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A Santa e o Bruxo

Capítulo 9 – A Santa e o Bruxo

JESUÍNO – Eu acho que a minha mãe sabe o que aconteceu com o meu pai.
MARIA – E por que você acha isso?
JESUÍNO – Eu não sei. Ela tem se comportado de forma estranha desde que cheguei. Não me deixou entrar em seu quarto, e nem mexer nas coisas do meu pai.
MARIA – Isso é mais do que normal. Eles se amavam.
JESUÍNO – Isso não é motivo!
MARIA – Quando se ama, a lógica desaparece. Olhe para mim, você estava prometido à minha irmã. Eu sabia que algo ia separar vocês, mas jamais poderia supor que ela ia morrer. Agora estamos aqui, tentando ganhar o seu coração, apesar da trsiteza da situação.
JESUÍNO – Maria…

Ela tapou sua boca com um dos seus dedos.

MARIA – Por favor, não estrague esse momento.

Dessa vez ela conseguiu se aproximat dele e beijá-lo. E Jesuíno retribuiu. Enlaçou-a em seus braços e a beijou da forma como ela queria. Mas a sua mente foi mais uma vez transportada para a Europa.

FLASHBACK – Seis meses antes.

Alemanha
Jesuíno se encontra em umaalcova qualquer. Em seus braços está a “valkírica” Jormungand. Seu corpo leitoso, e seus seios tenros e macios eram uma espécie de armalha para os homens. Tantos homens já abriram mão de casamentos e de outros compromissos mais por ela, mas ela, forte e altiva, jamais se deixou prender por qualquer deles.Mas Jesuín era diferente. Era simples, inteligente, charmoso e o principal, era sensível. E as mulheres, mesmo as prostitutas buscavam isso.

JORMUNGAND – Eu quero muito você, mein liebe.Jura que nunca irá me deixar. Por você, deixo a vida que tenho, basta você me pedir.
JESUÍNO – Eu juro! Eu juro!

Jurou apenas porque estava quase tendo um orgasmo.Jormungand conseguiu muitas coisas assim.mas ela estava mesmo apaixonada por Jesuíno, e queria largar tudo por ele.Naquele momento, eram um só. Corpos de tal maneira entrelaçados, que não se podia saber quem era quem, e a despeito da neve lá fora, dentro da alcova, os corpos suavam, como que em uma fornalha de prazer.

JERMUNGAND – Eu te amo, Jesuíno.

Ele apenas ouvia,pois não podia responder o mesmo. A sua cabeça estava em Mariana. Ele a amava. Ele estava prometido a ela, e ela a ele. Pertenciam um ao outro. Mas então o que ele estava fazendo, entregando-se a uma prostituta que dorme até com dez homens em um só dia. Mas estava tão bom. Era o máximo de rpazer que uma pessoa podia alcansar. Nas artes sexuais, Jormungand era imbatível, e estava usando todo esse poder feminino para conquistar Jesuíno. Seu corpo se incendiava de prazer e atração por Jormungan, mas seu coração tremia e sangrava, porque estava traindo a pessoa que ele mais amava: Mariana.

FIM DO FLASHBACK

Ao despertar, ele empurrou Maria.

MARIA – O que foi?
JESUÍNO – Por favor, vá embora!
MARIA – O que está acontecendo, Jesuíno?
JESUÍNO – Por favor. Conversaremos depois, mas eu preciso ficar só, por favor.
MARIA – Tudo bem.

Ela saiu, ainda olhando para tras, sem entender o que se passava na cabeça de Jesuíno.

FLASHBACK

JORMUNGAND – Você nunca vai conseguir fugir de mim, Jesuíno. Nós nascemos umpara o outro.
JESUÍNO – Eu não posso!
JORMUNGAND – Por que não?Vamos para a sua terra, nde ninguém sabe que sou prostituta. Você me ensina o seu idioma…
JESUÍNO – Não! De jeito nenhum!
JORMUNGAND – Por que? Você disse que me ama!
JESUÍNO – Eu… bem , falaremos disso depois, certo?

FIM DO FLASHBACK

Corta para a Igreja

PADRE VITAL – Posso ajudá-lo, Major?
CIPRIANO – Quero me confessar…
PADRE VITAL – Muito bem. O estarei esperando no confessionário. Se quiser fazer algumas orações antes para que Deus…
CIPRIANO – Sem muito lusco-fusco, padre. Vambora logo.

Eles foram ao confessionário. Cipriano ajoelhou-se, e deu uma baforada no seu imenso cigarro feito de palha.

PADRE VITAL – Eu devo recomendá-lo que não fume aqui, meu filho…
CIPRIANO – Vamo parar de conversa, seu padre, que não sou filho de preto…
PADRE VITAL – Como não?O senhor é mulato.
CIPRIANO – Se o senhor não tivesse aí atrás dessa parede de pau, eu já teria rasgado o seu bucho.
PADRE VITAL – Creio que não foi para me ameaçar que o senhor veio aqui, Major…
CIPRIANO – Não sinhô.
PADRE VITAL – Então, o senhor fale. O que quer confessar.
CIPRIANO – Na verdade, não é confessar. Eu vim aqui falar pro senhor juntar seus trapos e ir embora da vila.
PADRE VITAL – E o senhor, evidentemente, tem um motivo muito forte para isso…
CIPRIANO – O motivo, seu padre, é que nunca vi umpadre escravo…
PADRE VITAL – Eu não sou escravo.Fui alforriado aos dez anos de idade. Sou padre legitimamente. Fiz seminário e fui ordenado pelo Arcebispo do Rio de Janeiro.
CIPRIANO – Isso num interessa! Negro não pode ser padre. E o senhor vai deixar essa paróquia, vivo, ou morto.
PADRE VITAL – Será morto, senhor Cipriano.
CIPRIANO – Como queira.

Cipriano fez o sinal da cruz e se levantou, deixando o padre pensativo. Ele já sabia que ia encontrar esse tipo de dificuldade, e a Barra era sua primeira paróquia. Escolhida por ser bem pequena e onde acreditou-se, ele estaria livre de problemas.Ledo engano.
Cipriano esbarrou em Jesuíno, que ia entrando na pequena igreja barroca.

JESUÍNO – Bom dia, padre. A sua bênção.
PADRE VITAL – deus te abençoa, meu filho. O que o traz aqui na igreja? Sube que se tornou iluminista, e que ainda é amigo de Voltaire.
JESUÍNO – As notícias correm rápido aqui. O que queria o Major Cipriano?
PADRE VITAL – Se confessar.
JESUÍNO – Bem apropriado.
PADRE VITAL – E você, meu filho, veio se confessar também?
JESUÍNO – Não! Como o senhor disse, sou um iluminista. Nós não acreditamos nos Sacramentos. Mas eu gosto do senhor. Me falaram que o senhor tem guardado aí um bom vinho.
PADRE VITAL(gargalhando) – As notícias correm mesmo. Entre, vamos para a casa paroquial. Tenho um queijo que veio da Europa que eu divido que você tenha provado.
JESUÍNO – Esqueceu que eu morei na Europa, padre?(risos)

Se sentaram a uma mesa na cozinha do padre. O vinho foi servido num copo de cobre.

PADRE VITAL- E então, a que devo a visita?
JESUÍNO – Padre, estou investigando a morte da minha noiva e do… Bruxo.
PADRE VITAL – Uma desgraça!
JESUÍNO – O senhor notou alguma coisa,alguma ligação entre eles dois?
PADRE VITAL – A não ser fato de ele a ter trazido novamente da morte, nada!
JESUÍNO – O senhor acredita mesmo nisso?
PADRE VITAL – Eu pessoalmente não vi.Mas todos aqui da vila contam a mesma história, então, não há por que duvidar. Atés mesmo para você.
JESUÍNO – Mas o senhor chegou a conversar com esse bruxo?
PADRE VITAL – Oh, sim. Conversei. Eu quis saber dele o que estava fazendo aqui na Barra…
JESUÍNO – Não me diga! E o que ele falou.

FLASHBACK

HECTOR SAMALLA – Estou aqui por um motivo que não posso revelar,pois destruiria a sua fé, padre. Não somente a tua, mas a do mundo inteiro.
PADRE VITAL – O que é?
HECTOR SAMALLA – Eu estou aqui para livrar a cristandade de um grande perigo. Não que eu me importe, pois eu nem mesmo sou cristão, como deveis saber. Mas porque certos conhecimentos não devem estar ao alcance de qualquer pessoa. E eu vi para cá com a missão de levar de volta para a Europa o conhecimento mais destrutivo que o mundo cristão já pode correr o risco.
PADRE VITAL – Olha, senhor Samalla, normalmente, as minhas funções de sacerdote me obrigariam a chamar aqui um Visitador do Santo Ofício, para que fosse instaurado um Santo Inquérito contra o senhor. Não ser cristão é um crime grave contra Deus…
HECTOR – A bem pouco tempo atrás, um ex-escravo ser padre também o era. Aliás, não existiam ex-escravos. Aliás, padre,algumas damas daqui da vila não gostammuito do senhor, por ser negro, da mesma forma como não gostam de mim, por eu ser um mago. E há uma grande diferença entre ser bruxo e mago. Eu posso ser mago e ser cristão ao mesmo tempo. Mas nunca fiz questão. Mas estou aqui a pedido de um grande amigo para recuperar uma peça que foi roubada do seu castelo na França. É só o que posso falar.

Depois daquele dia, eu estava andando pela rua, quando vi uma cena inusitada. O seu pai saía da casa do Bruxo, e parecia bem satisfeito. Eu fiquei curiso, e corri para lá. Disse que queria falar com o Bruxo, mas o seu mordomo, que era um escravo corpulento, porémmuito bem vestido, tentou me impedir. Mas eu fui entrando, e descobri que eles não estavam sós.Ottone Sangunette estava lá.

FIM DO FLASHBACK

JESUÍNO – O meu pai, o Bruxo, e o tio Ottone.
PADRE VITAL – Sim, mas não era só isso. Havia um objeto sobre a mesa. E parece que eles haviam deixado para que o Brixo tomasse conta.
JESUÍNO – Ou talvez o levasse embora, claro. E é o que eu estou pensando?
PADRE VITAL – Se estiver pensando em um baú, sim! Era um baú.
JESUÍNO – Eu tenho que ir à casa desse bruxo.

FIM DO CAPÍTULO 9

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