Capítulo 12 – Menina Flor

Capítulo 12

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Malu caminha pela rua de volta ao trabalho.
Malu: Ai, que dia sem graça esse.
De repente, Malu vê algumas caixas velhas no meio da rua se mexendo, como se tivesse algo debaixo delas.
Malu: Que estranho, o que é isso?
Malu se aproxima e levanta uma caixa e encontra um garoto debaixo dela, ele está todo sujo e suas roupas estão meio rasgadas.
Malu: Oi, quem é você?
O garoto continua mudo.
Malu, estendendo a mão: Oi, eu sou a Malu, e você como se chama?
O garoto se afasta, parece assustado.
Malu se aproxima: Calma que eu não mordo, tá tudo bem, eu só quero saber…
O garoto sai correndo pela rua.
Malu: Garoto, espera.

Rio de Janeiro. Apartamento de Miguel.
Thomaz: Por que você não quer rever a sua mãe?
Miguel: Aquela mulher não é minha mãe, ela é só minha madrasta!
Thomaz: Você costuma falar que tem orgulho de ser filho do Rafael Aguiar Cordeiro, isso e aquilo, mas você nunca fala na sua mãe.
Miguel, irritado: Eu já disse que aquela mulher não é minha mãe!
Thomaz: Tá bem, tá bem, eu não falo mais nisso. Agora eu vou pra minha casa e vou falar com a minha irmã pra gente logo começar a arrumar nossas coisas.
Miguel: Beleza, até mais.
Thomaz sai do apartamento. Miguel se senta e começa a pensar em um momento de sua infância no Rio de Janeiro.

FLASHBACK
Ano de 2005. Miguel, Rafael e Melissa estão fazendo uma trilha em uma mata pouco depois de chegarem ao Rio de Janeiro, Miguel ainda está com a sua cabeça raspada.
Rafael: Esse lugar é muito bonito.
Miguel, respirando fundo: É mesmo, o ar aqui é tão bom de respirar.
Rafael: O clima aqui dentro da floresta é tão fresco.
Melissa, se abanando com um leque: Ufa, isso está muito cansativo, eu não imaginava que o Rio podia ser assim tão quente.
Rafael: É, mas é um lugar maravilhoso, cidade maravilhosa. Tá gostando filho?
Miguel: Eu tô adorando essa trilha.
Os três chegam a um barranco que tem uma pequena escada que vai dar num riacho.
Miguel: Nós vamos descer?
Rafael: Claro que sim, vamos continuar a trilha. Quem vai na frente?
Melissa: É melhor ir você, depois o Miguel e depois eu.
Rafael começa a descer a escada.
Melissa empurra Miguel: Vai menino.
Melissa empurra Miguel e ele rola pelo barranco até o riacho.
Rafael corre para ver o filho: Miguel.
Miguel, esfregando a perna: Ai, meu joelho.
Rafael: Miguel, Miguel você está bem?
Miguel: Eu acho que eu machuquei a minha perna.
Rafael: Mas como você foi cair?
Miguel: Foi a Melissa que me empurrou.
Melissa: Eu? Eu só encostei a mão nas suas costas pra você pra você descer na minha frente e acho que foi você quem acabou perdendo o equilíbrio.
Rafael: Acho que sim meu filho.
Miguel se levanta: Ai, eu tô todo molhado.
Rafael: Vamos Miguel, outro dia nós terminamos essa trilha.
Miguel olha bravo para Melissa. Melissa dá um sorriso hipócrita.

Volta ao presente.
Miguel: Minha mãe?! Por mim aquela mulher podia morrer que eu não me importava.

Apartamento de Thomaz.
Thomaz: E aí maninha, cheguei.
Fernanda: Posso saber por onde você andava?
Thomaz: Por aí com o meu cunhado.
Fernanda: Aposto que os dois acabaram arranjando briga de novo.
Thomaz: Oh queridinha, por que você não confia em mim?
Fernanda: Porque você nunca me deu motivos pra confiar em você, e o Miguel também não, se vocês andaram se metendo com essas piriguetes que existem por aí eu vou dar uma surra nos dois.
Thomaz: O que é isso maninha? Parece até que não confia no seu taco.
Fernanda: Claro que confio, tanto que tenho o Miguel aos meus pés.
Thomaz: O Miguel aos seus pés? Eu nunca vi o Miguel aos pés de ninguém.
Fernanda: Mas depois de hoje ele vai cair na minha rede.
Thomaz: O que você tá pretendendo?
Fernanda: Visitar ele hoje à noite no apartamento, e nós dois vamos ficar juntos a noite inteira.
Thomaz: Hum, sua safadinha, isso é pra garantir a vida no luxo?
Fernanda: Imbecil, não pense que eu sou do tipo interesseira, eu gosto mesmo dele.
Thomaz: Sei, e gosta do dinheiro dele também.
Fernanda: Ai Thomaz, cala a boca antes que eu me irrite.

Cidade de Roseiral. Floricultura Botão de Rosa. Malu volta pro trabalho e encontra Rafael na loja.
Malu: Boa tarde.
Joana: Aí está ela, senhor Rafael.
Rafael: Oh, você é a famosa Menina Flor?
Malu: Sou eu mesma senhor, e você é…
Rafael, cumprimentando-a: Rafael Aguiar Cordeiro.
Malu: Ora, mas é o dono das plantações, que prazer vê-lo por aqui, se é que já não nos falamos antes né?
Rafael: É Malu, já nos falamos há muitos anos.
Joana: Malu, o senhor Rafael veio comprar algumas flores e queria falar com você.
Malu: O dono das plantações veio comprar flores?
Rafael: Sim, eu gosto que minhas flores realmente vendam, se é que me entende.
Malu: (risos), é o poder tem seus privilégios. Mas o que deseja falar comigo?
Rafael: Bem, eu pretendo em breve dar uma grande festa em minha casa e por isso eu vou comprar as flores, mas ultimamente o meu jardim anda meio “caidinho” se é que me entende e eu queria um jardineiro, ou melhor, uma jardineira no seu caso.
Malu: Então o senhor que me contratar para trabalhar no seu jardim?
Rafael: É, a sua amiga disse que você tem dedo verde.
Malu: Ótimo, e quando eu começo?
Rafael: Amanhã, a festa é logo em breve, meu filho deve chegar ainda essa semana.
Malu, surpresa: Espera aí, o senhor disse “meu filho”?
Rafael: Sim, o Miguel está voltando.
Malu: O Miguel?

Rio de Janeiro. Noite. Apartamento de Miguel. Miguel acaba de chegar.
Miguel: Ufa, eu tô morto, vou tomar um banho e cair na cama.
De repente, Miguel vê uma garrafa de champanhe e duas taças da sala.
Miguel: Ué, quem deixou isso aqui?
Fernanda aparece de camisola.
Fernanda: Oi meu amor, sou eu.
Miguel: Fernanda, posso saber o que você faz aqui?
Fernanda: É que eu andava me sentindo tão solitária em casa e resolvi passar aqui pra te fazer uma visitinha.
Miguel: E pra que o champanhe?
Fernanda pega a garrafa: Vai dizer que você não quer uma bebidinha?
Miguel: Até que não ia mal, eu tô morrendo de sede.
Miguel abre a garrafa e serve o champanhe pra Fernanda.
Fernanda: Então, está ansioso pra voltar pra Roseiral?
Miguel: Nem tanto, e você?
Fernanda: Mais ou menos. O que você não quer é deixar de ganhar a mesada que seu pai te dá pra você viver aqui.
Miguel: Eu não ligo em voltar pra fazenda.
Fernanda: E você vai me apresentar como sua namorada pra família, não é?
Miguel: Eu acho que não precisa de tanta cerimônia.
Fernanda dá um beijo em Miguel: Mas eu sou sua namorada, né?
Miguel, deboche: Você foi o melhor que eu encontrei.
Fernanda começa a desabotoar a camisa de Miguel: Puxa, assim você me magoa.
Miguel: Vai querer que eu te dê flores como pedido de desculpas como quando a gente era criança?
Fernanda tira a camisola: Não, eu vou me contentar em passarmos essa noite juntos.

Léo Menezes