Sombras do Passado – Capítulo 9
Capítulo 9: Primeiros passos para chegar até a verdade!
“Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar”.
Depois de um tempo conversando, eu decidi que era melhor eu ir embora. Não havia motivos para ficar.
– Rodrigo! Podemos ir embora? _ perguntei, cochichando no ouvido do Rodrigo.
– Claro Alicia! Vamos sim! _ ele me respondeu, e me deu um beijo na bochecha.
– Nós já vamos! Daiana, você vai agora, ou, vai ficar?_ ele se virou para sua irmã.
– Eu vou ficar! Ainda temos que discutir sobre alguns assuntos! Mas não há necessidade de vocês ficarem! Podem ir! _ ela respondeu.
– Quando nós partimos? _ eu perguntei.
– Ainda não sei! Eu vou preparar as coisas, e então eu aviso vocês! _ Daiana respondeu.
– Tudo bem então! Tchau para vocês! Vamos? _ ele se virou para mim.
Eu apenas concordei.
Virei-me para me despedir dos outros, e percebi que o Pedro não tirava os olhos de mim e, pareceu estar incomodado em ver que eu e Rodrigo estávamos tão próximos. Ele me encarou com expressão séria. Parecia surpreso, com raiva. Pude ver diferentes emoções em seus olhos.
Por um momento, foi como se o tempo parasse, e fosse apenas nós dois naquela sala. Seus olhos roubaram toda minha atenção. Ouvia as vozes da conversa entre Rodrigo, Daiana e Karina, mas elas pareciam estar tão longe. Poderia dizer que ele estava dentro da minha cabeça.
Então, era como se fosse loucura eu estar junto com Rodrigo, como se tudo aquilo fosse um absurdo. Eu estava fazendo a escolha errada. Estar com Rodrigo era errado. Eu deveria ficar. Eu deveria ficar… Com Pedro? Comecei a entrar em pânico, minha respiração acelerou, não conseguia desviar o olhar de Pedro. Então Rodrigo me puxou levemente, me fazendo olhar para ele. Quando meus olhos encontraram os olhos do Rodrigo, meu coração se acalmou, toda aquela contradição foi embora, e eu, mais do que nunca, tinha a certeza de que estava completamente apaixonada pelo Rodrigo. Tentei não dar importância para o olhar do Pedro, mas eu já fazia ideia de que aquilo iria tirar meu sono naquela noite. Despedi-me com um tímido tchau, e então nós saímos.
Logo, chegamos a minha casa.
O Rodrigo se despediu, me dando um selinho. Ele sorriu, e foi embora. Observei ele se afastar até não conseguir mais vê-lo.
Virei-me e, coloquei a chave na porta, foi quando alguém segurou meu braço. Virei-me. Era um homem alto, de pele branca. Seus olhos eram de um castanho escuro, com certo brilho, como se tivesse mel dentro deles. Seu cabelo era preto, incrivelmente preto. Seu rosto era de alguém que poderia ter uns quarenta anos de idade, mas era um rosto de galã de cinema. Ele era inacreditavelmente, lindo. Não senti absolutamente nenhuma atração por ele. Mas, não pude negar que ele era realmente bonito. Ele parecia gentil, mas continuava segurando o meu braço, usando somente a força suficiente, para que eu não fugisse.
– Preste atenção! _ ele começou a dizer _ As aparências enganam. Talvez você devesse escolher melhor seus amigos e, parar de deixar que eles te escolham! Você não é uma marionete. Onde está aquela garota cheia de atitudes que eu conhecia? _ ele estava com um ar de reprovação.
– O que? Como assim? Você está me confundindo com alguém! _ eu não entendi. Eu nunca tinha visto esse homem. Eu com certeza me lembraria dele.
Ele parecia estar tentando encontrar as palavras certas.
– Por que você está com o Rodrigo? _ ele perguntou gentilmente.
– Como você sabe? _ eu perguntei.
– Apenas responda minha pergunta. _ ele disse.
– Por que eu gosto dele e, ele de mim! _ aquela resposta me parecia tão óbvia.
– Sério? _ ele estava com um ar de ironia _ e desde quando você gosta dele? _ ele fez uma pausa, provavelmente para que eu respondesse, mas eu não consegui, então, ele prosseguiu _ você gosta dele desde a madrugada de hoje? Você não acha que é pouco tempo para uma pessoa resolver namorar outra? Sinceramente, eu acho!
Tentei analisar a situação. Tentei achar argumentos. Mas, do que aquele homem estava falando? Eu gosto do Rodrigo. Tudo bem, tudo foi rápido demais. Mas isso não importa. Certo? O amor é assim mesmo.
– Quero que pense um pouco sobre isso, Alicia! _ ele se virou e foi embora.
– Senhor! _ eu gritei_ como você sabe meu nome? Quem é você? Senhor?
Mas ele continuou andando e, foi embora. Que loucura. Parecia surreal.
Entrei em casa. Fui até a cozinha e, peguei um grande copo de suco de laranja com mamão. Subi as escadas e, fui para o meu quarto. Minha cabeça estava girando. Na verdade, ultimamente, minha cabeça girava tanto, que estou começando a achar que tenho labirintite. Será que demônios tem labirintite?
Estava tudo tão confuso. Nada era explicado detalhadamente. Tudo que as pessoas me diziam, tinha um duplo sentido, ou, eu deveria descobrir o restante da história. Por que as coisas não poderiam, simplesmente, serem esclarecidas?
Deitei na cama, e fiquei olhando para o teto. Dessa vez, eu tentei não pensar em nada. Então, acabei dormindo.
– Alicia! Aliciaaa! Acorde! _ disse uma voz distante.
Abri os olhos. Minha mãe estava do meu lado, e o Meia-Noite sentado do lado da cama, me olhando.
– Sim, mamãe! _ eu disse com a voz um pouco rouca!
– A Daiana ligou!
– É mesmo? E o que ela disse? _ me ajeitei na cama.
– Ela disse que vocês vão sair amanhã à noite _ ela começou a alterar seu tom de voz _ para uma aventura no reino do demônio braço direito de satã, para buscar certo livro, que vocês nem tem certeza se existe mesmo, ou, não! E eu queria saber, por que eu ainda não recebi nenhum pedido de permissão?
– Me desculpe! Eu juro que iria te pedir! É que eu ainda não havia tido a oportunidade! _ fiz uma pausa, e depois uma carinha meiga _ Mamãe! Eu posso ir?
– É claro… Que NÃO! Você está maluca? Não pode ir até lá! Ninguém nunca saiu de lá! _ ela estava brava comigo.
– Eu tenho que saber a verdade! Por favor, mamãe! Deixe-me ir?
– Como eu vou deixar minha menininha ir a um lugar tão perigoso? _ ela agora estava com uma voz claramente maternal.
– Mãe. Eu sou um demônio! Será inevitável eu passar por situações perigosas. _ ela não poderia negar que eu tinha razão. Eu não era uma garota normal, então consequentemente, minha vida também não seria normal. E eu deveria me acostumar com isso!
– Eu sei minha filha! Mas a verdade é que eu queria mesmo era guardar você dentro de uma caixinha, para que nada de ruim nunca acontecesse com você.
– Você vai me deixar ir?
Ela pensou, e eu percebi que eu deveria argumentar mais um pouquinho. O Meia-Noite não latia, não rosnava, nem se quer mexia, só observava.
– Eu preciso saber a verdade sobre minha vida! E esse é o único jeito!
– Tudo bem então! Mas me prometa que vai voltar! _ ela disse.
– Eu prometo!
Ela me abraçou e, me deu um beijo na testa.
– A Daiana disse quando nós iremos partir? _ perguntei.
– Disse sim! Vocês vão sair amanhã à noite!
– Ok!
– Vamos jantar?
– Já está pronto? _ me surpreendi, eu devo ter dormido bastante.
– Está sim!
Minha mãe desceu e, o Meia-Noite também. Eu fui até o banheiro e, lavei meu rosto. Logo eu desci também.
Assim que terminei de comer e lavar a louça, me juntei a minha mãe no sofá e, nós assistimos a um filme de terror. Por ironia da vida, o filme era sobre demônios.
Quando o filme acabou, eu fui para o meu quarto. Peguei uma toalha, uma roupa de dormir e, uma troca de roupa íntima. Fui para o banheiro, tomei meu banho, vesti a roupa e, escovei os dentes. Saí do banheiro e, fui para o meu quarto novamente.
Deitei na cama e, tentei dormir. Comecei a pensar no que faria durante o dia de amanhã. Talvez eu devesse me divertir um pouco, afinal, eu poderia não voltar nunca mais dessa aventura. Estremeci ao pensar nisso. Tentava não pensar no que aconteceu hoje com o Pedro, mas, vira e mexe esse assunto sempre volta a me incomodar. . Tentei relaxar meu corpo. E até que, enfim, eu consegui dormir!