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Ela Veste Preto, mas o Baile é Cor de Rosa

Capítulo 30 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa

Pouco depois das ligações de Dora e Alonso, os pais de Mell chegaram acompanhados por um médico e pelo Detetive Leo. Uma confusão de curiosos, imprensa e interessados tomou conta do lugar e Alonso aproveitou a oportunidade para sair à francesa. Até Romeu foi esquecido na fuga. Dora reparou bem nisso e quando a situação se acalmou, decidiu que iria descobrir porque ele fugia sempre que tinha alguma coisa pública acontecendo.

– Eu vou descobrir seu segredo Alonso, seja você príncipe, bandido ou super-herói! – pensa.

No dia seguinte, ligou para Leo Turner e pediu-o para acompanhá-la também nessa investigação. Ficou combinado que iniciariam a espionagem um dia depois, após a saída da faculdade.

– Olá, Dora!

– Olá, Detetive! Obrigada por me ajudar nessa suspeita!

O carro de Turner seguia Alonso de longe dando passos cautelosos em cada rua que entrava, como se estivesse com medo de ser seguido. Dora, preocupando-se cada vez mais comentou.

– Se o Alonso for R eu não vou me perdoar por ter caído tão fácil no jogo dele. Principalmente depois de tudo que passamos e das coisas que eu descobri sobre o David.

– Não se preocupe, Dora! Se for ele, é só o típico caso de dedo podre pra escolher homem! Mais comum do que você pensa! Você ficou com o David enquanto ele aprontava todas, depois com o Alonso, quase de imediato pra descobrir sobre o outro, enquanto eu estava aqui e você não me enxergou! É o que eu ganho por ser um bom rapaz! – suspira concluindo a brincadeira.

Dora foi ficando vermelha, e desconcertada não respondeu nada. Chamou a atenção de Leo para aonde Alonso ia.

– Olha! Ele está entrando naquela mansão! – grita.

– Nossa! Seu amigo deve ter grandes influências pra conhecer alguém na Golden Rose! – deduz Leo.

A menina, com o coração apertado defendeu.

– Não! Com certeza ele está só trabalhando! – resmunga.

– Ah! Claro, ele trabalha de quê mesmo? – desdenha Leo.

Dora calou-se sem resposta com a insegurança roendo-lhe a alma.

Ambos seguiram Alonso a semana toda e sempre era esse o caminho principal depois da faculdade. Com cuidado ele dobrava as ruas até parar na frente do casarão em Golden Rose. Ficava por lá uma hora aproximadamente, e quando saía, fazia coisas que não condiziam com seu status bancário. Comprava roupas em lojas de mais altas grifes, ia a restaurantes badalados e conversava com figurões. Alguns lugares eram classificados altos demais até para os padrões de Dora.

Ela só acompanhava toda a esbanjação do mais novo milionário, abismada. Pensando como ele era capaz de ser tão humilde e diferente diante dela na faculdade e parecer outro cara quando estava longe. Pois, enquanto ela se segurava para não deixar transparecer que o seguia, ele contava dias inteiros de uma vida que ela sabia serem mentira. A única coisa que fazia sentido na história que ela já nem sabia que partes eram reais, é que toda a tarde ele voltava para Holanda Garden, para uma casa que de longe era a melhor do bairro e Romeu também morava lá.

Leo acompanhava apreensivo a angústia de Dora.

– Calma! Eu investiguei aquela casa e descobri que pertence a estrangeiros da Baviera erradicados no país por cortesia do Consulado. É só um homem que está viajando chamado Inaldo e sua esposa Corália. Então eu juntei os pontos e… – não quis terminar.

– E o quê? – pergunta Dora soltando os bofes.

– Acho que ele se faz passar pelo cara, mas não passa de um simples michê, garoto de programa ou até cafetão! – lança o detetive de supetão.

– Não é possível, ele não tem cara dessas coisas!

– Se você tivesse a experiência que eu tenho, saberia que não há faces para o que as pessoas fazem! – explica.

Dora estava acabada achando que já sabia o segredo de Alonso. Combinou então de se encontrar com Leo no sábado de manhã para finalmente emboscá-lo. Porém, o Detetive ligou um pouco antes do horário combinado desmarcando o flagra, pois estava preso numa ocorrência, teriam que fazer isso outro dia. Ela entendeu, mas ficou furiosa por não poder acabar com o suspense de vez.

Coincidentemente, Lara estava chegando nesse momento para visitá-la, quando ela tomou uma decisão tempestiva.

– Se não tem você, Leo Turner, tem Lara! – sussurra para si.

E gritando para a mãe, começou a alertá-la sobre uma liquidação que precisavam ir imediatamente senão perderiam as melhores peças.

O furgão não pegava, então ela correu para o carro de Lara.

– Pisa fundo, mãe! – berra a garota.

– Nossa, é a minha filha mesmo! O quê você tomou? Onde é essa liquidação, aliás? – pergunta brecando o carro desconfiando das intenções da filha.

– Fica em Golden Rose! – responde Dora entusiasmada.

– Não precisa falar mais nada, já gostei!

A mãe arrancou novamente com o Jaguar recuperando o ânimo.

Dora pretendia encontrar Alonso na frente da mansão para por tudo em pratos limpos, coisa que Lara nem desconfiava, mas a mulher que se mantinha fina até certo ponto, seria muito útil se houvesse um barraco básico com os moradores da casa.

Enquanto isso, numa clínica psiquiátrica não muito longe dali, Romeu estava visitando Mell. Entrou devagarzinho, por não saber qual seria a reação dela.

– Olá, moça! – cumprimenta segurando um buquê de azaleias.

Mell, abrindo os olhos preguiçosamente, respondeu.

– Olá! Desculpe, mas você é…

– Romeu! O cara que você não soltou até chegar aqui. Eu estava na casa da Dora com você, quando… você sabe! Mas como está passando? Melhorou, lembrou quem fez isso com você?

– Não! Mas eu tenho dúvidas se quero lembrar… Devo ter sido muito ruim pra terem feito isso comigo! – responde entristecendo-se.

– Pelo que me consta, você não fazia parte da Liga da Justiça, mas também não trabalhava pra Lex Luthor. – brinca.

– Ha-Ha-Ha! – ri Mell do comentário – Mas independente de eu me lembrar ou não, vou ser diferente do que eu fui e seguir adiante. – termina séria.

– Mas pra ser diferente é preciso lembrar e isso vai acontecer na hora certa. – apóia-lhe acariciando o rosto como na primeira vez.

Ambos ficaram quietos, imóveis se entreolhando. Aproximando-se cada vez mais sem notar, porém Mell quebrou o clima.

– As flores são pra mim? – pergunta desviando o olhar.

– São sim, pra você! – responde Romeu dando-lhe sem tê-las onde colocar.

Eles conversaram a tarde toda após o ocorrido. Como sempre, ele segurava a mão dela para se divertirem com os desenhos que passavam na televisão. Mell reluzia sorridente e em nenhum momento trazia de volta a sombra perversa de outros tempos.

Mas em Golden Rose, Dora e sua mãe chegavam ao portão da mansão.

– É aqui, querida? Abriu alguma nova sede da Taslu?

– É, mãe! Como você sabia! E parece que tá tendo uma festa de inauguração! – responde Dora.

Realmente estava havendo uma festa na mansão, ela totalmente louca, seguiu com o plano adiante e entrou de penetra. Felizmente os seguranças apenas perguntaram o nome à Lara e anotaram, pensando ser da imprensa.

– Filha, as pessoas estão super bem arrumadas, algumas até de gala! Será que não é melhor irmos pra casa nos arrumarmos melhor? – indaga a mãe enquanto andavam pelo jardim da casa.

– Não! Estamos perfeitas, despojadas para o dia… Essas pessoas é que são bregas por ostentarem, amanhã vão aparecer nas colunas sociais como despeitadas! – convence Dora.

Ela olhou para todo o canto, do garçom até o último convidado, mas nada do Alonso. Resolveu entrar no casarão que mais parecia um palácio. Esbarrou meio embasbacada num mordomo que ao olhar para ela admirou-se, parecendo saber de algo.

– A senhorita é perfeita mesmo! Seja bem vinda! – cumprimenta saindo.

– Eu, hein! Cara mais estranho! – fala espantada.

Tudo soava confuso até que os alto-falantes instalados pela casa anunciaram.

– Senhoras e senhores, chefes e representantes de nações eu tenho a honra de apresentar a vocês os Digníssimos representantes da Baviera nesse país. O Cônsul Inaldo Aloha juntamente com sua esposa Corália e seu filho Alonso.

Os três desciam as escadas do salão principal imponentes, trajando roupas de gala onde Alonso mais parecia um lorde.

Dora respirava fundo para não chorar, confusa e desesperada por não entender o que estava acontecendo.

– Então ele era um príncipe! – sussurra para si mesma pensando em suas três suspeitas iniciais enquanto esperava ao pé da escada.

Alonso a viu conforme foi se aproximando, porém cumpriu angustiado o protocolo até o final. Assim que pode, foi na direção dela e da mãe que estava petrificada.

– Esse morto de fome é rico! Não pode ser! – bufava.

– Não comenta muito alto Lara senão o Cônsul escuta e percebe que eu roubei o filho deles e tô me passando por ele. – ironiza vitorioso.

Alonso imediatamente pegou Dora pelo braço e a levou para uma sala reservada. A garota estava meio alheia, sem digerir o acontecido. Sua cabeça balançava num pesadelo bizarro e encantado onde ela era a criadinha enganada.

– Se divertiu muito fazendo o pobre coitadinho enquanto ria dos suburbanos? – pergunta chorosa.

– Agora é a minha vez de explicar! – enfatiza Alonso.

– Eu não tenho tempo para hipócritas! – grita Dora dando-lhe um tapa na cara mas sendo rendida com um beijo ardente.

 

Música – Name – Go Go Dolls – Tradução

Cicatrizes são recordações que você nunca perde
O passado nunca está longe
Você mesma se perdeu em algum lugar lá fora?
Você conseguiu ser uma estrela?
E você não fica triste por saber que a vida
É mais do que nós somos?

Camila Oliveira Santos

Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

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Camila Oliveira Santos

Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

Um comentário sobre “Capítulo 30 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa

  • Dora tanto quis que agora finalmente descobriu o segredo de Alonso. Afinal, ele é um príncipe legítimo ou não?
    Tenho certeza que Lara ficou boquiaberta com tudo que viu kkk
    Mell e Romeu? Será que esse casal rola ou enrola?

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