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A Cor do Pecado

A Cor do Pecado – Capítulo 12

‘’A vida é arte

Arte que se vive

Vida que se pinta

Pintura que se vive.

Cores do arco- íris

Cores do amor e da felicidade’’.

 

Já é noite em Vale do Sol

E todos os homens já se preparam para ir ao A Cor do Pecado

 

CENA 01. Vale do Sol. A Cor do Pecado. Quarto de Natália. Interior. Noite.

As meninas se aprontam e comentam sobre a tarde de Cecília e Samuel.

Rita: — Pelo visto, à tarde de nossa patroazinha foi bastante proveitosa e boa.

Iara: — Ô se foi, viu? Escutei cada coisa.

Viviane: — Cruz credo!

Natália: — Era cada barulho estranho que cheguei a me benzer umas quinhentas vezes.

Todas riem e Cecília que estava escutando tudo no outro lado da porta, chega e diz: — Mas será que até minha intimidade interessa a vocês?

Todas fazem silêncio, e Cecília continua dizendo: — O que eu faço ou deixo de fazer, é de minha conta. Não da de vocês. Vocês estão aqui pra trabalhar, e não para cuidar de minha vida. Agora vão todas para o salão, que os coronéis já começaram a chegar.

 

CENA 02. Vale do Sol. Fazenda de Cássio Mendes. Sala. Interior. Noite.

Laura flagra o marido saindo de casa e pergunta pra onde, ele vai.

Cássio se prepara para sair quando a mulher chega e diz: — Pra onde você vai marido?

Cássio: — Vou ali. Tenho que resolver alguns problemas, que por sinal, não é de sua conta.

Laura: — Que problemas a essa hora da noite? Por que você sairia assim tão depressa, tão devagar e sem querer fazer barulho?

Cássio: — Oras. Não queria acordar nem você, nem a Melissa.

Laura: — Deixe de mentira.

Cássio dá um tapa na cara da mulher e diz: — Você deixe de afronta a minha pessoa. Pois eu não devo satisfação à mulher nenhuma desse mundo. Muito pelo contrário, você que me deve satisfações sua imunda.

Laura: — Imundo é você. Seu canalha. Ordinário!

Cássio: — Você levou bofetada uma e ainda não se contentou? Quer levar outra?

Com tom de deboche Cássio continua a falar: — Quer saber mesmo pra onde eu vou? Vou pro A Cor do Pecado. Lá sim tem mulheres de verdade, e que me servem, e fazem tudo que eu quiser.

Laura: — Fazem aquilo tudo com nojo.

Cássio: — Não vou mais bater boca e discutir com você. Vou curtir a noite. Como diz o ditado: a noite é uma criança, e eu também.

Cássio sai e a mulher chora no sofá.

 

CENA 03. Vale do Sol. A Cor do Pecado. Salão Principal. Interior. Noite.

Todos curtem no cabaré e, os coronéis começam a se estranhar com os novos políticos.

Marcos começa a encarar Coronel Cássio Mendes, que vai até sua mesa e pergunta: — Já está na hora de parar de olhar pra mim, não é? Vai encarar?

Marcos: — Vou sim. Por quê? Achas que não sou homem suficiente para te enfrentar, seu merdinha.

Cássio Mendes: — Eu acho sim!

Marcos: — É melhor você parar de achar e duvidar. Pois não lhe derroto não só no braço, como também irei lhe derrotar na política.

Cássio Mendes: — É isso é o que nós vamos ver.

Marcos: — Não acredito que você com essa idade toda, ainda vai ter coragem de me enfrentar.

Cássio Mendes: — Você está dizendo que não sou homem?

Marcos: — Interprete do jeito que você achar melhor.

Cássio Mendes dá um soco na cara de Marcos, que levanta do chão rapidamente e dá vários socos na cara do Coronel.

Coronel Teodoro Fonseca vai tentar defender o amigo, é quando Samuel diz: — Deixa, deixa, eles. Se eles estão brigando, é porque tem motivos.

Teodoro Fonseca: — Mas eu não digo mesmo. Um merdinha como você querendo me afrontar. Quem é você?

Samuel: — Só pra deixar claro: não afrontei ninguém. E quer saber quem sou eu?

Depois de terminar de dizer isso, Samuel dá um soco na cara de Teodoro Fonseca, e lá começa mais uma briga.

 

TODOS SE ENVOLVERAM NA BRIGA

E ASSIM FOI A NOITE INTEIRA:

NINGUÉM CURTIU, NINGUÉM BEBEU,

SÓ BRIGANDO

 

CENA 04. Vale do Sol. A Cor do Pecado. Salão Principal. Interior. Dia.

De manhã bem cedo, as meninas arrumam toda a bagunça do cabaré.

Cecília recolhe um copo quebrado no chão e diz: — O que é que eu fiz pra merecer isso, Senhor? Nunca vi ter tanto prejuízo em uma noite só.

Natália: — Concordo com você. Minha noite só foi pra segurar homem e pedir pra parar.

Rita: — Isso aqui tá um verdadeiro caos.

Cecília: — Mas pode deixar que essa noite aviso: a eles. E vou fazer todos pagarem tudo pelo pé. Não posso sair no prejuízo numa coisa dessas.

TODAS RECOLHEM TUDO E VÃO DORMIR

 

CENA 05. Vale do Sol. Fazenda de Cássio Mendes. Quarto de Cássio. Interior. Dia.

Laura trata de seu marido todo ‘’quebrado’’ em casa.

Laura: — Eu não te avisei que não fosse pra aquele açougueiro. Viu o que aconteceu?

Cássio Mendes: — Pare de reclamar, e dar lição de moral, e cuide de mim. Ai, ai!

Laura: — Celestina, pegue outra bolsa de gelo pra mim, por favor. Pra ontem. Rápido!

 

CENA 06. Vale do Sol. Casa de D. Quitéria. Sala. Interior. Dia.

No Conselho das beatas e conservadoras elas comentam sobre o episódio ocorrido no cabaré.

  1. Quitéria: — Essa foi a: gota d’ água para termos a grande licença de impedimento da circulação das quengas.

Andreia: — Concordo com você, Dona Quitéria. Agora é que as impedimos de circularem pela cidade de vez.

  1. Quitéria: — Dessa semana elas não passarão. Nunca mais viremos elas circulando pela nossa linda, e maravilhosa: Vale do Sol. Tão respeitável bonita e prestigiada, mas essas putas estão fazendo com que torne a cidade feia. Lamentável!

Elza: — Mas elas não tiveram culpa do ocorrido ontem. A senhora tem que colocar a culpa nas pessoas que fizeram esse ato.

  1. Quitéria: — Mas você não muda mesmo não é Elza? Sempre apoiando essas putas em tudo.

Elza: — Quer saber de uma coisa, Dona Quitéria? Não quero mais participar dessas suas reuniões. Vá! Boa sorte a senhora e o restante que ficará aí nessa luta. Pois eu não participo mais, nem apoio. Sou totalmente neutra.

Elza vai embora e D. Quitéria comenta com o restante das mulheres: — Só pode sair de casa a noite e ser uma delas pra apoiá- las. Fiquei com nojo, da Sra. Elza. Ela que vá. Meu plano continuará e será seguido com, ou sem ela.

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