Sombras do Passado – Capítulo 14
Capítulo 14: Isso nunca vai acabar?
Ainda que o bem que persigo esteja distante,contudo existe. ( Confúcio )
– Ninguém havia dito que seria fácil. _ eu disse.
– Isso levará muito tempo. _ disse a Daiana. _ Não temos a mínima ideia de onde possa estar esse livro. São muitas portas e o castelo é enorme! O livro pode estar em qualquer lugar.
– Não é bem assim. _ o Rodrigo começou a tirar algo do bolso. _ eu tenho um mapa que pode nos levar até a sala dos tesouros, o livro deve estar lá!
– Como você conseguiu esse mapa? _ eu perguntei.
– Consegui com um cara! _ ele disse.
– Com um cara? _ Daiana perguntou. _ nós vamos seguir um mapa que você conseguiu com um cara?
– Calma, ele é de confiança, e nós não temos uma ideia melhor! _ ele disse.
Analisamos o mapa. Logo, começamos a andar novamente. Caminhamos pelo corredor cheio de portas, mas não entramos em nenhuma. O mapa indicava que aquele castelo era um labirinto, e a sala dos tesouros não estava muito longe de onde nós nos encontrávamos agora.
Aquilo parecia loucura, em um momento eu era apenas uma garota normal de uma cidade pequena e, em outro eu era um demônio. Acho que eu devo estar louca.
Quando saímos do corredor, viramos à esquerda e, entramos em uma sala redonda que, diga-se de passagem, era enorme. Havia várias portas nessa sala.
– Esse cara deve amar portas. Não é mesmo? _ eu disse.
Eram tantas portas e por todos os lados.
– Concordo! _ a Daiana respondeu, e nós duas rimos. _ o que o mapa diz Rodrigo?
– Temos que entrar na terceira porta, contando da esquerda para a direita. _ ele respondeu.
– Tudo bem! _ eu disse. _ Vamos lá.
Abrimos a porta e entramos. A sala era grande e havia um buraco, que parecia não ter fim, que nos impedia de chegar até a outra porta, que estava no lado oposto de onde nós estávamos. Havia um pequeno pedaço de chão em cada extremidade da sala.
– Temos que chegar naquela porta! _ Rodrigo disse.
– Tem certeza de que este é o caminho certo? _ eu perguntei.
– É o que diz o mapa! _ o Rodrigo me respondeu.
– Está bem! Mas, como vamos atravessar a sala, com esse buraco bem aqui? _ a Daiana perguntou.
Nós ficamos alguns instantes observando a sala e tentando achar uma solução.
– Acho que tenho uma ideia! _ o Rodrigo disse. _ Observem aquela parede no lado direito da sala. _ ele apontou.
– Estou observando, mas ainda não estou entendendo! _ a Daiana disse.
– Há uma sequência de pedras mais salientes do que as outras. Talvez nós possamos atravessar a sala nos segurando nelas. _ ele disse.
– Tem razão! _ a Daiana disse. _ pode dar certo.
Andamos até a parede. O Rodrigo fez á frente, ele se apoiou nas pedras e começou a escalar, logo ele já estava andando para o lado em direção ao outro lado da sala.
– Agora é sua vez, Alicia! Eu estarei bem atrás de você. _ Daiana disse.
– Está bem! _ eu disse.
Apoiei-me nas primeiras pedras mais salientes da parede e, iniciei minha escalada. No começo não estava muito difícil, mas quando eu comecei a andar para o lado em direção à outra extremidade da sala as coisas se complicaram.
Antes ainda havia um pedacinho de chão abaixo de mim, mas agora havia apenas um abismo. Se eu cair daqui não vou sobreviver. Sem falar das pedras que estavam ficando cada vez menores.
– Gente, se eu cair o que vai acontecer? _ eu perguntei.
– Você não vai cair, Alicia! _ a Daiana me assegurou.
– Mas, e se eu cair? _ comecei a entrar em desespero. _ Por que eu estou achando que eu vou cair. E isso aqui parece ser tão alto. Acha que eu teria alguma chance de sobreviver?
– Alicia, se você entrar em pânico aí sim você irá cair! Você precisa se acalmar. _ a Daiana respondeu.
– Então quer dizer que realmente existe uma chance de que eu vá cair? _ eu disse quase derramando lágrimas.
– Você tem que tentar se acalmar Alicia! _ ouvi o Rodrigo dizer.
E foi exatamente nesse momento que meu pé escorregou. Eu soltei um grito de pavor, e senti um frio na barriga. Fechei os olhos para não ver o momento da queda. Mas antes mesmo que meu corpo começasse a ser engolido pela escuridão daquele enorme abismo, eu senti a mão da Daiana agarrando o meu braço. Eu nem acreditei. Não havia percebido que Daiana tinha começado sua escalada e estava tão próxima de mim.
– Te peguei! _ ela disse, me ajudando a voltar para parede. _ continue, temos que chegar ao outro lado.
– Obrigada, Daiana! Você salvou minha vida. _ eu disse.
– Tudo bem! Só não faça isso novamente! _ ela disse séria.
– Será um prazer! _ eu respondi.
Com muito esforço eu consegui chegar ao outro lado da sala. O Rodrigo estava nos esperando perto da porta. Então nós abrimos a porta e saímos daquela sala maluca.
Quando nós saímos da sala nos deparamos com outra sala, cujas paredes eram todas cobertas com espelhos, incluindo o teto e o chão. Eu fiquei um pouco tonta, pois para todos os lugares que eu olhava eu via o meu reflexo se repetindo e repetindo varias vezes.
– Não acredito! _ eu disse me sentando no chão.
– Onde está a porta para sairmos daqui? _ Daiana perguntou.
– O mapa não diz. _ Rodrigo disse, enquanto olhava o mapa.
– Tem certeza que estamos no caminho certo? _ Daiana disse.
– Sim, esse é o caminho, mas não sei onde está a porta. _ ele disse.
Daiana foi até ele e analisou o mapa também.
– Tem algo escrito aqui! _ ela disse pontando para o mapa.
– Atrás do espelho existe uma saída. _ Rodrigo disse, lendo.
– Certo, mas qual dos espelhos? _ eu perguntei.
– Vamos quebras todos! _ Rodrigo disse.
– O que? _ Daiana disse incrédula.
– É o único jeito! _ Rodrigo disse.
– Tudo bem! _ Daiana concordou.
Então nós nos transformamos em demônios e começamos a quebrar os espelhos. Não foi tão fácil quanto eu esperava. Na forma de demônio nós éramos bem mais fortes e conseguíamos quebrar os espelhos com as próprias mãos, porém, era preciso dar mais de um golpe para quebrar o espelho por completo.
Não sei quanto tempo nós levamos, mas sei que para mim durou uma eternidade. Aquela maldita porta estava _ como era de se imaginar _ no lugar mais inesperado possível.
Primeiro nós tentamos os lugares mais óbvios, depois nós começamos a quebrar qualquer espelho que aparecesse em nossa frente e que estivesse nas paredes laterais. Depois de um tempo os espelhos das paredes acabaram e, não havia nenhuma porta. Até mesmo a porta pela qual entramos na sala anteriormente já não estava lá. Nós pensamos que ficaríamos presos ali para sempre. Mas então a Daiana teve a ideia de quebrarmos os espelhos do chão. Nós concordamos.
Depois de termos acabado com os espelhos do chão e não termos achado nenhuma porta, nós resolvemos por fim quebrar os espelhos do teto, afinal era nossa última chance. Eu estava exausta. Não aguentava mais quebrar espelhos. O barulhos dos espelhos se partindo, estava me dando uma tremenda dor de cabeça. Mas com muito esforço, eu comecei a quebrar um dos espelhos do teto e, foi quando eu finalmente achei uma saída.