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Incondicionalmente

Episódio 04 – Incondicionalmente

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“Incondicionalmente”

uma web-especial de Pedro Paulo Gondim

— Episódio 04 —

“A Primeira Vez” 

web baseada em fatos fictícios e reais

Casa de Mariano. Sala de estar [Fim de tarde].

Wally e Maro estão assistindo TV. Abraçados, eles se separam e sentam no sofá quando ouvem um barulhinho de alguém abrindo a porta de entrada com chave.

Sra. Ayalla: (sorri) Oi filho! (olhando para o sofá) Quem é esse belo rapaz?

Ele: (se levanta e estende a mão) Prazer, Sou Wallyson Collins, na… Amigo de Maro.

Sra. Ayalla: (cumprimentando-o) O prazer é todo meu. (olha para o filho) Você o convidou para passar a noite aqui Mariano?

Mariano: (levantando-se) Espero que não tenha se incomodado.

Sra. Ayalla: De maneira nenhuma! Trago meus amigos quase toda semana pra cá. Por que você não traria teus amigos? (sorri; olha para Wally) Gosta de macarronada?

Wallyson: (põe suas mãos nos bolsos da calça) Sim! Mas se a senhora quiser que eu vá embora, agorinha mesmo…

Sra. Ayalla: (simpática) Não, está tudo bem! Se quiser pode até dormir aqui. Mariano merece a mãe que tem, não é?

Mariano: (“tapando” um olho com uma mão) Ai mãe, que vergonha!

Sra. Ayalla: (fazendo o gesto) Sente-se Wallyson. Só quero ver quando Mariano me apresentar sua namorada. Você já tem alguma, rapaz?

O sangue de Wallyson congela na hora. Mariano inventa que ele tem e se chama Liliane. Wallyson confirma. A Sra. Alyalla sorri e vai pra cozinha.

Wallyson: (jogando-se no sofá) Essa foi por pouco!

Mariano: (apertando as bochechas do outro; sentando-se no sofá) De nada!

Eles riem baixinho. Na casa de Giovanna, a garota se lembra de sua tarde…

Flashback: Mesmo dia. Casa de Giovanna/Cozinha [Tarde].

Igor: (sentando-se numa cadeira) Isso é alguma brincadeira?

Giovanna: (meio nervosa) Acha que teria te chamado se não fosse algo sério?

Igor: A culpa também foi minha. Não usamos proteção e…

Giovanna: (nervosa) Agora, eu sinceramente peguei trauma! Foi minha primeira vez. Nunca pensei que fazer aquilo resultasse… Numa criança!

Igor: (cabisbaixo) Também foi minha primeira vez! Achou que eu sabia de tudo?

Giovanna: (nervosíssima) Já chega! Assumirá esse filho ou não?

Igor: (sento direto) Sim!

Giovanna: POIS VOCÊ QUE… Disse que assumirá?

Igor: (levantando-se) Claro! (pegando as mãos dela) Seremos uma família. Minha primeira demonstração de ser adulto.

Giovanna: (largando-se dele) Isso significa um “amor condicional”. Você só quer assumir pra mostrar aos seus pais a porcaria do “adulto” que você não é?

Igor: (raivoso) Pois sim! Saiba que acabou de perder a oportunidade de seu filho ter um pai. Ninguém jamais lhe amará incondicionalmente!

Giovanna lhe dá um estrondoso tapa. Aos berros, a garota expulsa Igor de sua casa e diz que ele irá se arrepender.

Giovanna: Algum dia, Deus será justo comigo. (ela cai no chão e “engatinha”) Por que eu sou tão infeliz assim? (sente uma tontura) Ai… Acho que…

Ela vomita no chão da entrada de sua casa. Sua mãe a vê e finalmente a socorre. Preocupada, levanta a filha.

Sra. Borges: (aflita) Meu Deus Giovanna! Será que você está com dengue?

Giovanna: (mal) Não seja tão dramática assim. É só meu…

Sra. Borges: Seu o quê?

Giovanna: Eu… Estou grávida! (sorri)

Sra. Borges lhe dá um tapa. Giovanna cai no chão. A mãe dela diz que Giovanna terá seu devido apoio, mas merecia um castigo pior.

Sra. Borges: Quem é o vagabundo?

Giovanna: (no chão; encolhida) Igor, meu namorado. Bem… Na verdade, “ex”.

Sra. Borges: Vocês terminaram? Justo quando você está grávida?!

Giovanna: (chorando apavoradamente) É que Iguinho acabou de saber, mamãe. Ele estava saindo daqui de casa agorinha mesmo!

Sra. Borges: (olhando para a rua) Filho da égua! Tomara que a mãe dele morra envenenada! (levantando a filha) Desculpa a mamãe, tá?

Giovanna: (mais calma) Obri… Obrigada, mãe.

Sra. Borges: Vamos entrar! (ela sorri) Vou fazer lasanha para a janta!

Voltando ao tempo atual, Giovanna está com seu celular na mão. Ao “tocar” algumas vezes na tela, estaria ligando para alguém.

Giovanna: Olá! Quem fala?

Pessoa: (ao telefone) Aqui é o Sr. Tartucci.

Giovanna: Ah, senhor Tartucci, tenho ótimas revelações sobre seu filhinho, Igor!

Casa de Mariano. Cozinha/Sala de Jantar [Noite].

Os três estão sentados com um prato de macarrão à frente de cada. Wallyson fez algo que não fazia há bastante tempo: orar e agradecer pela comida. Logo após, Mariano dá uma pequena “garfada” no prato.

Wallyson: Hum! Está delicioso Sra. Ayalla.

Sra. Ayalla: (sorri) Obrigada! (olha para uma pequena TV que está num balcão da cozinha) Gente, olha que coisa mais idiota.

Mariano: (olhando para a TV) O que houve mamãe?

Sra. Ayalla: Não está vendo a reportagem? Esses gays agora querem pedir direito contra os preconceitos que sofrem.

Wallyson: E o que isso tem demais?

Sra. Ayalla: (meio raivosa) Ah, rapaz! Saiba que de preconceito contra essa “raça”, eu tenho de sobra! Se Mariano fosse “isso”, eu nem sei o que faria!

Mais tarde… Quarto de Mariano [Noite]

Depois desse jantar catastrófico, Mariano chora debaixo de um cobertor já surrado de velho, em sua cama. Wally entra.

Wallyson: (fechando a porta) O que houve my dear?

Mariano: (colocando-se para fora do cobertor) Minha vida sempre foi um desastre! Desde a grande ausência de meu falecido pai até o preconceito horroroso de minha mãe. Não aguento mais!

Wallyson: (abraçando-o) Oh, beloved, não fique assim. Iremos dar um jeito!

Mariano chora aos ombros de Wallyson. Este, seca as lágrimas de Mariano e lhe dá um beijo na testa. Alguém bate à porta.

Os dois se separam com presteza e Wally cai no chão. Pega seu celular e finge estar teclando. Mariano descobre-se do cobertor e finge ler “A Revolta da Armada”.

Sra. Ayalla: (entrando com um monte de roupas) Filho, coloque suas roupas no guarda-roupa. Ai de você se encontrar uma única peça fora!

Mariano: (fechando o livro) Pode deixar! (pega o monte de roupas)

Sra. Ayalla: (saindo do quarto) Rapaz, pode me ajudar aqui?

Wallyson: (sorri) Sim! O que é?

Sra. Ayalla: (arrastando o obejeto) É o colchão onde você irá dormir. Mariano, irei trancar a porta de meu quarto, pois quero ler um livro que seu tio me emprestou. Você já sabe que quando se tranca aquela porta não há quem me acorde!

Mariano: (abrindo o guarda-roupa) Prometemos não fazer tanto barulho.

Sra. Ayalla: (fechando a porta) Boa noite meninos!

Eles agradecem. Wally pede a Maro uma toalha para tomar banho.

Na casa de Giovanna, a menina fala ao celular com Raquel. [Noite]

Raquel: (em sua cama) Ser estrela? Seria mais fácil fazer uma, não?

Giovanna: (no sofá da sala) Estrela de cinema, sua boba.

Raquel: Ah sim… Uma famosa atriz que aparece nas telonas. Meu sonho era ser uma atriz consagrada, fazendo filmes de sucesso, como aquele “50 tons de amarelo” ou o famoso “Réri Potty”.

Giovanna: (ela ri) Que comédia! Mas, e aí, por que me ligou?

Raquel: (entristecida) Não sei se denuncio o casal “Maryson” para a escola inteira ou eu me jogo no lixo. O que faço?

Giovanna: (levantando-se) Olha, fofa, por mim você deixava essa sua vingançinha de lado e vivia sua linda vida. Mas, me explica esse negócio de “Maryson”?

Raquel: (rindo) Ai amiga, é a junção de Mariano e Wallyson.

Giovanna: (ela ri) Que besteira! Pensa direitinho. Segunda a gente se fala no colégio e me diz o que fará. E tenta ser menos maléfica, please!

Nisso, elas encerram a ligação. Raquel apaga a foto de seu celular. Depois que sorri aliviada, se abre para ela mesma.

Raquel: (olhando-se no espelho) De verdade, só acho Mariano um “rostinho bonito”. Seria um amor muito “condicional”. Mas a chance dele acabou. Eu quero é ver sangue!

Na casa de Giovanna, alguém liga para ela.

Giovanna: (atendendo) Alô?

Igor: (raivoso) Idiota! Você irá pagar cada centavo ao que me fez!

Giovanna: Preto imundo!

Igor: Olha só! Agora deu uma de racista? Meu pai me colocou de castigo, me tirou a mesada e me proibiu de sair dois meses!

Giovanna: (curiosa) E sobre o bebê?

Igor: (sentando-se em sua cama) Ele prometeu “se responsabilizar por parte do neto que irá ganhar”. Deu vontade de matá-lo!

Giovanna: (enfraquecida) Você precisa entender meu lado, Igor!

Igor: (nervoso) Se for por mim…

Giovanna: (agitada) Vamos, fale! O que irá fazer?

Igor: Irei me assegurar de que esse bebê nunca nascerá. Se minha oferta melhorar, você também irá acompanhar seu bebê de baixo da terra, mas não será ao metrô, será morta num caixão de ferro cheio de espinhos e veneno!

Giovanna joga o celular contra a parede e chora apavorada.

Wally entra no quarto de Mariano com uma toalha tapando de seu abdômen para baixo. Com o cabelo todo bagunçado, ri se olhando no espelho.

Mariano entra em seu quarto. Ao ver Wallyson daquela maneira, tranca a porta do quarto e, com um olhar pervertido, Mariano agarra Wally e eles começam a se beijar apaixonadamente.

Hospital “Avalaia”. 2º andar/Sala 12 [Manhã]

Logo cedo, às 7h da manhã, Giovanna bate à porta, entra e fecha-a.

Giovanna: (sorri; senta-se) Como vai doutora?

Doutora: (cumprimentando-a) Bom dia, Giovanna. Bem, vamos ao que interessa?

Giovanna: Claro! O que eu poderia fazer?

Doutora: Pode-se dizer que estamos enfrentando atualmente uma epidemia de gravidezes em adolescentes. Para ter-se uma ideia, em 1990, cerca de 10% das gestações ocorriam nessa faixa etária. Em 2000, portanto apenas dez anos depois, esse índice aumentou para 18%, ou seja, praticamente dobrou o número de mulheres que engravidam entre os 12 e os 19 anos. Gravidez na adolescência não é novidade na história de vida das mulheres. Provavelmente muitas de nossas antepassadas casaram cedo, engravidaram logo e, durante a gestação e o parto, não receberam assistência médica regular. Erros e acertos dessa época se perderam no tempo e na memória dos descendentes. A sociedade se modernizou; as mulheres vislumbraram diferentes perspectivas de vida. No entanto, tais avanços não impediram que, apesar da divulgação da existência de métodos contraceptivos bastante seguros, a cada ano mais jovens engravidem numa idade em que outras ainda dormem abraçadas com o ursinho de pelúcia. A gravidez na adolescência é considerada de alto risco. Daí a importância indiscutível do pré-natal para evitar complicações durante a gestação e o parto. Existe uma série de fatores que poderiam contribuir para o aumento da incidência de gestantes adolescentes. O baixo nível socioeconômico é um deles porque, às vezes, como já disse, a gravidez representa oportunidade de ascensão social. Além disso, a baixa escolaridade também pesa nesse contexto. Metade das adolescentes que atendemos no HC já tinha interrompido os estudos antes de engravidar. Isso nos permite pensar que se tivessem continuado a estudar e a receber estímulos pedagógicos e culturais como acontece com as meninas de classe social mais abonada, talvez nem pensassem numa gestação, porque de uma forma ou outra, a escola representa um fator de proteção para elas. O feto é parte do organismo materno e a mulher tem livre disposição de seu corpo. Há no ventre materno apenas protoplasma, que é uma substância indefinida contendo os processos vitais contidos no interior das células. Não pode haver homicídio onde não há vida humana, figurando-se aí um crime impossível. Mas, contudo, há outros meios para se salvar a vida da gestante. Os avanços da medicina podem possibilitar a garantia de uma gestação próxima da normalidade e salvar a vida de ambos. Não é possível ter-se absoluta certeza de que a gestante iria a óbito. Os tratamentos possíveis sugerem que a probabilidade maior é a da sobrevivência da mãe, não o óbito.

Giovanna: Isso é sério?

Doutora: Oh, sim, é real!

Giovanna: (emocionada) Obrigada, doutora. Com suas palavras e informações, acho que meu instinto “maternal” acabou de ligar. Não quero cometer aborto. Vou cuidar de meu filho sim e com toda a minha alma!

No próximo episódio…

Depois de uma noite quente, Mariano e Wallyson se divertem, mas sem saber que algo está sendo planejado contra o casal. Raquel, em sua pior infelicidade, descobre algo terível sobre seu passado.

Dia 15/04, às 14h, continue descobrindo-se e amando-se “Incondicionalmente”!

Pedro Paulo Gondim

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5 comentários sobre “Episódio 04 – Incondicionalmente

  • Amando muito essa série, amando o Mariano e o Wallyson, mas acho que eles terão problema com a mãe preconceituosa do Mariano e a loucura maligna da Raquel. E prevejo ela atacando no próximo capítulo o que será que ela vai aprontar para nosso casal TOP 10?
    Giovanna coitado, é outra que sofre muito, como o canalha do Igor não quis assumir o filho e ainda fica falando essas barbáries, credo 😮 menino chato, ainda bem que a Gio não fez uma besteira em querer matar o bebê, e com o apoio da mãe tudo se resolve.
    Amando incondicionalmente essa web, parabéns Pedro!!!! 🙂

    • Obrigado, Wagner! Mães são nosso apoio, mas no caso de Mariano, acho que não é lá essas coisas, né? Já a mãe da Gi, mesmo batendo na filha, ainda pede perdão, pois a ama e entende a situação que a filha está passando. Espero que curta “incondicionalmente” a última semana da web!

  • Eita que o capítulo foi de tirar o fôlego!
    Quer dizer que a mãe de Maro é hohomofóbica? Que ridicula. Quero só ver a reação dela quando descobrir que o filho é gay.
    Igor é outro ridículo, como ele foi capaz de renegar o seu próprio filho.
    A médica falou tanto que a Gio até resolveu desistir, gentem :O ainda bem que a mente dela foi iluminada.
    Raquel continua toda cheia de veneno… Será que só eu não vou com a cara dessa cobra?? Acho que não hehe
    E que venha o próximo capítulo

    • E foi um capítulo e tanto, Rodrigo! As emoções da última semana também serão fortes, e com uma revelação surpreendente.
      Com isso, também entrará o último personagem restante: Nathan. Ele só complementa o elenco, como uma forma a mais de demonstrar que nem todos tem o coração negro como Raquel. Obrigado por comentar!

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