Ser Humano- Capítulo 53.

Ser Humano.

Capítulo 53.

https://youtu.be/x3JpfHY7XVU

Cena 01- Apartamento dos Segata/ Noite.

Lilian e Bernardo se separam ao ver Maísa. Ela fica parada.

Bernardo, ofegante: Maísa…

Maísa, com os olhos cheios de água: Cala a boca. Nem me venha com explicações. Nenhum dos dois, aliás.

Lilian se levanta: Filha, eu não…

Maísa: Cala a boca você também! Se aproveitando do repouso, não é mesmo?- Ela fica calada- Desde quando? Desde quando vocês estavam me fazendo de trouxa? Há quanto tempo vocês se encontram escondidos de mim pra poderem se amar! Vocês riem muito da minha cara, não é mesmo?

Lilian: Claro que não! Isso aconteceu agora, eu jamais seria capaz de trair minha própria filha. E o Bernardo que me beijou!

Maísa: CÍNICA! CÍNICA É O QUE VOCÊ É! Como eu poderia desconfiar que minha própria mãe fazia isso comigo? Eu fui burra mesmo, burra em ter te perdoado, em acreditar que você realmente me amava! Eu tive provas, lá em Milão, que você nunca se importou comigo realmente… Me enganou inclusive…Eu realmente não sou considerada ser humano por nenhum dos dois. Fui feita objeto por minha própria mãe, e pelo homem que achei que tinha algum sentimento por mim!

Bernardo: Maísa, não fala assim com a sua mãe, por favor, ela não tem culpa de nada. Eu a beijei.

Maísa, chorando: Vocês se amam, não é mesmo? RESPONDAM!

Lilian: Maísa, me escuta…

Maísa, de braços cruzados: SE AMAM SIM, NEM SEI PORQUE AINDA PERGUNTO! Vocês se amaram pelas minhas costas. Eu fui muito burra pra não perceber, aliás, burra não, isso eu não sou, eu estava frágil por causa da doença…A AIDS ajudou a sustentar o caso de vocês, né?

Lilian: Não fala assim comigo, filha, eu já tive um dia muito difícil com essa notícia que saiu no jornal e…

Maísa: Você amou a notícia, até fingiu que estava passando mal! Mas na verdade não tem sentimento nenhum por mim, apenas repúdio.

Lilian: NÃO DIZ ISSO!

Maísa: VOCÊ MERECE! VOCÊ E O BERNARDO NÃO PASSAM DE DOIS ORDINÁRIOS QUE RIRAM NAS COSTAS DE UMA DOENTE! MAS EU NÃO SOU OBRIGADA A PASSAR POR ISSO! VOU EMBORA DAQUI- Ela sai correndo pra sala.

Lilian, desesperada: Maísa, volta aqui!

Irene: O que tá acontecendo?

Maísa pega a bolsa: Acontece que essa vagabunda me enganou de novo! DE NOVO! EU ODEIO VOCÊ, LILIAN, ODEIOOOO!

Irene, assombrada: Mas que modos são esses, Maísa? Você não pode falar assim com sua mãe!

Maísa: ELA NÃO É MAIS MINHA MÃE, ELA E O BERNARDO NÃO SIGNIFICAM MAIS NADA PRA MIM! ELES ESTAVAM SE BEIJANDO, ACHANDO QUE EU AINDA TAVA NO BANHO! TRAIDORES, INFELIZES, EU ODEIO OS DOIS!

Lilian, chorando: Maísa não é nada disso!

Maísa, morza: NÃO DIRIJA MAIS A PALAVRA PRA MIM. EU TE ODEIO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS! Você devia ter vergonha de ser do jeito que é. E ainda quer posar de vítima? Quer saber, o Téo tava certo em fazer tudo aquilo! Você não vale nada!

Lilian lhe pega pelo braço: Escuta você não tem o direito de falar assim!

Maísa se solta: Quem é você pra me falar de “ direitos”? A mulher que beija o namorado da própria filha…Eu devia ter escutado a Úrsula quando ela disse que você era péssima mãe, ela estava certa! Agora que eu descobri DEFINITIVAMENTE quem é a verdadeira Lilian, acho que posso finalmente falar que nunca mais quero te ver na minha frente, nem quando eu estiver morrendo. Aliás, pra mim você já morreu, tá ouvindo?- Ela abre a porta- Sou órfã, tive uma mãe muito cruel no passado, que felizmente se encontra morta na minha consciência- Ela sai.

Lilian corre atrás dela: Maísa!

Bernardo a puxa: Não adianta mais, Lilian!

Lilian lhe dá um tapa na cara: OLHA O QUE VOCÊ FEZ! Eu te avisei tantas vezes, eu não queria machucar a minha filha! E agora, por sua culpa, ela rompeu comigo de novo! SAI DA MINHA CASA, SAI DAQUI- Ela abre a porta- VAI EMBORA DA MINHA VIDA.

Bernardo sai, e ela bate a porta com tudo.

Lilian: Eu e Maísa estávamos tão bem…Porquê tinha que desabar tudo de novo? Ela novamente me disse um monte de coisas, me chamou de vários nomes, dessa vez disse que eu estava morta em sua consciência… AAAAAAH!- Ela quebras os jarros da casa.

Irene tenta contê-la: Filha, para!

Lilian pega a chave do carro: Não posso deixar que minha filha se afaste de mim de novo! Num momento tão frágil, eu não vou suportar ficar longe dela!- Ela abre a porta- Vou atrás da Maísa- E sai.

Irene, desesperada: FILHA! FILHA, VOLTA AQUI…Ah Meu Deus, que família complicada.

Geórgia aparece: Nossa Senhora, quanto barraco, dona Irene, estou abismada com o que dona Maísa disse pra dona Lilian. Não gosto de ver elas brigadas…

Irene, angustiada: Esse era o pior momento pra que elas brigassem…Isso não vai ser bom, Geórgia.

Cena 02- Botafogo/ Flat de Natália/ Dia.

Téo está sentado, assistindo televisão. A campainha toca e ele vai atender. No quarto, Natalia se levanta e vai até a sala, mas fica escondida

Téo, surpreso: Maísa! – Ele diz, sem acreditar. – Eu confesso que não esperava uma visita sua aqui…Não vai me dizer que veio falar sobre o episódio entre mim e Lilian hoje? Porque aquela Geórgia ama aumentar fatos…

Maísa dá um sorriso fraco: Não vim falar sobre isso. Será que eu posso entrar?

Téo abre passagem: Claro, entra. – Depois ele fecha a porta. – Aconteceu alguma coisa?

Maísa mente: Não… Por enquanto não. Mas queria te fazer um pedido. Posso dormir aqui essa noite?

Natalia estranha.

Téo franze a testa: Claro! Mas tem certeza que não aconteceu nada em casa?

Maísa: Na verdade aconteceram várias coisas…Eu cansei da minha mãe, sabe? Ela é uma traidora, Téo! E além de tudo não sabe o que é bom pra si própria. Vive fugindo de você, por exemplo. Um homem tão bonachão e culto…É uma idiota mesmo

Téo gosta de suas palavras: Prossiga…

Maísa: O fato é que você não deve desistir da minha mãe, persegue ela, corre atrás – Ela sussurra, com gosto – Uma hora ela percebe que você é o homem certo! Ah, percebe sim!

Natália escuta tudo, abismada: O Téo tá perseguindo a Lilian…Não posso acreditar.

Cena 03- Hotel onde Fausto está hospedado/ Noite.

Fausto abre a porta: Lilian, entra, fiquei surpreso quando me disseram que era você na portaria.

Lilian escorre as lágrimas: Me diz que a Maísa tá aqui, por favor…

Fausto: Calma, senta no sofá, você está muito nervosa- Ele a guia- A Maísa não está aqui, mas eu posso saber o motivo de tanto nervosismo?

Lilian conta: Nós brigamos de novo, na verdade ela brigou comigo, eu nunca brigo com ela…Maísa entrou no quarto justamente no momento em que Bernardo me beijou, mas eu não tive culpa nenhuma…Não tenho culpa. Eu sou humana. Tenho sentimentos também. Só não queria…Magoá-la.

Fausto, nervoso: Ah meu Deus, eu acho que sei pra onde ela foi, mas vamos deixar Maísa em paz. Não é bom tocar na ferida quando ainda é recente… Sei que você não teve culpa de nada, mas sua situação era delicada, um dia isso ia acontecer…

Lilian suspira: Eu gostava do Bernardo, mas quando descobri quem ele era, tratei de me afastar. Só que o sentimento entre nós nunca morreu, só foi crescendo a medida que nos aproximávamos, mas eu não queria magoar minha filha, então tinha que lutar contra meu próprio coração! Fausto, você não sabe o quão cruel eu tive de ser comigo mesma. Abri mão de um amor por uma causa mais nobre, o amor que tenho pela minha filha…Mas deu tudo errado de novo, ela falou um monte comigo. Maísa não consegue acreditar que eu a amo! Ela não vê meu lado!

Fausto pega em suas mãos: Eu vejo seu lado, Lilian, e posso imaginar como era terrível a sua situação…Até com o Téo você foi se envolver…Mas se você ama mesmo o Bernardo, tem que dizer isso pra ela!

Lilian: Eu não consegui dizer isso pra ela! Eu iria machuca-la de uma forma ou outra, e Maísa estava doente, eu não seria tão cruel com minha própria filha…Portanto eu prefiro abrir mão do Bernardo!

Fausto: Mas você ama ele realmente! Vai sofrer vendo o rapaz ao lado de Maísa! Isso vai te destruir, Lilian! E outra, que se esse garoto amasse mesmo Maísa, não teria se envolvido contigo. Bernardo não é um mau caráter pelo pouco que conheço…Ele fez a própria escolha, tá na hora de você fazer a sua!

Lilian: Escolher entre minha filha e um rapaz? Eu já tenho a resposta pronta há muito tempo, Fausto.

Fausto sorri: Não, você tem que escolher entre a coragem e a covardia. Você é capaz de se relacionar com o Bernardo e continuar tendo o amor pela Maísa, você não é fraca, Lilian! Mas se escolher o caminho da covardia…Vai perder ambos. Reconheço que Maísa é rebelde, e ela está errada em fazer isso com você, portanto vou conversar com ela, não se preocupe. Amanhã mesmo a procuro…

Lilian o abraça: Obrigada Fausto…Mas será que ela vai passar a noite bem? Não é melhor procurarmos ela?

Fausto nega: Não. Eu tenho certeza de onde ela está, vamos deixa-la quieta por essa noite. Mas amanhã vou procurar Maísa…Quer que eu te leve pra casa?

Lilian suspira: Não. Muito obrigado por tudo, Fausto, eu tenho sorte de ter você na minha vida…Espero que já tenha me perdoado…

Fausto ri: Não vale a pena ficar brigado com você…Mas não faça a escolha errada de novo, ou você vai colecionar novos inimigos. A vida te colocou numa balança muito perigosa.

Lilian lhe dá um beijo no rosto.

No dia seguinte…

Cena 04- Mansão de Úrsula/ Dia.

Bernardo desce do carro. Ele pega a chave do portão e tenta abrir.

Bernardo estranha: Ué, será que minha mãe trocou as fechaduras?! Ela não me disse nada. Era só o que me faltava, terem tentado invadir a casa.

Dentro da mansão, Elisafran se diverte com a cena que vê pela câmera.

Elisafran gargalha: Trouxa! Babaca! Idiota! Burro!- Ela come pipoca.

Do lado de fora, Bernardo ainda tenta abrir o portão.

Bernardo, balançando-o: Não acredito que minha mãe trocou as fechaduras e não me avisou nada!

Elisafran chega: Procurando alguma coisa, baby? – Debocha.

Bernardo desconfiado: Elisafran?! O que você está fazendo aqui. Afinal, cadê minha mãe?

Elisafran: Achei que você já estivesse sabendo do que aconteceu. Mas se não sabe, eu explico. Sua mãe foi expulsa dessa casa.

Bernardo, perplexo: Expulsa?! Do que você está falando?

Elisafran: Eu expulsei Úrsula daqui. Enganei a idiota da sua mãe. Só que isso que eu fiz com ela é pouco, quero muito mais!!

Bernardo perplexo: Expulsou? Idiota? Quer mais? – Ele atravessa os braços pela grade e segura Elisafran. – Do que você está falando? ME RESPONDE.

Elisafran se solta: ME LARGA, BABACA! Pergunta pra sua mamãe queridinha, ela vai te responder. Agora de um fora daqui. Já!

Bernardo sai.

Elisafran: Rapaz! – Ele se vira – Avisa sua mãe que isso foi só o começo. Afinal tudo que está ruim, pode piorar! Lições da vida… – Ela manda beijos irônicos- Ah, e ela está na casa de um tal de Leblônio, em Laranjeiras, eu acho…Isso se tiver sobrevivido ao terrível mundo da pobreza!- Ela sai.

Ele fica chocado.

Cena 05- Casa de Leblônio/ Dia.

Úrsula se lembra da conversa que teve com Sid no dia anterior.

Sid: Nós agora somos dois pobres. Eu estou morando em um casebre, Úrsula, UM CASEBRE! Mas não vou ficar assim por muito tempo, conheci uma garota rica e vou entrar na dela, se é que me entende…Aí sim vou recuperar o que é meu de novo. Se eu fosse você, também armaria um plano pra recuperar o dinheiro que Fran lhe roubou…Aquela bandida não pode vencer!

Úrsula vê que Leblônio acordou: Leb, temos que dar um jeito de acabar com a Elisafran, e estava pensando aqui…Tenho o plano perfeito!

Um pouco depois…

Leblônio faz omelete: Ah não, Úrsula, eu não vou desistir do meu emprego no clubi pra ir trabalhar no hospital da Elisafran.

Úrsula: Mas é o único jeito, você tem que seduzir a Imo, e tomar todo o dinheiro dela! É um bom plano, né Olive?

Olive boceja: Acho que sim, seus planos sempre são ótimos, menos aquele que fez eu cair da escada…

Úrsula: Aliás caipora, você vai ficar dormindo aqui por quanto tempo? Seus pais caretas sabem disso?

Olive se senta na cadeira: Nunca vão ficar sabendo. Eu fugi de casa e não pretendo voltar.

Leblônio, bravo: Mas pode ir tirando o seu cavalinho do sol porque eu não vou seduzir a Imo coisa nenhuma! Arrume outro plano, de preferência que não me envolva nele…

Olive ri: Leblônio, você falou errado, é pode ir tirando seu cavalinho da sombra.

Úrsula, irritada: É da chuva, pode ir tirando seu cavalinho da chuva!

Leblônio se assusta: Ah meu Deus tá chovendo? Temos que tirar a roupa do varal!

Úrsula se senta: Dai me paciência, Nossa Senhora da Riqueza, dai me paciência…

A campainha toca.

Leblônio vai abrir: Será que as vizinhas tiraram a minha roupa da chuva?

Olive olha pela janela: Dona Úrsula, o Leblônio sabe que tá um calor desgramado?

Leblônio abre a porta: Olá, não temos pão velho.

Bernardo sorri: Na verdade eu queria falar com a Úrsula, me disseram que ela estava aqui…Sou o filho dela, você não deve me conhecer.

Úrsula aparece: Leblônio, meu querido, não tem chuva nenh…- Ela vê o filho- Bernardo!!- A madame fica radiante.

Cena 06- Apartamento dos Segata/ Dia.

Lilian está chorando no quarto, Irene e Rubem entram.

Irene, com uma bandeja: A Geórgia comprou as torradas que você gosta tanto…- Ela se senta na cama- E a geleia de uva que tava em falta…

Lilian, apática: Não quero, estou sem fome. Não dormi essa noite, não tenho paz… Não sei o que fazer…

Irene: Filha, eu vou falar com a Maísa. Pare de preocupações, ela tem essas crises agressivas, mas no fim sempre percebe que você a ama! Isso é mais óbvio quanto uma adição.

Lilian, com o rosto inchado: Uma adição pode ser bem complicada, mamãe. Desculpe destruir a sua comparação, mas acho que nada me anima mais hoje, nem hoje, nem nunca mais…

Rubem vai até ela. O idoso procura palavras pra falar: Não fiques assim. Olhe, a vida é feita assim, de altos e baixos. Nem sempre seremos capaz de sorrir e de comemorar.

Lilian, chorando: Eu só queria entender o motivo dessa guerra de sentimentos aqui dentro de mim, que parece acreditar que vale a pena se apaixonar, em um instante que tudo me leva acreditar que não vale a pena se apaixonar. Apaixonar não, amar.

Rubem, sorrindo: Temo que seja hora de recomeçar. De catar os caquinhos e junta-los novamente. É hora de reagir, usar suas armas e ser feliz. Estar perto de quem lhe faz bem.

Irene fica emocionada com suas palavras.

Lilian: Eu tento. Mas é difícil. – Ela enxuga as lágrimas. – Mas eu vou tentar com mais garra, mais vontade…Acho que agora vou na clínica, ver como as coisas andam.

Rubem aplaude: É isso mesmo, filha, tu tens que se movimentar, pois ficar parada pode lhe consumir ainda mais a consciência. Vá para a tal clínica.

Irene empurra a bandeja: Mas antes tome o café da manhã, não pode sair sem se alimentar- Lilian come.

No corredor…

Irene, feliz: Belas palavras, Rubem.

Rubem: Meu nome é Bento. E obrigado, Capitu, receio que eu saiba usá-las quando é necessário- Ele sai.

Irene suspira: Volte a ser o antigo Rubem…- Ela fecha os olhos- Como eu sinto saudades.

Cena 07- Casa de Leblônio/ Dia.

Bernardo conversa com a mãe.

Bernardo assopra o café: A que ponto você chegou, mãe…Tanto que eu tentei te avisar sobre a Elisafran, e agora descubro que você roubou tudo dela no passado, não que isso justifique seus atos. Hoje de manhã, ela me falou palavras tão cruéis. Eu detesto falar isso mas…

Úrsula grita: AH, PARA. Não venha me dizer que me avisou se não eu choro…Já não bastar ter que viver nessa casa, com outros hábitos, outros modos…Eu tô sofrendo muito, Bernardo, e Elisafran ainda me difamou pra imprensa, quer mais?

Bernardo: É tudo consequência, mãe. Consequência do que você fez com a Maísa! Tá achando que eu não sei que tem dedo seu naquela matéria da Eliane?

Úrsula fica vermelha: Eu nem sabia que tinha sido publicada, o Leblônio só pega o caderno de esportes, mas enfim, a Maísa merece tudo de ruim. Vamos pular esse assunto que é desagradável, veio aqui pra quê? Rir de mim também? Porque no nosso último encontro, você foi bem árido…

Bernardo: Apesar de tudo, você é minha mãe e senti pena de você depois do golpe que levou. Não te perdoei pelo que fez com a Maísa, nem pela matéria do jornal, nem pela tentativa de matar meu filho que é seu neto! Mas quero te oferecer meu apoio. Vim te convidar pra morar comigo no hotel onde estou hospedado. Tenho dinheiro no banco, dinheiro que a Fran desconhece, de uma outra conta que não tava associada a sua…E tenho também o dinheiro do meu trabalho como fotógrafo!

Úrsula vê Leblônio de longe: Eu agradeço, filho, mas…Eu vou ficar aqui na casa do Leb. Vou me reerguer, pegar o que é meu de volta, e derrotar a Elisafran. E quanto a Maísa, não vou mais me pronunciar.

Bernardo se levanta: Então é isso, você não dá trégua mesmo. Eu tenho que trabalhar, mas estou consciente que tentei. Tchau, até qualquer dia desses.

Úrsula não olha em seu rosto: Tchau, Bernardo…Até- Ela chora em silencio.

Bernardo abre a porta: Ainda dá tempo de você mudar, mãe, e ser uma pessoa melhor- Ela soluça. Olive e Leb chegam- Não sofra mais…Tchau, Olive, tchau, Leblônio- E vai embora.

Leblônio: Esse moço parece o namorado da minha prima…A Maísa.

Úrsula engasga. Olive vai até a madame.

Olive estica seus braços: Sombrais, sombrais! Levanta as mãos pro alto- Úrsula se estabiliza.

Úrsula, respirando forte: VOCÊ É PRIMO DA MAÍSA? Eu não acredito…O Rio realmente é muito pequeno!

Cena 08- Casa de Vittória/ Dia.

Vittória e Bruno conversam, Breno espera Téo. O último chega, com Maísa.

Téo entra: Bom dia! – Ele sorri. – Desculpa a demora, trânsito aqui é péssimo, você sabe.

Vittória olha pro relógio: Sei sim, mas não se preocupe, nem atrasou muito- Ela sorri. – Que bom que trouxe a Maísa!- Elas se cumprimentam- Como vai, querida?

Maísa, amarga: Na medida do possível, na beira da estrada, como dizem.

Vittória: Entendo…Bem, já eu volto pra conversar contigo, fique a vontade, vou terminar umas contas ali com o Bruno, no escritório.

Breno se senta na mesa: Podemos começar a aula de hoje? Eu tive dificuldade num exercício.

Téo: Claro, só vou beber uma água rapidinho, tô com uma sede!- Ele sai.

Maísa passeia pela casa.

No escritório…

Vittória assina uns documentos: Você ficou sabendo do que aconteceu? Não quis comentar na hora, mas ouvi uma história que Téo invadiu o banheiro enquanto a Lilian tomava banho. Se ele fez isso, eu não posso mais confiar no sujeito. Mas sabe como é, as pessoas aumentam mas não inventam.

Bruno: Não acho difícil acreditar que o Téo tenha feito isso. Sinceramente.

Maísa entra: Vocês são tão sonsos. Preferem falar por trás do meu pai. Por que não perguntam pra ele? Tem medo da resposta?

Vittória se levanta: Quê isso, Maísa, não foi minha intenção ofender o Téo é muito menos a você.

Maísa: Antes de julgarem, vejam os dois lados da história. Meu pai é homem. Ela ficava provocando ele e se oferecendo. Sempre foi assim- Inventa.

Vittória, perplexa: Eu não sabia disso.

Maísa sorri: Então não o julguem. Ele é solteiro, homem, enquanto ela é a oferecida!

Maísa sai, furiosa.

Vittória olha para Bruno: Que abusada e machista. Colocou a Lilian como a culpada de tudo!- Ele faz sinal pra que fiquem quietos.

Cena 09- Hospício/ Dia.

Irene e Iracema estão na recepção.

Irene: Sou a mãe de Acácia Segata, e ela é…A filha. Viemos visita-la.

Iracema, empolgada: Eu mal posso esperar, estou tremendo!

Recepcionista: Acácia…Ah- Ela olha pras duas- Só um minuto, tivemos um probleminha com Acácia e…

Irene, atenta: Problema? Que tipo de problema?

Recepcionista: Eu irei chamar o diretor, eles lhe explicará melhor.

Um pouco depois…

Diretor: Sentem-se, por favor- Ambas o fazem- Querem chá, café, refresco, água?

Irene, séria: Eu quero ver a minha filha, isso sim- Ela o encara- O que vocês estão escondendo de mim? Falem.

Diretor: É difícil dizer, mas…A Acácia fugiu, dona Irene, junto com outros internos nossos. Mas a maioria foi capturado novamente. A Dalva e Acácia foram as únicas que ainda circulam por aí, mas já estamos cuidando disso, logo a acharemos!

Irene, furiosa: COMO ASSIM? HÁ QUANTO TEMPO ISSO ACONTECEU?

Diretor: Acalme-se, dona Irene. Isso aconteceu há uns dias mas… Pretendíamos lhe avisar.

Irene, vermelha: QUANDO? QUANDO VOCÊS PRETENDIAM ME AVISAR, IRRESPONSÁVEIS? Daqui há um mês?! Eu vou denunciar essa instituição, oras, omitiram isso de mim por dias?! É IMPERDOÁVEL!

Iracema, assustada: Onde minha mãe está essa hora?

Irene cai sentada: Meu Deus…

Flashback.

Raquel suspira: Eu acho que a dona Acácia fugiu, é a única explicação…

Irene ri: Tá louca, garota? Isso deve ser alguma brincadeira de mau gosto…

Fim do flashback.

Irene, trêmula: A Acácia está mais perto do que imaginamos…Muito mais perto!- Ela soa friamente.

Horas depois…                             

Cena 10- Futura clínica de Lilian/ Dia.

Lilian pega um copo e coloca café nele. Ela se senta na cadeira e suspira. A porta se abre, Téo e Maísa surgem.

Lilian assustada: O que esse crápula está fazendo aqui? Veio me atacar de novo?- Ela vê Maísa- E você, filha? O que faz com ele?

Maísa, seria: Não me chama de filha… A gente veio te dar um aviso. Um único aviso.

Lilian se assusta: Do que vocês estão falando?

Téo intervém: A Maísa vai morar comigo a partir de hoje. Afinal, ela é minha filha também, e parece que se dá muito melhor comigo. E outra que ela é maior de idade, já sabe escolher muito bem onde vai morar. Portanto, vou repetir: A Maísa vai morar comigo- Ele dá um sorriso debochado.

Lilian deixa o copo de café cair, perplexa.

Termina o capítulo 53.