Capítulo 13 – O Internato
Ciclope : O Senhor está bem, meu querido diretor ?
Lorenzo – Nem para o café, muito menos para o almoço e impossível para o jantar. Por favor Ciclope obrigado por me informar, pode se retirar.
Ciclope faz uma referência e sai. Lorenzo se vira para encarar a enfermeira.
Lorenzo – Você não vai contar nada disso que me chantagiou para ninguém, entendeu?
Dorothy – Depende, se você me pagar por isso. Por sexo eu sei que não vai dar, afinal… ( rindo), não importa, quero um milhão na minha conta em menos de 24 horas.
Lorenzo pega um martelo que está na gaveta e a ameaça. Ela o encara muito próximo nos olhos debochando.
Dorothy – Eu se fosse você, pensava duas vezes antes de fazer algo contra mim. É o seu futuro que está em jogo, meu querido. Tenho testemunhas de confiança me esperando na sua portaria.
Lorenzo – Que patético ! Quanto a você, eu não tenho toda…
MAS ELA JÁ HAVIA SUMIDO. No chão, um bilhete marcava o local do encontro: O Hospital St. Edwiges. O Local e a data.
Lorenzo engoliu seco e disse para as paredes que em sua mente surtavam de transpirar sangue
Lorenzo – Vamos ver quem ri por último e quem causará choro de ranger dentes. HAHAHAHAHAAHAHAHAHHA !!! Esse bonitão aqui, ou melhor bonitona, vai dar um jeito de conter a gentalha, bebê !
Eles entram no elevador apressadamente.
Abiel – Você tem absoluta certeza que caiu do bolso dele?
Cecília – Sim, eu vi. Caiu sem ele perceber, estava furado. Meu Deus, quem diria, que um próprio membro da minha família estaria envolvido em toda essa história!
Abiel – A gente não sabe para onde ele foi? Deveríamos ter esperado e visto onde o outro parava!
Cecília – Nem que eu tenha que vasculhar esse prédio inteiro, eu o acho.
Eles pararam no 5º andar. Ali era o dormitório dos professores. Sem perceber acabaram esbarrando numa nova professora de história : Vera.
Cecília – Mil perdões, eu não queria.
Vera – Que isso, minha querida, não foi nada ! ( e a ajudou a levantar)
Abiel – E você ainda dizendo que o tratamento nessa escola não era bom !
Cecília – Mas não era bom mesmo, só essa querida que teve a gentiliza de me ajudar. Totalmente diferente da professora Érica, que conseguiu um cargo num congresso e pediu demissão.
Vera – Como assim fui a única ? Andei escutando boatos de outras turmas sobre isso ! Que é que tá pegando ! Quero saber já !
Cecília – É uma longa história. Vivemos num modelo fordista, basicamente. Obrigam a gente a estudar, sabe. E caso negamos em certos momentos, que estamos exaustos, eles nos agridem com chicote ou vara de marmelo, trancando a gente no porão. Em casos extremos nos escaldam vivos, entre outras coisas.
Vera – MAS QUE COISA HORROROSA ! ALGUÉM TEM QUE FAZER ALGUMA COISA !
Cecília – Eu estou tentando, sabe. Pelo menos por mim e pelos meus amigos, descobrindo o assassino dessa história, é por isso que eu preciso ir. Espero que me entenda, foi um prazer conhece-la, até mais.
E sai puxando Abiel pelo abraço, atrás de seu tio. A professora fica embasbacada com as revelações, jurando tirar essa história a limpo.
Marieta e Manoela chegam a sala de armários carregando livros pesados.
Marieta – Aquela professora Georgina é uma megera, onde já se viu a cada semana mudar o livro e cobrar o livro anterior, desse jeito eu vou virar o corcunda de notre daime.
Manoela – Está reclamando de barriga cheia. Ainda bem que temos armários, imagina ter que subir com esses livros até o nosso dormitório, iria ser um pesadelo.
Marieta colocou rapidamente os livros no armário e quando se aproximou do bebedouro para matar a sede, avistou o armário de Cecília entreaberto.
Marieta – Olhe só que desajeitada. A Cecília deixou o armário aberto, eu vou fechar para ela.
Mas quando se aproximou, viu algo que a surpreendeu.
Marieta – Corre aqui Manu, veja só que eu encontrei.
Ela se aproximou e ficou boquiaberta. O Relógio do cookoo da biblioteca estava quebrado em pedaços no armário de Cecília. Será que fora ela que roubou ?
Desciam agora um lance de escada para o quarto andar.
Abiel – Não sei se foi uma boa ideia, ter se aberto com a ela.
Cecília – Eu acho que não vai ter problemas, eu vi nos olhos dela, parece ser uma pessoa sincera. Tomara que se junta a nós, para acabar com essa organização maldita.
Abiel – Você já vai para o terceiro andar ? E se ele entrou em alguma dessas portas ?
Cecília – Duvido muito. Aqui é sala de segurança, para que ele queria…
ELA O VÊ SAINDO NO FUNDO DO CORREDOR COM UM FRASCO NA MÃO, ESCONDENDO ENTRE AS VESTES. DESESPERADOS, ELES SE ESCONDEM NUMA CURVA.
Cecília – Você estava certo. O que seria aquele frasco ?
Abiel – Parecia Éter, poderia estar dopando alguém.
Cecília – Bom, só há uma maneira de descobrir – disse em meio aos cochichos – entrando naquela sala.
Abiel – Certo.
Assim que Ricardo entrou no elevador, eles invadiram a sala com um grampo de cabelo preciso de Cecília. Ao chegar ao local, tudo parecia em perfeita ordem, tudo, exceto a cortina da janela que conduzia a desconfiança de ter sido alterada. Ao se aproximarem da janela, eles viram caído no jardim do prédio, sobre um colchão, o vigia da sala de câmeras desmaiado, com a boca amarrotada de um lacre e as pernas e mãos amarradas.
Cecília – ELE VAI SER SEQUESTRADO !
Abiel – Temos que impedir.
Cecília – Na verdade não – O que temos a fazer é segui-los e descobrir mais coisas. Siga-me os bons ! – Disse saindo da sala em tom triunfal, Abiel a seguiu apressado.
No jardim, os dois caminhavam na ponta dos pés, até o estacionamento onde viram Ricardo colocar o corpo que havia sido embrulhado num saco preto dentro de um porta-malas. Antes que Abiel, pudesse impedir, Cecília dominada de ódio, foi impedir o tio. O adulto terminava de acenar para alguém do terraço do edifício, mas só Abiel percebera isso.
Cecília – Bonito, hein ? Titio querido. Agora deu para sequestrar administradores de filmagens do colégio ? Eu só fico pensando, por que essa lista aqui de Vítimas. Teria caído de seu bolso?
E esfrega na cara dele – freneticamente.
Ele raivoso, lhe lança um olhar de censura, mas tenta se acalmar, respondendo docilmente.
Ricardo – Sobrinha, querida ? Há quanto tempo eu não era presenteado com esse seu sorriso eclético. Se não quiser se machucar, será que poderia devolver essa listinha para seu amado titio aqui ?
Cecília – NUNCA ! – bravejou ela. ISSO AQUI VAI PARAR É NAS MÃOS DA POLÍCIA, SEU DESGRAÇADO, ASSASSINO !
Ricardo fingia estar se esquivando dos cuspes da fala dela e arrumando topete, virou um momento para seu carro preto e vendo seu reflexo se transfigurar numa face maldosa, virou para ela novamente.
Ricardo- Que peninha ! Terei que acabar com uma linda garotinha na flora da idade para seguir com meus planos. Que perda irreparável, mas fazer o quê, é a vida. – E pressionando o umbigo de uma forma brutal. Teve sua pele escurecida para um verde malhado, asas reluzentes surgiram, suas orelhas ficaram levemente pontudas, seus cabelos tingiram uma tonalidade mais amarronzada e seus olhos, pareciam duas fendas de gatos, cor-de-rosa púrpura. Ele era um fado.
Abiel abafou o grito de terror que sentira quando vira tudo por trás de uma árvore escondido, mas Cecília apesar de se surpreender, se manteve firme onde estava.
Cecília – VOCÊ NÃO ME ASSUSTA, TÁ LEGAL ?
Ricardo soltou uma risada que indicou que o timbre de sua voz havia mudado. Agora parecia repertório, como se falasse por meio de um microfone tônico. Dava-lhe um aspecto meio digitalizado.
Ricardo – Não mesmo ! Então aguenta essa, tolinha !
E puxando do bolso, uma pedra vermelho- fogo fisionomicamente semelhante aquela pedra que se desmanchara no banheiro de Jefferson, revelando ser sangue, só que de cor preta. Ele apertou a mão. Percebendo orar em línguas, ele de repente virou para a sobrinha e agora seus olhos fervia em brasas, ele gritou :
Ricardo – Marjot Destruined !
Uma conta de luz muito forte saiu de suas mãos que pareciam ter sido alimentada pelas pedras e foram jogadas brutalmente contra a garota que agora parecia que estava perdida. Fechou os olhos para seus últimos segundos de vida. Até que. Os feixes se desviaram e voltaram contra ele, o fazendo gritar de terror e sumir no ar. Tele transportando o carro, consigo.
Abiel correra até ela para acudi-la, ela abriu os olhos. Estava sem nenhum arranhão. Ela havia conseguido vencer uma fada poderosa ? Por quê ? Mas antes que tivesse a chance de refletir. Abiel a alertou do que vira no terraço e eles saindo correndo.
Mas no caminho, no corredor do segundo andar. Lorenzo a flagrara fora da enfermaria, percebendo que seu rosto estava intacto. Lorenzo murmurou :
Lorenzo – Maldita Loba, é a única explicação para tudo isso, mas eu vou acabar com a felicidade dela agorinha mesmo ! – Ele sumiu na escuridão do corredor jogando sua franja desfiada que agora tingia tons de caramelo seguida de um arquinho rosa para a esquerda –
Ciclope apareceu arrastando pelos braços. Abiel tentou impedir, mas foi arremessado longe.
Cecília – PARA ONDE VOCÊ ESTÁ ME LEVANDO SEU MALUCO, ME SOLTA !
Ciclope – Já que melhorou, vai ir para aula. – E quando viu ela já estava jogada aos fundos da sala da professora Vera.
A mulher ficou embasbacada – Para que todo esse tipo de violência – Perguntou ela irritada, quando viu o galo que crescia na cabeça de Cecília que se recupera de ser arremessada contra a parede.
Lorenzo apareceu todo triunfal – Por que são os regulamentos da escola. Ah, esqueci-me de avisar, com licença Ciclope. Senhorita Vera, trouxe o chicote, quero que deita pelos menos umas trinta chibatada nessa Anfíbia Caipira. – Mastigando seu chiclete de uma forma jeitosa e assoprando uma bolha até estourar, tentando parecer-lhe mais macabro do que o rímel que passou.
Vera pegou de suas mãos, mas para sua surpresa, atirou contra ele. Que caiu no chão. Incrédulo. Todos na sala riram. Até Ciclope.
Lorenzo – Mas que ousadia é essa, sua aranha de cotejo? Eu pago seu salário ! E Além do mais estou engessado!
Vera – Não importa. Dinheiro é só célula de papel. Não supera o respeito de temos que ter com os outros, seu moleque mal educado. Se sua mãe não te ensinou boas maneiras, você vai aprender comigo ! E da pior maneira possível. E pare de desmunhecar, tira esse troço do cabelo ( arrancando-lhe o arco).
Lorenzo – O que você vai fazer com meu arquinho rosa veneno, sua demente ?
Vera o bate na boca dele por aquele trejeito todo – Queimá-lo ! E pode tratar de despedir dessa franja que mais parece crista de égua venda sobre preço de liquidação. Cafonérrimo, deveria saber ( disse, piscando para a plateia que entendia que ela quis imitar sua linguagem).Isso é muito horroroso para um garoto. Comporta-se como homem, independe da sua opção sexual.
Estava rindo a loucuras. Era melhor de mais para ser verdade. Ver Lorenzo ter o que merecia mais uma vez, depois de tantas decepções naquele dia, era quase um sonho. Mas algo estranho aconteceu. Suas mãos começaram a criar pelos. Suas unhas cresceram freneticamente. Estava com barba ? Sentiu um focinho pontudo crescer.
Cecília – Meu Deus ! Eu virei Pinóquio ? – Acabou dizendo desesperada em voz alta.
Todas voltaram a atenção para ela. Menos a professora que batia incessantemente em Lorenzo que a chamava de louca para cima.
De supetão. A transformação terminou. Agora todos a encaravam. Inclusive a professora que se assustara. Cecília virara uma lobiwoman.
Manoela arregalara seus olhos.
Marieta – Caraca !
Lorenzo – Não é possível ! – Balbuciou o menino todo quebrado.
Nesse instante Georgina, a professora de álgebra chegou correndo dos corredores, estava sufocada. Ao avistar a metamorfose de Cecília soltou o copo que estava em sua mão, ele se espatifou no chão, revelando uma substância mortífera. Ela caiu no centro da sala, todos se desesperaram.