Notas de Um Destino – Capítulo 25 (Face a Face)
Cosme: Jovem corajosa… E idealista! Precisamos de gente assim como você. Disse que… tem formação em Gestão de Pessoas e Organizações pela Universidade de São Paulo, verdade? Rosa, que lhe parece ser a candidata para o cargo de vereadora da Cidade de Santa Quitéria pelo nosso partido?
Rosa Maria: Como? Assim, tão depressa?
Cosme: Rosa Maria, você como ninguém sabe o que essa gente sofreu e tem experiência em gestão. Eu apoio você.
Rosa Maria: Preciso pensar.
Cosme: O tempo que for necessário.
Rosa Maria: Eu estou hospedada aqui. (escreve no papel) Me ligue até amanhã.
Cosme: Está bem, Rosa. Até amanhã.
(Em casa, Rosa Maria pensa:)
Rosa Maria: “Ai, meu Deus… Eu Devo aceitar? Mas eu só posso dispor da herança se fizer isso… Então, eu vou.”
(Rosa Maria telefona para a sede do partido)
Rosa Maria: Alô!… Quero falar com o Sr. Cosme Bastos… Da parte de Rosa Maria Parker-Smith… Alô… Cosme? É Rosa! Estou ligando para te dizer… que sim!… Eu aceito!… Vou concorrer ao cargo de vereadora da Cidade de Santa Quitéria.
Cosme: Venha imediatamente à Sede do Partido.
(Rosa Maria sai de casa, atravessa a rua e esbarra no pai, José Antônio Garcia, completamente mudado, agora trabalhador e largou o vício do álcool.)
Rosa Maria: Nossa!
Antonio: Me desculpe, moça! Não foi minha intenção!
Rosa Maria: Tudo bem, acidentes acontecem…
Antonio: Já nos conhecemos?
Rosa Maria: Acho difícil… Eu sou fortalezense. Filha de pais americanos!
Antonio: Engraçado… Parece muito com… a minha falecida esposa, Edvirgens Garcia.
Rosa Maria: Entendo sua confusão, senhor. Um homem apaixonado vê sua falecida esposa em todos os lugares. Natural quando existe amor. Mas é necessário que se saiba discernir quando tudo não passa de uma simples ilusão. Meu nome é Rosa. Rosa Maria Parker-Smith.
Antonio: Por um momento eu acreditei ter reencontrado…
Rosa Maria: Quem? Sua esposa Edvirgens?
Antonio: Não, minha filha Quitéria Garcia. Que há 12 anos não vejo. Eu não sei mais onde buscá-la… E eu mudei também… Por ela, eu mudei… Pra ser um pai melhor… o pai que ela merece!
Rosa Maria: É uma história muito triste, sr…?
Antonio: Antonio, Antonio Garcia.
Rosa Maria: Sim, sr. Antonio. Realmente, é uma situação muito difícil e eu lhe desejo toda a sorte do mundo enquanto procura sua filha perdida…
Antonio: Obrigado. Bem, vou pro AA.
Rosa Maria: Vá. Com Deus.
(Antonio sai. Rosa Maria começa a chorar:)
Rosa Maria: Ai, Rosa Maria! Por que que você não disse a verdade pra ele? Devia ter dito que você era Quitéria… a filha perdida dele! Ai, meu Deus do Céu… O meu Pai mudou por mim!
(Rosa Maria vai à sede do Partido)
Rosa Maria: Quero falar com Cosme Bastos.
Secretária Suzana: Ele está muito ocupado.
Rosa Maria: Diga que é da parte de Rosa Maria Parker-Smith. Assunto urgente!
(Cosme sai da sala)
Cosme: Entre, Rosa.
Rosa Maria: Com licença.
(Na sala.)
Cosme: Muito bem, Rosa. Você tem algum projeto em mente? Quem você quer representar?
Rosa Maria: A juventude.
Cosme: E quais as suas propostas?
Rosa Maria: Investimento na Educação, erradicação do trabalho infantil e impunidade aos maus tratos às crianças.
Cosme: Por que você quer defender essa classe? Não haverá quem te eleja. Rosa… Você, me conta a verdade: você sofreu maus tratos na infância?
(Rosa Maria calada)
Cosme: Rosa Maria, responda! Por que tanto interesse de sua parte por essa causa? Você guarda algum trauma de infância?
Rosa Maria: é melhor mudarmos de assunto.
Cosme: Não, espera. Você não entende? Para lançar você à candidatura eu preciso ter esse tipo de informação…
Rosa Maria: E pra que?
Cosme: Para saber em quem estamos apostando as nossas fichas: se essa pessoa tem maturidade ou se não está agindo unicamente por impulso.