Capítulo 05 – Menina For

Capítulo 5
Melissa: Você está querendo substituir a sua filha, não é?
Rafael: Por favor, Melissa, por favor.
Melissa: está bem meu amor.
Rafael, muito alegre: Que ótimo, mais tarde eu vou até o lar pra conversar com a dona do lugar, até mais tarde, te amo.
Rafael sai andando do quarto.
Melissa, furiosa: Que droga! A pirralha órfã do tal lar só pode ser a garota que eu abandonei naquele lugar há oito anos. Agora vou ter que dividir a herança desse idiota com um moleque que não tem nenhum grau de parentesco comigo, que droga!

Lar Coração de Mãe. Miguel e Malu estão no jardim conversando.
Miguel: Você tem curiosidade de conhecer seus pais?
Malu: Às vezes, eu sempre quis saber por que fui largada aqui.
Miguel: E se um dia eles viessem te buscar?
Malu: Aí eu não sei, eu sempre quis ter uma casa e uma família normal, mas eu tô tão acostumada com aqui, com a Lurdes, com o Carlos, com você.
Miguel: E com a bruxa?
Malu: A diretora? Eu nunca ia sentir falta dela.
Miguel: (risos). Malu, por que você se importa tanto em ser a minha melhor amiga?
Malu: Eu não me importo.
Miguel: Importa, você e a Fernanda vivem em guerra por minha causa.
Malu: Deixa de ser convencido, ela queria tomar a pulseira que você me deu.
Miguel: Sei. Fecha os olhos, eu quero te dar uma coisa.
Malu fecha os olhos e Miguel colhe um monte de flores pra ela.
Miguel: Pode abrir.
Malu, surpresa: Ah, que lindo Miguel!
Miguel: São pra você, que eu saiba meninas gostam de ganhar flores. Gostou?
Malu, cheirando as flores: Amei Miguel, que lindas.
Malu avista Fernanda sentada em um banco ali perto com uma boneca.
Malu: Eu acabo de ter uma ideia.
Miguel: O que você tá pensando em fazer?
Malu entrega as flores ao amigo: Você já vai ver, segura aqui que eu já volto.
Malu se deita no chão e começa a engatinhar até onde Fernanda está. Ela engatinha até debaixo do banco, e quando chega lá, pega as pontas dos cadarços dos sapatos de cada um dos pés dela e os amarra uns aos outros.
Malu, sussurrando: Isso vai ser divertido.
Malu se levanta e pega a boneca de Fernanda.
Fernanda: Ei, o que você tá fazendo?
Malu: Que boneca bonitinha, pode me dar? Eu não tenho nenhuma.
Fernanda: Não mesmo, não vou dar minha boneca pra uma menina que nem mesmo mãe tem, me devolve.
Malu, balançando a boneca: Se você quer de volta, vem pegar.
Malu sai correndo e Fernanda se levanta para ir atrás dela, mas logo cai por causa do nó que Malu deu nos seus cadarços.
Fernanda, cuspindo um pouco de grama na sua boca: Ai, que droga.
Malu: (gargalhada), que engraçado. Isso é pra você aprender a não zombar de alguém que não tem quem a defenda.
Fernanda: Você é uma invejosa.
Malu: Eu? Inveja de você? Até parece.
Fernanda tira os sapatos: Você vai ver só.
Malu sai correndo: Isso se você me alcançar.
Miguel vai atrás das duas: Ai, de novo, esperem as duas.
Malu e Fernanda correm como balas pelo corredor do lar, e Miguel tenta acompanhá-las. Malu e Fernanda vão parar na cozinha de novo após mais essa perseguição.
Fernanda: Eu vou te pegar Malu e vou te dar as palmadas que seu pai não te deu. Ah esqueci, você não tem pai.
Malu joga a boneca na cara de Fernanda: Cala a boca!
Fernanda: Ai, você me acertou.
Fernanda pega uma torta em cima da mesa: Agora eu vou te acertar.
Fernanda joga a torta em Malu, mas ela erra e o bolo se espatifa no chão.
Miguel, entrando na cozinha: Meninas cuidado, aí vem a…
Guilhermina entra na cozinha: Mas que bagunça é essa?
Fernanda, apontando para Malu: Foi ela!

Casa dos Silva.
Mauricio: O que acha?
Dolores: Me parece uma boa ideia, mas será que a menina irá vir com a gente? Porque se eles foram criados lá então eles devem ter os donos do lar como seus pais.
Mauricio: Eu soube que os dois sempre quiseram ter uma família, e nós podemos sustentar a garotinha, ela só tem oito anos.
Dolores: Mas e os donos do local? Eles os criaram como filhos, será que abrirão mão deles logo agora?
Mauricio: Meu bem, que criança não quer ter uma família? Os dois quase não tem atenção e nem estudam direito, eu acho que essa é uma boa oportunidade para nós enchermos essa casa de um pouco de alegria.
Dolores: Espero que a criança aceite vir com a gente.
Mauricio: Eu também.

Lar Coração de Mãe. Cozinha. Malu está esfregando o chão, limpando a sujeira da torta que Fernanda derrubou.
Malu: Dá pra acreditar? É a terceira vez só hoje que eu tô sendo penalizada pela bruxa da diretora por causa da Fernanda.
Miguel: Talvez se você ficasse longe de encrencas pelo menos uma vez na vida isso não estaria acontecendo.
Malu: Você bem que podia ter me defendido, a palavra de nós dois contra a da Fernanda teria me safado de ficar limpando o chão.
Miguel: Eu cheguei só depois que a torta caiu, então não cobre nada de mim.
Fernanda entra na cozinha: Hum, empregada nova?!
Malu: Não chateia Fernanda, eu tô tendo que limpar essa bagunça por sua causa.
Fernanda: A culpa foi sua, se não tivesse se esquivado eu teria acertado o bolo em você, ou então, não tivesse roubado minha boneca e amarrado meus cadarços.
Malu: Se você não tivesse abaixado naquela hora e me feito acertar lama bem na cara da bruxa Guilhermina, eu não teria tentado me vingar de você e nada disso teria acontecido.
Miguel: Querem parar as duas? Parecem cão e gato.
Fernanda: Tudo bem, eu já tô indo pra casa.
Malu, cansada: Ufa, terminei de limpar.
Fernanda chuta o balde d’água.
Fernanda: Oh, eu acho que faltou uma parte.
Fernanda sai correndo e rindo da cozinha.
Malu, furiosa: Eu odeio ela.

Noite. Miguel e Malu estão em seu quarto.
Malu: Hoje foi um dia péssimo.
Miguel: Você às vezes bate seu próprio recorde de confusões.
Malu: Eu não sei por que você me julga tão mal.
Miguel: Eu não te julgo mal, é quando eu tinha a sua idade eu não era tão terrível.
Malu: Você é bem molenga.
Miguel: Me diz, se eu fosse embora, você sentiria minha falta?
Malu: Você é meu irmão mais velho, claro que eu ia sentir.
Guilhermina entra no quarto, acompanhada de Rafael.
Guilhermina: Oh, eles estão aqui.
Rafael: Então são eles dois?
Guilhermina: Sim. Miguel, Maria Luísa, esse é o senhor Rafael Aguiar Cordeiro.
Rafael: Olá crianças.
Malu e Miguel: Boa noite senhor Rafael.
Guilhermina: O senhor Rafael mora em uma fazenda aqui perto da cidade, ele é dono das terras em que são plantadas as flores que são distribuídas pela cidade.
Malu: Puxa, eu queria dizer que as flores que o senhor planta são muito bonitas.
Miguel: É verdade, eu às vezes compro das flores do senhor pra dar pra ela.
Rafael: Obrigado.
Guilhermina: Bem, o senhor Rafael tendo todas essas terras e esse dinheiro, ele claro que precisa de um herdeiro, mas ele a esposa dele não conseguiram ter filhos.
Rafael: Eu já cheguei a ter uma filha, mas ela e minha esposa morreram de maneira trágica há 8 anos.
Malu: Eu sinto muito.
Rafael: Eu tentei salvá-las, mas não consegui.
Guilhermina: E agora ele está disposto a ter um filho, mas ele a sua esposa não conseguiram, e por isso ele quer adotar um de vocês.
Malu: Adotar um de nós?
Miguel: Mas quem?
Guilhermina: Você Miguel!

Léo Menezes