além do mais eu preciso ir para a Revista.
Clarice se senta: Você deve saber que o Jordan voltou. Ele trabalha lá na revista.
Alice pega uísque: Até aí não é novidade para mim. – ela vira-se. – Fala logo.
Clarice se levanta: Ele e o Leandro se tornaram grandes amigos. Eles se conheceram nessa maldita viagem que o Leandro fez e agora não param de conversar.
Alice se senta e cruza as pernas: E aonde eu entro nessa história?
Clarice se senta e encosta na perna da mulher: Você sabe que o Jordan conhece o que aconteceu no passado. – ela se escora no sofá. – Pelo menos parte do que aconteceu, sim. E a gente se uniu para impedir que nosso segredo venha à tona. Portanto, eu dependo de você e você depende de mim.
Alice ri: O que seria de uma criada sem seu criador. – ela se levanta. – E você quer que eu faça o quê?
Clarice a encara: O Jordan vai almoçar lá em casa. Eu não posso deixar isso acontecer. Se ele for lá em casa, ele me reconhece. – ela se levanta. – Ele me reconhecendo… – Alice não consegue chegar a uma conclusão. – Se ele me reconhece tudo está perdido.
Alice: Mas isso é problema teu! Eu não tenho nenhuma relação com o Jordan. Você sim!
Clarice furiosa: A GENTE TEM UM TRATO!
Alice sorri debochada: Não se exalta. Eu sei que TEMOS um trato. E eu como uma boa amiga que sou, irei te ajudar.
Clarice não entende: De que forma?
Alice ri: Eu vou matar o Jordan!
Clarice fica boquiaberta. As duas se encaram. Clarice chocada com a frieza da mulher. Enquanto Alice sorri.
Cena 4. Rio de Janeiro – Copacabana / Apt. da Célia / Dia
Célia com o computador ligado, aberto em algumas fotos de Alice.
Célia pega a jarra: VAGABUNDA! – ela se levanta. – VOCÊ DESTRUIU A MINHA VIDA!
Célia fecha o computador e o taca longe.
Célia furiosa: MALDITA! – ela arruma o cabelo. – Você destruiu a minha vida. Mas isso não vai ficar assim. Eu ainda vou te ver na cadeia. Desgraçada! Você acabou com os meus sonhos. Tirou-me aquilo de mais precioso que eu tinha. Mas eu vou fazer você se arrepender de tudo Alice. Ah vou!
A campainha toca e ela vai atender. Petrônio invade a casa da mulher.
Petrônio observa os cacos: Parece que sua loucura continua. Acho então que o problema não era eu. Aposto que foi pensando na Alice!
Célia fecha a porta forte: Como você conseguiu entrar no prédio? Você não mora mais aqui!
Petrônio se senta: Mas o porteiro não sabe. Você sabe que eu não gosto de rodeios. – ele vira-se ainda sentado. – Eu já contei tudo para a Alice. Você só vai perder tempo fazendo essa vingança que você apelidou de justiça.
Célia furiosa: Você não é tão audacioso a ponto.
Petrônio gargalha: Você realmente não me conhece. Por isso nunca foi capaz de me segurar. Nem como homem e muito menos como amigo. Alice sim é mulher de verdade. Ela me conhece em todos os pontos. – ele se aproxima do ouvido de Célia. – Sabe das coisas mais calientes que eu gosto.
Célia furiosa: CALA A BOCA! – ela se afasta do homem. – Eu não acredito que você teve essa coragem. Depois de tanto tempo planejando tudo você faz isso. IDIOTAAA. IMBECIL. BURRO.
Petrônio a segura: XINGA! XINGA MESMO! – ele a taca no chão. – Sua opinião não vale de mais nada para mim. Sabe o que você faz com ela? ENGOLE! – ele sorri e se ajoelha. – E faz sabe mais o quê?! – ele se aproxima do rosto da mulher. – MORRA ENGASGADA!
Petrônio se levanta e sai. Célia fica humilhada.
Célia humilhada: Eu vou te caçar até no quinto dos infernos. Babaca!
A mulher se levanta rapidamente e pega a chave do carro. Ela sai apressada.
Cena 5. Rio de Janeiro – Gávea / Revista Luz / Dia
Vanessa e Tiago estão deitados na mesa, aos beijos.
Vanessa sorrindo: Finalmente consegui matar minha vontade de você.
Tiago entre os beijos: A gente está se arriscando demais. Ninguém da Revista sabe que a gente tem um caso. – mente.
Vanessa se afasta: E nem pode saber. – eles ainda trocam um beijo. Ela se levanta e veste a camisa. – Quer que eu vá fazer o meu teatro de secretária boa que preza pelos casamentos para a tua mulher?
Tiago fecha a blusa: Não! – ele se senta. – Aliás, foi bom você ter falado disso. Eu marquei a data da renovação de votos.
Vanessa muda o semblante: Marcou?! Ano que vem?
Tiago ri: Esse final de semana. Sábado!
Vanessa fica perplexa.
Paralelo à cena…
Luíza diante de Eliane.
Luíza se levanta: Vocês vão casar nesse final de semana?!
Eliane radiante: Sim. Não é bom? – ela se levanta. – Quanto mais cedo for, melhor. Eu tenho certeza que esse casamento será o ponto de partida para eu conseguir convencer o Tiago a ter um filho.
Luíza em choque: Você não quer pensar melhor? Acho que está muito em cima.
Eliane sem entender: Não estou entendendo. Você parece que não ficou feliz com a notícia. Eu toda feliz aqui.
Luíza ri, ainda sem reação: Não! Não é isso. Claro que eu fiquei feliz. – ela olha a hora. – Mas agora preciso ir. Mesmo. Eu ainda tenho que resolver um problema.
Eliane: Mas já?! Ia preparar algo para tomarmos café.
Luíza sorrindo: Eu realmente preciso ir. – ela se despede. – Conta comigo para te ajudar no que for preciso. AMIGA!
Eliane e Luíza se abraçam.
Perto dali… Em uma gráfica.
Luíza entrega o celular para o homem: São as últimas fotos. Quero que você revele todas!
Cena 6. Rio de Janeiro – Leme / Apt. da Clarice/ Dia
Quarto do Igor…
Luigi entrando: Igor?! – ele entra aos poucos. – Não está. Agora tenho que procurar uma camisa que dê em mim.
Ele procura algumas camisas e não encontra nenhuma que lhe agrade.
Luigi cansado de procurar: Que inferno! Não acho uma camisa do meu gosto. – ele vê uma mochila. – Será que dentro dessa mochila tem mais roupa?
Luigi apalpa a mochila.
Luigi abre a mochila: Não custa procurar. – ele encontra a roupa que Igor usava no dia que tentou lhe atacar. – Não pode ser. É o mesmo pedaço de pano. – ele tira o pano do bolso e intercala os olhares com a roupa e o pedaço de pano.
Luigi fica perplexo.
Na sala…
Igor rindo: Será? Eu sempre desconfiei, mas nunca tive a certeza. Mas me falaram que ele estava namorando.
Paloma rindo: O Marcelo namorando? Isso foi uma das mentiras rotineiras dele. Mentiras essa que ele próprio acredita.
Igor: Pior que ele deixou salvo no meu computador uma foto de uma menina. Será que é a mesma pessoa que estamos pensando?
Paloma se levanta apressada: Agora eu fiquei curiosa! Vamos!
Ela puxa o jovem e os dois sobem a escada apressados.
No quarto de Igor…
Luigi chocado se senta na cama: Não consigo acreditar que o Igor seja responsável por isso.
Igor e Paloma chegam na hora.
Igor não entende: O que está acontecendo aqui?
Luigi se levanta perplexo e mostra a roupa e o pedaço de pano: Então foi você que tentou me atacar, Igor?
Igor se desespera. Paloma e Igor se entreolham.
Cena 7. Rio de Janeiro – Copacabana / Shopping / Dia
Kiara procurando algo no chão: Não acredito que perdi o meu brinco. O meu brinco não! Ele foi muito caro para eu perder assim e qualquer pessoa achar. – ela mexe nas orelhas. – Droga!
Ela continua procurando. William que vinha distraído acaba esbarrando em Kiara, que cai.
William guarda o celular: Meu Deus me perdoe. Eu não te vi aqui. Juro.
Kiara furiosa: Como se já não bastasse eu perder meu brinco ainda levo um empurrão. Que dia, Jesus. Que dia!
William ajuda Kiara a levantar e os dois ficam bem próximos. Kiara fica encantada pelo jovem.
Corte descontínuo.
William tomando sorvete: Você é muito gentil. Acho que valeu a pena o empurrão.
Kiara jogando charme: Eu?! Você que é. Olha só, me pagou até um sorvete.
William ri: Era o mínimo que eu podia fazer. – ele olha para a orelha da mulher. – Não encontrou mesmo os brincos?
Kiara acaba o sorvete: Não. Paguei uma fortuna para perder o brinco. – ela olha a hora. – Foi ótimo tomar esse sorvete com você, mas eu realmente preciso ir. – ela se levanta. – Foi um prazer te conhecer.
William a segura: Espera! – ele sorri. – Eu te levo em casa.
Dentro do carro… Estrada.
Kiara estranha: Esse não é o caminho para o Leme. Aconteceu alguma coisa?
William sorri: Vou te levar para outro lugar que você não vai se arrepender.
Kiara ri: Você não me dá medo. Você não tem cara de maldoso.
William sorrindo: Aparência não define caráter. – ele entra em uma rua deserta. – Mas fica tranquila. Você vai gostar do lugar.
Pouco depois os dois param em frente a um motel.
William a olha: Chegamos. – ele se ajeita e fica de frente para a mulher. – Você decide se quer ficar ou prefere ir para casa.
Kiara sussurra: Está esperando o que para entrar?!
Os dois se encaram sorrindo.
Cena 8. Rio de Janeiro – Ipanema / Apt. da Alice/ Dia
Clarice perplexa: Você vai fazer o quê?!
Alice ri: Matar o homem que coloca nosso segredo em risco. Pensa comigo. Se esse homem está nos atormentando, a gente precisa se livrar dele e essa é a única maneira. Você conhece outra?
Clarice chocada: Olha da maneira que você fala. A sua frieza é incompreensível. Eu não quero que ninguém saia ferido dessa história, muito menos morto.
Alice: Antes ele do que eu. O Luigi não vai me perdoar nunca. E eu tenho certeza que você não vai para o fundo do poço, sozinha. Vai querer me arrastar junto.
Clarice: FOI UM TRATO! Quer saber? O nosso trato está desfeito. Agora é cada uma por si. Eu não vou me deixar levar por você e pelas suas conversas. ASSASSINA!
Clarice sai furiosa.
Alice indignada: CLARICE VOCÊ NÃO PODE ACABAR COM NOSSO TRATO DESSA MANEIRA. ALICE VOLTA AQUI!
Alice também sai apressada.
Paralelo à cena… Célia dirige descontroladamente, enquanto Petrônio corre para fugir da mulher. Clarice entra no carro. Dali mesmo ela vê Petrônio e lembra-se do homem. Dentro do carro de Clarice…
Clarice furiosa: Desgraçado! Esse babaca deve ser um aliado da Alice.
Ela arranca com o carro, furiosa. Alice entra no carro logo em seguida e arranca. Ela percebe Petrônio parado em um cruzamento, desesperado. Dentro do carro de Alice…
Alice o olha: Eu não vou deixar você arruinar minha vida mais uma vez.
Dentro do carro de Célia…
Célia fervendo de ódio: EU TE MATO DESGRAÇADO!
As três dirigem descontroladamente. Petrônio entra em uma rua deserta. Um carro para de frente para a rua que Petrônio está. Só é possível vê o carro pela sombra que se forma no chão. O carro arranca com tudo.
Petrônio vira-se: NÃOOOOOOOOOOOOO!
O carro leva Petrônio e logo em seguida arranca. Pouco distante dali… Dentro do carro de Clarice…
Clarice freia o carro rapidamente e para em um posto. Ela está trêmula e sem condições de dirigir.
Dentro do carro de Alice…
Alice para o carro em um acostamento da pista. Ela começa a tremer.
Dentro do carro de Célia…
Célia apavorada: Meu Deus o que foi que eu fiz.
O olhar de cada uma das três é suspeito.
Na rua deserta…
Petrônio ainda força um pouco a respiração. Ele arregala os olhos e vê a imagem da sua assassina em sua frente, em forma de espírito.
Petrônio sem força: Eu acerto minhas contas com você no inferno! É pra lá que você vai desgraçada.
O som abafa, Petrônio suspira e deixa uma lágrima escorrer seu rosto. O homem geme de dor e coloca a mão no coração. O som abafado, só é possível escutar os batimentos cardíacos do homem, que vai parando aos poucos. Petrônio morre com os olhos aberto. Foca na imagem do homem morto.
Fim do Capítulo 22!
Ferraz deu sorte, pois se dependesse de mim… ele já teria sido denunciado, e estaria preso!!
Luíza está aprontando alguma, e algo me diz que ela vai CAUSAR na renovação de votos de Eliane e Tiago!!
Vish, game over Igor… será que ele vai confessar o que fez? Ou inventará alguma desculpa para enganar o Luigi?
Alice e Clarice juntas? Só que nunca kkk sabia que essa aliança não iria durar por muito tempo.
Kiara não perde tempo mesmo, hein? Se entregou facilmente para o rapaz!!
Agora me digam… quem matou Petrônio?