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Acácia

Acácia – 3° Capítulo

Fazenda “Recanto do Sol” 1974

Cena 1 – Fazenda – Noite

Todos estão reunidos na mesa de jantar.

Ester: Benedita avise para Acácia que já vamos servir o jantar.

Laurindo: Não chame ninguém Benedita, vá para cozinha.

Ester: Mas homem de Deus, você quer matar sua filha? A menina não comeu nada ainda.

Nicolas: Meu pai, sobre aquilo…

Laurindo: Nicolas eu já lhe disse, eu não quero mais saber de nada.

Nicolas: Eu só quero dizer que ao senhor que agora precisa aumentar meu salário, o que eu ganho não vai da para sustentar meu filho.

Laurindo: O que eu te dou é pouco? Pois então sai de dentro de casa e vá arrumar outro trabalho.

Nicolas: (Chateado) O senhor está me colocando para fora de casa?

Ester: Gente, vamos acalmar os nervos.

Laurindo: Não estou lhe colocando para fora, apenas disse que se tiver insatisfeito com o que eu te dou vá trabalhar em outro lugar.

O clima não estava muito bom na mesa, então chegou Firmino.

Laurindo: (Sorrindo) E ai meu velho, como é que você tá?

Firmino: Tudo bem graças a Deus.

Enquanto estavam conversando em pé Firmino abriu um grande sorriso quando Acácia descia a escada.

Acácia: Boa noite!

Firmino: Toda, senhora!

Acácia: Por favor! Chame-me de Acácia. Prazer

Laurindo: Seja gentil com o rapaz.

Acácia: Você acha que não estou sendo? Meus pêsames.

Acácia sentou se na mesa e jantou com sua família, não abriu a boca em nenhum momento. Nicolas também estava muito chateado com seu pai. Ester estava um pouco empolgada, acabou achando que o rapaz era bom homem. O jantar acabou e Laurindo resolveu deixar os dois a sois.

Firmino: (Tímido) É sobre o que seu pai falou.

Acácia: (Curta e grossa) Eu já sei muito bem, você vai me pedir em namoro e eu vou ter que aceitar sem minha vontade, mas saiba de uma coisa, nunca que eu vou ser sua escrava.

Firmino: Olhe Acácia, eu gostei realmente de você quero construir uma família contigo.

Acácia: (Irritada) Mas eu não quero ter filhos tão cedo, acredita?

Firmino: Deixe-me te beijar.

Acácia: Laurindo não te ensinou? Primeiro casamento para depois ter algum tipo de contato físico, se quiser mesmo colocar um anel em meus dedos trate de me tirar dessa casa amanhã cedo.

Firmino: (Espantado) Como que eu vou tirar você daqui amanhã?

Acácia: (Irônica) Pera aí! Cadê seu dinheiro? Ele serve para o que então? Compre uma casa, um apartamento. Só me tire daqui amanhã, boa sorte pra você.

Firmino leva às mãos a cabeça e fica bem exausto. Quando vai saindo pela porta Laurindo o interrompe.

Laurindo: Vai embora sem falar comigo rapaz?

Firmino: Olhe seu coronel estou tão cansado que só quero me deitar.

Laurindo: Como foi sua conversa com Acácia?

Firmino: Olhe, ela é bem cabeça dura. Ela aceitou meu pedido. E quer morar ir morar comigo amanhã.

Laurindo: (Chocado) Mas amanhã? Já? Não pensei que seria tão rápido assim.

Firmino: Só espero que ela não queira falar mais alto que eu dentro de casa.

Laurindo: Calma, o mais importante você já fez. Só dando umas aulinhas e você a coloca em seu eixo. Se é que me entende.

Cena 2 – Plantação – Manhã

José Maria: Gente, minha mãos está sangrando, vou pegar um pano para por aqui nela.

Sebastiana: Não demora muito porque sabe como é o patrão.

Jerome: Se ele te pega ai, já sabe né.

Jurema: Ou até mesmo o Hermano, qual milagre ele ainda não está aqui?

José Maria: Deixa esse homem lá gente.

Indo pegar o pano para colocar em sua mão que estava sangrando no caminho José Maria encontra com seu Laurindo no cavalo braço.

Laurindo: O que você está fazendo parado aí moço?

José Maria: Too indo pegar um pano para cobrir minhas mãos senhor.

Laurindo: Isso você chama de dor? HERMANO – Grita bem alto

José Maria: (Chorando) Não senhor, por favor.

Laurindo: Leve para o tronco e dê 20 chicotadas.

Hermano: Sim senhor.

Hermano pega José Maria pelos braços e o leva para o troco, tira a roupa dele e então começa a bater pisando em cima do milho e com as mãos amarradas. Seus parentes ficaram muito indignados com a atitude de seu patrão.

Cena 3 – Supermercado – Manhã

Ester: Filha, você quer mesmo se casar com o Firmino?

Acácia: Querer eu não quero mãe, mas não eu não posso dizer não para meu pai.

Ester: O que ele te disse lá no quarto que fez você mudar de ideia tão rápido assim?

Acácia então lembra e passa um pequeno flashback da cena de ontem. “Escute bem moça, você vai se casar com Firmino e vai ir morar com ele. Escolha viver com ele ou a vida da sua mãe terá um fim.”

Acácia: (Pensativa) Ele não me disse nada demais mãe.

Ester: Então tudo bem, que você seja muito feliz. Uma coisa que realmente eu nunca fui.

Tentando consolar a mãe que ficou um pouco abatida chega Firmino no supermercado.

Firmino: Está tudo bem com vocês?

Acácia: Agora está seguindo meus passos?

Firmino: Não, é que seu pai me disse que vocês estavam aqui e pensei que precisa se de ajuda.

Acácia: Não, a gente não precisa.

Ester: Acácia, por favor. Firmino a gente precisa sim, muito grata com seu cavalheirismo.

Firmino: Não é nada demais dona Ester, estou fazendo isso por em breve serei da família.

Acácia: Vamos, estou muito cansada.

Ao chegar à fazenda Ester desce do carro pega as compras e deixa Acácia e Firmino a sóis.

Cena 4 – Fazenda – Manhã

Firmino: Já arranjei um barraquinho pra gente morar.

Acácia: Barraquinho? Nem morta que eu vou morar nesse tipo de lugar.

Firmino: Calme quis dizer uma casa.

Acácia: E onde é?

Firmino: É alguns quilômetros daqui.

Acácia: (Insistente) E esses quilômetros não tem nome?

Firmino: Para que diacho de tanta pergunta mulher.

Acácia: Aos poucos já está mostrando quem você realmente é, mas lembre se bem do que lhe disse.

Firmino: À noite venho buscar você com suas coisas.

Ao entrar em casa Benedita corre para contar o que aconteceu na fazenda enquanto Acácia estava fora.

Cena 5 – Sala – Manhã

Benedita: (Nervosa) Oh minha filha que bom que você chegou.

Acácia: O que aconteceu para todo esse espanto?

Benedita: Seu pai novamente ordenou que Hermano desses 20 chicotadas em Zé Maria.

Acácia: E onde está o Zé?

Benedita: Está lá separado dos outros, ajoelhado no milho.

Acácia entra furiosa no escritório do pai.

Acácia: (Com raiva) Você acha lindo isso que o senhor está fazendo?

Laurindo: Mas o que está acontecendo?

Acácia: Não seja sínico, isso não se faz nem com um estranho, mandar bater no Zé Maria por um pequeno motivo?

Laurindo: Mas eu que mando nessa plantação, se não andar corretamente vai para o tronco.

Acácia: Vai chegar o dia que todos iram se revoltar contra o senhor e que eu esteja viva.

Laurindo: (Nervoso) Cale a boca, você está passando dos limites. Acho que já lhe dei liberdade demais não? Sai daqui mulher de vida! Antes que acabe fazendo uma besteira.

Acácia: Mulher de vida é sua mãe. Que não teve dignidade para lhe dar bons exemplos, mas coitada. Não tem culpa. Mas se você pensa que você vai acabar fazendo o que seu pai fez com sua mãe você está totalmente enganado.

Então caíram lágrimas do olho de Laurindo, era uma coisa que não acontecia há anos.

Laurindo: Lave essa sua boca para falar da minha mãe e de meu pai. Eles que me deram tudo isso que eu tenho hoje.

Acácia: Será? E a parte que você passou por cima dele para obter isso? Onde que fica? Eu tenho nojo de você.

Laurindo da dois tapas na cara de Acácia

Acácia: Já me acostumei em receber esses tapas, mas saiba que a partir de hoje não vou mais estar debaixo de seu teto e as coisas iram mudar.

Fim

 

 

 

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