Capítulo 3 – Saber Viver
Capítulo 3|| SABER VIVER
ESCRITO POR: GABRIEL ADAMS
O sol daquela primavera vai se pondo e finalmente surgem as estrelas. Os 29 anos se passam. O sol nasce radiante, as folhas do outono tomam conta de toda a rua de Petrópolis. Finalmente, é dia.
29 ANOS DEPOIS…
CENA 1. RIO DE JANEIRO/ PETRÓPOLIS – CASA DO ENZO/DIA
ALICE Aline minha filha… Eu quase morri no parto de vocês para conseguir colocar vocês no mundo. Parto do Lorenzo? Quase enfartei. E você ainda acha que vai ficar com alguma coisa? – fala, gargalhando ironicamente.
ALINE Mãe, eu estou falando por mim e pelos meus irmãos.
ALICE Muito pior. Ninguém de vocês irá receber nada. Captou? Ninguém!
ALINE Eu como filha mereço sim ter direito a toda essa fortuna que vocês conseguiram.
ALICE Será mesmo? Se quiser ter ela vai ter que lutar e para deixar bem claro: Do que depender de mim, vocês não terão nem um centavo dessa herança.
Aline fica irritada com a postura da mãe.
CENA 2. RIO DE JANEIRO/ TAQUARA – CASA DA CRISTINA/DIA
Telma abraça Vítor e tenta consola-lo.
TELMA Meu irmão, calma, uma hora você consegue, tenha fé.
CRISTINA Fé é uma coisa que esse menino não tem.
TELMA Cristina, não piora as coisas! – fala.
CRISTINA Ué gente, falar a verdade agora é piorar as coisas, falo mais nada. – sussurra para si mesma.
VÍTOR Minha vida acabou, chega, eu me matei de estudar para nada. – chora.
TELMA Vítor, a vida é assim, só sente o sabor da vitória quem um dia perdeu na vida. Sua hora vai chegar, calma!
VÍTOR Eu não quero mais saber disso, chega.
TELMA Vamos fazer que nem na música? Erguer essa cabeça, ir na fé, mandar a tristeza embora, sua hora vai chegar meu irmão, tenha calma.
Vítor se abraça com Telma e ela alisando a cabeça de Vítor.
Algumas horas depois…
CENA 3. RIO DE JANEIRO/ PETRÓPOLIS – EMPRESA DAN QUADROS/DIA
Alice e Enzo estão conversando e Rebeca está atrás porta, escutando tudo.
ENZO Hoje me bateu uma saudade da minha mãe.
ALICE Dona Severina, te apoiou em todas as borradas.
ENZO Dona Celeste também não escapou disso.
ALICE Eu nem aprontei tanto assim, só engravidei cedo. – fala.
Rebeca pega um gravador e começa a gravar a conversa.
ENZO Alice, até hoje você não me contou o que houve com seu filho.
ALICE Eu quero deixar essa história para lá. Ele morreu, não sei, pelo menos para mim.
ENZO Você é tão seca ao falar desse filho. Pra você só existe Rebeca, Aline, Davi e Lorenzo.
ALICE Eu quase morri no parto deles, eles quase morreram, eu tenho que amar eles e muito. E pelo visto, não sou a única seca daqui, você também não tem medo, né?
ENZO Medo de quê?! – pergunta, desconfiado.
ALICE Enzo, não se faça de besta, sabemos que essa empresa só surgiu através de venda ilegal de quadros. Sabemos também que por ser venda ilegal, nosso dinheiro jamais acabará.
ENZO Dá para falar baixo? Se um dos nossos filhos escuta a gente falando isso, eles serão capazes de se matar para ter a herança. – sussurra.
Alice coloca a mão na boca.
CENA 4. RIO DE JANEIRO/ RECREIO – APT. DA VALENTINA/DIA
VALENTINA Finalmente acordei, achei que tinha morrido. – fala para si mesmo e fica rindo.
Ela vai até a cozinha, abre a geladeira, olha o calendário do seu ciclo menstrual e percebe que sua menstruação está atrasada.
VALENTINA Minha menstruação está atrasada. – fala, assustada.
Ela deixa o copo cair da sua mãe e senta na cadeira, zonza.
VALENTINA Lorenzo vai me matar. Espero que seja só um atraso. Meu Deus! – fala, apavorada.
CENA 5. RIO DE JANEIRO/ PETRÓPOLIS – EMPRESA DAN QUADROS/DIA
Rebeca vai para sua sala assustada com o que ouviu e encontra Daniel lá.
REBECA Daniel! Que susto! – fala, assustada, e colocando a mão no coração.
DANIEL Está devendo alguma coisa? – brinca.
REBECA Muito engraçado. HÁ-HÁ-HÁ. – fala, ironicamente.
DANIEL Ih, tpm, sai dela.
REBECA Não é tpm. Dani, você não sabe o que eu ouvi agora.
DANIEL Se você não me contar não vou saber.
REBECA Eu ouvi meus pais contando que essa empresa só cresceu devida à venda ilegal de quadros. E eu vou acabar com esse império deles, eu vou marcar um jantar hoje e vou contar tudo.
Daniel fica assustado.
DANIEL Então a grana de você é quase impossível de acabar.
REBECA Exatamente! E eu quero ver sangue, meus irmãos se matando para ter a herança.
Daniel e Rebeca gargalham e comemoram na sala. E Enzo atrapalha.
ENZO Posso saber o motivo da comemoração e das risadas altas? – pergunta.
DANIEL Estamos celebrando o amor! – fala.
REBECA Ah, pai, aproveitando, iremos jantar na sua casa hoje, temos um novo comunicado a fazer, dessa vez é do interesse de todos, PRINCIPALMENTE, dos meus irmãos. – fala, rindo.
ENZO Espero que seja mesmo, não quero perder meu tempo com mais palhaçadas suas.
Enzo fecha a porta e Rebeca reclama com Daniel sobre o tratamento do pai.
REBECA Você viu isso, né? “Palhaçadas suas” – fala, indignada.
DANIEL Seu pai, sua família, eu já não falo mais nada.
REBECA Fazer o quê. – fala, chocada.
Algumas horas depois…
CENA 6. RIO DE JANEIRO/ BARRA – APT. DO EDU/TARDE
Edu está no quarto vendo as fotos de Alice.
EDU Alice, o destino separou a gente, mas um dia há de unir novamente. – fala, alisando o retrato.
Edu tem um flasbhack.
FLASHBACK – 1986 – SANTO CRISTO
ALICE Edu, eu queria ter te contado antes do meu caso com o Enzo, não deu, me perdoe. – conta, chorando.
EDU Ter me contado? Você deixou uma carta, eu vou ler, deixa eu ler. – fala, pegando a carta.
ALICE Chega! Chega! Vai ficar se torturando até quando com isso? E eu preciso te contar uma coisa.
EDU Vai me dizer o que agora? Que se arrependeu? Tarde demais!
ALICE Eu estou grávida. Do Enzo. – conta, chorando e de cabeça baixa.
EDU Como pode ter certeza que é dele? A uns dias atrás tivemos uma despedida, lembra?
ALICE Eu sei que é dele, quanto a isso fique tranquilo. – fala.
VOLTA A CENA.
Edu se questiona.
EDU Será?! – fala, olhando o retrato e meio zonzo.
FIM DO 3° CAPÍTULO!