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A Cor do Pecado

A Cor do Pecado – Capítulo 14

CENA 01. Vale do Sol. Fazenda de Cássio Mendes. Sala. Interior. Dia.

Samuel informa a Melissa e Laura que não haverá mais casamento.

Samuel: — Olá, senhora e senhorita! Bom, estou aqui pra dar um aviso não muito agradável nenhuma de vocês.

Melissa: — O que foi amor? Não terá como realizar o casamento na próxima semana?

Laura: — A costureira que não fará o vestido no prazo estabelecido?

Melissa: — A quituteira que desistiu de fazer aquele tanto de doces? Fala logo, você está me deixando nervosa.

Samuel: — Infelizmente os palpites de vocês estão todos errados. Desculpe- me, mas já falei com seu pai e não nos casaremos mais.

Melissa fala gritando: — Como não nos casaremos mais?

Samuel: — Eu e ele entramos em um acordo, e será o que ele sempre quis: não nos casaremos mais. Casarei com a Cecília do: A Cor do Pecado.

Laura fala irritada: — Você se casará com uma prostituta? Mas isso não é possível. Só pode estar de brincadeira, deixar uma moça de família como a Melissa para casar- se com aquela coisa. Era só que me faltava.

Samuel: — Para sua infelicidade, a gente não controla o coração. É com ela que quero ser feliz. E com ela que quero construir de verdade a minha família.

Melissa: — Como pude cair nessa sua lábia? Esse tempo todo e eu acreditando que iria ser feliz com você.

Samuel: — Dei meu recado. Já falei com seu pai, ele concordou. E agora preciso ir ajeitar os detalhes de meu casamento.

Samuel sai e Melissa fica gritando.

Laura fala para a filha: — Mas isso não vai ficar assim filha. Não vai mesmo. Irei fazer reunião relâmpago para impedir um casamento de prostituta em nossa igreja. Nossa igreja é pura.

 

CENA 02. Vale do Sol. Casa de D. Quitéria. Sala. Interior. Dia.

No Conselho as beatas discutem sobre o casamento de Cecília e Samuel.

Laura: — Temos que impedir com urgência a realização do casamento dessa prostituta com esse cafajeste. Nossa igreja é um lugar puro, sagrado e de respeito. Lá só se casam as mulheres que se dão ao valor.

  1. Quitéria: — Faço de suas palavras, as minhas, Laura. Não podemos deixar esse absurdo acontecer. Isso só pode ser um verdadeiro insulto a nós conservadoras e beatas da Vale do Sol. Nunca teve casamento de quenga nessa igreja, e não vai ser hoje que vai ter.

Andreia: — Beatas unidas. Jamais serão vencidas.

  1. Quitéria: — Acabarei com a alegria daquela quenga é hoje mesmo. Ela que se case em outro canto, porque na nossa igreja ela não entra.

CENA 03. Vale do Sol. Casa de Ângelo e Janaína. Frente da Casa. Exterior. Dia.
Janaína recebe flores de um admirador anônimo.

Entregador: — É você a senhora Janaína?

Janaína: — Sou eu mesma.

Entregador: — Aqui está. Esse buquê de flores é pra você.

Janaína olha e percebe que está sem o nome, e diz: — Mas quem mandou entregar? Está sem o nome.

Entregador: — Disso eu já não sei. Apenas fiz minha parte em entregar. Obrigado. Até logo.

Janaína lê o bilhete que diz o seguinte: Desde a primeira que esbarrei em você, me encantei. Meu mundo agora é outro, não consigo parar de pensar em outra coisa, a não ser você. Você sabe muito bem quem eu sou. Um beijo, seu admirador secreto.

Janaína fala para si mesma: — Acho que sinto alguma coisa por esse tal Coronel Teodoro Fonseca.

 

CENA 04. Vale do Sol. A Cor do Pecado. Quarto de Cecília. Interior. Dia.

Cecília tira as medidas de seu vestido e as meninas observam tudo.

Costureira tira a fita e diz: — Agora sim. Tudo certo. Já planejei o modelo dele, será um vestido sem igual. Em todos esses anos de profissão, nunca fiz uma coisa tão bonita assim.

Iara: — Nossa patroa a senhora está tão linda. É até um sonho! Quem dera também estar se casando.

Cecília: — Minha pequena grande Iara. Espere, tudo é no seu tempo. Um dia vai chegar a sua hora, tenho certeza. Eu estarei lá presente para prestigiar esse grande momento, assim como você estará no meu. Tenho certeza.
CENA 05. Vale do Sol. Convento. Quarto de Olívia e Mônica. Interior. Dia.
Através de uma carta, George fala para Olívia que eles irão fugir.

Mônica: — Enquanto passeava no jardim lá em baixo, peguei a carta, tome, veja.

Olívia: — Não sei como agradecer a você. Uma amiga como você não encontramos todos os dias. Como brinde: lerei a carta em um tom que você escute.

Na carta diz o seguinte: — Amor, a saudade só aumenta a cada dia que passa. Com tudo acontecendo em minha vida, não consigo parar de pensar em você. Sua irmã Cecília casará nos próximos dias, e tenho certeza que Madre Superiora a liberará, pois ela é sua irmã. Já estou com tudo em mente. Enquanto todos aproveitam a hora da festa, fugiremos para Belo Horizonte. Um abraço, George.

Olívia: — Mas que surpresa maravilhosa!

Mônica: — Foi bom enquanto durou a nossa amizade. Posso dizer que você foi uma grande amiga, e mais que isso: verdadeira. Espero que esse nosso afastamento não seja sinônimo de acabar nossa amizade.

Olívia: — Não, de maneira alguma. Nunca que acabará.

As duas se abraçam.

 

E OS PREPARATIVOS PARA O CASAMENTO ESTÃO A TODO VAPOR

 

CENA 06. Vale do Sol. Igreja. Frente da Igreja. Exterior. Dia.

  1. Quitéria fala com Padre Alberto para impedir o casamento.

Padre Alberto: — Boa tarde Dona Quitéria! A que devo a honra da senhora?

  1. Quitéria: — A quenga chefe, dona do cabaré, irá se casar aqui nessa igreja, nos próximos dias. Confere?

Padre Alberto: — Sim. Mas o que tem de errado nisso?

  1. Quitéria: — Isso nunca que poderá acontecer. Um lugar sagrado e puro não pode servir para palco de casamento de uma quenga com um cego que não está vendo com quem está casando.

Padre Alberto: — Desculpe- me Dona Quitéria, mas isso é impossível. A casa de Deus é para todos.

  1. Quitéria: — Você é um padre inútil. Farei de tudo para lhe sujar daqui pra frente.

 

CENA 07. Vale do Sol. Fazenda de Cássio Mendes. Quarto de Melissa. Interior. Dia.

Melissa fala para si mesma sobre plano de vingança.

Melissa: — Isso não vai ficar assim. Não vai mesmo. Eu não me dediquei esse tempo todo ao Samuel para agora tudo isso acabar, como se nunca tivesse acontecido nada entre nós dois. Aquela quenga vai ver com quantos paus se faz uma verdadeira jangada. A se vai. Eu não perdoo, não perdoo mesmo. Agora vamos colocar pra fora a verdadeira Melissa que sempre esteve guardada esse tempo todo. Vale do Sol que me aguarde.

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