Notas de Um Destino – Capítulo 27
Rosa Maria: (pensando): “Eu conheço esse rapaz! Será possível? É o meu irmão Getúlio Garcia.”
Getulio: Pois não, senhora?
Rosa Maria: Venha comigo até minha sala.
(Os dois entram na sala)
Rosa Maria: Eu me interesso em ajudá-lo mas… você terá de me ajudar também.
Getúlio: Não entendo.
Rosa Maria: Eu explico… Quero saber, pra que você quer o emprego?
Getulio: Para sustentar minha família. Há 12 anos sou eu quem trabalha, pois meu pai, José Antonio Garcia vendeu nossas terras e nos deixou na miséria.
Rosa Maria: Ele vendeu? Por que?
Getulio: Para calar a boca de um chantagista… Moça, pra que quer saber disso tudo?
Rosa Maria: Sou candidata à vereadora. E só ajudo quem realmente necessita. Certo, pelo que entendi, você é filho único…
Getulio: Não, não… Tenho uma irmã mais nova: Maria de Lurdes, é ela que sustenta um casamento fracassado, o marido não quer trabalhar, passa o dia bebendo. Os dois tem um filho.
Rosa Maria: E mais alguém na família?
Getulio: Não, senhora, ninguém.
Rosa Maria: é que… sua família é muito pequena para que eu possa ajudá-la. Sinto muito… Não posso fazer nada.
Getulio: Por favor, eu vou trabalhar duro, além disso se eu não conseguir o emprego nós vamos morrer de fome.
Rosa Maria: Vou pensar no seu caso. Você começa amanhã.
Getulio: Obrigado, sra…?
Rosa Maria: Rosa… Rosa Maria Parker-Smith!
Getulio: Obrigado, Sra. Smith!
Rosa Maria: E que Santa QUITÉRIA abençoe todos vocês.
(Getulio sai. Rosa Maria começa a chorar. Enquanto isso, Getulio chega em casa:)
Maria de Lurdes: Como foi a entrevista?
Getulio: Falei diretamente com a candidata a vereadora Sra. Smith, que me conseguiu a vaga! Começo amanhã.
Maria de Lurdes: Parabéns, irmão!
(Os dois se abraçam)
Getulio: O interessante é que… parece até que eu já conheço ela de algum lugar…
(Antonio, chegando:)
Antonio: Você também teve essa impressão?
(Rosa Maria vai à sua antiga casa de infância totalmente reformada. É recebida pelo capataz)
Capataz: Boa tarde.
Rosa Maria: Boa tarde, é que eu morei aqui na infância e queria muito matar a saudade da casa onde vivi com meus pais, sou Rosa Maria Parker-Smith. Candidata à vereadora.
Capataz: Entre.
(Rosa Maria entra e vê Dona Memê descendo as escadas)
Dona Memê: Ora, ora… Tem defunto saindo das covas?
Rosa Maria: Você?
Dona Memê: Sim… eu: Margarida Gusmão, ou Dona Memê… como você preferir.
Rosa Maria: Mas o que está fazendo aqui?
Dona Memê: Nem imagina? Sou a nova dona desta casa!
Rosa Maria: Sua chantagista…
Dona Memê: Eu não diria chantagista, acho que, esperta seria o termo ideal, já que eu sempre fui a guardiã de um grande segredo da sua família.
Rosa Maria: Um segredo?
Dona Memê: Sim… Mas não me pergunte qual… É segredo!
Rosa Maria: Ah, sim! O segredo… Aquele que eu descobri há 12 anos antes de ser vendida pelos irmãos… E que a senhora não permitiu que eu contasse a ninguém.
Dona Memê: Exatamente. Para não atrapalhar os meus planos. Eu já tinha em mente tudo o que ia fazer: primeiro sumir contigo e não dar notícias… por um tempo. Depois quando a poeira baixasse, apertar o nó da gravata do velho Antonio e ele mesmo ia se enforcar… Ele não teve escolha: teve que me dar de mão beijada toda a sua propriedade. E agora, estão na mais pura miséria…
(Enquanto isso:)
Getulio: Do que está falando, meu pai?
Antonio: Eu achei aquela mulher a cara de sua mãe Edvirgens… Se ela não tivesse me dito seu nome, eu juraria que ela é sua irmã mais nova Quitéria, que voltou para a cidade.
Maria de Lurdes: Será possível?
Antonio: Então como você explica que ela esteja sendo tão bondosa com a gente sem nem nos conhecer? O que ela ganha com isso?
Getulio: Nossos votos. Lembre-se que é candidata.
Maria de Lurdes: Pois eu não vendo meu voto por um emprego nem esmola nenhuma.