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Destinos

Destinos – capítulo 4

CEBOLÃO   – É isso mesmo que você quer? Não acha melhor deixar pra lá?

SALVADOR  – Falou o cara que cortou o dedo do parceiro só porque ele comeu a sua coxinha de pato!

CEBOLÃO  – Mas isso é totalmente diferente!

SALVADOR – Você vai me ajudar ou não?

CEBOLÃO   – Vou sim, cara!

SALVADOR  – Beleza!

Eles estavam em frente a Lumus Tecnology. Armado, Salvador saiu de dentro do carro e entrou, confiante na empresa.

RECEPCIONISTA  – Bom dia, em que posso ajudá-lo?

SALVADOR   – Para com esses protocolos ridículos! Eu não estou aqui pra ser simpático com você. (abaixa a voz) Estou aqui pra fazer um acordo com você.

RECEPCIONISTA – Acordo?

SALVADOR   – Sim, um acordo. Tenho certeza que você ganha tão pouco que se quiser comprar um celular daqui tem que passar fome três meses, não é?

RECEPCIONISTA  – Eu não lhe devo satisfações! Se continuar incomodando a passagem vou chamar a segurança.

SALVADOR – 20 mil dólares. O que acha disso?

A recepcionista fica balançada.

RECEPCIONISTA – Como eu posso confiar em você?

SALVADOR  – Eu não pareço confiável?

RECEPCIONISTA – De maneira nenhuma! Como posso garantir que você não é um louco assassino?

SALVADOR  – Ah! Por favor! Vamos parar de mimimi.

RECEPCIONISTA  – Cansei de você. Segurança! Tirem esse homem daqui!

SALVADOR  – O quê?

Os seguranças tiram Salvador a força da empresa.

SALVADOR  – Você vai se arrepender! Você e os desgraçados donos disso tudo!

De volta ao carro.

CEBOLÃO  – Mas você é burro mesmo, vou te contar. Achou que ia entrar assim, matar os donos da terceira maior empresa de tecnologia do mundo e sair, como se tivesse ido ao shopping? Fala sério!

SALVADOR – Você está certo. Eu preciso de um plano melhor. E você precisa ajudar também, se quiser tomar uma graninha pra ti.

CEBOLÃO  – Diferente de você, eu tenho cérebro. Já tenho um plano pra acabar com eles e ainda descolar meus milhões.

SALVADOR  – (irônico) Nossa! Que plano revolucionário é esse, ô ganhador do Nobel da bandidagem?

CEBOLÃO – (mostra o jornal de hoje pra ele) O plano está aqui.

SALVADOR – O quê, você quer que eu faça uma guerra jornalística com eles? Eu tenho uma ideia mais selvagem de vingança.

CEBOLÃO – Não, caralho! Olha aqui. O filho deles. Vamos sequestrá-lo.

 

 

Hoje é mais um dia de aula no colégio Dom Bosco. A turma do 7º ano é bagunceira, sem dúvida. Bolas e aviões de papel no ar são rotina na sala de aula. Mas em dois horários por semana é diferente. Ninguém fala um ai na aula da professora Amanda. Não que ela seja uma megera. Pelo contrário! Seu jeito amoroso e dedicado de dar aula conquistou o coração de toda a turma e geografia logo se tornou a matéria preferida de todos.

AMANDA   – Bom dia turma!

A turma toda assiste a aula como se tivesse passando uma temporada inédita de Rebelde na TV. (E os meninos como se tivesse tendo uma luta inédita de Anderson Silva). O tema da aula de hoje era geopolítica.

50 deliciosos minutos depois a aula acaba. Na saída, Amanda toda estabanada com um monte de folhas se esbarra com outro professor. Os papéis de ambos caem todos no chão. Folhetinescamente, eles se abaixam para pegá-los.

AMANDA  – Ai meu Deus, foi tudo culpa minha, eu sou uma desastrada mesmo. (Olha para aquele par de olhos verdes e percebe que nunca os tinha visto antes). Você é novo aqui?

ROGÉRIO   – Perdão por não me apresentar. Eu sou Rogério, o novo professor de Português. Acho que nos veremos muito ainda.

Maurício é o típico filhinho de papai. Terminou o Ensino Médio e não quis saber de faculdade. “Estudar pra quê? Já tenho muito dinheiro pra gastar.” É o que sempre dizia pros amigos. Mas pra afastar essa imagem clichê de riquinho almofadinha decidiu que agora é skatista. Passa as tardes na pista de skate e de vez em quando ainda dá uns tragos nas ervas dos novos amigos.

MAURÍCIO     – Sabe, lá em casa tá um tédio ultimamente. Meu pai e minha mãe agora estão obcecados por essa droga de celularzinho novo. “Ai que esse smatphone tem que superar o iPhone”, “Ai que a Samgung tá copiando a gente”. Pro inferno tudo isso!

AMIGO   – Você reclama de barriga cheia. Tem dinheiro e tudo e fica falando da vida.

MAURICIO   – É porque você não convive lá em casa. Eu não aguento mais. Agora não tem nem manifestação mais pra gente se divertir! Saco!

O amigo revira os olhos.

 

 

Estamos agora num barzinho meia boca do subúrbio. Pela manhã finalmente acaba o expediente de Márcia e Antônio. O dono do bar, Seu Patrício, vai ao encontro deles fazer o pagamento.

ANTÔNIO     – Mas só isso? É a metade do que combinamos!

MÁRCIA      – Isso é um absurdo!

PATRÍCIO    – Vocês espantaram meus clientes com essa musiquinha mequetrefe de vocês.

ANTÔNIO    – Você respeite a gente, cabra.

PATRÍCIO     – Respeitar? Até um gato arranhando um portão é melhor de ouvir do que vocês.

MÁRCIA   – Eu nunca fui tão insultada em toda a minha vida. Vamos embora.

PATRÍCIO     – E não voltem aqui nunca mais!

Na saída do bar.

MÁRCIA     – Esse é o 15º bar que a gente passa e nenhum aceitou a gente por mais de uma noite. E agora?

ANTÔNIO     – A gente procura outro, ué. Precisamos de grana. Como vamos sobreviver?

MÁRCIA     – É isso aí! Não vamos desistir de nossos sonhos. Todo grande artista recebeu alguns nãos. Vamos conquistar carreira mundial, você vai ver.

ANTÔNIO    – (desanimado, falando pra si mesmo) É mas tenho certeza que nenhum deles foi comparado a um gato arranhando um portão.

 

 

Salvador e Cebolão estão em um carro, ao lado da pista de skate.

CEBOLÃO     – Olha lá. Aquele é o riquinho filho do Carlos e da Cristina. Temos que agir rápido.

SALVADOR   – Já sei o que fazer.

Maurício se despede dos amigos e sai rumo a rua de trás da pista de skate, com muito cuidado pra que ninguém o veja entrando em seu carrão.

SALVADOR   – É agora!

Cebolão arranca o carro e para ao lado do carro de Maurício. Assustado, ele deixa as chaves caírem.

SALVADOR   – (saca a arma) Perdeu!

MAURÍCIO    – (começa a chorar) Por favor, não faça nada comigo. Pode levar meu carro, não me mate!

SALVADOR    – Cala essa boca! Eu vou levar o seu carro e você! Entra aí! Agora!

 

 

No escritório da Lumus Tecnology, Carlos chega pra trabalhar.

CARLOS     – Bom dia.

RECEPCIONISTA    – Seu Carlos, hoje tentaram invadir a empresa procurando o senhor.

CARLOS    – Como é que é?

RECEPCIONISTA    – Um louco chegou aqui tentando entrar aqui e falar com os donos da empresa. Ele até ofereceu dinheiro pra eu deixar ele entrar mas eu não aceitei porque sou muito honesta.

CARLOS    – É mesmo? Deve ser um fanboy da concorrência querendo me atacar.

RECEPCIONISTA   – Mas…

CARLOS   – (corta) Não se preocupe. E passe lá no RH e diga que eu dobrei o seu salário.

Carlos entra no escritório com arrogância.

CARLOS   – É cada uma que me aparece.

Quando senta em sua cadeira, recebe ligação no seu celular. Número privado.

CARLOS  – Número privado? Vou resolver isso com o gerente de tecnologia. Não gosto de não saber com quem estou falando. Alô?

Uma voz misteriosa está do outro lado da linha. Daquelas disfarçadas por computador.

VOZ  – Eu sei de tudo! Você acha que pode enganar todo mundo, mas não pode! Eu sei de tudo!

5 comentários sobre “Destinos – capítulo 4

  • Olá. João de Oliveira. Essa voz vai abalar as estruturas do império de Carlos. E no próximo capítulo ele vai começar a especular quem seja. Obrigado por conentar e continue acompanhando Destinos. Em breve anunciar.i novidades na exibição

  • Parece que todos os ex-parceiros de Salvador reconstruíram suas vidas, ou pelo menos tentaram. Bom, acho que a Amanda tem que tomar cuidado, esse Rogério é cilada! Já a tal Voz é bastante perigosa para o império de Carlos e Cristina, ainda mais agora que Maurício foi sequestrado. Será que Salvador não é o único inimigo?

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