Sombras do Passado – Capítulo 15
Capítulo 15: E o príncipe virou um sapo!
Não ser descoberto numa mentira é o mesmo que dizer a verdade. ( Aristóteles Onassis )
Sair daquela sala cheia de espelhos foi um alívio. Depois de todos esses perrengues que nós passamos, nós continuamos andando. Andamos por algum tempo, entrando e saindo de algumas salas, mas sem grandes surpresas, até que, ao abrirmos uma porta dourada, nós nos deparamos com um corredor longo e vazio, e no final havia outras duas portas vermelhas.
– Acho que chegamos! _ o Rodrigo disse.
Andamos pelo corredor e paramos de frente as duas portas.
– Qual das portas é a sala do tesouro? _ eu perguntei.
– Não sei! _ o Rodrigo respondeu.
– E como vamos saber? _ a Daiana perguntou.
– Que tal se nós nos separarmos? Assim nós poderemos olhar as duas salas ao mesmo tempo! _ o Rodrigo sugeriu.
– Boa ideia! _ a Daiana concordou. _ Alicia e eu vamos olhar a porta da direita e você olha a da esquerda.
– Eu prefiro que a Alicia venha comigo _ o Rodrigo disse.
– Mas por quê? _ a Daiana perguntou.
– Quero que ela fique perto de mim.
A Daiana pensou por um momento.
– Está bem! Eu irei olhar a porta da direita sozinha! Boa sorte para vocês!
– Obrigada! Desejo o mesmo para você! _ eu disse.
A Daiana se transformou em demônio e logo em seguida arrombou a porta. Ela entrou e a fechou novamente.
– Você está tão calado! _ eu o encarei.
– É impressão sua, minha querida! _ ele deu um sorriso que me pareceu meio forçado. Em seguida ele colocou a mão no bouço de sua calça e retirou uma chave, colocando-a no buraco da fechadura da porta a nossa frente e abrindo-a.
– Você tem a chave desta porta? _ eu estava de boca aberta. Como ele havia conseguido aquela chave?
– Peguei emprestado! _ ele disse.
– De um cara? _ eu disse, me lembrando que ele havia dito que pegou um mapa com um cara.
Mas ele não me respondeu, apenas me puxou bruscamente para dentro da sala e fechou a porta.
– Porque você trancou a porta? _ eu o perguntei.
– Para o caso de você tentar fugir. _ ele se virou para mim.
– Como assim fugir? _ dei um passo para trás.
– Logo você entenderá. _ ele começou a andar pela grande sala. _ você sabia que é possível infeitiçar uma pessoa?
Eu não respondi.
– Ser um demônio nos trás grandes vantagens, como os poderes que nós temos acesso! _ ele parou de frente para mim com uma pequena garrafa preta em suas mãos. _ beba.
– O que é isso? _ eu perguntei.
– Apenas beba, querida! _ ele disse. _ não se preocupe, isso apenas te libertará do feitiço que eu fiz para você!
– Eu estou enfeitiçada? _ eu dei um sorriso sarcástico..
– Claro que está. Você acha que esse amor todo que você sente por mim veio de onde? _ ele disse.
Eu fiquei sem palavras. Em minha cabeça passava um filme com imagens minhas e de Rodrigo, me lembrei também de Pedro e do homem que me abordou na porta de casa. Talvez aquilo fosse possível. Rodrigo me ofereceu novamente a garrafa preta, e dessa vez eu a peguei, abri e virei tudo de uma só vez. O gosto era horrível. Minha cabeça logo começou a girar e minha visão ficou turva. Em minha mente veio uma imagem _ não, uma lembrança _ Rodrigo, na mansão onde Karina tentou me matar, assim que descemos para o andar de baixo, enquanto Daiana terminava de amarrar Karina, Rodrigo andou até mim e cochichou em meu ouvido algo em outra língua, um feitiço.
Minha visão voltou ao normal e eu pude voltar a ver Rodrigo a minha frente.
– Você me jogou um feitiço, seu filho da…
– Olha a boca, princesa! _ ele me interrompeu.
– Por que fez isso? _ eu estava furiosa.
– Porque eu precisava de você para o meu plano dar certo! _ ele disse despreocupado.
– Que plano? _ eu perguntei.
Então a maçaneta da porta girou. Alguém estava entrando.
– Esse plano! _ Rodrigo disse.
Quando a porta se abriu por completo e alguém entrou na sala, fechando a porta novamente, eu fiquei chocada. Era uma garota idêntica a mim. Os mesmos olhos, cabelos, altura. Uma cópia perfeita.
– Quem é você? _ eu perguntei com a voz fraca.
– Eu sou você! _ ela sorriu para mim.
– Isso é impossível. Como você pode ser tão parecida comigo?
– Eu sou sua irmã gêmea, bobinha. _ ela sorriu. _ Meu nome é Alexia. Mas a partir de hoje eu vou me passar por você!
– Irmã? _ perguntei.
– Isso mesmo. Sabe, a princesa das trevas que vai acabar com todos os mestiços não é você, querida, sou eu! _ ela disse.
– Então, eu não sou má? _ eu disse.
– Não. Você é a boazinha sem graça. _ ela disse.
– Vocês acham que esse plano ridículo vai dar certo? _ eu perguntei.
– Claro que vai. Você é uma mosquinha sem graça, eu sou muito mais incrível. Eu serei uma Alicia versão melhorada e atualizada! _ ela disse sorrindo.