Capítulo 43 – Menina Flor (A Tragédia)
Capítulo 43
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Miguel e Malu veem tudo.
Miguel grita desesperado: PAI!
Malu, com as mãos na boca: Meu Deus do céu!
Miguel corre pra perto de Rafael que está caído no chão sangrando muito.
Miguel se abaixa perto de Rafael: Pai? Pai?
Miguel percebe que Rafael ainda respira.
Miguel, gritando desesperadamente: ALGUÉM CHAME UMA AMBULÂNCIA! SOCORRO!
Horas mais tarde. Noite. Hospital da cidade. Miguel, Malu, Fernanda e Melissa esperam notícias de Rafael e Amanda na recepção. Miguel chora sem parar desesperadamente. Melissa consegue fingir chorar perfeitamente.
Miguel, chorando desesperadamente: Há horas que a gente tá aqui esperando e nada.
Fernanda abraça Miguel: Calma, Miguel, eu sei que vai ficar tudo bem.
Miguel se afasta de Fernanda: Vai ficar tudo bem? Ficar bem? Eu não sei se você reparou, mas nada tá ficando bem!
Malu pega na mão de Miguel: Miguel, calma, eu sei que você tá muito nervoso e muito preocupado, eu entendo, mas você precisa ter fé que tudo vai acabar bem, o seu pai vai melhorar, eu tenho certeza.
Miguel abraça Malu: E se ele não melhorar Malu, o que eu vou fazer?
Malu: Ele vai melhorar sim, eu prometo.
Melissa: Eu já não aguento mais tanta demora, por que eles não nos dão nenhuma notícia do estado do Rafael?
Fernanda: Calma Melissa, vai ver estão analisando se o caso dele é grave ou não.
Malu: Tenha fé dona Melissa, o seu marido vai se salvar.
Melissa: Malu querida, já é noite, é melhor você ir pra sua casa.
Malu se levanta: Tem razão, é melhor eu ir.
Miguel segura Malu pela mão: Não Malu, não vai, fica, por favor.
O médico chega. Todos logo ficam nervosos e se levantam das cadeiras rapidamente.
Miguel: E então doutor? Como está o meu pai?
Melissa: Em que estado ele está? É grave? E a Amanda?
Médico: Bem, a senhora Amanda Perez está se recuperando, o quadro dela é estável, com o impacto ela foi arremessada e quebrou um braço e uma das pernas, mas estamos fazendo o possível, felizmente ela não bateu forte com a cabeça e nem a coluna, foi realmente muita sorte.
Miguel, nervoso: E o meu pai? O Rafael Aguiar Cordeiro?
Melissa: Como está o meu marido doutor?
O médico olha pra baixo e respira fundo.
Médico, desanimado: O caso dele foi pior, o carro parrou por cima dele e bateu bem na cabeça, fraturando o crânio, além de ele ter ferido a coluna quando caiu.
Miguel: Isso quer dizer que…
Médico, respirando fundo: Eu sinto muito, fizemos o possível… Mas ele não resistiu!
Miguel cai de joelhos no chão.
Miguel, desesperado: Não, não, meu pai não, não!!!
Melissa, gritando: Não!!! Rafael, não, meu amor!
Malu: Mas doutor, tem certeza?
Médico: Eu lamento muito, mas não há mais nada que possamos fazer, ele já se foi.
Melissa, olhando para cima: Por que Deus? Por quê?
Miguel, batendo com a mão no chão: Meu pai, eu quero meu pai, papai!
Malu abraça Miguel, já chorando também: Não chora Miguel, calma.
Miguel: Meu pai não, meu pai…
Manhã seguinte. Casa dos Silva.
Dolores: Malu, você quase não tocou no café.
Malu: Desculpa mamãe, eu tô muito pra baixo.
Mauricio: Muitos de nós estamos, foi uma verdadeira tragédia o que aconteceu.
Malu: Eu e o senhor Rafael não éramos muito amigos e discutimos bastante algumas vezes, mas eu sentia que ele era um homem bom.
Dolores: Eu imagino.
Malu: (suspiro), o Miguel deve estar arrasado.
Mauricio: Ao que parece a cidade inteira está de luto, o senhor Rafael era muito conhecido na região de Roseiral, boa parte dessas terras eram dele, ele era muito querido por todos. (suspiro),
Malu: Eu devo tanto a ele, ele cuidou bem do Miguel todos esses anos, me permitiu trabalhar lá na floricultura Botão de Rosa.
Mauricio: Passei tantos anos trabalhando para ele, lembro que todos nós também enfrentamos esse luto quando o pai dele morreu.
Malu: Eu também me preocupo com a dona Amanda, será que ela vai sobreviver?
Dolores: Só nos resta deixar isso nas mãos de Deus.
Mauricio: Já deve ser hoje o velório do senhor Rafael. Nós vamos?
Dolores: Vocês podem ir se quiserem, eu não quero, eu não me sinto bem dentro daquela casa grande.
Malu: Tudo bem, nós dois vamos, papai.
Mauricio: Mas e se a dona Melissa não nos deixar entrar?
Malu: O Miguel vai deixar. A Melissa que não pense em arranjar brigas, eu não tô nem um pouco a fim de jogar ela na lama de novo num dia como hoje. Eu entendo o luto dela, mas se precisar eu jogo ela no lamaçal.
Fazenda Aguiar Cordeiro. Quarto de Rafael e Melissa.
Melissa: Irene mande lavar e passar o meu vestido preto pro velório do Rafael.
Irene: Sim senhora, mais alguma coisa?
Melissa: Não, pode se retirar.
Irene, saindo do quarto: Sim senhora, com licença.
Melissa senta-se na cama e olha para um porta-retratos no móvel ao lado. Ela pega e olha para ele, nele está a foto do dia em que ela e Rafael se casaram.
FLASHBACK.
Ano de 1997. Melissa está lavando a louça e Rafael entra e vai logo a abraçando.
Rafael, abraçando Melissa: Minha linda.
Melissa, beijando Rafael: Hum, se não é o meu vaqueiro?
Rafael: Você sim é uma mulher que me satisfaz.
Melissa: E você é o patrão da minha vida (risos).
Rafael, dando mais beijos: Eu sei, e você a empregada da minha.
Dia seguinte à morte de Juliana e sumiço de Carolina.
Melissa: Eu te amo, e agora eu estou aqui ao seu lado, pronta pra te amar e ficar ao seu lado nesse momento difícil.
Rafael: Melissa eu não sei se esse é o melhor momento pra eu voltar a me relacionar.
Melissa: Eu já disse, eu te amo e eu quero ficar ao seu lado e sem me esconder, eu quero te amparar e te ajudar nesse momento. Por favor, me permite isso.
Rafael: Eu não sei o que fiz pra te merecer.
Os dois se abraçam e Rafael começa a chorar e Melissa sorri.
Volta ao presente.
Melissa deixa escorrer uma lágrima ao olhar pra foto: No fundo, no fundo eu nunca quis que as coisas tivessem que terminar assim Rafael, mas você não me deu escola, era você ou eu!
Quarto de Miguel. Irene entra e encontra Miguel de pé na frente da janela.
Irene: Senhor Miguel, vai querer que eu passe seu terno pro velório do seu pai?
Miguel: Sim Irene, por favor.
Irene: Mais alguma coisa?
Miguel: Não, obrigado!
Irene sai do quarto: Tudo bem, com licença.
Miguel se senta em sua cama. Ele abre a gaveta de um móvel e retira dela um álbum de fotografias antigo. Nele estão algumas das fotos da viagem que a família fez em 2005 para o Rio de Janeiro. Miguel encontra uma foto dos dois no Cristo Redentor, o garoto ainda está com a cabeça raspada. Miguel deixa escorrer uma lágrima que cai exatamente no rosto de Rafael na foto.
FLASHBACK.
Ano de 2005. Dia da chegada de Miguel a fazenda.
Os dois entram em casa, onde todos os empregados estão de pé em fileira para receber o novo patrão.
Rafael, abraçando Miguel: Empregados, esse é o Miguel, o novo patrão de vocês.
Miguel, tímido: Oi.
Rafael: A partir de agora, qualquer coisa que você quiser é só pedir a eles.
Miguel: Qualquer coisa?
Rafael: Qualquer coisa, você agora é um Aguiar Cordeiro.
Noite da mesma data.
Miguel se levanta: Olha, liga pro lar Coração de Mãe, eu não quero mais ficar aqui.
Rafael segura Miguel pelo braço: Calma! Eu quero que você fique.
Miguel: Pra que? Eu supostamente roubei a sua esposa.
Rafael: Não, tá tudo bem, eu acredito em você, se a partir de agora nós vamos ser como pai e filho é preciso que haja confiança entre nós dois.
Miguel: Confia mesmo em mim?
Rafael: Claro que confio, a gente não se conhece direito, mas eu sei que vai ter tempo de sobra pra isso.
Noite seguinte.
Miguel, começando a chorar: Por favor, me manda de volta pro lar.
Rafael: Eu tenho uma ideia melhor, eu planejei uma viajem pro Rio de Janeiro, pra nós termos uma oportunidade de ficarmos o tempo todo juntos. O que você acha?
Miguel: Eu não sei.
Rafael: Você vai gostar, eu garanto.
Melissa: Não adianta insistir Rafael, mande o garoto de volta, ele até raspou a cabeça pra você mandá-lo embora.
Rafael: Eu te faço uma proposta Miguel, que tal se a gente for pro Rio de Janeiro semana que vem e se depois da viagem você não quiser morar com a gente, eu prometo que te mando de volta pro lar. O que acha?
Miguel: Eu acho que… eu aceito.
Rafael: Aceita? Então me dá um abraço meu filho. Eu sei que a gente vai se divertir.
Miguel abraça Rafael: Obrigado senhor Rafael.
Rafael: Me chama de pai.
Miguel: Papai!
Ano de 2015.
Miguel: Você sempre passava o dia inteiro fora de casa, nunca tinha tempo pra mim.
Rafael: Mas você tinha tempo com a minha esposa.
Miguel: Sua esposa é uma megera que me odeia.
Rafael: Não permito que fale assim dela.
Miguel: Você me tirou do meu lar, da minha casa e pra que? Pra me acusar de roubo, me levar pra um lugar distante e depois me abandonar num país estranho!
Rafael: Tudo que eu fiz foi pelo seu bem, pra te deixar feliz.
Miguel: Você nunca perguntou se eu era realmente feliz, eu fui feliz durante 13 anos da minha vida quando eu morava no lar Coração de Mãe antes de você me tirar de lá.
Rafael: Você é um ingrato.
Miguel: E você um fraco e um desnaturado, queria ser meu pai, mas você nunca soube ser um pai de verdade! Nunca esteve realmente comigo, nunca me proporcionou momentos de união.
Rafael: O que eu fiz por você, qualquer rapaz da sua idade queria.
Miguel: Eu não sou qualquer rapaz! Eu teria trocado todos aqueles presentes, aquelas viagens e bolsas de estudo por um tempo com você ao invés de todo tempo com aquela bruxa da Melissa.
Dia seguinte.
Rafael: Ela me falou umas coisas e eu vejo que eu fui meio precipitado e injusto com você, eu sei que nunca fui um pai perfeito, mas ainda podemos mudar isso.
Miguel: Você acha mesmo?
Rafael: Com certeza! Por favor, Miguel volte pra casa, eu prometo readmitir a sua amiga e daqui pra frente tudo vai ser diferente.
Miguel: Eu não sei, é melhor deixar a poeira abaixar. E a Melissa?
Rafael: Não se preocupe, eu cuido dela. Então, você aceita ou não?
Miguel: Tudo bem, eu volto.
Miguel corre para dar um abraço em Rafael.
Volta ao presente.
Miguel, com os olhos cheios de água e olhando pra foto: Você foi o melhor pai que eu poderia ter tido!
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