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Acácia

Acácia – 1° Capítulo

Fazenda “Recanto do Sol” 1974

Acácia está sentada na frente de casa conversando com Benedita, a empregada da fazenda. Papo indo e vindo passa um rapaz de olhos azuis e muito bonito olhando Acácia que fica surpresa e sem graça.

Cena 1 – F. – Varanda – Manhã

Acácia: (Espantada) Benedita, você viu aquilo?

Benedita: Vi muito bem Acácia, o que será que o moço quer por aqui?

Acácia: (Pensativa) Ora, eu não sei, será que veio comprar terras nas mãos de meu pai?

Benedita: Tu achas menina? Ele tem cara de quem é bem rico…

Acácia: Claro, por isso mesmo. Olha o carro que ele estava, só barão tem esses carros.

Benedita: Hum, agora deixa eu entrar para coar o café. Porque sabe bem como é seu Laurindo.

Acácia: Por favor, (Leva as mãos na cabeça) Nem me passava pela cabeça de que ele existia.

Benedita: Oh menina! Não diga isso de vosso pai.

Acácia: É melhor mesmo eu não perder meu tempo falando de alguém que não merece.. Vamos entrar.

Entrando em casa Laurindo interrompe as duas.

Laurindo: Estou atrapalhando alguma coisa?

Benedita: (Assustada) Não, não senhor Laurindo…

Acácia: O que é que o senhor quer?

Laurindo: Só lhe fiz uma pergunta.

Acácia: E eu lhe fiz outra, então vamos ficar sem respostas.

Benedita: Gente, por favor, não briguem.

Laurindo: Cale a boca e volte para a cozinha. Acácia. Só quero lhe dizer uma coisa. – (Diz olhando nos olhos da filha.).

Acácia: Pois diga, anda. Estou esperando! – (Diz com ira)

Laurindo: Espero que esteja bem arrumada para o jantar que vou dar hoje, temos um convidado importante.

Então Acácia vira as costas e entra.

Cena 2 – F. – Manhã

Muito irritada Acácia corre para a cozinha e fala com sua mãe sobre o jantar que seu pai tinha lhe falo.

Acácia: Mãe, que jantar é esse que meu pai vai dar hoje?

Ester: Ah minha filha, seu pai vai tratar de uns negócios aqui em casa.

Acácia: Quais negócios? Quem são essas pessoas?

Ester: Você não viu por ai pela fazendo um rapaz com um bom carro passeando?

Acácia então olha rapidamente para Benedita.

Acácia: Eu vi sim, bem de longe.

Ester: E o que você achou dele?

Acácia: (Tímida) É… Achei um belo rapaz, mas, por favor, nada a mais que isso.

Acácia então pega pelas mãos de Benedita e sobe com seu longo vestido correndo as escadas para seu quarto.

Acácia: (Assustada) Benedita, o que você acha que seu pai quer com esse jantar?

Benedita: Ora minha menina, o senhor Laurindo está dando esse jantar a negócios, como dona Ester disse.

Acácia: (Pensativa) Não, não Benedita. Eu conheço muito bem o meu pai, ele não faria isso atoa.

Benedita: Minha menina, não pense isso dele, jamais ele tentaria algo.

Acácia levanta da cama e fica olhando a plantação de café e finaliza.

Acácia: Já estou de olhos bem abertos com meu pai.

Cena 3 – F. – Plantação – Tarde

Andando pela plantação Laurindo fala para Firmino sobre Acácia.

Laurindo: (Sorridente) Me diga Firmino, o que você achou da minha filha?

Firmino: (Sem jeito) Olha senhor coronel, se posso lhe chamar assim. Achei sua filha uma gracinha.

Laurindo: Gracinha? Minha filha tem nome rapaz, é Acácia. Sem brincadeirinhas

Firmino: Não, não senhor. Isso não foi uma brincadeira. É um jeito de falar no Sul.

Laurindo: Pois aqui trate de falar minha língua.

Com o chapéu na mão Firmino fica com o olho fixado para Laurindo

Firmino: Voltando para os negócios, e o que você achou das minhas terras?

Laurindo: São grandes terras, seria um bom negocio para mim. Mas porque você quer se desfazer delas?

Firmino: Como eu lhe disse, meu pai acabou falecendo e eu to querendo abrir alguns negócios lá no Sul.

Laurindo: Mas esse sul é famoso mesmo, preciso conhecê-lo.

Firmino: Sim, você vai gostar muito de lá. Vou lhe fazer um delicioso chimarrão.

Laurindo: Vou aguardar. E o que me diz sobre a plantação?

Firmino: Seu café é maravilhoso. Realmente merece todo o sucesso que tem. Gente feliz trabalhando. Parabéns Laurindo. Agora para ter as terras em suas mãos é só cumprir o que me disse. Não me chamou aqui? Agora faça por si.

Laurindo: Calma jovem vai ser tudo como eu lhe disse. Vejo-te no jantar.

Laurindo estende a mão para Firmino que a aperta com bastante força.

Na cena rapidamente pessoas negras trabalhando no sol quente, colhendo a plantação de café com cestos nas mãos, via muita criança também.

Cena 4 – F. – Escritório – Noite

Hermano – Senhor coroné, seu convidado chegou. A senhora Ester pediu que lhe chamasse até a mesa.

Laurindo: Diga que já vou indo. Espere. Você por um acaso viu se Acácia já desceu do quarto?

Hermano – Não senhor. Vou pedir que a Mariza a lhe chame agora.

Laurindo: Pois faça isso. (Sorrir olhando para uma foto da filha)

Todos estão sentado na mesa esperando Benedita receber a ordem de servir o jantar. Acácia não levanta a cabeça em nenhum instante deixando seu pai com muita raiva.

Cena 5 – F. – Mesa de Jantar – Noite

Laurindo: Acácia levante a cabeça e comprimente nosso convidado.

Ester: Calma homem, minha filha você está se sentindo bem?

Firmino: Gente, eu não quero atrapalhar nada.

Mariza: Acácia, você quer ir lá pra cima?

Hermano: Filha, não se interrompa os assuntos alheios, já lhe disse isso.

Laurindo: (Irritado) Antes que eu perca a cabeça diga alguma coisa MENINA – (Bate forte na mesa)

Acácia: Você quer mesmo que eu diga aqui?

Laurindo: (Nervoso) Vá, diga logo.

Acácia: Olhe bem nos meus olhos. “EU NÃO VOU CASAR COM NINGUÉM” – Diz em tom bem alto

Laurindo: O que você disse mocinha.

Acácia então arrasta a cadeira com força que acaba virando e bate com as duas mãos na mesa. Todos ficam surpresos

 Acácia: Você ouviu muito bem, eu não vou casar com ninguém forçado..

Laurindo: (Gritando) Abaixe esse tom de voz, e sente se agora na mesa.

Acácia: (Gritando mais alto ainda) Eu não vou sentar em lugar algum. (Derruba o vinho preferido do pai)

Laurindo levanta da cadeira furioso e pega Acácia pelos braços e diz que vai levar a filha para o tronco, para lhe dar umas boas chicotadas. Firmino se manifesta e diz que não vai deixar o coronel fazer isso.

Firmino: Você não pode torturar a menina assim. Eu não vou deixar.

Laurindo: Sai agora da minha frente.

Firmino: Faz isso e você perde as terras.

O clima fica bastante tenso, Laurindo solta os braços de Acácia que vai ao chão chorando muito. Mariza lhe levanta e leva para o quarto. Ester desesperada com a noticia da troca das terras por sua filha agarra Laurindo que acaba dando uma tapa em sua cara. Firmino pega seu carro e volta para o hotel enquanto Laurindo sobe para o quarto de Acácia.

FIM

 

 

 

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