Notas de Um Destino – Último Capítulo da Fase 1 (Quitéria cresce)
Rosa Maria: Uma festa? Posso ir também?
Celine: Não, querrida. Você não foi convidada. Fique aqui e veja TV.
Rosa Maria: E o senhor, o que vai fazer?
Jack: Eu vou trabalhar parra ganhar dinheirro. Por isso, não tenho tempo parra você.
Rosa Maria: Entendi…
(Rosa Maria senta no sofá e escuta uma discussão dos pais)
Jack: Você não entender? Não devíamos ter trazido esta menina!
Celine: Eu sei… Somos bandidos… Não cuidadores de crianças… Mas, se o padre pediu pra fazermos o bem a ela, o que custa?
Jack: Se você querer se ferrar sozinha, eu não me importar. Mas não me procurar depois.
(Rosa Maria suspira e pensa.)
Rosa Maria: “Não adianta! Aonde eu for, eu sou um peso!”
(7 anos depois, Fortaleza-CE. Pelas ruas desta metrópole estão alguns mendigos, dentre eles Baluarte. Ele vê uma moça tocando gaita. É Rosa Maria, com 15 anos, recém-chegada ao Brasil, após não suportar as crises de casamento dos pais adotivos. Baluarte admira a canção e se aproxima)
Baluarte: Que som bonito!
Rosa Maria: São só NOTAS DE UM DESTINO! Eu tive uma infância difícil. A gente era agricultor lá em Santa Quitéria. O meu pai era viciado no álcool e quando bebia ficava violento. Daí, ele sempre descontava na minha mãe e nos filhos. A gente nunca estudou. Era direto no trabalho duro da roça. Até que… uma vez o meu pai bebeu tanto que agrediu a minha mãe, meu irmão fugiu de casa, e foi tudo muito rápido… minha mãe morreu e me forçaram a ir embora de casa. Fui morar com uma família rica de Sobral, mas eu fugi para um convento, onde as freiras me educaram e tentaram me mandar de volta para o meu pai. Mas não acharam ele. Daí, eu fui adotada por um casal de americanos, sem saber que eles eram contrabandistas e estavam com o casamento em crise. Por sete anos eu aguentei as brigas deles dois. Mas agora chega, eu quero viver minha vida. Bem, essa é a minha história! E você quem é?
Baluarte: O meu nome é Baluarte!
Rosa Maria: Nome diferente.
Baluarte: Na verdade é nome artístico. Meu nome mesmo é Zé Carlos, mas ninguém me chama assim. Prefiro ser chamado Baluarte.
Rosa Maria: Agora me conta tua história.
Baluarte: Agora não… Depois eu conto. Essa melodia da gaita, onde você aprendeu?
Rosa Maria: No convento. Irmã Cecília me ensinava música.
Baluarte: Toca um pouco mais. Sabe o que você devia fazer? Tocar gaita nas portas dos bares em troca de comida ou dinheiro.
Rosa Maria: Baluarte, como você consegue trocado?
Baluarte: Assim, ó!
(Baluarte faz aparecer uma flor detrás dos cabelos cacheados de Rosa Maria)
Rosa Maria: Você é um mágico?
Baluarte: Mágico eu? Que é isso? Eu sou um profissional ilusionista errante pelas ruas desta metrópole. Para servi-la. Aqui está meu cartão.
(Baluarte faz aparecer um cartão)
Rosa Maria: Obrigada.
(O cartão pega fogo. Rosa Maria se assusta e joga o cartão no chão)
Rosa Maria: Chega! Acode aqui!
(O cartão cai no chão e vira um pássaro que sai voando.)
Rosa Maria: É inacreditável! Baluarte, você deveria estar num circo!
Baluarte: Na rua eu me sinto mais livre.
Rosa Maria: E se a você se vestisse de Palhaços e fizesse mágicas ao som da minha gaita?
Baluarte: Assim?
(Baluarte pega três pedrinhas e começa a fazer malabarismos. Rosa Maria começa a tocar “Pé de Serra” na gaita. É quando Baluarte dá um pulinho e joga as pedras para cima a fim de cabeceá-las)
Rosa Maria: Cuidado!
(Baluarte cabeceia as três pedrinhas e elas caem no chão. Ele desmaia com a pancada. Rosa Maria ajoelha no chão para ajudá-la)
Rosa Maria: Baluarte! Baluarte! Ai, meu Deus! Que ideia é essa que cabecear as pedras?
Então a Rosa Maria fugiu dos bandidos e voltou pro nordeste…
O que será que aconteceu com o Baluarte?
Parabéns pelo capítulo 😀