Sombras do Passado – Capítulo 8
Capítulo 8: O inacreditável pode se tornar acreditável!
“Nada na vida é completamente errado. Até um relógio quebrado está marcando a hora certa duas vezes ao dia!”
– Que fofo! _ me sentei ao lado de Rodrigo e fiz um carinho no cachorrinho que estava no colo dele.
– Você gostou? É um filhote de lobo! _ ele disse.
– Sério? É um lobo mesmo, de sangue puro? _ eu pensei que era um cachorro, talvez um Pastor Alemão, ou Husky Siberiano, afinal eles se parecem com lobos.
– É sim! Se você fosse uma humana normal, isso seria um pouco perigoso, mas como você não é, então não terá problema nenhum. Os lobos são criaturas que tem um pé no mundo material, e o outro no mundo espiritual, eles pertencem ao mundo obscuro, fazem parte das trevas, eles conseguem identificar facilmente um demônio. Além disso, ele vai ser seu melhor amigo, vai poder ficar de olho em você, quando eu não estiver por perto. Ele é seu!
Ele colocou o lobinho em meu colo.
– Então, qual será o nome dele? _ o Rodrigo perguntou, eu percebi que ele observava cada expressão minha, tentando saber se eu realmente tinha gostado do presente.
– Humm… Deixe-me pensar… _ eu disse.
Tentei analisar cada detalhe dele, seu pelo negro, seus olhos brancos, seu comportamento. Ele estava tão quietinho, tão sério, tinha até um certo ar sombrio. Ele tem cara de mal, mas também de protetor. Um olhar firme, mas gentil.
– Ele é bem contraditório. Acho que eu vou precisar de uma ajudinha Rodrigo.
O Rodrigo deu um sorriso e, olhou pra carinha do lobinho.
– Tente algum nome que represente um ponto morno, que não seja nem um nem o outro. Ele tem mesmo cara de ser bem contraditório. _ ele disse.
O Rodrigo tinha pensado exatamente a mesma coisa que eu.
– Que tal Meia-Noite? É o exato momento em que não é nem um dia e, nem o outro. _ eu disse.
O lobinho me lambeu.
– Eu gostei da ideia e, acho que ele também. _ o Rodrigo diz.
Nós rimos juntos. Quando paramos de rir, o Rodrigo passou a mão em meus cabelos. Ele olhou pro Meia-Noite.
– Vá dar uma voltinha Meia-Noite. _ ele diz olhando para o Meia-Noite.
O Meia-Noite pulou do meu colo e, saiu. O Rodrigo aproximou seu rosto do meu, encostando sua testa na minha e, seu nariz no meu.
– Eu nunca iria me perdoar se acontecesse alguma coisa com você Alicia!
Ele se aproximou mais um pouco. Seus lábios encostaram-se aos meus, me dando um leve beijo, ele estava me deixando escolher se eu queria esse beijo ou não. Eu deslizei minhas mãos em seus cabelos e, só então ele intensificou o beijo. Suas mãos deslizaram uma para minha cintura e a outra para meu rosto. Ele distribuiu beijos pelo meu rosto, depois pelo pescoço, então ele me abraçou fortemente e, deu um suspiro, como se estivesse aliviado. Eu não entendi muito bem. O Rodrigo e eu, sempre fomos amigos, mas nunca tinha passado disso e, hoje quando ele me beijou eu senti uma sensação inexplicável, senti vontade de nunca mais ficar longe dele. Ele se afastou um pouco, olhou nos meus olhos, e deu um sorriso.
– É melhor você comer alguma coisa. Daqui a pouco nós temos que ir. _ ele disse.
– Onde vocês marcaram de nos encontrarmos? _ eu perguntei.
– Na casa da Karina!
Dei um sorriso sarcástico.
– Sério? Na casa da Karina? A garota que está louca para me matar? _ eu disse.
– Você deveria levar em consideração o fato de você ser uma possível ameaça.
– É você tem razão! A qualquer momento eu posso tentar matar um dos meus amigos! _ dei um olhar mortal para o Rodrigo!
– Calma Alicia! O combinado é ninguém agir sozinho, ela não vai tentar matar você. _ ele acariciou minha bochecha.
– Tudo bem! _ eu disse, mas não era verdade.
– Venha comigo! _ ele disse.
Ele se levantou, pegou minha mão e, me ajudou a me levantar. Nós descemos para a cozinha. Chegando à cozinha, o Rodrigo se sentou e, eu fui até a geladeira ver o que tinha lá.
– Rodrigo! Que horas são?
Ele olhou no relógio em seu pulso.
– Dez da manhã!
– Nossa! Eu dormi tanto!
– Você merecia esse descanso!
Procurei alguma coisa dentro da geladeira e, encontrei um pratinho que provavelmente minha mãe tinha deixado pra mim. Peguei o prato e, coloquei no micro-ondas, programei e, me virei pro Rodrigo, que me deu um sorriso e, me fez um sinal para que eu me sentasse em seu colo. Meu coração disparou. Aquilo parecia loucura, em um momento estava tudo normal e, no outro eu sou um demônio e beijo um dos meus amigos. Andei até ele, me sentei em seu colo, ele me abraçou e, me deu um beijo na testa.
– Você quer comer alguma coisa? _ eu perguntei.
– Não, obrigado!
Então o micro-ondas apitou. Fui até ele e, peguei meu prato. Sentei-me de frente pra o Rodrigo e, comecei a comer. O Rodrigo observava cada movimento meu, eu já estava ficando sem graça. Terminei de comer, lavei meu prato, e coloquei comida para o Meia-Noite.
– Que horas nós temos que ir? _ eu perguntei.
– Dez e meia! E agora são dez e vinte!
– Esta bem! Eu vou subir escovar os dentes e, eu já desço!
– Tudo bem! Não precisa ter pressa! _ ele disse.
Subi, fui até o banheiro e, escovei os dentes, dei uma última olhada no espelho, só pra ter certeza de que estava tudo em ordem, logo eu desci novamente. O Rodrigo estava olhando as fotos da estante.
– Estou pronta!
Ele se virou pra mim, e deu um sorriso.
– Então vamos! _ ele disse.
Ele pegou minha mão e, nós saímos.
O dia estava bonito, era um lindo dia de sol. Tentei pensar nisso enquanto andávamos a caminho da casa da Karina, ao invés de pensar em como minha melhor amiga tentou me matar, ou, em como EU iria matar ela. A Karina era a única em quem eu confiava, e então ela faz isso comigo. Aff… Concentre-se no dia lindo Alicia, pensei comigo, concentre-se no dia lindo…
– Você está nervosa Alicia?
Olhei para ele.
– Por que a pergunta?
– É que você está apertando minha mão, com uma força desnecessária! _ ele deu um sorriso e gesticulou para que eu olhasse nossas mãos.
Eu dei uma risadinha.
– Eu estou um pouco nervosa sim! _ dei um suspiro.
– Fique tranquila! Vai dar tudo certo! Eu estou aqui se você precisar! _ ele puxou minha mão e deu um beijo nela!
Eu dei um sorriso.
Chegamos à casa da Karina, e o Rodrigo bateu na porta, logo o Pedro abre.
– Que bom que vocês chegaram! _ ele fez uma expressão que dizia o contrario.
Rodrigo sorriu. E eu não fiz nenhum esforço para ser agradável.
Pedro gesticulou para que nós entrássemos.
Entramos, e seguimos Pedro até a sala, onde estavam os outros. Quando chegamos à sala, todos nos cumprimentaram e, nós nos sentamos.
A Daiana se levantou. Pelo que parecia a reunião iria começar.
– Pessoal, eu espero que vocês tenham conversado com seus pais adotivos! _ disse a Daiana. _ espero que vocês tenham explicado tudo o que aconteceu, e que a situação não está nada boa.
– Pelo o que minha mãe disse, eles já estavam esperando por isso. Ela não ficou nem um pouco surpresa e, em breve, eles precisaram se reunir com outros guardiões para se preparar para o que virá. _ Karina disse.
– Nós precisamos descobrir um jeito de quebrar a maldição, antes que todos descubram que Alicia é a última de sangue puro! _ Rodrigo disse.
– Mas como? _ Daiana disse.
– Eu conversei com meu pai. _ Pedro disse _ ele disse que no mesmo livro que foi escrito a maldição também foi escrito com quebra-la.
– O livro Sombras do Passado? _ Daiana perguntou _ esse livro está perdido há anos. Ninguém sabe onde ele está!
– Está no castelo de um dos demônios mais poderosos do inferno. _ Rodrigo disse.
– É o que dizem. _ Pedro disse. _ mas isso pode não passar de boatos.
– Vocês acham que vale apena arriscar? _ Daiana perguntou.
– Arriscar? Isso é suicídio! _ Karina disse _ ninguém nunca volta de lá! O cara é barra pesada. Se nós formos lá nós morreremos!
– Então talvez não devêssemos ir todos nós! _ Daiana disse. _ Podemos nos separar, e apenas alguns de nós irmos. Se acontecer algo, os que ficaram podem continuar lutando.
– Daiana e eu somos demônios. _ Rodrigo disse. _ nós podemos ir.
– Eu também quero ir! _ eu disse.
– Não é uma boa ideia! _ Daiana diz.
– Porque não? _ eu perguntei. _ eu quero ajudar.
– Alicia, se você morrer, nós não sabemos o que pode acontecer, talvez nós tenhamos que esperar mais quinze anos para tentar quebrar a maldição novamente. _ Daiana disse.
– Eu sou mais forte que vocês dois juntos! _ eu disse para Daiana e Rodrigo.
– Mas não sabe usar sua força, você não sabe lutar! _ Daiana disse.
– Eu posso ajudar, e eu quero ir! _ eu disse.
– Está bem! _ Daiana cedeu.