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Ela Veste Preto, mas o Baile é Cor de Rosa

Capítulo 37 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa (Final)

– Ups! Não foi dessa vez! – diz David alucinado ao perceber que o tiro havia falhado. – O próximo não vai falhar, eu não deixei tantos buracos vazios! – termina.

Alonso e Dora, por uma pequena fração de segundos, respiraram aliviados com a falha do revólver. Apenas aproveitaram o tempo que parecia infinito mediante a situação vivida. Nesse momento se entreolharam profundamente, fechando os olhos em seguida na mesma hora, relembrando todos os episódios e acontecimentos desde quando se conheceram até ali.

– “Quando conheci meu amor, a vida era um mistério sem sentido que havia levado embora tudo que costumava conhecer e chamar de meu. Mas estava errada, era engano, eu não existia, enquanto pensava possuir entre todas as coisas também o mundo. Mas ele chegou e me mostrou à duras penas que eu não possuía nada, não era nada. Não existia, nem sequer respirava de verdade para agradar quem não me enxergava, e ainda dizia ser feliz.”

– “Quando conheci meu amor, usava máscaras por medo de assumir quem eu era. Não que fosse mal, só não era verdadeiro. Já havia enfrentado tantas coisas que nem havia escolhido, e quem podia pensar que fugindo dos problemas iria encontrá-los aos montes e decidiria enfrentá-los com prazer em nome dela.”

– “E nós rimos.”

– “Choramos.”

– “Lamentamos.”

– “E agora estamos aqui, na reta final de uma breve vida, de uma jornada que deveria continuar e se prolongar perante os séculos imortalizados, mas não será assim e é por isso que eu te pergunto…”

Eles abriram os olhos, e fixamente o imortalizando na memória, Dora perguntou-lhe apenas movendo os lábios trêmulos de emoção.

– Valeu à pena?

Alonso, rindo docemente, satisfeito por viver só mais aquela cena respondeu.

– Cada segundo!

Ambos sorriram chorosos frente a frente e todo o drama seguinte deixou de existir. Mesmo separados estariam juntos para sempre.

 

Música – The Scientist – Coldplay – Tradução

Vim pra lhe encontrar, dizer que sinto muito,
Você não sabe o quão amável você é
Tenho que lhe achar, dizer que preciso de você,
E te dizer que eu escolhi você
Conte-me seus segredos, faça-me suas perguntas
Oh, vamos voltar pro começo
Correndo em círculos, perseguindo a cauda,
Cabeças num silêncio à parte

Ninguém disse que seria fácil,
É uma pena nós nos separarmos
Ninguém disse que seria fácil,
Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim
Oh, me leve de volta ao começo…

Eu só estava pensando em números e figuras,
Rejeitando seus quebra-cabeças
Questões da ciência, ciência e progresso
Não falam tão alto quanto meu coração
Diga-me que me ama, volte e me assombre
Oh, quando eu corro pro começo
Correndo em círculos, perseguindo nossas caudas
Voltando a ser como éramos

 

Ninguém disse que era fácil,
É uma pena nós nos separarmos
Ninguém disse que era fácil,
Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim
Eu estou indo de volta para o começo…

Oh (4x)

 

David e Paris observaram a reação derrotados. Nada do que haviam feito podia separar o casal que se formou com tanta adversidade. Estavam feridos e tudo o que queriam agora era acabar com a dor que só aumentava. Além dos pais, também foram rejeitados da pior maneira possível por uma mulher. David então ia voltando a apontar a arma, dessa vez implacável para a cabeça de Alonso quando ele lhe deu uma cotovelada. Um golpe que seria tudo ou nada. David caiu para trás e antes que pudesse recuperar o equilíbrio acabou prendendo o pé num entulho que estava à beira do riacho e acabou caindo em sua ribanceira, prendendo-se com as mãos.

– Dora, meu amor! Me ajuda, por favor! – grita David ao perceber que ela o procurava na beirada esforçando-se para enxergar algo na escuridão.

– Sinto muito! Dessa vez eu não devo, mesmo que pudesse! – responde aturdida.

Paris, ao ver o que aconteceu com o irmão, se jogou para cima de Alonso e ambos rolaram no chão numa briga selvagem.

– Dora, você é melhor que ele! Se você pode salvá-lo, faça isso e deixe que outra pessoa faça justiça! – grita Alonso com dificuldade no meio da briga.

Dora então ia puxá-lo com a ajuda de um galho, porém David havia escutado que ela estava fazendo aquilo só porque Alonso pediu. Ele a observou nos olhos e debulhado em seus próprios pesadelos se soltou antes que ela pudesse pegá-lo. Dora novamente presenciou aqueles olhos verdes se perderem depressa em meio à noite. Olhos que se perderam mais uma vez, olhos que sempre estiveram perdidos.

De repente, um barulho de sirene se aproximava do local e Paris congelou ao notar que David não estava lá.

– David!!! David, cadê você!!!! Seu idiota, você disse que sempre ficaríamos juntos se perdêssemos ou ganhássemos! – grita inconformado.

Paris, desesperado se soltou de Alonso que tentou segurá-lo e sem saída foi para a ribanceira, olhou ao redor como se despedisse de tudo e afastou-se para trás até que não houvesse mais chão. Caiu envolto num grito trágico de Dora.

Minutos depois, a polícia chegou trazendo Leo, Romeu e Mell que se lembrou finalmente onde esteve enquanto desapareceu. O casal os esperava abraçados, consolando-se sem acreditar que agora havia acabado.

 

PARIS, TRÊS MESES DEPOIS.

Dora, Alonso, Romeu, Mell e o Detetive Leo Turner que em Paris preferia apenas ser chamado de Leo passeavam pela Chans Elisé. Estavam tentando esquecer aos poucos todo o sofrimento dos últimos meses e devagar a vida ia voltando ao normal, daqui um tempo esperavam voltar ao seu curso naturalmente.

– Não acredito que entre tantas cidades da Europa a gente veio parar justamente nessa! – comenta Dora.

– Dora, qual é? A gente não tem culpa se uma das melhores cidades do velho mundo foi usada pra homenagear quem não prestava, não é? – pergunta Mell.

– Mell, olha esses comentários, querida! – repreende Romeu beijando-a.

– Desculpe! É que às vezes eu tenho umas recaídas… E sorry, é Paris!

– Tá! Não precisa ficar repetindo! – chateia Leo.

– Calma gente! O Leo só está assim porque ainda não conheceu uma gatinha européia pra espantar o frio! – debocha Alonso.

– Ah, tá! Vai rindo da desgraça alheia! Vocês estão acompanhados enquanto eu me sinto uma vela gigante! Casaizinhos melosos! Tão romântico! – devolve Leo.

– Não se preocupe, amigo! Se você não achar ninguém aqui eu te arranjo alguém na Baviera, nem que seja por decreto real!

– Obrigado, mas e eu lá sou homem de precisar que decretem algo pra ficar comigo, acho que não!

Alonso e Leo continuavam o embate enquanto andavam brincalhões pelas ruas de Paris. Mell e Dora vinham mais contemplativas atrás.

– E então Dora, o futuro te promete um reino? – pergunta Mell mais introspectiva que antes.

– Talvez, mas na verdade eu não faço a mínima ideia! Só sei que estou bem com Alonso, com minha mãe e quero continuar assim. Passamos por muita coisa estranha, e agora que estamos vivendo a parte boa, queremos ficar assim por um tempo. O futuro espera e inesperado acontece. – responde Dora apoiando-se na amiga.

De repente, ao olhar por uma viela, Dora reparou num vulto que pensou conhecer. Com a espinha gelada tomou um susto e reagiu de imediato.

– O quê foi, meu amor? – pergunta Alonso retirando-a do transe.

– Não, nada! Não foi nada! – responde recuperando-se.

Alonso então a abraçou e como lhe fazia bem um abraço como aquele, acariciando seus cabelos e apoiando a nuca com cuidado. Brevemente ele a fez esquecer seus medos, e juntos, seguiram viagem no que seria uma tarde divertida.

 

PARIS, MEIA HORA DEPOIS.

O telefone tocou num condomínio de luxo em Montmartre, quem atendeu foi uma francesinha afetada e muito conhecida nas altas rodas de dezenove anos chamada Amélie.

Trim! Trim!

– Oui! Olá mon amour! – atende com entusiasmo. – O quê vamos fazer essa noite, mon petit?

– Nós vamos sair! Vamos a um baile muito especial na Torre Eiffel! – responde a voz do outro lado.

– Mon dieu! Então tenho que me preparar com toda elegância que essa cidade pode oferecer! – assusta-se.

– Não! Você será sempre linda, não importa se estiver de pijama ou moleton! Mas se quer uma dica, o baile é Cor de Rosa!

– Prometo que não vou te decepcionar! J’ taime!

– Te amo também meu amor, sempre!

De repente, outra voz se ouviu ao fundo.

– É Amélie? Espera, eu quero falar com ela! – grita.

– O idiota do meu irmão quer falar com você! Não precisa ser gentil!

O primeiro passou o telefone com rudez para o segundo e saiu vitorioso.

– Olá, Amélie! Quanto tempo, hein? Só saindo com o bobo do meu irmão!

– Ele é uma pessoa incrível e você também é! Pena que não se entendam e possam descobrir isso!

– Mas vá ao baile também, Bizarre! Pardon! Posso te chamar de Bizarre?

– Claro, você pode tudo!

– E você vai?

– Vou ver o que faço!

– S’il vous plait! Estou te esperando!

– Tá, você ganhou! Eu vou!

– Ihupí! Merci!

Turim desligou o telefone confiante enquanto Tarso aplaudia sua performance de coitadinho.

– Muito bom, realmente muito bom! Mas eu duvido que Amélie fique com você… Nem que seja pra salvar a minha vida! – desafia Tarso.

– Isso é uma aposta? – pergunta Turim.

– Pura e simples!

– Podemos até inverter as personalidades se você quiser, mas eu ganho assim mesmo! Nem que seja um coitado moribundo! Eu ganho sempre, mas é só pra te provar, afinal aposta é aposta. Sempre!

– Dessa vez vamos até o final e nada nem ninguém vai nos impedir!

Ambos apertaram as mãos e seguiram e busca do domínio da cidade.

Amélie não sabia, mas estava preste a ir à uma festa onde ela veste preto, mas o baile é cor de rosa.

 

Música – Sale El Sol – Shakira – Tradução

Estas semanas sem te ver
Me pareceram anos
Desejei tanto te beijar
Que me doem os lábios

Veja, o que o medo nos fez
cometer burrices
Nos deixou surdos e cegos
Tantas vezes

E um dia depois da tempestade
Quando menos pensar, sai o sol
De tanto somar, perde a conta
Porque um e um nem sempre são dois
Quando menos pensar, sai o sol

Chorei até o extremo
Do que era possível
Quando acreditei que eu era invencível
Não há mal que dure cem anos
Nem corpo que o aguente
E o melhor sempre espera adiante

E um dia depois da tempestade
Quando menos pensar, sai o sol
De tanto somar, perdes a conta
Porque um e um não são sempre dois
Quando menos pensar, sai o sol.
Fim.

Obs. Agradecimento a todos que pacientemente acompanharam o calvário e reviravoltas de Dora e dos habitantes de New Park, especialmente ao leitor Rodrigo Gomes, que sempre comentou e me deu ânimo para continuar postando! Foi d+! Vocês são D+! Obrigada! Até a próxima!

Camila Oliveira Santos

Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

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Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

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