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Ela Veste Preto, mas o Baile é Cor de Rosa

Capítulo 29 – Ela Veste Preto, Mas o Baile é Cor de Rosa

Os dias passaram rápidos após o New Dad Day frustrado de Lara, que no primeiro momento não se conformou com o ponto final dado pelo marido na relação. Mas a mãe de Dora não era mulher de se deixar abater por problemas de ordem menor. Segundo ela, o marido foi enterrado numa luxuosa e íntima cerimônia particular. Pelo menos é o que imaginava contar para os conterrâneos de New Park nos mínimos detalhes. Dora não aguentou a nova neura da mãe que até de viúva resolveu se vestir, indo ao shopping e reformulando o guarda-roupa inteiro com essa desculpa.

Voltou para seu loft em Holanda Garden, local que ela conhecia há tão pouco tempo, mas que já amava como se vivesse ali a vida toda. Chegou à noite e sem examinar nada resolveu cair direto na cama, só acordou de manhã com estranhas batidas na porta.  Parecia que arranhavam e esmurravam-na com desespero até parar, recomeçando tudo de novo.

De início ficou com medo, pensando em ligar para alguém ou ignorar as batidas, mas depois com a incessante insistência, foi se encaminhando devagar para o barulho e quase sem respiração encostou seu ouvido esquerdo junto à madeira. Apenas o silêncio era notado, para de repente, surgir um arranhão que prometia rasgar a barreira entre ela e a criatura abusada, Dora controlava-se para não gritar. Olhou pelo olho mágico e não viu ninguém, até que se encheu de coragem e gritou.

– Se for você R acho bom parar e ir embora porque eu já chamei a polícia e meus amigos!

Ouviu como resposta o silêncio, acompanhado de resmungos sem nexo. Como sempre, ela perdeu a paciência e se encheu de coragem para abrir a porta, furiosa. Já ia gritando novamente, quando observou o motivo daquilo tudo a seus pés.

– Mell! Meu Deus! O que fizeram com você? – pergunta anestesiada olhando o estado da moça.

Mell estava encostada na porta parecendo um trapo humano, vestia um pijama velho e sujo, com os cabelos craquentos. Via-se que não tomava banho há muito tempo, não dizia coisa com coisa em seus sussurros e também estava faminta.

– Mell! Quem fez isso com você? Como você chegou aqui? Quem te trouxe? – perguntava sem pausa desesperada tentando levantar a garota que teve medo dela quando se aproximou e arranhou a porta como protesto.

Dora tinha a mostra pela primeira vez do que realmente R era capaz. Ela pensava que só podia ter sido ele a fazer aquilo para não deixar nem sombra do que foi Mell. A brincadeira de gato e rato havia ficado séria e se tornado crime comprovado.

– Eu vou cuidar de você, vai ficar tudo bem! – diz chorando com raiva do R.

Pegou o telefone e discou.

– Alô!

– Alô, Alonso! Eu preciso de você… Venha me ajudar, por favor, agora! – diz nervosa.

– Bom dia pra você também, Dora! Não é muito cedo pra brincadeiras?

– Não é brincadeira, eu preciso de ajuda! – grita já com raiva de Alonso também pela enrolação.

Ele percebeu que era realmente séria a situação e com uma melhor entonação respondeu.

– Tá! É que você sempre brinca… Já tô chegando, fica calma! – fala desligando o telefone e correndo para se vestir.

Dora levantou Mell com muita paciência, se aproximando devagar. E praticamente a carregou com dificuldade até o banheiro onde a limpou como pôde e depois a colocou na cama. Quando Alonso chegou, ela estava deitada, mas muito agitada. Dora correu para recebê-lo.

– O quê aconteceu? – pergunta ele mostrando-se desalinhado como quem se vestiu as pressas trazendo consigo uma surpresa.

– Você não imagina! Eu estava dormindo e de repente ouvi umas batidas estranhas na porta, fiquei com medo de abrir, mas depois me enfureci!

– Claro! É a nossa Dora! – desdenha Alonso.

– Me deixa terminar! Aí abri e quem estava caída aqui na frente? A Mell, ou o que restou dela!

– Ela está morta? – pergunta frio.

– Não, mas tá quase de tão mal tratada. Acho que ela foi sequestrada e os caras não tiveram a mínima pena.

– E por que você não chamou aquele detetive metido a sabichão, o Leo Turner?

– Eu nem pensei direito, você estava mais perto. Mas por quê? Não queria vir me socorrer? – desconversa Dora que não queria revelar sobre o jogo de R a fim de protegê-lo.

– Não é nada disso e você sabe!

Só depois de toda essa conversa é que Dora notou a surpresa de Alonso, ele estava acompanhado de um rapaz.

– E quem é esse? – pergunta curiosa.

– É meu amigo Romeu, que mora comigo, lembra? Achei que você podia precisar de mais ajuda e resolvi trazê-lo.

Romeu, que estava calado até esse momento cumprimentou.

– Olá! É um prazer finalmente conhecer a razão de tantas loucuras do meu amigo!

– Ele está fazendo tipo! – diz dando uma cotovelada em Romeu.

– Vamos vê-la então! Quem sabe vocês me ajudam a arrancar alguma informação dela!

Iam se dirigindo ao quarto quando Romeu comentou baixinho com Alonso.

– Eu tenho que reconhecer que ela é uma ótima candidata para ficar com você no futuro! Parece ter as qualidades exigidas. – anima-se.

– Fica quieto, não é hora e nem lugar pra esses comentários!

Ambos entraram quietos no local onde se dividia como quarto e puderam ver a garota um pouco melhor pelo trato que Dora lhe deu, deitada na cama muito debilitada. Não tinha nada do glamour que ela tanto defendia antes de desaparecer. Alonso e o amigo se impressionaram.

– Dora, temos que chamar o seu amigo detetive e um médico com urgência! – sussurra Alonso.

– Avisar os pais dela também seria uma boa ideia! – acrescenta Romeu.

Este, curioso aproximou-se de Mell para observar seu estado mais de perto quando a garota acordou num susto e recomeçou sua lamúria descontrolada. Ela agarrou as mãos de Romeu lhe olhando profundamente com olhos marejados dizendo.

– Eu sou uma peça quebrada! Todos nós somos, precisamos ser consertados antes que nos joguem fora!

Os três se assustaram, principalmente Romeu, que não era atraído por fortes emoções. Tentou se soltar.

– Alonso, me ajuda! Essa maluca não quer me soltar, bem que você me disse que a vida dessa Dora não era comum! Estou aqui só há meia hora e já quase virei comida de zumbi! – confessa baixinho para o amigo.

– Cala a boca, Romeu! Fica aí apoiando a Mell que eu vou fazer umas ligações com a Dora e já volto!

– Não, Alonso! Aqui sozinho! E se ela for uma louca agressiva? – pergunta trêmulo.

– Não fale besteiras, Romeu! Não queria ajudar? Conhecer a Dora? Pois teve o que queria! Bem vindo ao nosso mundo de aventuras! – responde Alonso deixando o amigo só.

– Nervoso o seu amigo! – comenta Dora.

– É só o jeito dele, mas é a melhor pessoa que você pode ter ao lado numa emergência. – defende Alonso.

O casal foi chamar toda a cavalaria enquanto Romeu segurava a mão de Mell que não o soltava por nada. Após algum tempo, ela se acalmou dos ataques e dormiu profundamente, o amigo medroso de Alonso então começou a gostar de ser o porto seguro de alguém. Pensava em como a garota seria sem toda aquela sujeira e psicose, olhando em volta para tocá-la rápido, e com os dedos tremendo afagou o rosto de Mell, num gesto carinhoso que a fez suspirar aliviada.

Um barulho se fez e ele disfarçou o ato com um meio sorriso que não escondia a alegria repentina, Mell curiosamente também pareceu sorrir. Sua expressão era da menina que agora sonhava bons sonhos e apesar de presa por muito tempo numa torre, havia finalmente sido libertada por seu príncipe.

Camila Oliveira Santos

Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

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Camila Oliveira Santos - Pseudônimo Mila Olivier. Tem 30 anos, mas sua cabeça não tem idade. Escreveu a vida toda, porém só percebeu que gostava aos 17 anos, quando queria dar novos rumos aos filmes e séries que assistia, sua outra paixão. Estudante de Produção Multimídia, formada em Processamento de Dados e Pós Graduada em Docência para o Ensino Superior que adora escrever. Sendo publicada em jornais e antologias de São Paulo e Sorocaba. Fase Regional do Mapa Cultural Paulista 2013/2014, Antologia de Apoio à APAE de São Paulo 2013, 2° Concurso Literário Cruzeiro do Sul 2011, 2º Lugar no Concurso Literário da Universidade de Sorocaba 2014 (Modalidade – Causos), entre outros ao longo de 10 anos de carreira. Aguarda ansiosamente a finalização da publicação do primeiro livro “Madame Cage – A Mulher que Colecionava Jovens” pela editora Buriti. Participa de muitos concursos e oficinas literárias visando agregar cada vez mais conhecimento desse mundo infinito que é o literário, têm ideias e inventa moda toda hora, entretanto gosta mesmo é de criar histórias.

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